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    Anouk Aimée, estrela de “Um Homem, uma Mulher” e “La Dolce Vita”, morre aos 92 anos

    18 de junho de 2024 /

    Atriz francesa brilhou em filmes famosos de grandes mestres do cinema europeu como Lelouch, Demy, Fellini e Bertolucci.

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    Morre Jacques Rozier, último cineasta da Nouvelle Vague

    5 de junho de 2023 /

    O cineasta Jacques Rozier, o último membro sobrevivente do movimento Nouvelle Vague, a “nova onda” do cinema francês dos anos 1960, faleceu na última sexta-feira (2/6) na França, sua cidade Natal, aos 96 anos. O cineasta já estava hospitalizado há um curto período e a notícia de sua morte foi confirmada por um conhecido próximo. Ele ganhou notoriedade pelos longas franceses “Maine Ocean” (1986), “Fifi Martingale” (2001) e “Adeus Philippine” (1962). Embora nunca tenha alcançado o mesmo sucesso de contemporâneos como Jean-Luc Godard (“Masculino-Feminino”), François Truffaut (“Contatos Imediatos do Terceiro Grau”), Agnès Varda (“Os Renegados”), Jacques Demy (“Pele de Asno”), Claude Chabrol (“Mulheres Diabólicas”) ou Eric Rohmer (“Conto de Verão”), seu trabalho teve um lugar importante no movimento francês, abrindo caminho para os cineastas contemporâneos. Após estudar na escola de cinema francesa IDHEC (Instituto de Altos Estudos Cinematográficos), Rozier iniciou sua carreira como assistente de TV, ao mesmo tempo em que produziu seus próprios curtas-metragens, incluindo “Rentrée des Classes” (1956) e “Blue Jeans” (1958). Com este último trabalho, ele participou do Festival de Curtas-Metragens da cidade de Tours, onde foi destacado pela crítica, ao lado de curtas de Varda e Demy.   Filmes que marcaram época Seu primeiro longa-metragem, “Adeus Philippine” (1962), estreou na primeira edição da Semana Internacional da Crítica, no Festival de Cannes. Ambientado no verão de 1960, o filme gira em torno de um jovem assistente de TV prestes a partir para o serviço militar obrigatório na Argélia. Determinado a aproveitar seus últimos dias de liberdade, ele abandona o emprego e parte para a Córsega com duas amigas que conheceu recentemente em Paris. Com um elenco jovem e amador, capturado nas ruas de Paris e caracterizado por uma estética neorrealista italiana, o filme retratou de forma autêntica o espírito da juventude francesa da época. Esse aspecto conceitual foi algo que se estendeu no segundo filme de Rozier, intitulado “Du Côté d’Orouët” (1971), lançado quase dez anos depois. A trama acompanha três jovens em férias na Bretanha. Ao longo de sua carreira, Rozier dirigiu apenas cinco longas-metragens, mas também se manteve ocupado com curtas, videoclipes e séries de TV. Um de seus curtas notáveis é “Paparazzi” (1964), explorando a relação da atriz e ativista francesa Brigitte Bardot com os fotógrafos que tentavam captar imagens da mesma durante sua estadia na ilha italiana de Capri, nas filmagens do clássico “O Desprezo”. Inclusive, este foi um dos primeiros trabalhos a abordar o surgimento da cultura das celebridades e a perda de privacidade que acompanha o estrelato internacional. Entre seus outros trabalhos estão “The Castaways of Turtle Island” (1976), ambientado no trem que percorre o trajeto entre Paris e a cidade portuária de Saint-Nazaire. Anos mais tarde, o longa ganhou o Prêmio Jean Vigo de 1986. Seu último filme, “Fifi Martingale” (2001), foi estrelado por Jean Lefebvre (“Diabolique”) no papel de um diretor de teatro e escritor de sucesso que reescreve sua nova obra para escapar das garras de uma conspiração com consequências inesperadas.   O fim da Nouvelle Vague A morte de Rozier marca o fim de uma era para o cinema francês, como previsto por seu amigo e defensor de longa data, Godard, que faleceu em setembro do ano passado. Citado pela mídia francesa, Godard escreveu em 2019: “Quando Agnès Varda faleceu, pensei: a verdadeira Nouvelle Vague, só restam dois de nós, eu… e Jacques Rozier, que começou um pouco antes de mim”. A Nouvelle Vague foi um momento importante para a estética do cinema francês, que teve início no final da década de 1950 na França. Mostrando uma nova maneira de pensar o audiovisual, o movimento questionava muitos elementos do cinema tradicional, tentando inovar no formato – filmando em ângulos não convencionais e com a câmera na mão – e no conteúdo das produções. Com o passar dos anos, essa atitude influenciou artistas do mundo todo.

