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    Filme B: “A fragmentação da programação acontece no mundo inteiro e é uma tendência também no Brasil”

    29 de dezembro de 2016 /

    A discrepância entre o números de salas de cinema disponíveis no Brasil e a quantidade de salas ocupadas pelos blockbusters lançou luz sobre uma solução criativa do parque exibidor para driblar a falta de telas no país. Ao passar a exibir mais de um filme por sala, as distribuidoras aumentaram o alcance nacional de seus títulos. Mas criaram novos problemas, como a implosão de um critério importante da contabilização das bilheterias e a diminuição da transparência do circuito. Tudo isso foi detalhado aqui. Responsável por lidar diretamente com os dados dos exibidores, Gustavo Leitão, editor do Filme B, uma das empresas especializadas na análise do desempenho do mercado, respondeu a perguntas por email, contando como está lidando com esse novo e inusitado paradigma. Confira abaixo. Como é feito o levantamento do circuito? São os exibidores ou distribuidores que informam? O nosso Plantão, que é a equipe responsável pela coleta de dados do sistema Filme B Box Office, que trabalha dia e noite, incluindo fins de semana, mantém uma lista atualizada das salas em operação no Brasil. Os exibidores informam as rendas detalhadas dos seus circuitos, portanto sabemos quais são as salas em atividade. O monitoramento também lista as salas fechadas, mesmo que provisoriamente para obras, e as inaugurações e ampliações. Como 3 mil salas conseguem dobrar de tamanho e virar 6 mil salas na contabilidade do circuito? A fragmentação da programação acontece no mundo inteiro e é uma tendência também no Brasil. Por aqui, nos circuitos de arte, constantemente são exibidos até três filmes por sala. Nas redes de perfil mais comercial, essa prática também acontece: filmes infantis pegam os horários vespertinos, enquanto os de perfil adulto ocupam a programação da noite. Ainda há os festivais e as pré-estreias que não são realizadas em todas as sessões das salas. Desde quando a tendência de exibir mais de um filme por sala passou a ser dominante (norma e não exceção) no mercado? Essa tendência se fortaleceu com a digitalização do circuito, que começou a ganhar força no país em 2012 e hoje é uma realidade dominante. A digitalização facilita a operação porque não exige espaço de armazenamento de rolos de filme, os arquivos podem ser facilmente transportados em HDs ou transmitidos por satélite. Isso deu mobilidade para os cinemas programarem muitos filmes e agilidade para trocar títulos de sala e encolher ou expandir o número de sessões. Isto tem relação com o fato de que o parque exibidor cresceu com muito menos força em 2016 do que vinha crescendo nos últimos anos? Não, a fragmentação da programação é uma tendência que tem pouco a ver com o tamanho do circuito. Vivemos em uma época no cinema mundial de superblockbusters que ganham lançamentos muito amplos e conseguem levar muita gente aos cinemas porque se transformam em fenômenos com aura de imperdíveis. Filmes médios e de nicho hoje concorrem mais fortemente com o entretenimento caseiro (e outras formas de diversão) e têm uma brecha menor no circuito tradicional. O digital também facilitou a produção, aumentou a oferta em uma estrutura de escoamento que não cresce na mesma proporção. Tudo isso favorece a programação fragmentada. Ela pode até desagradar algum tipo de espectador, mas ajuda enormemente os cinemas menores do interior, que assim podem oferecer mais variado. O fim de semana passado foi o primeiro em que 3 filmes ocuparam 3 mil salas simultaneamente. Já é sinal de tendência para 2017, ano de muitos candidatos a blockbuster? Difícil precisar se foi mesmo a primeira vez. Teria que fazer uma análise semana a semana dos últimos anos. Mas certamente não é a primeira vez que os circuitos do top 20 do fim de semana somados superam o total de salas no país. Isso acontece continuamente há bastante tempo. O ano que vem deverá repetir essa tendência, já que os blockbusters têm aumentando sua participação – até novembro de 