Richard Chamberlain, astro de “Shogun” e “Pássaros Feridos”, morre aos 90 anos
Ator foi ídolo romântico na TV dos anos 1960 e virou referência nas minisséries históricas das décadas seguintes
Atriz Glenda Jackson, vencedora de dois Oscars, morre aos 87 anos
A atriz britânica Glenda Jackson, vencedora de duas estatuetas do Oscar, faleceu nesta quinta-feira (15/6) em Londres, aos 87 anos. Ao longo da carreira, ela também chamou a atenção por ingressar na política e atuar como membro do Parlamento do Reino Unido. A notícia da morte foi confirmada por seu agente, Lionel Larner, que revelou o falecimento decorrente de uma breve doença. Jackson era conhecida pelos seus papéis em clássicos como “Mulheres Apaixonadas” (1969) e “Um Toque de Classe” (1973), que lhe renderam as vitórias no Oscar na categoria de Melhor Atriz. Mas, ao longo da carreira, ela marcou as telas com várias outras obras famosas, incluindo “Domingo Maldito” (1971) e “Mary Stuart, Rainha da Escócia” (1971). Sucesso nos cinemas, a atriz também conquistou a televisão como a Rainha Elizabeth I na série “Elizabeth R”, pela qual ganhou dois prêmios Emmy como Melhor Atriz. Já no teatro, foi aclamada pela sua atuação nas peças “Quem Tem Medo de Virginia Woolf?”, “Hedda Gabler” e “Interlúdio Estranho”. Começo da carreira Nascida na cidade de Birkenhead, na Inglaterra, Glenda May Jackson ingressou nos estudos das artes cênicas na Academia Real de Arte Dramática em 1954, aos 18 anos. Ela fez sua estreia na peça “Separate Tables”, do dramaturgo britânico Terence Rattigan. E deu seus primeiros passos na carreira com pequenas aparições em filmes, como o clássico “O Pranto de um Ídolo” (1954), de Lindsay Anderson. Após mais de 10 anos nos palcos, ela se tornou membro da Royal Shakespeare Company, a mais consagrada companhia de teatro do Reino Unido. Nesse período, ela estrelou a peça “A Perseguição e o Assassinato de Jean-Paul Marat Desempenhados pelos Loucos do Asilo de Charenton sob a Direção do Marquês de Sade” (1967), abreviada para “Marat/Sade”. Aclamado pelo público, o espetáculo foi adaptado para os cinemas, sob a direção de Peter Brook, lançando a atriz em seu primeiro papel de destaque nas telas. Em seguida, ela protagonizou o romance deturpado “Negatives” (1968), de Peter Medak, e fez rápidas aparições em séries televisivas. Até que, em 1969, estabeleceu-se como um dos principais nomes no cinema – e um grande símbolo sexual da época. Símbolo sexual O longa “Mulheres Apaixonadas” (1969), adaptação de D.H. Lawrence dirigida por Ken Russel, foi importante por retratar a revolução sexual e a liberdade feminina numa Inglaterra ainda fortemente conservadora. Ela surpreendeu o público com a sua personagem, Gudrun Brangwen, uma mulher de personalidade complexa, inteligente e emocional. Antes disso, a maioria das atrizes que se tornavam símbolos sexuais eram passivas e sujeitas às vontades dos homens. No longa, era a sua personagem quem dava as ordens. Apesar do filme ter sido escrito e dirigido por homens, a produção buscava uma atriz capaz de interpretar uma mulher dos anos 1920 que estivesse a frente do seu tempo. Com sua vitória no Oscar como Melhor Atriz, ficou claro que Jackson foi a escolha certa para o papel. No ano seguinte, ela continuou sua parceria com o diretor no longa “Delírio de Amor” (1970), onde voltou a dar o que falar, como a esposa ninfomaníaca de um homossexual torturado – ninguém menos que o famoso compositor russo Tchaikovsky, interpretado por Richard