Quentin Tarantino ataca Paul Dano e gera revolta em Hollywood
Cineasta chama ator de "defeito gigante" e "o cara mais brocha do mundo" ao comentar o filme "Sangue Negro", provocando reações de colegas da indústria
Stephen King revela seus filmes favoritos do século e só dois são terror
Escritor revelou seleção de 10 longas recentes que o impactaram com algumas escolhas surpreendentes
Tom Sizemore, ator de “O Resgate do Soldado Ryan”, morre aos 61 anos
Tom Sizemore, conhecido por papéis de militares durões em filmes como “O Resgate do Soldado Ryan” e “Falcão Negro em Perigo”, morreu na sexta-feira (3/3) aos 61 anos. O ator veio a óbito no Providence Saint Joseph Medical Center, em Burbank, Califórnia, após sofrer um derrame e um aneurisma cerebral em sua casa em Los Angeles na madrugada de 18 de fevereiro. Sizemore estava em sua própria casa em Los Angeles quando, por volta das 2 horas da madrugada, foi encontrado sem sentidos por um conhecido, que se preocupou e chamou uma ambulância. Na segunda passada (28/2), os médicos disseram que “não havia mais esperança” de recuperação e os membros da família tomaram uma decisão de fim de vida. Natural de Detroit, Sizemore se formou em teatro pela Universidade Temple, na Filadélfia, e trabalhou como garçom para se manter enquanto tentava virar ator no circuito teatral de Nova York. Ele ganhou sua primeira grande chance quando o diretor Oliver Stone o escalou no papel de um veterano de guerra no filme “Nascido em 4 de Julho” (1984). Cinco anos depois, os dois voltaram a trabalhar juntos no thriller “Assassinos por Natureza” (1994), que deu maior visibilidade ao ator, no papel de um detetive obstinado. Sizemore também interpretou agentes da lei em “Caçadores de Emoções” (1991) e “Estranhos Prazeres” (1995), ambos dirigidos por Kathryn Bigelow. E seguiu trabalhando com grandes diretores, vivendo o famoso pistoleiro Bat Masterson em “Wyatt Earp” (1994), de Lawrence Kasdan, o colega violento de Robert De Niro no filme de assalto “Fogo Contra Fogo” (1995), de Michael Mann, e um paramédico com complexo messiânico no drama psicológico “Vivendo no Limite” (1999), de Martin Scorcese. Seu primeiro papel de protagonista surgiu no terror “A Relíquia” (1997), de Peter Hyams, novamente interpretando um detetive de polícia. Mas ele é mais lembrado por seu desempenho no épico de 2ª Guerra Mundial “O Resgate do Soldado Ryan” (1998), de Steven Spielberg, no qual interpretou um sargento durão, e por outro filme de zona de guerra, “Falcão Negro em Perigo” (2001), de Ridley Scott. Seu último trabalho de destaque no cinema foi outro drama de guerra, “Pearl Harbor” (2001), de Michael Bay. Em 2000, ele foi indicado ao Globo de Ouro como Melhor Ator em Minissérie ou Telefilme por seu papel como um delator da máfia em “Proteção à Testemunha”, e pouco depois acabou integrando o elenco da série “Robbery Homicide Division” (2002-2003), que não passou da 1ª temporada. A guinada para a TV coincidiu com uma série de problemas pessoais, que ofuscaram sua carreira, como suas batalhas contra a dependência química, que o levaram várias vezes à prisão e a clínicas de reabilitação, além de uma relação tumultuada com a “Senhora de Hollywood”, Heidi Fleiss – a cafetina mais famosa de Los Angeles. Fleiss, que havia cumprido pena de prisão por organizar uma rede de garotas de programa nos anos 1990 para os ricos e famosos de Hollywood, disse em depoimento que Sizemore apagou um cigarro nela e agrediu jogando-a no chão. O ator não testemunhou no seu julgamento. Em vez disso, entregou um depoimento escrito ao juiz, reconhecendo que havia “permitido que meus demônios pessoais tomassem controle da minha vida”. Então com 41 anos, ele também escreveu que estava “convencido