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    Catherine Deneuve diz que é melhor ser atriz mais velha na Europa que nos EUA

    31 de agosto de 2022 /

    Homenageada no Festival de Veneza pelas realizações de sua carreira, a atriz Catherine Deneuve (“Repulsa ao Sexo”) aproveitou o evento para mencionar as muitas oportunidades que o cinema europeu oferece a atrizes mais velhas, em contraste com a falta de papéis no cinema americano. “É muito melhor estar na Europa do que nos EUA se você é uma atriz e é mais velha”, disse a estrela de 79 anos, na entrevista coletiva do evento italiano. “Está muito melhor agora, mas nos anos 1950, depois dos 35 a atriz era considerada mais do que madura, então você partia para outros papeis.” Mas embora a situação tenha mudado em Hollywood, com a indústria oferecendo mais oportunidades para atrizes mais velhas, “a Europa ainda é melhor nisso”. Ao introduzir o Leão de Ouro honorário à Deneuve, o diretor do festival, Alberto Barbera, lembrou a longa lista de cineastas com quem ela já trabalhou, lista esta que inclui Roger Vadim (“Vício e Virtude”), Luis Buñuel (“A Bela da Tarde”) e Roman Polanski (“Repulsa ao Sexo”). Ela pisou no tapete vermelho de Veneza pela primeira vez como a estrela do clássico “A Bela da Tarde”, de 1967, e o retorno lhe trouxe boas lembranças. “Parece que foi ontem. Foi um festival muito importante para mim”, disse Deneuve. Falando sobre os diretores que marcaram a sua carreira, ela citou Jacques Demy (deu à atriz seu primeiro grande papel em “Os Guarda-Chuvas do Amor”), François Truffaut (“A Sereia do Mississipi”) e André Téchiné (“Hotel das Américas”). “É sempre difícil parar, olhar as coisas como se você tivesse decidido tudo, que tenha sido uma decisão pensando no futuro, mas nunca é assim”, disse Deneuve, analisando a sua carreira. “Não tenho tempo para olhar para trás, porque estou olhando para o meu presente e seguindo em frente.” É que ela ainda é uma atriz bastante ocupada. Entre seus projetos futuros, destaca-se “Funny Birds”, sobre três gerações de mulheres de uma mesma família, que são colocadas juntas em uma granja rural por conta de circunstâncias trágicas, e uma “comédia leve” sobre o relacionamento entre o falecido presidente francês Jacques Chirac e sua esposa Bernadette. O Festival de Veneza teve início nesta quarta (31/8) e vai até o dia 10 de setembro.

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    Michel Piccoli (1925 – 2020)

