Campanha de bolsonaristas pode dar outro sucesso a Wagner Moura no cinema
A hashtag #BoicoteaWagnerMoura voltou a aparecer no X (antigo Twitter) nesta terça-feira (19/12), alimentada por pessoas identificadas como “bolsonaristas”. O alvo é o novo filme do ator, uma produção americana chamada “Guerra Civil”, que só estreia em junho de 2024. Histórico de boicotes Esta é a quarta campanha de boicote a filmes disparada por bolsonaristas. A primeira, por sinal, teve como alvo o próprio Wagner Moura. Eles se empenharam com muito afinco contra “Marighella”, filme dirigido por Wagner Moura, que acabou se tornando a maior bilheteria brasileira de 2021. Também se manifestaram contra “Medida Provisória”, dirigido por Lázaro Ramos, que virou outro sucesso de público – a quarta maior bilheteria nacional do ano passado. A terceira tentativa foi uma nova investida contra Lázaro Ramos, mirando o filme “Ó Pai, Ó”. Após a iniciativa, a comédia esgotou sessões em Salvador, na Bahia, estreou com R$ 1 milhão nas bilheterias e encerrou seu passagem pelos cinemas com a maior bilheteria do Nordeste em 2023. Ao todo, o filme fez R$ 2,2 bilhões na região, que mesmo sem computar o resto do país já representa uma das maiores arrecadações de um filme nacional neste ano. Lázaro e Wagner se tornaram alvo de bolsonaristas por terem apoiado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Mas embora o ódio esteja concentrado apenas nos dois, milhares de outros artistas também fizeram o mesmo, declarando voto em Lula. Até o momento, as campanhas tiveram resultado inverso, ajudando a divulgar as produções com o engajamento nas redes sociais. Muitas pessoas que não tinham ouvido falar nos filmes acabaram interessadas em conhecer o motivo da discórdia. Além disso, o público declarado de esquerda também tem comprado as brigas e prestigiado os alvos. Essa audiência ainda zoa as iniciativas, afirmando que não surtem efeito porque bolsonaristas nunca veem filmes brasileiros mesmo. Novo filme polêmico Vale observar que o novo filme estrelado por Wagner Moura tem um tema especialmente incômodo para extremistas. O thriller de ação se passa num futuro próximo e distópico, em que a polarização dos EUA mergulha o país numa luta brutal pelo poder. A trama acompanha um grupo de jornalistas tentando cobrir o avanço de militares alinhados com a ideologia de ultradireita, que pretendem atacar a capital do país. Alvos de tiros e bombas, os jornalistas são vividos por Wagner Moura e Kirsten Dunst (“Melancolia”). Na trama, 19 estados se separaram da União, formando um exército de Forças Ocidentais que desafiam o governo e o poderio militar dos estados do Leste. Reflexo da divisão real criada no país durante o governo de Donald Trump, o filme tem roteiro e direção de Alex Garland, cineasta de ficções científicas premiadas como “Ex-Machina” e “Aniquilação”. O elenco também inclui Cailee Spaeny (“Priscilla”), Jesse Plemons (“Assassinos da Lua das Flores”), Nick Offerman (“The Last of Us”), Stephen McKinley Henderson (“Beau Tem Medo”), Jefferson White (“Yellowstone”) e Sonoya Mizuno (“A Casa do Dragão”). A produção é a mais cara da história da A24, estúdio responsável por filmes como “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” (vencedor do Oscar 2023), “Midsommar” (2019) e “X – A Marca da Morte” (2022) e “Priscilla” (2023). A estreia está marcada para 11 de julho no Brasil, quase três meses após o lançamento nos EUA (em 26/4). A expectativa é tanta que o trailer americano do filme, ainda sem versão oficial no Brasil, já ganhou diversas alternativas legendadas por fãs no YouTube.
Rotten Tomatoes denuncia fãs da DC que se organizam para dar nota ruim a Pantera Negra
O Rotten Tomatoes denunciou um grupo do Facebook que está planejando forçar uma nota baixa no site para o novo filme da Marvel, “Pantera Negra”, mesmo sem assisti-lo. Além da nota média da crítica, o Rotten Tomatoes calcula a avaliação do público para os filmes, por meio de voto de seus usuários. A iniciativa para derrubar a nota de “Pantera Negra” seria motivada pela rivalidade entre a Marvel e a DC Comics. O grupo Down with Disney’s Treatment of Franchises and its Fanboys alega que o Rotten Tomatoes favorece as produções da Marvel e pega pesado com os filmes de super-heróis da DC. Mas o ataque não deixa de ser um ato de racismo, já que o alvo escolhido é o primeiro filme protagonizado por um super-herói negro. O grupo de fãs extremistas chegou a criar um evento chamado “Give Black Panther a Rotten Audience Score on Rotten Tomatoes”, no qual explicam suas intenções de dar uma péssima avaliação ao filme. Esse mutirão terá início no dia 15 de fevereiro, noite de pré-estreia, e seguirá até o dia 24. De acordo com a descrição do evento, a ação tem como finalidade atingir a Disney, “que é conhecida por pagar críticos para falarem mal dos filmes da DC”. O grupo responsável pela ação é o mesmo que se organizou para dar nota baixa a “Star Wars: Os Últimos Jedi” e estaria se preparando para fazer o mesmo com “Vingadores: Guerra Infinita” e as séries da Marvel. Os “decenautas” radicais são famosos por defender “seus filmes” e iniciar petições contra sites ou ações que considerem prejudiciais. Após as críticas negativas de “Liga da Justiça”, eles iniciaram campanhas para fechar o site Rotten Tomatoes, alegando justamente o suposto favorecimento às produções da Marvel. Mas o fato de mirar um filme de elenco negro com discurso de ódio disparou alarmes. O Rotten Tomatoes mirou esse ponto, ao emitir um comunicado na quinta-feira (1/2), em que promete tolerância zero contra quem promover o ódio. “Nós, no Rotten Tomatoes, estamos orgulhosos de nos tornarmos uma plataforma para fãs apaixonados debaterem e discutirem entretenimento e levamos a sério essa responsabilidade. Embora respeitemos as diversas opiniões dos nossos fãs, não toleramos o discurso do ódio. Nossa equipe de segurança, rede e os especialistas sociais continuam monitorando de perto nossas plataformas e qualquer usuário que se envolver em tais atividades será bloqueado do nosso site e seus comentários serão removidos o mais rápido possível”, disse a empresa no texto. Quando os integrantes do mesmo grupo tentaram derrubar a nota do público de “Star Wars: Os Últimos Jedi”, o site The Huffington Post contatou um integrante que expressou misoginia como motivação, atacando o fato de o filme ter mulheres em papéis centrais e afirmando que os homens deveriam ser “reintegrados como governantes da sociedade”. Após o comunicado, o Facebook tirou a página do grupo extremista do ar. E páginas de fãs da Marvel e de Star Wars comemoraram. A motivação usada para atacar a nota dos filmes da Disney é, no mínimo, estranha, como se os trolls ignorassem quem é o verdadeiro dono do Rotten Tomatoes. O agregador de críticas era da Warner até 2016, e foi vendido ao site Fandango em troca de uma percentagem da empresa principal. Hoje, a Warner é dona de 30% do Fandango, ou seja, continua sócia no Rotten Tomatoes. E logicamente não persegue seus próprios filmes. A Warner lança os filmes de super-heróis da DC.

