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    Bolsonaro estabelece novas – últimas? – Cotas de Tela do cinema brasileiro

    25 de dezembro de 2019 /

    Um decreto publicado na terça-feira (24) pelo presidente Jair Bolsonaro estabelece as novas cotas obrigatórias de exibição de filmes brasileiros nos cinemas do país em 2020. A regulamentação era aguardada pelo setor audiovisual, por conta da ocupação predatória de “Vingadores: Ultimato” (80% de todas as salas) em 2019, enquanto “De Pernas pro Ar 3” ainda lotava sessões. O setor passou 2019 inteiro sem regulamentação. Desde que Bolsonaro assumiu o governo, há um ano, a política para o audiovisual foi sobretudo de desmontagem do que existia até então. Apesar de finalmente agir sobre o assunto, o governo pretende extinguir o mecanismo no próximo ano, quando ele deveria ser renovado para um novo período. Em agosto, o ministro da Cidadania Osmar Terra, então à frente da Cultura, revelou com todas as letras os planos federais. “É uma lei que até ano que vem tem cota. Depois tem que rever isso”, disse, relacionando a reserva obrigatória para filmes brasileiros com salas de cinemas vazias. A primeira versão da Cota de Tela foi criada nos anos 1930, no governo de Getúlio Vargas. Atualmente, o tema é regulado por Medida Provisória assinada em 2001 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. O mecanismo determina que, até 2021, as salas brasileiras são obrigadas a exibir filmes brasileiros por um número mínimo de dias. A cada ano, este número deve ser definido por meio de um decreto. O descumprimento implica uma multa de 5% da receita bruta média diária do cinema, multiplicada pelos dias em que as cotas não forem respeitadas. O número de filmes brasileiros que devem ser exibidos varia de acordo com o tamanho das empresas exibidoras. Pelo novo decreto, uma empresa que tiver apenas uma sala é obrigada a exibir por 27 dias até três filmes brasileiros em sua programação de 2020. Já empresas que tenham a partir de 201 salas devem dedicar 57 dias de sua programação ao cinema nacional, com pelo menos 24 títulos diferentes. Salas que optarem por programar voluntariamente filmes brasileiros a partir das 17h poderão reduzir em 20% a cota obrigatória. A proteção defendida por FHC, o presidente sociólogo que entendia de economia (veja-se o plano Real), foi estabelecida durante a multiplicação das salas multiplex, que substituíram os antigos cinemas de rua com programações de grandes redes, cujas sedes encontram-se no exterior. As redes programam em bloco, uniformizando a exibição de filmes em todo o país a partir do modelo de distribuição americano. Um dos motivos para a revolução cinematográfica em curso em vários países asiáticos, como a China e a Coreia do Sul, por exemplo, deve-se a Cotas de Tela que desagradam aos EUA, restringindo a quantidade e a ocupação de filmes hollywoodianos em seus mercados. É famosa a foto em que o cineasta Park Chan-wook protesta, em 2006, segurando um cartaz em que se lê “Sem Cota de Telas não haveria ‘Oldboy'”, numa reação dos cineastas do país à pressão dos EUA para diminuir as cotas. Na ocasião, a reserva foi reduzida e ainda assim os cinemas coreanos permaneceram obrigados a exibir 76 dias completos de programação nacional. Em 2012, o cinema local registrou um “market share” de 52,9% e, em 2019, venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes pela primeira vez, com “Parasita”, de Bong Joon Ho. A China já chegou a restringir a entrada de filmes americanos a 20 por ano. Aos poucos, aumentou esse número, mas sobretaxa a produção estrangeira, usando um imposto similar ao Condecine brasileiro para reverter os dólares de Hollywood em incentivo ao seu cinema nacional. Graças a esses mecanismos, tornou-se o segundo maior e mais rico mercado cinematográfico do mundo. A União Europeia trata a situação de forma diferente, oferecendo incentivos financeiros aos países que reservem 50% de suas telas para produções do continente. Na França, o “market share” atingiu 41,6% neste século, e o país ainda promove seu cinema com eventos no exterior – como o Festival Varilux de Cinema Francês, que acontece anualmente no Brasil. Na Espanha, além do incentivo da UE, ainda existe uma reserva de 25% de toda a programação de cinema para filmes nacionais. Mesmo com a Cota de Tela, produções brasileiras ocuparam apenas 14,4% do parque exibidor nacional em 2018, de acordo com relatório da Ancine. Como ficaria sem ela? Segundo Paula Barreto, da LCBarreto — uma das maiores produtoras de cinema do Brasil —, a bilheteria nacional do cinema deste ano, comparada ao mesmo período do ano passado, ficou 40% mais fraca. A diferença? Bolsonaro não assinou a Cota de Tela em 2019.