Chamberlain. Coleção de prêmios O ano de 1971 foi bastante marcante em sua carreira. Ela provou seu talento na televisão com sua versão da Rainha Elizabeth I na série “Elizabeth R” (1971), produzida pela BBC, levando dois prêmios Emmy pela atuação. E ainda repetiu o papel no filme “Mary Stuart, Rainha da Escócia” (1971). Mas foi o papel no filme “Domingo Maldito”, do diretor John Schlesinger, que novamente rendeu comentários. No filme, ela participava de um triângulo amoroso envolvendo dois homens bissexuais. A produção lhe rendeu um prêmio BAFTA e mais uma indicação ao Oscar. Pouco tempo depois, a atriz embarcou em outra grande produção, a comédia romântica “Um Toque de Classe” (1973), estrelada com o ator George Segal. Mantendo seu semblante de mulher empoderada, ela recebeu muitos elogios pela performance e conquistou sua segunda estatueta do Oscar como Melhor Atriz. Papéis marcantes A atriz passou a ser exaltada como uma das estrelas mais populares nas bilheterias britânicas. E se superou em 1975, quando estrelou três de seus filmes mais famosos. Sempre ousada, flertou com o lesbianismo na adaptação da peça “As Criadas”, de Jean Genet, transformou infidelidade em criatividade em “A Inglesa Romântica”, dirigida por Joseph Losey, e conquistou sua quarta indicação ao Oscar com outra adaptação teatral, “Hedda”, baseada na peça de Ibsen sobre uma femme fatale nórdica. Ela também deu vida à lendária Sarah Bernhardt, mais famosa atriz teatral de todos os tempos, em “A Incrível Sarah” (1976). Até que, de uma hora para outra, passou a preferir estrelar comédias, como “Um Toque de Humor” (1979), “Os Alunos da Sra. McMichael” (1979), “Política do Corpo e Saúde” (1980) e duas parcerias com o comediante americano Walter Matthau, “Um Viúvo Trapalhão” (1978) e “O Espião Trapalhão” (1980). Depois de passar boa parte dos anos 1980 no teatro, ela voltou às telas em nova comédia, “Além da Terapia” (1987), de Robert Altman, e em duas novas parcerias com Ken Russell: “A Última Dança de Salomé” (1988), adaptação da peça de Oscar Wilde no papel da vingativa Herodias, e “O Despertar de Uma Mulher Apaixonada” (1989), retomando o universo do filme de 1971 que lhe rendeu o primeiro Oscar. Carreira política No ano de 1992, a atriz surpreendeu a todos ao trocar a carreira artística por uma chance de virar política. Ao ser eleita pelo Partido Trabalhista como membro do Parlamento do Reino Unido, Jackson interrompeu de forma drástica suas atividades como atriz. Quando seu Partido assumiu o governo britânico em 1997, ela foi nomeada Ministra Júnior dos Transportes. Mas, anos depois, desgostosa por não conseguir disputar a prefeitura de Londres, declarou que não iria se candidatar novamente, encerrando sua vida política em 2015. Retorno premiado Logo que saiu do cargo, ela fez um retorno inesperado como atriz e até venceu um BAFTA e um Emmy Internacional pelo telefilme “Elizabeth Is Missing”, da BBC, no qual interpretou um mulher com demência, lutando para resolver o desaparecimento de uma amiga. Ela também estrelou drama “O Domingo das Mães”, dirigido por Eva Husson, lançado no Festival de Cannes em 2021 – e um dos poucos trabalhos em que Jackson teve a oportunidade de trabalhar com uma diretora mulher. Antes de morrer, ela finalizou o ainda inédito “The Great Escaper”, no qual voltou a se reunir com Michael Caine, seu parceiro em “A Inglesa Romântica”. Com direção de Oliver Parker (“O Retorno de Johnny English”), seu último filme não tem previsão de estreia.
