Bilheteria inflada de Minha Mãe É uma Peça 2 revela que distribuidoras contabilizam mais de mil salas invisíveis no país
Os números impossíveis das estreias dos cinemas do fim de semana no Brasil chegaram. E enquanto a Paris Filmes celebra o fato de Paulo Gustavo ter mais Força que Darth Vader no Brasil, os recordes festejados revelam que as distribuidoras contabilizam mais de 1,5 mil salas invisíveis no país – ou seja, 50% mais salas que o circuito efetivamente mapeado pela Ancine. Segundo relatórios divulgados pelo site Filme B (veja a tabela completa abaixo), “Minha Mãe É uma Peça 2 – O Filme” registrou a segunda melhor estreia nacional do ano com R$ 8,7 milhões, ficando atrás apenas de “Os Dez Mandamentos – O Filme”. O longa foi visto por cerca de 715 mil pessoas nos últimos quatro dias e estreou em mais de mil salas, o que deveria equivaler a um terço do parque exibidor nacional e também o consagraria como o maior lançamento entre as comédias nacionais de todos os tempos. O detalhe é que a animação “Sing – Quem Canta Seus Males Espanta” também foi lançado em circuito similar. E, para isso, era de se imaginar que “Rogue One – Uma História Star Wars” precisasse sair de cartaz na maioria das salas em que se encontrava, uma semana após registrar uma das maiores estreias do ano no país. Mas não foi o que aconteceu. “Rogue One – Uma História Star Wars” apareceu em 2º lugar, com uma arrecadação de R$ 3,7 milhões, ainda em mais de mil salas, seguido por “Sing – Quem Canta Seus Males Espanta”, que fez R$ 2,6 milhões em 980 salas. Basta vislumbrar o desempenho destes três filmes para perceber que, se os números de seus circuitos estão corretos, não deveria haver mais nenhum outro filme em cartaz no país. Em cinema algum. Há um ano, a Ancine publicou um balanço do parque exibidor nacional, revelando que o Brasil encerrou 2015 com um pouco mais de 3 mil salas em funcionamento. O país não atingia esta marca desde 1977 e, no ano passado, cresceu em ritmo recorde com um acréscimo de 304 novas telas. Entretanto, a se acreditar nos números divulgados pelo mercado neste fim de semana, em 2016 o Brasil ganhou, por baixo, mais de 1,5 mil salas. Afinal, ainda segundo dados do Filme B, os filmes em cartaz do 4º ao 10º lugares também estão sim, por incrível que pareça, em salas de cinema. Na verdade, os dados fornecidos garantem que eles ocupam mais de 1,2 mil salas! E estes são os blockbusters. Há ainda o circuito alternativo… Não houve, porém, um milagre chinês na expansão do parque cinematográfico nacional. O mais recente relatório da Ancine, relativo ao terceiro trimestre de 2016, informa que o circuito realmente cresceu. De 3003 para… 3098 salas! A página que contém estes números pode ser conferida abaixo. O relatório ainda revela que, no último trimestre, o mercado de exibição brasileiro teve até crescimento 27% menor que no mesmo período em 2015. A íntegra do texto pode ser lida neste link. Vale observar que diversas salas alternam alguns filmes ao longo da semana e até do dia, tornando plausível que haja mais cópias exibidas do que salas disponíveis, especialmente no interior, onde a falta de telas exige maior flexibilidade. Mesmo assim, seria improvável considerar que essa prática de exceção fosse capaz de fazer o circuito inflar 50%. Ou seria capaz? O que é mais razoável? Questionar se a Ancine subestima o mercado, se as distribuidoras superestimam seus números, se o levantamento do Filme B é totalmente equivocado ou se metade dos cinemas do país exibem mais de dois filmes por semana? Um terço três filmes? Um quarto quatro filmes? Pois a resposta oficial oferecida para o mistério é que, sim, até mais da metade dos cinemas brasileiros exibem mais de um filme ao mesmo tempo. Saiba mais sobre esta explicação e suas consequências na continuação deste artigo – aqui.
Minha Mãe É uma Peça 2 bate recorde e fatura maior dia de estreia do cinema brasileiro
A comédia “Minha Mãe É Uma Peça 2 – O Filme” levou 290 mil pessoas ao cinema no primeiro dia de exibição, segundo levantamento da ComScore. Trata-se do maior dia de estreia de um filme nacional em todos os tempos, batendo “Tropa de Elite 2” (2010), de José Padilha. Com algumas salas ainda a contabilizar, o número ainda deve aumentar. A estimativa do site Filme B é que a bilheteria da quinta-feira (22) alcance cerca de 313 mil espectadores. A bilheteria é consequência direta da acessibilidade. “Minha Mãe É Uma Peça 2 – O Filme” foi lançado com a maior distribuição já vista para uma comédia brasileira – e a segunda maior de todos os tempos para um filme nacional, atrás apenas de “Os Dez Mandamentos”. O tamanho disso é 1.160 salas. Isto é, um terço de todos os cinemas do país estão mostrando o ator Paulo Gustavo vestido de mulher. Com distribuição três vezes menor, lançado em 413 mil telas, o primeiro filme da dona Hermínia virou o longa nacional mais visto em 2013 (4,6 milhões de espectadores). O próprio Paulo Gustavo, intérprete da mãe do título, é um dos roteiristas, ao lado de Rafael Dragaud e Fil Braz, que escreveram o primeiro “O Filme”. Já a direção é de César Rodrigues, que comandou o ator em “Vai que Cola”, o “O Filme” de 2015.