    18 de maio de 2020 /

    Michel Piccoli, um dos atores mais importantes do cinema da França, morreu na semana passada (1/5), aos 94 anos de idade. A notícia só se tornou pública nesta segunda-feira (18/5), em comunicado da família à imprensa. Responsável por papéis inesquecíveis em dezenas de clássicos, Piccoli morreu de um acidente vascular cerebral, segundo declaração da família. Também produtor, diretor e roteirista, Michel Piccoli deixou uma obra com mais de 200 títulos em uma carreira que abrangeu sete décadas de cinema, além de papéis na televisão e teatro, ao longo das quais colaborou com mestres da estatura de Alfred Hitchcock, Henri-Georges Clouzot, Jacques Rivette, Costa-Gavras, Luis Buñuel, Jean Renoir, René Clément, Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Agnès Varda, Jacques Demy, Marco Ferreri, Mario Bava, Manoel de Oliveira, Theodoros Angelopoulos, Nani Moretti, Marco Bellocchio e Louis Malle. O reconhecimento a seu talento foi atestado por uma profusão de prêmios, incluindo o de Melhor Ator no Festival de Cannes – pela atuação em “Salto no Escuro” (1980), de Bellocchio. Nascido em Paris em 27 de dezembro de 1925, ele era filho de músicos – a mãe era pianista e o pai um violinista suíço. Mas apesar de estrear nas telas aos 20 anos, em uma breve figuração em “Sortilégios” (1945), de Christian-Jaque, sua carreira demorou para engatar, o que só aconteceu depois de uma década, em filmes como “French Can Can” (1955), de Renoir, e “O Calvário de uma Rainha” (1956), de Jean Delannoy. Mas o que o tirou dos papéis de coadjuvantes foi sua amizade com Buñuel. “Escrevi para esse diretor famoso pedindo que ele viesse me ver em uma peça. Eu, um ator obscuro! Era a ousadia da juventude. Ele veio e nos tornamos amigos”, Piccoli contou, em uma entrevista antiga. O ator apareceu em seis filmes de Buñuel, geralmente representando uma figura autoritária. A primeira parceria se manifestou em 1956, como um padre fraco e comprometido, que viajava pelas florestas brasileiras em “A Morte no Jardim”. Em “O Diário de uma Camareira” (1964), viveu o preguiçoso e lascivo monsieur Monteil, obcecado sexualmente por Jeanne Moreau, intérprete da empregada do título. E num de seus principais desempenhos, deu vida a Louche, o cavalheiro burguês responsável pela transformação de Catherine Deneuve em “A Bela da Tarde” (1967). No filme, a atriz vivia a esposa de um médico respeitável que era convencida por Louche a passar as tardes trabalhando em um bordel de alta classe com clientes excêntricos. Piccoli reprisou o papel quase 40 anos depois, em “Sempre Bela” (2006), de Manoel de Oliveira. Para Buñuel, ainda encarnou um versão charmosa do Marquês de Sade em “Via Láctea” (1969), foi sutilmente dominador como secretário do Interior em “O Discreto Charme da Burguesia” (1972) e sinistro como chefe da polícia no penúltimo filme do diretor, “O Fantasma da Liberdade” (1974). Durante esse período, Piccoli fez parte da cena dos cafés filosóficos de Paris, que incluía os escritores Boris Vian, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, além da cantora Juliette Gréco, com quem se casou em 1966 – separaram-se em 1977. Ele também se tornou um membro ativo do partido comunista francês. Os anos 1960 foram sua década mais criativa e variada, em que se juntou à novelle vague, atuando em obras memoráveis. Seu primeiro papel de protagonista no movimento que revolucionou o cinema francês foi como o marido de Brigitte Bardot em “O Desprezo” (1963), de Godard. No filme, ele interpreta um roteirista