Helmut Berger, astro dos filmes de Visconti, morre aos 78 anos
O austríaco Helmut Berger, um dos mais famosos atores do cinema europeu na década de 1960 graças a colaborações marcantes com o diretor Luchino Visconti, morreu de maneira inesperada” na madrugada desta quinta-feira (18/5), aos 78 anos. Ele estava em casa, em Salzburg, e faleceu por volta das 4h (hora local). A notícia foi anunciada pelo agente do ator, que escreveu que ele faleceu “pacificamente, mas ainda assim inesperadamente” no site de sua empresa de gerenciamento. Nascido na Áustria em 1944, Berger mudou-se para Roma e começou a seguir uma carreira de ator depois de expressar desinteresse em seguir os passos de seus pais na indústria hoteleira. Inicialmente, ele conseguiu trabalho como figurante antes de conhecer Visconti em 1964. O diretor de “Rocco e Seus Irmãos” deu a Berger um pequeno papel em seu filme de 1967, “As Bruxas”, uma antologia também dirigida por mestres como Vittorio De Sica e Pier Paolo Pasolini. A partir dali, Berger e Visconti iniciaram uma relação profissional – e também romântica – que acabou impactando o cenário do cinema europeu na década seguinte. Os papéis mais significativos de Berger vieram em dois dos projetos seguintes de Visconti: “Os Deuses Malditos” (1969) e “Ludwig: A Paixão de um Rei” (1973). No filme de 1969, Berger interpretou um herdeiro fictício desequilibrado de um império siderúrgico na Alemanha nazista, disposto a dobrar seus princípios morais e fazer negócios com Hitler para satisfazer seus desejos por dinheiro e poder (entre outras coisas). Três anos depois, ele retratou o infame “rei cisne”, Ludwig II da Baviera, em um filme que explorava a obsessão do monarca tardio pela extravagância e pelo estilo de vida opulento que acabou levando-o a ser declarado insano. Ambos os filmes mostraram Berger interpretando homens poderosos com sexualidades ambíguas, o que o ajudou a estabelecer-se como um dos símbolos sexuais mais notáveis de sua época – época da explosão do glam rock e do visual andrógino. Ele voltou a colaborar com Visconti em “Violência e Paixão” (1974), como o homem mais jovem por quem Burt Lancaster, no papel de um professor envelhecido, desenvolve um relacionamento próximo. Muitos interpretaram o projeto como uma alegoria para o relacionamento próximo que Visconti e Berger desenvolveram ao longo de uma década de trabalho juntos. Foi o penúltimo filme de Visconti antes de sua morte em 1976 e o último projeto em que os dois trabalharam juntos. O ator também trabalhou com Vittorio De Sica no clássico “O Jardim dos Finzi Contini” (1970), sobre uma família judia que vê seu estilo de vida milionário transformado em pesadelo com a chegada do nazismo. Estrelou ainda a melhor adaptação do clássico de Oscar Wilde, “O Retrato de Dorian Gray” (1970), dirigida por Massimo Dallamano, e o giallo sangrento “Uma Borboleta com as Asas Ensanguentadas” (1971), de Duccio Tessari, antes de estrear em produções de língua inglesa. Berger contracenou com Elizabeth Taylor no suspense “Meu Corpo em Tuas Mãos” (1973) e com Glenda Jackson na comédia “A Inglesa Romântica” (1976), além de ter desempenhado um papel importante em “O Poderoso Chefão III” (1990), de Francis Ford Coppola, como um banqueiro do Vaticano que tenta dar um golpe na família Corleone. Também fez filmes em francês e alemão, e após uma série de problemas de saúde, anunciou sua aposentadoria em novembro de 2019. Considerado um dos homens mais bonitos de seu tempo, ele foi abertamente bissexual e manteve relacionamentos estáveis com Visconti e a atriz Marisa Berenson. Entre outros, relacionou-se também com Rudolf Nureyev, Britt Ekland, Ursula Andress, Nathalie Delon, Tab Hunter, Florinda Bolkan, Elizabeth Taylor, Marisa Mell, Anita Pallenberg, Marilu Tolo, Jerry Hall e o casal Bianca e Mick Jagger, até se casar com a escritora italiana Francesca Guidato em 19 de novembro de 1994. O agente de Berger disse que “ele desfrutou de seu lema ‘La Dolce Vita’ ao máximo durante toda a vida”. Ele citou o ator, ao lembrar o que ele lhe disse há muitos anos: “Vivi três vidas e em quatro idiomas! Je ne pesarte rien!”. Traduzindo: “Tô leve”.