Vídeo revela que Paulo Gustavo odiou filmar Minha Mãe É uma Peça 2 – O Filme
Que a crítica não está exatamente morrendo de vontade de ver “Minha Mãe É uma Peça 2 – O Filme”, não é segredo para ninguém. Mas parece que até Paulo Gustavo detestou fazer o “O Filme 2”. Ao menos, é o que consta como aparente “piada” de um vídeo de bastidores divulgado pela Downtown Filmes. No material, o ator aparece montado como Dona Hermínia, reclamando de como é chato, ruim, terrível filmar. Chega a chorar, porque deve ser mesmo insuportável trabalhar como estrela de cinema, num país com tantos desempregados. Enfim, “Minha Mãe É uma Peça 2 – O Filme” não é um drama de sensibilidade social. É só mais um “O Filme” besteirol. O trailer, que foi divulgado em outubro, não tem a menor graça. Mas bateu recorde de visualizações, antecipando previsões de muito sucesso para o filme. O próprio Paulo Gustavo é um dos roteiristas, ao lado de Rafael Dragaud e Fil Braz, que escreveram o primeiro “O Filme” – e que foi a maior bilheteria nacional de 2013. Já a direção é de César Rodrigues, que comandou o ator em “Vai que Cola”, o “O Filme” de 2015.
Minha Mãe É uma Peça 2: Trailer do filme é visto 5 milhões de vezes
O público brasileiro adorou o trailer do filme “Minha Mãe é uma Peça 2”, que atingiu 5 milhões de visualizações em três dias, na fanpage do longa e no YouTube. O vídeo também teve mais de 117 mil compartilhamentos no Facebook, dando uma ideia do interesse na produção. O comunicado que celebra a marca atingida ainda menciona um Top 10 no YouTube mundial e uma projeção de 18 milhões de pessoas alcançadas pelo vídeo. Não pudemos comprovar. Mas a declaração-piada do ator Paulo Gustavo, que comenta estes dados, merece ser compartilhada. “Essa coisa do trailer ter alcançado quase 18 milhões de pessoas me deixou em uma ansiedade tão grande para o filme, que eu estou tomando Rivotril para ir na padaria comprar pão”, ele disse, mantendo o tom do trailer. “Minha Mãe É Uma Peça – O Filme” foi uma das maiores bilheterias do cinema brasileiro em 2013. E se o público achou o trailer engraçado, a continuação também deve lotar. A estreia “dessa coisa”, como diz Paulo Gustavo, está marcada para 22 de dezembro.
Minha Mãe É Uma Peça 2 ganha trailer que é quase um desafio: tente rir das piadas
Para quem acha que homem fica engraçado quando se veste de mulher, a Downtown Filmes divulgou o trailer do besteirol “Minha Mãe É Uma Peça 2”, continuação do filme de 2013. O vídeo traz Paulo Gustavo de volta aos vestidos de Dona Hermínia, a mãe sofredora que reclama de tudo, e serve de prévia para as piadas da produção. Faça o teste: tente rir de alguma. Segundo o release, trata-se da “mãe mais divertida do Brasil”, que “mudou de endereço, de status econômico… mudou quase tudo, só não mudou a si mesma”. Ou seja, continua a ser um homem vestido de mulher – que não é um transexual, vale salientar. Ironicamente, as piadas-desafio (sério, tente rir) revelam uma obsessão por identificar e enquadrar sexualmente os personagens da trama – ouve-se as palavras hétero, bissexual e lésbica com alguma insistência – , como se não houvesse espelho disponível para Paulo Gustavo perceber o problema da situação. A farsa ainda inclui piadas sobre idade, gordura e paulistas. Uma coleção de clichês e frases feitas que deixam claro como se vestir de mulher não rende automaticamente maior tolerância – ou inteligência… ou graça. O próprio Paulo Gustavo é um dos roteiristas, ao lado de Rafael Dragaud e Fil Braz, que escreveram o primeiro filme. Já a direção é de César Rodrigues, que comandou o ator em “Vai que Cola”, o filme de 2015. “Minha Mãe É Uma Peça – O Filme” foi uma das maiores bilheterias do cinema brasileiro em 2013. Se o gosto e o senso crítico do público se mantiver no mesmo nível, a continuação também deve lotar. A estreia está marcada para 22 de dezembro.