disposto a vender a própria esposa a um produtor (Jack Palance) para que seu roteiro saísse do papel e virasse filme dirigido por Fritz Lang (interpretado pelo próprio). Entre suas performances em clássicos da nouvelle vague ainda se destacam “A Guerra Acabou” (1966), de Alain Resnais, e “As Criaturas” (1966), de Agnès Varda. Mas Piccoli se projetou mais com sucessos de público, como “O Perigoso Jogo do Amor” (1966), de Roger Vadim, na qual contracenou com a americana Jane Fonda, o filme de guerra de René Clement “Paris Está em Chamas?” (1966), e principalmente o clássico musical “Duas Garotas Românticas” (1967), de Jacques Demy. A carreira do astro francês se internacionalizou após o filme de Demy, que chegou a ser indicado ao Oscar. Em 1968, ele estrelou a cultuada adaptação de quadrinhos italianos “Perigo: Diabolik” (1968), de Mario Bava, como o policial que tenta prender o criminoso do título. E no ano seguinte começou sua parceria de sete filmes com outro mestre italiano, Marco Ferreri – iniciada por “Dillinger Morreu” – , sem esquecer sua estreia em produções de língua inglesa, no suspense “Topázio”, de ninguém menos que Alfred Hitchcock. A consagração continuou nos anos 1970, marcada pelo principal e mais escandaloso filme de Ferreri, “A Comilança” (1973), e por uma das melhores obras de Chabrol, o noir “Amantes Inseparáveis” (1973). Com a fama adquirida, ele aproveitou para começar a produzir – a partir de “Não Toque na Mulher Branca” (1974), outra parceria com Ferreri. Piccoli também integrou a produção norte-americana de Louis Malle, “Atlantic City” (1980), estrelado por Burt Lancaster e Susan Sarandon, fez “Paixão” (1982), de Godard, e trabalhou com Marco Belocchio (em “Salto no Escuro” e “Olhos na Boca”) e Jerzy Skolimowski (“O Sucesso É a Melhor Vingança”), antes de viver o vilão que ajudou a lançar um dos principais nomes da geração de cineastas dos anos 1980. Premiado no Festival de Berlim, “Sangue Ruim” (1986) deslanchou a carreira de Leos Carax (então em seu segundo longa) e popularizou mundialmente a atriz Juliette Binoche. A lista de papéis clássicos não diminuiu com o tempo, rendendo “Loucuras de uma Primavera” (1990), de Malle, e “A Bela Intrigante” (1991), de Jacques Rivette, em que pintou – e consagrou – a nudez de Emmanuelle Béart. Sua trajetória teve muitas outras realizações, novas parcerias com Rivette, filmes com Édouard Molinaro, Jean-Claude Brisseau, Raoul Ruiz, Bertrand Blier, mais Manoel de Oliveira, dezenas mais. Tanta experiência o levou a escrever e dirigir. Ele assinou três longas, um segmento de antologia e um curta, mas apenas um repercutiu entre a crítica – “Alors Voilà” (1997). Como intérprete, porém, não lhe faltou consagração, incluindo o David di Donatello (o Oscar italiano) de Melhor Ator por um de seus últimos papéis, como papa em “Temos Papa” (2011), de Nani Moretti. Outros desempenhos importantes no final de sua carreira incluem o último longa do grego Theodoros Angelopoulos, “Trilogia II: A Poeira do Tempo” (2008). E após ser homenageado pela Academia Europeia de Cinema com um troféu pela carreira, ainda emplacou três lançamentos premiados em 2012: “Vocês Ainda Não Viram Nada!”, de Resnais, “Holy Motors”, de Carax, e “Linhas de Wellington” (2012), de Valeria Sarmiento. A despedida das telas se deu logo em seguida, com “Le Goût des Myrtilles” (2014), de Thomas De Thier. Ele deixa sua terceira esposa, a roteirista Ludivine Clerc, com quem se casou em 1978, e sua única filha, Anne-Cordélia, fruto de seu primeiro casamento com Eléonore Hirt.

