Festival de Berlim anuncia filmes de Gus Van Sant e Benoit Jacquot
A organização do Festival de Berlim revelou alguns dos filmes selecionados para sua edição 2018. Entre os destaques, está o novo filme de Gus Van Sant “Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot”, cinebiografia do cartunista John Callahan, que traz Joaquin Phoenix (“Vício Inerente”) no papel principal. O filme narra como Callahan superou abusos sexuais, vícios e um acidente de carro que o deixou quadriplégico para virar cartunista. De estilo inconfundível, seus quadrinhos cheios de humor negro – e por vezes controversos – o tornaram famoso. Com o projeto, Joaquin Phoenix volta a ser dirigido por Van Sant, após os dois trabalharam juntos em “Um Sonho sem Limites” (1995), segundo filme do ator, então com 21 anos. Marcante para o jovem, a produção foi o primeiro trabalho em que ele foi creditado como Joaquin Phoenix, já que até então era chamado de Leaf Phoenix. O evento também terá a projeção de “Eva”, do francês Benoît Jacquot, em que Isabelle Huppert (“Elle”) interpretará uma mulher fatal. Trata-se de uma nova adaptação do romance escrito por James Hadley Chase, que já foi filmado em 1962 pelo americano Joseph Losey. Na ocasião, foi estrelado por outra grande dama do cinema francês, Jeanne Moreau, musa da nouvelle vague. A trama acompanha um escritor casado que se envolve com uma bela mulher que gosta de humilhá-lo e que pode destruí-lo. O personagem masculino é vivido pelo galã francês Gaspard Ulliel (“É Apenas o Fim do Mundo”). A programação também trará de volta cineastas recentemente premiados em Berlim, em longas como “Twarz”, da poloneza Magorzata Szumowska, vencedora do Urso de Prata de Melhor Direção por “Body” (2015), e “Dovlatov”, dirigido pelo russo Alexey German Jr., que ganhou o prêmio por Melhor Contribuição Artística com “Under Electric Clouds” (2015). A Itália estará representada por “Figlia Mia”, de Laura Bispuri, enquanto o cinema alemão terá “In deem Gängen”, de Thomas Stuber, e “Mein Bruder heisst Robert und ist ein Idiot”, de Philip Gröning. A próxima edição do Festival de Berlim será aberta com a animação “Ilha de Cachorros”, do americano Wes Anderson, no dia 15 de fevereiro. Será a primeira vez que um longa animado abrirá a seleção oficial do festival, cujo juri internacional será presidido pelo diretor alemão Tom Tykwer (“Corra, Lola, Corra”, “A Viagem”).
Documentários de Karim Aïnouz e Luiz Bolognesi são selecionados pelo Festival de Berlim
Três documentários brasileiros foram selecionados para a mostra Panorama da 68ª edição do Festival de Berlim: “Aeroporto Central”, de Karim Aïnouz, “Ex Pajé”, de Luiz Bolognesi, e “Bixa Travesty”, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman. Todos são focados em trajetórias de “personagens” reais. “Aeroporto Central” é o segundo filme de Aïnouz selecionado pela organização do festival. Como o anterior, o drama “Praia do Futuro” (2017), trata-se de uma co-produção alemã e é o primeiro trabalho do cineasta falado totalmente em língua estrangeira. A história se passa no antigo aeroporto de Tempelhof, em Berlim, uma das construções mais emblemáticas do regime nazista, que há dez anos foi desativada para voos. Em vez de aviões, atualmente o local abriga cerca de três mil refugiados do Oriente Médio à espera de asilo na Alemanha. No filme, Aïnouz acompanha um dos moradores do aeroporto, o jovem sírio Ibrahim Al-Hussein, de 18 anos. O garoto morou no local durante um ano, à espera de saber se seria beneficiado com a permissão de residência no país ou se seria deportado. “Ex-Pajé” é o novo trabalho do roteirista de “Elis”, “Como Nossos pais” e “Bingo: O Rei das Manhãs”. Luiz Bolognesi também dirigiu a premiada animação “Uma História de Amor e Fúria” (2013), sobre um índio imortal, e seu novo documentário registra os povos da floresta Amazônica nos dias de hoje, a partir da história de Perpera, um índio Paiter Suruí que viveu até os 20 anos numa tribo isolada onde se tornou pajé. Mas, após o contato com os homens brancos, ouviu de um pastor evangélico que ser pajé é coisa do diabo. Por fim, “Bixa Travesty” acompanha a cantora Linn da Quebrada, considerada uma das principais personalidades transexuais do Brasil. É a segunda vez que a dupla de cineastas Claudia Priscilla e Kiko Goifman aborda a transexualidade num documentário, após “Olhe pra Mim de Novo” (2012), e também o segundo filme da carreira de Linn, que também apareceu no filme “Corpo Elétrico” em 2017. Ela ainda estará em breve em “Sequestro Relâmpago”, de Tata Amaral. A mostra Panorama, da Berlinale 2018, exibirá ainda um documentário grego sobre outra artista transexual brasileira, Luana Muniz, morta em 2017. O filme “Obscuro Barroco”, da grega Evangelia Kranioti, foca o ícone queer do Rio de Janeiro, que desafiou limites de gênero e já tinha sido tema de outro documentário em 2017, “Luana Muniz – Filha da Lua”, de Rian Córdova e Leonardo Menezes, premiado no 25º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade.
