Jean-Claude Bernardet, referência da crítica de cinema, morre aos 88 anos
Intelectual belga naturalizado brasileiro marcou gerações como crítico, cineasta, escritor e professor, e teve legado reconhecido em obras e homenagens
Sérgio Sá Leitão é o novo Ministro da Cultura do Brasil
O Brasil tem novo Ministro da Cultura. O quarto em menos de um ano. O jornalista Sérgio Sá Leitão foi anunciado na pasta pela Presidência da República. Segundo o portal UOL, a nomeação de Sá Leitão contou com o apoio do cineasta Cacá Diegues, de quem Michael Temer é próximo e com quem o presidente conversou nas últimas semanas sobre a indicação. Sérgio Sá Leitão sucede a dois demissionários e um interino relutante. A pasta estava sem titular desde 18 de maio, quando Roberto Freire pediu demissão. Ele tinha assumido o Ministério após o pedido de demissão do antecessor, Marcelo Calero, em novembro do ano passado. Já o Ministro interino, João Batista de Andrade, cotado para assumir a pasta, pediu a Temer para não ser efetivado. Os motivos da dificuldade para emplacar um titular na Cultura são escândalos de corrupção do atual governo. A escolha de Sérgio Sá Leitão não deve acalmar os ânimos da classe artística. Durante o último Festival de Berlim, o diretor Marcelo Gomes expressou temor com sua indicação para a direção da Ancine, opção original de Michel Temer. Apesar do acirramento político do país, Sá Leitão já esteve no Ministério da Cultura anteriormente, convidado pelo então Ministro Gilberto Gil, durante o governo de Lula. Desde então, passou por várias estatais, do BNDES à RioFilme, de 2009 a 2015. Por isso, a Presidência ressaltou, em nota, a “ampla e reconhecida experiência” do jornalista de 49 anos. Como Chefe de Gabinete de Gil entre 2004 e 2006, Sá Leitão tomou medidas importantes, como a criação do Programa de Economia da Cultura, a coordenação do Programa de Apoio à Exportação de Música (Pró-Música) e da CulturaPrev, Fundo de Pensão para os Trabalhadores da Cultura. Ao ir para a RioFilme, fez a produtora atingir sua era de ouro, permitindo que o Rio de Janeiro voltasse a se tornar um dos principais polos produtores de audiovisual do país, além de atrair produções internacionais, como “A Saga Crepúsculo: Amanhecer” e “Velozes e Furiosos 5”. Sua gestão inspirou iniciativa similar da Prefeitura de São Paulo, que lançou a SPCine. Apesar disso, Sá Leitão foi acusado de favorecer as grandes produtoras, em detrimento do cinema autoral. Vale observar que sua saída da RioFilme coincidiu com o fim da incipiente era dos blockbusters rodados no país.
Brasil sem Cultura: Terceiro Ministro da Cultura pede demissão em menos de um ano
O cineasta João Batista de Andrade, que substituía interinamente Roberto Freire como ministro da Cultura há um mês, enviou carta ao presidente Michel Temer pedindo sua demissão. No curto comunicado, enviado nesta sexta (16/6), Andrade se coloca à disposição para ajudar na transição, mas informa não querer fazer mais parte do ministério. “Informei que não tenho interesse em continuar. Fico apenas aguardando a nomeação do próximo Ministro e minha recorrente exoneração”, explicou Andrade ao jornal O Globo. Ele acrescentou que não queria participar de uma “roleta”, em alusão ao substituto fixo de Roberto Freire, e que não via viabilidade econômica na pasta, após um corte expressivo de verbas. Andrade ainda declarou que o ministério “não merece” essa situação e ainda criticou outras “interferências” do governo. “Em primeiro lugar porque já há muitos candidatos e eu não quis participar dessa roleta. O Ministério da Cultura não merece. Em segundo lugar por ter recebido um Ministério absolutamente inviabilizado pelo corte de 43% do orçamento e pelas interferências em decisões e indicações ministeriais, como aconteceu na ANCINE”, afirmou ao Globo. Falando para a rádio Joven Pan, Andrade deu mais detalhes sobre o escanteamento do Ministério da Cultura, afirmando que o corte orçamentário incapacitou o Ministério. “Com esse corte, o Ministério mal consegue andar. Não consegue desenvolver projeto nenhum”, ele afirmou. Mas a gota d’água teria sido a escolha do novo presidente da Agência Nacional do Cinema (ANCINE). Andrade disse que o governo “passou por cima” da indicação do Ministério da Cultura, que assim ficou inviabilizada não apenas economicamente, mas também politicamente. “A Debora Ivanov era a indicação de todas as entidades do cinema e também do Ministério da Cultura. O governo resolveu que vai nomear outra pessoa”, revelou. “Então, completamente atropelou a iniciativa do Ministério, não levou em conta as indicações do Ministério. Então, com o Ministério, sem orçamento e desautorizado, eu pergunto: o que eu tô fazendo aqui?”, desabafou Andrade. Para ele, foi criado um desgosto crescente do governo em relação à pasta, que levou à sua inviabilização e desprestígio. Andrade ainda prevê um futuro “péssimo” para a Cultura. Vale lembrar que seu antecessor, Roberto Freire, decidiu sair do governo após o estouro do escândalo de corrupção envolvendo a delação de Joesley Batista, dono da JBS, e o presidente Michel Temer. E o antecessor deste, Marcelo Calero, demitiu-se após ser assediado por um colega do governo para corromper. Em um ano, o Brasil trocou três vezes de Ministro da Cultura. E em todas as oportunidades, os que estavam no cargo pediram para sair diante de desmandos políticos. Vale lembrar que uma das primeiras iniciativas de Michel Temer ao assumir o cargo de Presidente foi extinguir o Ministério da Cultura. Ele só voltou atrás após a pressão de artistas e da sociedade civil.
