Dado Villa-Lobos fará trilha do filme sobre a Fluminense FM
O músico Dado Villa-Lobos, guitarrista da Legião Urbana, está fazendo a trilha sonora do filme “Aumenta que é Rock’n’Roll”, sobre a história da rádio Fluminense FM nos anos 1980. Conhecida como “a Maldita”, a rádio foi fundada em 1982 e se tornou a primeira FM especializada em rock no Brasil – um ano antes da gaúcha Ipanema FM e três anos antes da paulista 89 FM. A emissora chegou a se tornar a segunda rádio mais ouvida no Brasil e tocava em sua programação até fitas demo de bandas novas, entre elas a Legião Urbana – bem antes de suas primeiras gravações oficiais. O filme é baseada no livro autobiográfico de Luis Antonio Mello, fundador da “Maldita”, que deixou a rádio depois do primeiro Rock in Rio, em 1985. Acompanhando o apogeu e a queda da geração mais popular do rock brasileiro, a Fluminense durou apenas até 1990. Segundo a coluna de Ancelmo Gois no jornal O Globo, a produção também mostrará um show da Legião Urbana. “Aumenta que é Rock’n’Roll”, cujo título lembra uma música da época, gravada por Celso Blues Boy (“Aumenta que Isso Aí é Rock’n’Roll”), tem direção de Tomás Portella (“Operações Especiais”, “Desculpe o Transtorno”) e destaca em seu elenco Johnny Massaro (“O Filme da Minha Vida”), Marina Provenzano (“Bom Dia, Verônica”), Adriano Garib (também de “Bom Dia, Verônica”), George Sauma (“Sai de Baixo: O Filme”), João Vitor Silva (“Impuros”) e Flora Diegues (“O Grande Circo Místico”). Por sinal, este foi o último trabalho de Flora, filha do diretor Cacá Diegues e da produtora Renata Magalhães, que faleceu em 2019, vítima de um câncer.
Cacá Diegues fará continuação de Deus É Brasileiro para questionar rumos do país
O cineasta Cacá Diegues, que completa 80 anos nesta terça (19/5), anunciou que vai filmar uma continuação de “Deus É Brasileiro”, filme de 2003 em que Deus visitava o país. Em depoimento ao jornal Folha de S. Paulo, o diretor revelou que o roteiro de “Deus Ainda É Brasileiro” já está pronto e vai virar o 19º longa-metragem de sua carreira – se, claro, puder filmá-lo. Não tanto pela saúde, mas por conta de Jair Bolsonaro. O filme terá o retorno do personagem celestial, mais uma vez interpretado por Antônio Fagundes, que voltará ao Brasil para questionar: “O que aconteceu nesse país?”. Diegues, que famosamente retratou as mudanças trazidas do país de quatro décadas atrás em “Bye Bye Brasil” (1979), disse que identifica novas transformações sob Bolsonaro, para concluir: “Nem a ditadura militar foi tão ruim como é esse governo”. “O mundo todo está rindo do Brasil! Leio jornais estrangeiros, tenho muitos amigos de outros países. Ou riem ou têm pena da gente”, explica, revelando a inspiração do novo longa. O projeto de “Deus Ainda É Brasileiro” chega dois anos após seu último filme, “O Grande Circo Místico”, ter sido indicado como representante do Brasil na busca por uma vaga no Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira (hoje, Melhor Filme Internacional). Mas este não era a produção que ele imaginava para suceder o musical circense. “Eu queria fazer um filme com a minha filha e ela faleceu”, contou o cineasta. Flora Diegues morreu em junho do ano passado, aos 32 anos. “Passei quatro anos tratando dela, que estava com um câncer no cérebro. Não pensei em mais nada nesse período. Havia um roteiro que eu queria fazer com ela e não farei mais”, declarou. O novo projeto foi desenvolvido na quarentena. “Estou há cinco semanas sem sair de casa. Tenho medo e sou muito obediente. Como estou prestes a fazer 80 anos, estou no grupo de risco”, disse o diretor. O filme de 2003, que também trazia um novato Wagner Moura em seu elenco, terminava com Deus indo embora. “Agora, quase 20 anos depois, ele volta ao país. Deus diz: ‘Quando saí daqui, estavam todos satisfeitos, o Brasil pentacampeão do mundo. Agora volto e estão desempregados, chorando. Perderam de 7 a 1 da Alemanha. O que aconteceu nesse país?’”. O que aconteceu com o cinema brasileiro, ele também pergunta, claramente. Mas não no sentido que o governo tentou emplacar. Para contrariar Bolsonaro, que disse que o cinema brasileiro não faz nada de bom há muitos anos, Diegues afirma: “Tenho 60 anos de cinema praticamente e posso garantir que estamos vivendo o melhor momento em matéria de criatividade. Nunca vi um cinema brasileiro tão diverso, com diferenças geracionais, regionais, políticas, estéticas…”. Mas faz uma necessária ressalva, justamente por causa de Bolsonaro. “Ao mesmo tempo, esse é o pior momento da história da economia do cinema brasileiro. Há dois anos, a Ancine não produz nada. É uma economia que está sufocando a gente. Quando acabar a quarentena, como é que você vai produzir? Eu não sei como farei o meu filme”, lamenta.
Flora Diegues (1986 – 2019)
A atriz Flora Diegues, filha do cineasta Cacá Diegues, morreu neste domingo (2/6), aos 34 anos. Ela lutava há três anos contra um câncer no cérebro. Em 2016, chegou a ser operada às pressas por conta de um aneurisma e teve de ser afastada da novela “Além do Tempo”, exibida pela Globo. Flora começou sua carreira em 1996, como a versão mirim de Tieta no filme “Tieta do Agreste”, dirigido por seu pai. Mas só se dedicar à atuação após duas décadas, quando, em 2014, protagonizou a série “Só Garotas”, do Multishow. Depois disso, ela também apareceu em episódis das séries “Trair e Coçar É Só Começar” e “Sob Pressão”. Os últimos papéis foram na novela “Deus Salve o Rei” e no filme “O Grande Circo Místico”, também de seu pai. No ano passado, ela esteve no Festival de Cannes para divulgar a produção. Além de atuar, com passagens inclusive pelo teatro, Flora ensaiou seguir os passos do pai e comandou, como diretora e roteirista, dois curtas (“Sobe, Sofia” e “Assim Como Ela”) e um documentário (“No Meio do Caminho Tinha um Obstáculo”). “Flora viveu intensamente, sempre se divertiu, lutou com muita coragem e alegria. Fez de tudo, escreveu, atuou, dirigiu. Gostava muito de viver”, disse Cacá Diegues ao jornal O Globo.