de que se não estivesse sob influência de drogas, eu teria controlado meu comportamento”. Ele foi condenado em 2003 por violência doméstica contra Fleiss, recebendo uma sentença de seis meses de prisão. E uma condenação separada por posse de metanfetamina o levou a uma reabilitação de drogas ordenada pelo tribunal. Em 2005, ele voltou a ser preso por violar os termos da sua condicional ao não passar por um teste de urina para drogas. A liberdade condicional de Sizemore foi restaurada depois que ele se internou em um hospital psiquiátrico para tratamento de depressão crônica e dependência química. Mas acabou preso outra vez sob suspeita de violência doméstica em 2016, sendo sentenciado a novos três anos em liberdade condicional. Apesar de todos os problemas, ele nunca parou de atuar. Entretanto, os trabalhos com diretores consagrados foram substituídos por produções de baixo orçamento para o mercado de vídeo e VOD. Paralelamente, ainda fez participações em algumas séries e chegou a ter papéis recorrentes em “Crash”, “Havaí Cinco-0”, “Estrada de Sangue” (The Red Road), “Law & Order: SVU”, “O Atirador” e no revival de “Twin Peaks”. Sizemore deixou um último trabalho inédito. Sua despedida das telas vau acontecer no episódio de estreia da 6ª temporada de “Cobra Kai”, da Netflix, previsto para ir ao ar ainda este ano, onde novamente interpreta um detetive policial.
Sam Shepard (1943 – 2017)
O ator, roteirista e dramaturgo Sam Shepard morreu na última quinta-feira (26/7), aos 73 anos, em sua casa no estado americano de Kentucky. Ele foi vítima de complicações da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), e estava cercado pela família no momento da morte, segundo anunciou um porta-voz na segunda-feira (31/7). Vencedor do Pulitzer por seu trabalho teatral – pela peça “Buried Child” (1979) – e indicado ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Os Eleitos” (1983), Samuel Shepard Rogers III nasceu em 1943, no estado de Illinois, filho de pai militar. Antes de ficar conhecido em Hollywood, ele tocou bateria na banda The Holy Modal Rounders (que está na trilha de “Sem Destino/Easy Rider”), e decidiu escrever peças num momento em que buscava trabalhos como ator em Nova York. Em 1971, escreveu a peça “Cowboy Mouth” com a então namorada Patti Smith, que marcou sua traumática estreia nos palcos. Já no início das apresentações, Shepard ficou tão perturbado por se apresentar diante do público que abandonou o palco e, sem dar nenhuma explicação, foi embora da cidade. Ele decidiu se concentrar em escrever. Acabou assinando até roteiros de cinema, como o clássico hippie “Zabriskie Point” (1970), de Michelangelo Antonioni, e a adaptação da controvertida peça “Oh! Calcutta!” (1972). Também escreveu, em parceria com Bob Dylan, “Renaldo and Clara” (1978), único longa de ficção dirigido por Dylan. O filme marcou a estreia de Shepard diante das câmeras, numa pequena figuração. Sentindo menos pânico para atuar em estúdio, enveredou de vez pela carreira de ator, trabalhando a seguir no clássico “Cinzas do Paraíso” (1978), de Terrence Malick, como o fazendeiro que emprega Richard Gere e Brooke Adams. Fez outros filmes até cruzar com Jessica Lange em “Frances” (1982). A cinebiografia trágica da atriz Frances Farmer iniciou uma longa história de amor nos bastidores entre os dois atores, que só foi encerrada em 2009. Na época, ele já era casado e o divórcio só aconteceu depois do affair. Shepard finalmente se destacou em “Os Eleitos”, o grandioso drama de Philip Kaufman sobre os primeiros astronautas americanos, no qual viveu Chuck Yeager, que quebrou a barreira do som e sucessivos recordes como o piloto mais veloz do mundo. Sua história corria em paralelo à conquista