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    Imagens do Estado Novo 1937-1945 é aula de História sobre a ditadura de Getúlio Vargas

    14 de abril de 2018 /

    Reavaliar o período da ditadura getulista do Estado Novo, partindo de imagens, do período compreendido entre 1937 e 1945, é um desafio que Eduardo Escorel encarou com sucesso, em seu documentário, concluído em 2016. “Imagens do Estado Novo 1937-1945” recolheu uma infinidade de material, entre eles, filmes, tanto oficiais quanto particulares, que registram esse período histórico conturbado do Brasil, quase todo ocorrendo em meio à 2ª Guerra Mundial. O problema é que os filmes disponíveis são os do cinejornais (brasileiros e estrangeiros), documentários oficiais, registros de eventos, festas e outras solenidades que, evidentemente, faziam propaganda, escondendo todas as mazelas, excluindo todas as notícias negativas. E, na época, o tom era muito laudatório e havia forte censura do chamado DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda, de inspiração nazifascista. Os vídeos pessoais ou familiares permitem observar comportamentos, roupas, ruas, transportes, a cara e o jeito das cidades, especialmente do Rio, capital do país, e das pessoas comuns. E, por outro lado, como se comportavam as multidões que acompanhavam e aplaudiam Getúlio Vargas pelas ruas, nos grandes eventos. Tudo isso, por si só, já tem uma importância história admirável e é apresentado em longos 227 minutos. Inclui, também, trechos de filmes, como “O Grande Ditador”, de Chaplin, filmagens relativas à guerra mundial e a suas negociações, além de filmes sobre os pracinhas brasileiros. Percebe-se a vastidão da aula de história que isso comporta. Eduardo Escorel escreveu a narrativa dessa história, que é ilustrada pelas imagens, mas vai além dela, faz a crítica histórica e política, revelando o outro lado das imagens e o que não está nelas. Muitas vezes, o texto se descola das imagens, não tem ilustração possível ou está tratando do macro, enquanto a imagem mostra o micro. Ou o oficial e o oficioso, o que não aparece, nem pode aparecer. O documentário faz esse trabalho ao longo de todo o tempo, não há entrevistas, comentários, análises feitas por historiadores, políticos ou especialistas. Há uma narração constante, articulada, que toma posição, mas dentro dos limites do bom jornalismo, que dá preponderância total aos fatos. Inclui, ainda, registros em diário, que o próprio Getúlio Vargas fez durante grande parte desse período. O ditador que ficou também conhecido como o “pai dos pobres” realizou um governo ambíguo, de clara inspiração fascista, nacionalista, mas gerando aqui o chamado trabalhismo, que criou e ampliou direitos, como os da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), que duraram todo esse tempo, até serem alvejados pela reforma trabalhista do governo atual, de Michel Temer, o mais impopular da história do país. Getúlio Vargas, ao contrário, era extremamente popular, seus discursos alcançavam o povo e incomodavam segmentos da elite. Depois de flertar com os regimes nazista e fascista, de Hitler e Mussolini, a opção pelos Estados Unidos colocou o Brasil no lado certo do conflito mundial e trouxe vantagens pragmáticas. As circunstâncias que envolveram as negociações da guerra foram benéficas para a industrialização do país. Só que democracia e liberdade não combinavam com o regime do Estado Novo, que não resistiu à própria vitória na guerra. Enfim, contradições monumentais e circunstanciais, semelhantes àquelas que o documentário “Imagens do Estado Novo 1937-1945” teve de lidar para extrair dos filmes oficiais a sua sombra, em busca de uma narrativa crítica, capaz de informar e produzir reflexão. A longa duração do filme recomenda sua fruição em duas ou mais partes, para melhor aproveitamento do trabalho que é apresentado, denso e fortemente informativo. É possível assisti-lo integralmente, ou em duas partes, no cinema e há a promessa de exibição na TV, em canais como o Curta! e TV Cultura. Esse filme foi lançado no festival “É Tudo Verdade”, de 2016. A nova edição desse festival internacional de documentários, a 23ª., de 2018, está atualmente em cartaz em São Paulo e no Rio de Janeiro.

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    Quase uma lenda, Chatô sobrevive a polêmicas e se prova atual