2016, por exemplo, os dez mais (as maiores rendas) cresceram 22,7% em ingressos vendidos na comparação com o mesmo período do ano passado – e os lançamentos têm ultrapassado com frequência as 1.000 salas no primeiro fim de semana. A tendência, dizem os especialistas, é de concentração nas primeiras semanas dos blockbusters (aberturas mais amplas, portanto), com carreiras mais curtas. A prática de exibir mais de um filme por sala ajuda a obscurecer o circuito exibidor, uma vez que um filme exibido em mil salas, com uma sessão por dia em cada sala, teria menos sessões que um exibido integralmente em 300? Isso também não torna sem sentido a informação relativa a arrecadações por sala, visto que embaraça quantas sessões efetivamente um filme tem por sala? A média por sala é um padrão histórico da métrica de desempenho dos filmes que cada vez tem menos relevância. Justamente a fragmentação fez com que esse número perdesse confiabilidade. Como cada mudança deve envolver a rede de exibidores do país inteiro, tecnicamente essa medida por sessão ainda não é possível de coletar. Há uma intenção da Ancine de fazer esse tipo de acompanhamento, mas não sei em que pé está. Da nossa parte, estamos estudando com os agentes do mercado a possibilidade de usar como parâmetro a média por cinema, já empregada nos EUA, que tem mais precisão. Em janeiro, o nosso ranking deve incorporar essa mudança. Deve-se aceitar essa distorção como inevitável, típica do jeitinho brasileiro, ou buscar outra quantificação, como, por exemplo, o número de sessões de um filme em vez do número de salas que ele é exibido? Os parâmetros da métrica do mercado devem acompanhar as mudanças da atividade. Portanto, o ideal é sempre estar atento às informações que têm relevância e as que não servem mais para diagnosticar com precisão o momento. Portanto, sim, como disse antes, estamos estudando outras possibilidades. No levantamento realizado junto ao circuito, há informações sobre quantas cópias são exibidas dubladas? Isso não é um dado relevante, que merece ser mais bem divulgado? Sim, temos levantamento do desempenho dos filmes tanto por tecnologia (2D, 3D, IMAX) como entre dublado e legendado. O mercado tem acesso a todos esses relatórios através do site Filme B Box Office. Já publicamos uma matéria a respeito na Revista Filme B e pontualmente abordamos esses aspectos na análise do ranking do fim de semana no Boletim, são relevantes para um filme específico. Ter cada vez mais filmes por sala, com predomínio de cópias dubladas, é o que se pode esperar do circuito para 2017? Aqui não se pode falar em tendência porque os dois fatores dependem do tipo de filme lançado. Filmes que dividem salas são geralmente aqueles que têm um público mais restrito: de arte, infantis, já em carreira avançada, documentários segmentados… São várias as possibilidades. A dublagem, idem: mais forte nos blockbusters, nas animações. O espectador brasileiro gosta de filmes dublados. Por ano, mais da metade dos ingressos costuma vir desse tipo de sessão. Pode chegar a mais de 70% dependendo do título. Se o mercado só oferece opção de dublados em 70% do circuito, não seria natural que 70% do circuito consumisse dublados? Considera-se neste “gostar de dublados” o fato de que todas as animações são lançadas dubladas e, como se dá no resto do mundo, acabam puxando as maiores bilheterias? Os exibidores e distribuidores sabem o que funciona em cada tipo de filme. Se percebem que para uma animação de perfil infantil a sala com opção dublada está indo melhor que a outra, com versão legendada, naturalmente isso vai influir nesse balanço no próximo lançamento similar. Idem com o 3D. Mercados que aceitam melhor essa tecnologia terão naturalmente mais oferta. Ninguém gosta de perder dinheiro. Os agentes estão sensíveis às demandas do público, que é quem manda no fim das contas. O crescimento dos dublados tem a ver com a expansão do circuito exibidor, que hoje entra em cidade de interior, com a cultura da televisão forte no país, com a recente ascensão da classe C, que passou a frequentar mais o cinema. São vários os fatores.