do espaço, mas chegava a ofuscar a trama central, a ponto de lhe render indicação ao Oscar – perdeu a disputa para Jack Nicholson, por “Laços de Ternura” (1983). Fez seu segundo filme com Lange, “Minha Terra, Minha Vida” (1984), enquanto escrevia o fabuloso roteiro de “Paris, Texas” (1985), dirigido por Wim Wenders, que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Paralelamente, ainda alinhavou a adaptação de sua peça “Louco de Amor” (1986). Dirigido por Robert Altman, “Louco de Amor” foi o filme que consagrou Shepard como protagonista, na pele do personagem-título, apaixonado por Kim Basinger a ponto de largar tudo para encontrá-la num motel de beira de estrada e convencê-la a dar mais uma chance ao amor. O ator e roteirista resolveu também virar diretor, e foi para trás das câmeras em “A Casa de Kate é um Caso” (1988), comandando sua mulher, Jessica Lange, num enredo sobre uma família que passou anos separada até finalmente decidir acertar as contas. O filme não teve a menor repercussão e Shepard só dirigiu mais um longa, o western “O Espírito do Silêncio” (1993), que nem sequer conseguiu lançamento comercial. Por outro lado, entre estes trabalhos ele se tornou um ator requisitado para produções de temática feminina, como “Crimes do Coração” (1986) e “Flores de Aço” (1989), que giravam em torno de vários mulheres e seus problemas, e de histórias de amor, como “O Viajante” (1991), “Unidos pelo Destino” (1994) e “Amores e Desencontros” (1997). Como contraponto a essa sensibilidade, também fez thrillers de ação em que precisou mostrar-se frio e calculista, como “Sem Defesa” (1991), de Martin Campbell, “Coração de Trovão” (1992), de Michael Apted, e “O Dossiê Pelicano” (1993), de Alan J. Pakula. Ele conseguiu o equilíbrio e se manteve requisitado, aparecendo em alguns dos filmes mais famosos do começo do século, como o thriller de guerra “Falcão Negro em Perigo” (2001), de Ridley Scott, e “Diário de uma Paixão” (2004), de Nick Cassavetes. Em 2005, estrelou seu último filme com Lange, “Estrela Solitária”, dirigido por Wim Wenders, como um astro de filmes de cowboy que abandona uma filmagem e tenta se reconectar com a família, apenas para descobrir que tem um filho que não conhece. Dois anos depois, fez um de seus melhores trabalhos como ator, “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (2007), de Andrew Dominik, no papel de Frank James, o irmão mais velho de Jesse, interpretado por Brad Pitt. Ele voltou a trabalhar com o diretor e com Pitt em “O Homem da Máfia” (2012). Entre seus últimos trabalhos ainda se destacam o suspense político “Jogo de Poder” (2010), de Doug Liman, o thriller de ação “Protegendo o Inimigo” (2012), de Daniel Espinosa, e os dramas criminais “Amor Bandido” (2012), de Jeff Nichols, “Tudo por Justiça” (2013), de Scott Cooper, e “Julho Sangrento” (2014), de Jim Mickle. Em alta demanda, Shepard permaneceu requisitado e desempenhando bons papéis até o fim da vida. Só no ano passado estrelou três filmes (“Ithaca”, “Destino Especial” e “Batalha Incerta”). Mas depois de tanto viver namorado e amante, no fim da carreira especializou-se em encarnar o pai de família. Eles fez vários filmes recentes nesta função, como “Entre Irmãos” (2009), de Jim Sheridan, como o pai de Jake Gyllenhaal e Tobey Maguire, e “Álbum de Família” (2013), de John Wells, cuja morte volta a reunir a família disfuncional, formada por Julia Roberts, Meryl Streep e muitos astros famosos. A sua última e marcante aparição foi na série “Bloodline”, da Netflix, como o patriarca da família Rayburn, sobre a qual girava a trama de suspense. A atração completou sua trama na 3ª temporada, lançada em maio deste ano. Sam Shepard deixa três filhos — Jesse, Hannah e Walker.



