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    Os Cowboys revisita o western Rastros de Ódio na era do terrorismo islâmico

    17 de março de 2017 /

    Uma das grandes surpresas do Festival Varilux de Cinema Francês deste ano foi o pouco badalado “Os Cowboys”, estreia do roteirista Thomas Bidegain (“O Profeta”, “Dheepan”) na direção e exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. O ideal é ver o filme sem saber nada do enredo, que é uma mistura bem dosada de “Rastros de Ódio” (1956), o clássico de John Ford, com “Homeland”, a série sobre ataques terroristas exibida no Brasil no canal pago Fox Action. O filme apresenta uma comunidade francesa que tem um carinho especial pela cultura americana e logo no início traz uma festa com várias bandeiras dos Estados Unidos, em que as pessoas cantam e dançam música country e se vestem como se estivessem no Velho Oeste selvagem. Há quem se vista de xerife, há quem se vista de índio. Mas não demora a surgir o que será o seu principal eixo dramático: o desaparecimento da filha mais velha de um casal, uma adolescente que teria fugido com um rapaz de origens árabes. A família está esfacelada, mas o pai (François Damiens, de “A Família Bélier”) tenta a todo o custo trazer a filha de volta, enfrentando vários obstáculos pelo caminho, pois o rapaz que a teria levado estaria envolvido com grupos extremistas. E trafegar pelos lugares onde ele possa ter ido é sempre um perigo, tanto para o pai quanto para o filho (Finnegan Oldfield, de Um Fim de Semana na Normandia”) que o acompanha por todo o caminho. O passar do tempo na narrativa é muito interessante, com o filme oferecendo sinais de maneira muito sutil, a partir de eventos que requerem um pouco mais de observação por parte do espectador, mas nada que seja muito difícil de acompanhar. É apenas uma maneira menos didática de contar uma história, respeitando a inteligência de quem vê o filme. A jornada de pai em busca da filha, que pode ter virado outra pessoa depois de conviver com os extremistas por anos, lembra bastante a trajetória do personagem de John Wayne no western de John Ford. Saem os índios, entram inimigos ainda mais perigosos, já que se sacrificam e se tornam invisíveis. Um acontecimento inesperado faz com que o filme se divida em duas partes, como um disco que contém um lado A e um lado B. A boa notícia é que, com a saída de cena de um ótimo personagem, a narrativa continua forte, já que muda um pouco mais de aspecto, passando a se confundir com um thriller moderno de espionagem, mas sem perder o foco dramático. Ao contrário, a busca pela garota se torna ainda mais desesperadora, levando em consideração um sentimento maior de desesperança. O elenco também inclui o americano John C. Reilly (“Kong – A Ilha da Caveira”) que dá um conselho precioso para o irmão da jovem desaparecida. E a situação de reencontro perto do final é de uma sensibilidade tão bonita quanto dolorosa. É sempre muito bom encontrar uma obra tão cheia de força, mesmo que essa força venha da dor da perda.

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    Comédia O Novíssimo Testamento deixa Deus em apuros

    27 de janeiro de 2016 /

    Deus existe e mora em Bruxelas. Se for assim, é porque a União Europeia é o centro do mundo terrestre? Nem tanto. Afinal, Deus é um sujeito de má índole, sacana, mal-humorado, que subjuga a mulher e deixa a filha de 10 anos irritada, querendo sair da prisão em que está metida. Além disso, ele não é nada sem o seu computador divino, de onde comanda o destino dos humanos. E a sua filha vinga-se dele, enviando a todos os seres humanos do planeta Terra a informação de quando, exatamente, ocorrerá a morte de cada um. Esse é o mote propulsor do filme “O Novíssimo Testamento”, de Jaco van Dormael, que já havia nos dado, em 1990, uma outra comédia brilhante, “Um Homem com Duas Vidas”. Aqui estamos, claro, no terreno da fantasia, da farsa e da ironia. Os tipos humanos que compõem a narrativa são todos atraentes e bizarros. O diretor põe muitas coisas e situações em cena. As sequências se sucedem com beleza visual e humor inteligente. Mas a certa altura do filme, a gente fica se perguntando como ele vai amarrar esses elementos todos. Afinal, o tempo está passando, está tudo muito interessante. Mas como isso vai acabar? Vai dar em algo? Aí é que o final surpreende. Sim, o diretor foi capaz de amarrar tudo e construiu um fecho legal, que soa tão bem quanto soou todo o filme. Um roteiro muito bem trabalhado. E tudo anda sem pressa, há espaço para cenas curiosas, brincadeiras diversas, explorações visuais, ironias aparentemente dispensáveis, mas no fim tudo de algum modo se encaixa. Uma narrativa original, algo desconexa e absurda, produz um entretenimento de qualidade em cinema de primeira linha. O grande achado da narrativa é, sem dúvida, o que acontece aos mais diversos personagens, quando sabem quanto tempo têm exatamente de vida, em anos, meses, dias, horas, minutos e segundos. Todo o plano de existência humana muda, de modo distinto para cada um. Mas, quando todos sabem do seu destino, a coletividade toda também muda e as relações passam a ser outras, de todos com todos. Os desafios se sucedem. Os negócios se tornam caóticos, o trabalho, comprometido, o ócio, finalmente vivido, e coisas mais radicais podem acontecer. O menino pode virar menina. O garotão que sabe que vai viver mais 62 anos desafia a morte. Uma mulher insatisfeita pode flertar com um gorila. É uma brincadeira e tanto! Que também nos leva à reflexão. Benoît Poelvoorde (“3 Corações”), como o inusitado Deus, costura uma história que tem na menina Pili Groyne (“Dois Dias, Uma Noite”) o grande destaque, mas que inclui atores como François Damiens (“A Família Bélier”) e Cathérine Deneuve (“De Cabeça Erguida”) em papéis menores, e Yolande Moreau (“Uma Juíza Sem Juízo”), que faz muito bem a esposa de Deus, aquela que vai do mutismo ao embelezamento do mundo. Belo filme, escolhido pela Bélgica para representar o país na disputa pelo Oscar de Filme Estrangeiro. Só que foi preterido, não entrou entre os cinco escolhidos para a disputa final. Mas “O Novíssimo Testamento” tem frescor e leveza, num trabalho em que o talento e o humor dão as cartas, com criatividade transbordando. É isso o que importa, não os prêmios que tenha recebido ou venha a receber.

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