Ilha de Cachorros, de Wes Anderson, será primeira animação a abrir o Festival de Berlim
O Festival de Berlim de 2018 será aberto pela primeira vez por uma animação. “Ilha de Cachorros”, do diretor americano Wes Anderson, foi selecionado para abrir o evento cinematográfico no dia 15 de fevereiro. A produção será o quarto longa-metragem de Anderson exibido no festival, após “O Grande Hotel Budapeste” (2014), “A vida marinha com Steve Zissou” (2004) e “Os excêntricos Tenenbauns” (2002). E é a segunda animação da carreira de Anderson, após “O Fantástico Sr. Raposo” (2009). A trama de “Ilha de Cachorros” se passa num futuro distópico, após um surto de gripe canina levar o Japão a isolar todos os cachorros numa ilha, até então utilizada como depósito de lixo. Isto não impede um garotinho de ir até lá para tentar resgatar seu animal de estimação. Os demais cachorros resolvem ajudar na busca. O problema é que, como eles falam inglês, não entendem o que diz o menino japonês. O elenco de vozes, como de costume, é repleto de estrelas, incluindo alguns parceiros habituais do diretor, como Bill Murray, Edward Norton, Tilda Swinton, Jeff Goldlum, Frances McDormand e Bob Balaban, mas também novidades como Bryan Cranston (da série “Breaking Bad”), Scarlett Johansson (“Os Vingadores”), Greta Gerwig (“Frances Ha”), Liev Schreiber (série “Ray Donovan”) e diversos astros japoneses, como Ken Watanabe (“A Origem”), Kunichi Nomura (“Encontros e Desencontros”), Akira Ito (“Birdman”), Akira Takayama (“Neve Sobre os Cedros”) e até a cantora Yoko Ono. O filme tem estreia marcada para 23 de março nos Estados Unidos e apenas três meses depois, em junho, no Brasil. Com júri presidido por Tom Tykwer (“A Viagem”), o Festival de Berlim de 2018 acontece de 15 a 25 de fevereiro na capital da Alemanha.
Corpo e Alma: Vencedor do Festival de Berlim ganha primeiro trailer legendado
A Imovision divulgou o primeiro trailer legendado de “Corpo e Alma”, filme que venceu o Urso de Ouro do Festival de Berlim deste ano e é o candidato da Hungria na disputa por indicação ao Oscar 2018, na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A trama é um romance inusual, com toques de surrealismo, muito erotismo e violência animal. Uma bela mulher com síndrome de Asperger descobre que tem os mesmos sonhos de seu chefe, um homem mais velho e solitário que sofre sintomas de AVC. Ambos se veem como cervos apaixonados em seus sonhos, interagindo numa floresta nevada, e isto faz com que se aproximem, mesmo não tendo nada em comum. A simbologia ainda inclui um detalhe: os dois trabalham num matadouro, e a filmagem explicita a brutalidade do ambiente. “Corpo e Alma” é o sétimo longa da diretora Ildiko Enyedi, a quinta mulher a ganhar o Urso de Ouro, e seu trabalho mais sensual desde que venceu a Câmera de Ouro do Festival de Cannes por “My Twientieth Century” em 1989. Exibido no Festival do Rio em outubro, o filme estreia no circuito comercial dos cinemas brasileiros em 21 de dezembro.