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    Agnès Varda (1928 – 2019)

    29 de março de 2019 /

    A cineasta Agnès Varda, um dos maiores nomes da nouvelle vague, morreu na madrugada desta sexta (29/3), aos 90 anos, cercada por sua família e amigos, em consequência de um câncer. Feminista, diretora de cinema, artista plástica e também fotógrafa, ela assinou clássicos que ficaram conhecidos por suas ousadias, com estruturas e narrativas originais. “La Pointe-Courte” (1955), seu longa de estreia, por exemplo, tinha narração dupla, enquanto acompanhava histórias distintas de uma vila. Vários críticos citam este trabalho como precursor da nouvelle vague, já que foi lançado antes que seus colegas de geração (François Truffaut, Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Claude Chabrol, Jacques Rivette, Éric Rohmer) filmassem suas obras mais famosas, desprendendo-se das convenções narrativas do cinema. Nascida Arlette Varda em 1928 numa região de Bruxelas, capital da Bélgica, ela estudou fotografia na Escola de Belas Artes de Paris e aos 21 anos desembarcou com a sua câmara fotográfica no Festival de Avignon, o mais antigo festival de artes da França e um dos maiores do mundo, do qual passou a ser a fotógrafa oficial em 1951. Em pouco tempo, passou das imagens estáticas para as de movimento, mas sua experiência fotográfica a acompanhou por toda a carreira. Ao fazer um filme, Varda também assumia a câmera, além do roteiro, edição e produção. Dizia que só assim conseguiria a coesão – e a autoria completa – sobre suas obras. Em 1954, criou sua produtora, a Ciné-Tamaris, por onde lançou “La Pointe-Courte”, que a tornou conhecida como “mãe” ou “madrinha” da nouvelle vague. Mas seu filme mais conhecido viria no auge do movimento, em 1962. Seu segundo longa, “Cléo das 5 às 7”, imprimiu um viés feminista ao cinema. A trama acompanhava a personagem-título por duas angustiantes horas pelas ruas de Paris, enquanto aguardava o resultado de um exame de câncer. Foi considerado o Melhor Filme do ano pelo sindicato dos críticos franceses. Seu terceiro lançamento, “As Duas Faces da Felicidade” (1965), vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Berlim, focava a hipocrisia masculina, mostrando uma família que seria perfeita, não fosse o patriarca um homem infiel, apesar de feliz no casamento. Depois de dirigir Catherine Deneuve em “As Criaturas” (1966), Varda e o marido, o também cineasta Jacques Demy, mudaram-se para Los Angeles, onde ela mergulhou “no espírito de revolta” da contracultura e se reinventou como documentarista. Querendo registrar o período, filmou diversos curtas sobre tópicos quentes, como os Panteras Negras, a revolução cubana, a guerra do Vietnã e o próprio feminismo. Só foi voltar à ficção em 1977, com “Uma Canta, a Outra Não”, história de duas amigas ao longo de uma década de reivindicações femininas. Mesmo assim, passou a se alternar-se entre registros de tudo o que lhe chamava atenção, como os murais grafitados das ruas de Los Angeles (o documentário “Mur, Murs”, 1981), e trabalhos em que se expressava por meio de atores, como o drama de uma jovem encontrada morta numa vala. Este foi o tema de “Os Renegados” (1985), estrelado por Sandrine Bonnaire, que venceu o Leão de Ouro como Melhor Filme do Festival de Veneza. Essa dualidade a permitiu filmar duas vezes a atriz Jane Birkin de forma completamente diferente no mesmo ano, como personagem no polêmico “Le Petit Amour” (1988), que flertava com a pedofilia, e como pessoa real no documentário “Jane B. por Agnès V.” (1988). A morte do marido em 1990 inspirou um de filmes seus mais belos, “Jacquot de Nantes” (1991), baseado na infância e juventude de Jacques Demy, em que transbordava amor. Também fez um documentário tocante sobre a carreira do diretor, “The World of Jacques Demy” (1995). Mas não foi tão feliz ao tentar contar as memórias do próprio cinema em “As Cento e uma Noites” (1995), um híbrido de ficção e documentário que a levou a se afastar de vez dos atores. A partir daí, só filmou pessoas reais, como os trabalhadores rurais e catadores de lixo em “Os Catadores e Eu” (2000), sempre inserindo-se no contexto, como ficava explícito pelos títulos. Ao abandonar os atores, passou a dar mais atenção à fotografia. Na verdade, ao aspecto mais artístico das imagens. “Se vocês prestarem atenção, minha carreira se divide em duas partes, a do século 20 e a do 21. Na primeira sou mais cineasta; na segunda, artista plástica”, explicou, no último Festival de Berlim. Em “As Praias de Agnès” (2008), começou a cuidar de seu legado, revendo cenas e lugares de sua vida – e, de quebra, conquistando uma porção de prêmios em diversos festivais, justamente pela plasticidade com que descreveu sua jornada. Em 2017, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos lhe rendeu homenagem com um Oscar honorário pelo conjunto de sua obra. “Musa Pioneira. Ícone. Uma mulher que lançou um movimento de cinema”, assim a apresentou o presidente da Academia, John Bailey, quando Varda se tornou a primeira mulher cineasta a ter a carreira reconhecida pelo Oscar. Mas, incansável, ela ainda voltou à premiação em 2018, quando concorreu ao Oscar de Melhor Documentário por “Visages, Villages”, tornando-se, aos 89 anos, a pessoa mais velha a ser indicada em uma categoria competitiva do principal troféu da indústria cinematográfica. Seu último trabalho como diretora foi uma minissérie biográfica, “Varda par Agnès – Causerie”, que após a première no Festival de Berlim no mês passado, foi exibida há 11 dias na França. A obra se encerra com um borrão branco, em forma de névoa, que engole a cena em que Agnès Varda contempla uma praia. Ela se preocupou até em deslocar os créditos de encerramento para outro lugar, de forma a não terminar seu último filme com uma tela preta, representando a escuridão, mas sim com a mais completa claridade. “Preciso me preparar para dizer adeus e achar a paz necessária para isso”, ela disse em sua última entrevista coletiva, no Festival de Berlim, 46 dias antes de morrer. Na tarde desta sexta-feira, ela ainda inauguraria uma exposição de fotografias e instalações de arte em Chaumont-sur-Loire, que será aberta sem ela.