Cineasta João Batista de Andrade é o novo Ministro da Cultura
O cineasta João Batista de Andrade é o novo Ministro da Cultura do Brasil. Ele era secretário-executivo da pasta e assumiu interinamente o comando do Ministério, após a renúncia do Senador Roberto Freire. Batista havia sido convidado a substituir Manoel Rangel na presidência da Ancine (Agência Nacional do Cinema) a partir de maio. Entretanto, com a renúncia de Freire na última quinta (18/5), precisa assumir o MinC, de acordo com o previsto no regimento da pasta. Aos 77 anos, Andrade acumula mais de 50 anos de carreira no cinema. Seu filme mais famoso é “O Homem que Virou Suco” (1980), que trata de um poeta retirante (José Dumont) que chega a São Paulo. Seu novo cargo foi publicado no Diário Oficial da União de segunda-feira (22/5). De acordo com o MinC, não há prazo para que um ministro oficial seja nomeado. E, diante do cenário político turbulento do país, é provável que isto nem sequer aconteça. As denúncias de corrupção, por sinal, foram citadas por Freire como razão de sua renúncia. “Tendo em vista os últimos acontecimentos e a instabilidade política gerada por fatos que envolvem diretamente a Presidência da República, eu, Roberto João Pereira Freire, decido em caráter irrevogável renunciar ao cargo de Ministro de Estado da Cultura”, o senador declarou, em sua carta para o presidente da República Michel Temer. Vale lembrar que o ministro anterior, Marcelo Calero, também tinha renunciado, citando como razão assédio para se tornar corrupto. Veja abaixo a íntegra do pedido de demissão de Roberto Freire.
Cineasta João Batista de Andrade é indicado à presidência da ANCINE
O cineasta mineiro João Batista de Andrade, atual secretário-executivo do Ministério da Cultura, aceitou o convite do ministro Roberto Freire para assumir a presidência da Agência Nacional do Cinema (ANCINE). O mandato do atual diretor-presidente da agência, Manoel Rangel, encerra-se no dia 20 de maio. Com um extenso currículo, Andrade dirigiu, entre outros filmes, “Doramundo” (1978), suspense político sobre uma série de mortes na cidade de Paranapiacaba, e o clássico “O Homem que Virou Suco” (1980), com José Dumont no papel de um poeta nordestino que vai a São Paulo sobreviver de sua arte, além de “O País dos Tenentes” (1987), que coloca em discussão o fim da ditadura militar, e o documentário “Vlado, Trinta Anos Depois” (2005), sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog em 1975, após ser torturado por agentes da ditadura militar. Antes de assumir a secretaria-executiva do MinC, o diretor de 77 anos foi secretário de Cultura do Estado de SP, entre 2005 e 2006, no governo Alckmin. E também foi presidente da Fundação Memorial da América Latina, de 2012 a 2016. Sua indicação agora segue um rito. Primeiro, será levada para sanção do presidente, Michel Temer. Depois, ele será sabatinado por uma comissão do Senado, e, mais tarde, sua nomeação deverá passar por aprovação dos senadores em plenário. Esse processo deve coincidir com a saída de Rangel da agência. Andrade disse ao jornal O Globo que sua política, ao assumir a ANCINE, será priorizar o investimento nas novas tecnologias e na adequação da legislação para acomodar as modernizações pelas quais passam o audiovisual. “Eu acho que tem que modernizar muito. A política cinematográfica precisa se atualizar, diante das transformações pelas quais estamos passando, diante de tantas mudanças tecnológicas. Tem essa história do VoD (video on demand) e o papel das teles na distribuição de audiovisual. Está mudando o panorama no mundo inteiro. A própria legislação está atrasada e precisa mudar”, refletiu.