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    Discrepâncias sangram um dos critérios mais importantes da contabilização das bilheterias no Brasil em 2016

    29 de dezembro de 2016 /

    O relatório semanal de bilheterias do país, divulgado no começo da semana pelo site Filme B, apontou uma discrepância monumental entre número de salas ocupadas por filmes e o número de salas que realmente existem no Brasil. O ranking mostrou que, pela primeira vez, três blockbusters superaram a capacidade de exibição simultânea de todo o circuito nacional, ocupando mais de 3 mil salas. Entretanto, o levantamento oficial da Ancine afirma que o país só possui estas 3 mil salas. E, para ampliar ainda mais o abismo entre as informações, só no Top 10 mapeado pelo Filme B havia ainda outras 1,2 mil salas ocupadas. Em busca das salas invisíveis, enviamos perguntas por email para Gustavo Leitão, editor do Filme B, e as respostas confirmam que não houve um milagre chinês de multiplicação instantânea do circuito. O que foi constatado é que a métrica tradicional, que contabiliza o número de salas utilizadas por cada filme, perdeu totalmente o sentido e a utilidade no país, trocada pelo igualmente tradicional jeitinho brasileiro – que, segundo Gustavo, seria na verdade tendência mundial. Nos dados que os exibidores fornecem ao Filme B (a Ancine tinha um projeto para informatizar isso, de modo a evitar as distorções da informação voluntária), vários filmes aparecem ocupando a mesma sala, com sessões em horários diferentes. Explica-se assim o milagre. Mas esta fragmentação também impede quantificações exatas baseadas em desempenho de filme por sala – um dos rankings mais importantes em levantamentos de bilheteria, usado com destaque nos EUA para identificar fenômenos indies e blockbusters fracassados. Se, por um lado, a iniciativa poderia ter impacto positivo, ao permitir que mais filmes entrem em cartaz simultaneamente, por outro lado significa o fim da transparência. Afinal, um circuito elástico, em que sempre cabe mais um filme na mesma sala, não tem tamanho determinado. Portanto, é inútil contabilizá-lo. A prática só não obscurece completamente o dimensionamento do circuito nacional porque resistem outras constantes, como a venda e o faturamento de ingressos. Ou seja, ainda é possível contabilizar quantas pessoas viram um filme e quanto dinheiro ele fez. Mas se tornou impossível levar em consideração neste desempenho o impacto de sua distribuição. Considere apenas isso: um filme exibido quatro vezes por dia em mil salas deveria ter um desempenho bastante diverso de outro filme também exibido em mil salas, uma vez ao dia, e ainda por cima apenas entre segundas e quartas. Nos relatórios, entretanto, são como se os dois cenários fossem iguais, identificados pela distribuição em mil salas, independente do número de sessões. Um dos feitos mais festejados do ano foi o sucesso de “Shaolin do Sertão”, comédia de Halder Gomes, que quebrou recorde de bilheteria no Ceará. Lançado em 13 de outubro em sete municípios do estado, levou cerca de 45 mil pessoas aos cinemas em seu fim semana de estreia e abriu em 1º lugar em 18 dos 19 cinemas cearenses em que foi exibido, segundo os dados do ComScore. Com 1290 ingressos vendidos por sala, também obteve a melhor média de público do final de semana, superando blockbusters internacionais. Algo que foi celebrado. Até a “fragmentação” do circuito mostrar que não há mais base alguma para se dimensionar – no caso, valorizar – este resultado. A distorção do cenário também facilitaria casos mais complexos, como o de filmes religiosos com ingressos comprados para distribuição entre fiéis, que entretanto manteriam salas vazias, mesmo registrando grande bilheteria. O sucesso supostamente alimentado de forma artificial ficaria mais difícil de ser desmascarado – ou, em seu reverso, ter seu fenômeno comprovado – no contexto da contabilidade “fragmentada” do circuito elástico. Isto talvez não seja relevante para o público em geral, mas para quem trabalha com cinema gera uma lacuna importante de informação. Saiba mais na entrevista como o editor do Filme B, uma das empresas responsáveis pela análise do desempenho do mercado, que explica como o serviço oferecido pelo site está lidando com esse novo e inusitado paradigma. Leia aqui.

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