    19 de novembro de 2015 /

    Não é sempre que se tem a oportunidade de assistir a um filme mítico, quase uma lenda do cinema brasileiro, como “Chatô – O Rei do Brasil”. O lançamento, que finalmente estreia em circuito comercial, comprova que assombrações existem. Pois enquanto permaneceu invisível para o público, “Chatô” assombrou a carreira de Guilherme Fontes de forma tortuosa. Adaptação do livro homônimo de Fernando Morais sobre o empresário das comunicações Assis Chateaubriand, responsável pela inauguração do primeiro canal de TV do Brasil e um dos brasileiros mais poderosos do século 20, a produção se estendeu por duas décadas completas, consumiu milhões e rendeu diversos processos por má gestão financeira. Numa das contas recentes do Ministério Público, Fontes foi apontado como devedor de cerca de R$ 72 milhões em verbas incentivas sem comprovação, somadas a multas e juros. Primeiro e único longa-metragem dirigido por Fontes, “Chatô” teve a filmagem mais tumultuada já registrada no país, com cenas rodadas conforme o então ator de novelas conseguia negociar verbas, desde 1995, recebendo retoques até à véspera do lançamento, com a inclusão de uma narração de Marco Ricca (intérprete de Chateaubriand) para amarrar a trama. O mais impressionante nessa epopeia toda é o filme ter coesão. Não virou um desastre épico, consegue entreter e tem marca autoral. Um filme sobre seus bastidores não teria dificuldades em mostrar Fontes como um Howard Hughes brasileiro, rodando infinitamente o mesmo projeto, muito além do limite aceitável, em busca da perfeição ilusória – megalomania que vai além das filmagens, na criação de uma distribuidora própria para levar o longa às telas. Mas Fontes pode preferir se ver como um Orson Welles nacional, apostando que seu primeiro longa viraria a obra-prima que definiria toda a sua carreira. E, de certa forma, definiu mesmo. São claros os paralelos entre o Chateaubriand do cinema e “Cidadão Kane” (1941), tanto pelo tema quanto pela estrutura do filme, que começa com os suspiros finais do protagonista. A diferença é que, em seu delírio de morte, Chatô se vê em uma espécie de julgamento televisivo, comandado por um apresentador feérico (o próprio Fontes, emulando Chacrinha), que desfila todas as pessoas que passaram por sua vida, tendo Getúlio Vargas como seu advogado e Carlos Rosemberg como promotor. A narrativa picotada, que mergulha em flashbacks e delírios, é ousada, demonstrando outra semelhança com “Cidadão Kane”, mas também destaca a principal diferença entre os dois longas. Fontes não é Welles, e o vai e vem de imagens se mostra desconexo, cansativo, levando à dispersão. Num filme assumidamente alegórico, isto pode ser um problema grave. Entretanto, há um fio condutor que, bem ou mal, consegue amarrar as pontas. A estrutura também permite romper com o padrão de realismo e interpretação naturalista que se espera de uma cinebiografia. Graças à dramatização exótica, centrada num programa onírico de auditório, o exagero cênico se torna aceitável. Os personagens caricatos não causam mais estranhamento que o contexto. Assim, Marco Ricca pode aparecer afetadíssimo, exagerando em tudo – no sexo, no cinismo e na ganância. Do mesmo modo, os coadjuvantes que o cercam viram projeções arquetípicas: Getúlio Vargas (Paulo Betti) surge como uma caricatura populista, Lola Abranches (Leandra Leal) como a esposa histérica, etc. Até a única personagem fictícia da história, Dona Vivi (Andréa Beltrão), manifesta-se em registro extremo, como femme fatale. Isto não tira o mérito dos intérpretes. Ao contrário, Marco Ricca dá sangue e pulsação a seu Chatô, numa performance febril, adequada à opção narrativa. Outra qualidade encontra-se na reconstituição de época, que é realista quando precisa, mas também embarca na proposta surreal, como na cena de avião em meio a uma tempestade, realizada como num filme dos anos 1940. Ironicamente, graças a estes maneirismos, “Chatô – O Rei do Brasil” resistiu melhor à passagem de tempo de sua produção, chegando as telas sem o desgaste esperado de um filme supostamente datado. O longo processo de gestação, porém, criou um apego maior que o recomendável entre o diretor e seu material. A projeção se beneficiaria muito de uma montagem mais enxuta, eliminando sobras de roteiro e cenas que parecem supérfluas. O corte já é irregular o suficiente, levando a duração a parecer muito maior que seus 102 minutos. Embora os bastidores conturbados e eventuais defeitos de execução jamais se dissociem da obra final, também se deve reconhecer o esforço e o resultado total. “Chatô” consegue cobrir os momentos mais polêmicos da história do Brasil, da revolução de 1930 ao golpe militar de 1964, contando ao mesmo tempo a história das comunicações no país, com ênfase na corrupção com que foram conduzidos a política e os negócios do período. A produção pinta Chateaubriand como uma espécie de jagunço da mídia, um visionário chantagista, capaz de usar jornais, rádios e TV para manipular e dobrar poderosos, impondo sempre a sua vontade. Ao mesmo tempo, foi quem deixou, como legado, a TV brasileira e o MASP, um dos museus mais importantes do país. Não era mesmo fácil contar sua história num único filme. Nem que este filme durasse 20 anos para ganhar forma. Ao final, é até possível encontrar um lado positivo na demorada gestação. Tropicalista tardio, “Chatô” destoa do convencionalismo das últimas cinebiografias brasileiras, concebidas como minisséries televisivas, com começo, desenvolvimento e conclusão lineares, além de extirpadas de qualquer indício de polêmica. “Chatô” nasceu polêmico e assume ainda mais polêmicas na tela, servindo de analogia para situações que ainda existem, perpetuando-se no país em pleno século 21. Neste sentido, quem diria, “Chatô” acaba se revelando um filme bem atual.

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