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  • Música

    Michel Legrand (1932 – 2019)

    26 de janeiro de 2019 /

    O compositor francês Michel Legrand, vencedor de três estatuetas do Oscar por suas trilhas sonoras, e que trabalhou com mitos da música como Frank Sinatra, Ray Charles, Miles Davis, Edith Piaf e Elis Regina, faleceu neste sábado (26/1) em Paris aos 86 anos. Sua carreira teve quase 70 anos, marcando tanto a história do jazz quanto a do cinema. Músico e arranjador, Legrand começou a compor música para filmes com o surgimento da Nouvelle Vague francesa, trabalhando para Agnès Varda no clássico “Cléo das 5 às 7” (1962), no qual também estrelou, com Jean-Luc Godard em “Uma Mulher É Uma Mulher” (1961), “Viver a Vida” (1962) e “Bando à Parte” (1964), mas sobretudo com Jacques Demy, para quem quem compôs dois musicais cultuadíssimos, “Os Guarda-Chuvas do Amor” (1964) e “Duas Garotas Românticas” (1967). Com o impacto causado pelos longas de Demy, Legrand chamou atenção do colega Henry Mancini, grande compositor de Hollywood, que lhe convidou a trabalhar em seu primeiro filme americano, assinando a trilha sonora de “Crown, o Magnífico” (1968). E a principal canção do longa, “The Windmills of Your Mind”, rendeu a primeira estatueta do Oscar ao compositor em 1969. Seguiram-se uma coleção de trilhas clássicas, 13 indicações ao Oscar e duas vitórias na Academia, pelas melodias inesquecíveis dos filmes “Houve uma vez um Verão” (1972) e “Yentl” (1984). Mas apesar do sucesso em Hollywood, Legrand não abandonou o cinema francês, trabalhando em obras nos dois continentes, e ainda manteve uma carreira paralela e igualmente premiada na música. Suas composições receberam 17 indicações ao Grammy, vencendo cinco troféus da indústria fonográfica. Entre as muitas trilhas famosas de sua carreira, também merecem citação os trabalhos de “Lola, a Flor Proibida” (1961), “Quem é Polly Maggoo?” (1966), “A Piscina” (1969), “Tempo para Amar, Tempo para Esquecer” (1969), “Mosaico de Sonhos” (1970), “A Garota no Automóvel – Com Óculos e um Rifle” (1970), “As 24 Horas de Le Mans” (1971), “Interlúdio de Amor” (1973), “Os Três Mosqueteiros” (1973), “Verdades e Mentiras” (1973), “Retratos da Vida” (1981), “Amigos Muito Íntimos” (1982), “007 – Nunca Mais Outra Vez” (1983), “Prêt-à-Porter” (1994), “Os Miseráveis” (1995) e o filme recém-resgatado de Orson Welles “O Outro Lado do Vento” (2018). Relembre abaixo seis trabalhos famosos de Legrand no cinema. Na cena de “Cléo das 5 às 7”, é ele quem aparece cantando ao piano.

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