Alicia Vikander vai produzir e estrelar série baseada em Disque M para Matar
A estrela sueca Alicia Vikander (“Tomb Raider”) está desenvolvendo uma série limitada baseada em “Disque M para Matar” para a MGM/UA Television. Trata-se de uma adaptação da peça de 1952 de mesmo nome, escrita por Frederick Knott, que foi famosamente levada às telas em 1954 por Alfred Hitchcock. O projeto promete reinventar a clássica história de suspense por uma perspectiva feminina. No filme de Hitchcock, o papel de protagonista feminina foi interpretado por Grace Kelly. A trama original dos anos 1950 girava em torno de um campeão de tênis aposentado (interpretado no filme por Ray Milland), que descobre que sua esposa (Kelly) teve um caso e contrata um conhecido para matá-la. Quando o tiro sai pela culatra e a esposa mata o assassino, o marido a incrimina pelo assassinato do homem. O subterfúgio só é descoberto com a ajuda do amante (Robert Cummings) horas antes da mulher ser executada, após ser sentenciada à morte. O roteiro da adaptação está a cargo de Michael Mitnick (“O Doador de Memórias”), sob supervisão de Terence Winter (criador de “Boardwalk Empire”). Os dois trabalharam juntos anteriormente na série “Vinyl”, da HBO. Vikander assina a produção e deve estrelar a série, que tem potencial para se tornar a 1ª temporada de uma antologia de suspenses famosos, abordados sob ponta de vista feminino. Veja abaixo o trailer do clássico de Hitchcock.
Matar ou Morrer será o próximo clássico a sofrer remake de Hollywood
Satisfeita com o fracasso épico de “Ben-Hur”, Hollywood já agendou seu próximo remake. Segundo o site da revista Variety, o estúdio Relativity adquiriu os direitos do clássico western “Matar ou Morrer” (1952) para uma refilmagem, que está sendo chamada de “modernização” da história. “‘Matar ou Morrer’ é um dos mais icônicos filmes de todos os tempos. Estou honrado em fazer parte da modernização desta história e trazê-la para novas gerações”, declarou o presidente da Relativity, Dana Brunetti. Dirigido por Fred Zinnermann, “Matar ou Morrer” trazia Gary Cooper como o xerife respeitado de uma cidadezinha, que está se aposentando quando recebe a notícia de que Frank Miller (Ian MacDonald), um bandido que tinha prendido, estava em liberdade e chegando de trem com seu bando para acertar contas. Diante da ameaça, toda a cidade dá as costas ao xerife, deixando-o sozinho para enfrentar a ameaça, que chega pontualmente ao meio-dia, diante do desespero da mocinha (Grace Kelly). Cooper venceu o Oscar pelo papel e a produção ainda conquistou as estatuetas de Melhor Trilha Sonora, Canção Original e Edição. Mas nem todos gostaram. Consta que o astro John Wayne e o diretor Howard Hawks ficaram tão furiosos com o filme, que era “antiamericano” por retratar um xerife medroso e uma população covarde, que resolveram recontar sua própria versão da história, e até hoje os fãs do gênero debatem qual é a melhor obra, “Matar ou Morrer” ou “Onde Começa o Inferno” (1959). Claro que há uma rica história de bastidores por trás dessa disputa, envolvendo o roteirista de “Matar ou Morrer”, Carl Foreman, que o macho John Wayne enviou para a lista negra dos comunistas de Hollywood. Muitos veem “Matar ou Morrer” como uma alegoria daquela época, quando Hollywood deu as costas a seus membros, que estavam sendo caçados por políticos ameaçadores e escorraçados da “cidade”. O filme sobre os bastidores dessa guerra de versões seria interessantíssimo. Já o remake de “Matar ou Morrer”…
Grace de Mônaco é homenagem mal-compreendida
“Grace de Mônaco” foi vaiado pela crítica quando abriu o Festival de Cannes no ano passado. No site americano Rotten Tomatoes, teve apenas 10% de críticas favoráveis. Mas não é atroz como “Diana”, a cinebiografia da princesa inglesa. O filme não esconde que brinca com fatos reais para homenagear uma das atrizes mais queridas da velha Hollywood, Grace Kelly (“Janela Indiscreta”). Durante a projeção, ela volta à ficção, por intermédio de Nicole Kidman (“As Aventuras de Paddington”), para viver novamente um suspense psicológico, num desenvolvimento que também presta tributo à relação da estrela com o cinema de Alfred Hitchcock. A trama explora o fato de que Grace foi convidada por Hitchcock para voltar a Hollywood como estrela de “Marnie Confissões de uma Ladra” (1964), mas se viu impedida pela obrigação de desempenhar outro papel na vida real, como Princesa de Mônaco. Por isso, a questão da atuação permeia todo o filme. No roteiro, até o Príncipe Rainier (Tim Roth, de “O Incrível Hulk”) evidencia que não casou com Grace por amor, mas porque ela seria a pessoa ideal, racionalmente falando. Naquele lugar, falar o que se pensa é um ato perigoso, e todos interpretam seus papeis. Do mesmo modo, a solução encontrada pela Princesa para salvar seu casamento e seu reino também se dá por meio de seus dotes de atriz. E, nessa inserção de metalinguagem, destaca-se a interpretação de Nicole Kidman. Ela está adorável. Grande atriz que é, compensa o fato de já não ser tão bela e jovem quanto Grace Kelly na época retratada com muita sensibilidade. Além do mais, o diretor Olivier Dahan (“Piaf: Um Hino ao Amor”) capricha no emolduramento de seu rosto, ora aproximando o close em seus olhos, ora aproximando a boca, demonstrando encanto com a personagem/atriz, ao mesmo tempo em que também sinaliza o seu nervosismo e apreensão em cena. O fato de ser um filme sobre os bastidores de Hollywood, pelo menos marginalmente, ajuda a manter o interesse dos cinéfilos, a começar pela visita de Hitchcock à Princesa em 1961. Claro que, depois, os bastidores passam a ser outros: da política, da delicada rixa envolvendo Mônaco e França. Mas também nesse circuito há lugar para nomes famosos, como Onassis (Robert Lindsay, da série “Atlântida”) e Maria Callas (Paz Veja, de “Não Pare na Pista: A Melhor História de Paulo Coelho”). Por sinal, o momento em que Callas canta “O Mio Babbino Caro”, mágica por si só, tem grande importância na narrativa, antecedendo uma das melhores cenas. A esta altura, o filme já adentrou a pura ficção, com direito à descoberta de uma espiã na corte, um complô para uma invasão da França, sob o comando de Charles De Gaulle, resultando numa história que parece saída de um thriller de espionagem do mestre Hitchcock. Como a homenagem faz sentido e funciona na tela, torna-se difícil entender a repercussão negativa do filme. Talvez a resposta para essa má vontade esteja numa cena específica, no rápido debate entre a Princesa e um representante da França sobre a guerra na Argélia e a questão do colonialismo. Os franceses podem ter torcido o nariz para o puxão de orelha, e contaminado com seus ataques iniciais, a partir de Cannes, o resto da crítica mundial – num mundo tão conectado, todas as unanimidades são ainda mais burras.


