Atriz de “Mamonas Assassinas” relata presença de espíritos da banda em filmagens
Fefe Schneider, a atriz de “Mamonas Assassinas – O Impossível Não Existe”, relatou ter vivido experiências sobrenaturais nos bastidores do filme. Acontece que ela teria sentido a presença da banda original durante as filmagens. “Foi muito louco, tiveram vários casos bizarros e coisas estranhas que aconteceram no set”, adiantou a interprete de Adriana, uma das namoradas do vocalista Dinho (1971 – 1996). Segundo a atriz, as filmagens foram repletas de cenas inusitadas que podem ter ocorrido por conta dos músicos falecidos. A obra é produzida com o aval e apoio total dos familiares do grupo. “Aconteciam várias coisas. Por exemplo, a luz ficava piscando em cima da Brasília amarela enquanto a luz do local inteiro tinha acabado. Teve uma hora que os meninos estavam tocando e começou a chover do nada, a luz acabou, e só voltou quando a música acabou”, relembrou. “Teve outra vez que a luz acabou, e continuou apenas a energia da bateria, da guitarra e do microfone, enquanto nada estava funcionando. Ali, nós pensamos: ‘Eles já entenderam que a gente está fazendo um filme sobre eles, então tomara que eles estejam gostando’.” Apesar das experiências sobrenaturais, Fefe agradeceu por não ter visto possíveis espíritos dos artistas originais, já que ela admite ter certo receio. “Graças a Deus, eu não vi nenhum espírito, nem nada do tipo, porque eu gosto de falar sobre essas coisas, mas quando elas aparecem para mim – e, de fato, isso acontece com certa frequência – eu odeio, odeio”, confessou. Apoio da família Ainda sem data de estreia, a obra biográfica foi criada Carlos Lombardi (“Uga Uga”), escrita pelo repórter Carlos Amorim e dirigida por Edson Spinello (“Apocalipse”). “Quando a gente fala de tragédia, tem sempre que ser muito delicado e cuidadoso. Eu acho que, se não tivesse o apoio da família, seria muito diferente, porque [ficaríamos questionando] qual é a linha tênue, onde podemos pode chegar, do que podemos falar, e como poderia ser feito”, afirmou Fefe Schneider. “O roteiro foi escrito junto com a família, tudo foi aprovado por eles. Então, um medo que a gente tinha era de a família não gostar ou algo do tipo, mas é um projeto que veio muito deles.” O elenco principal conta com Ruy Brissac (vocalista Dinho), que repetirá o papel que viveu no teatro em “Mamonas, o Musical”, Adriano Tunes (baixista Samuel Reoli), Robson Lima (tecladista Júlio Rasec) e Rhener Freitas (baixista Sérgio Reoli). Já o ator Alberto Hinomoto fará sua estreia interpretando seu próprio tio, o guitarrista Bento.
A Vida Após a Vida aborda o fantástico com singeleza
O longa-metragem chinês do cineasta estreante Zhang Hanyi pode ser definido como um filme singelo e, ao mesmo tempo, fantástico. Ou que trata do fantástico com singeleza. Ele nos leva à província chinesa de Shanxi, uma espécie de local abandonado pelos próprios moradores, esquecido, parado no tempo. Obviamente, decadente. Como diz o protagonista: ninguém mais morre aqui, todo mundo vai embora antes. O cenário é desolador, há muitas árvores, mas todas secas de outono e as casas são escombros ou muito precárias. A trama é de grande simplicidade, embora apele ao sobrenatural, como o próprio título do filme, “A Vida Após a Vida”. Ocorre que uma pequena parte dos antigos moradores, que já partiram e morreram, voltam na forma de fantasmas, buscando solucionar questões que deixaram pendentes em suas vidas na Terra, ou, mais precisamente, em Shanxi. É o caso do espírito de Xiuying, morta há mais de dez anos, que toma o corpo de seu filho Leilei (Zhang Li) para reencontrar o marido, Ming Chu (Zhang Mingjun), e resolver uma coisa importante para ela: mover uma árvore plantada quando se casou. Aí vemos o filho falando e se comportando como a mãe, em contraste com o que foi mostrado antes, um garoto agitado e contestador. O jovem Zhang Li se sai muito bem nesse desempenho, tanto quanto Zhang Mingjun, que faz o pai e terá, a todo custo, de resolver a questão do transporte da árvore, o que não se colocará como uma tarefa fácil. Além de conviver com a mulher materializada num adolescente, o que também traz algumas dificuldades interpretativas. Para quem não tem familiaridade com a complexa cultura chinesa, não é simples entender a relação dos seres humanos com as árvores que os conhecem e com quem têm uma história em comum. A relação com a natureza é muito forte e simbólica, especialmente numa pequena localidade rural do interior do país. A transcendência que existe aí também não cabe nos conhecidos parâmetros religiosos ocidentais. A mulher que morreu não reencarna para viver uma nova vida na Terra. Ela toma emprestado o corpo de seu filho para poder resolver um problema e, então, se liberar para viver em paz fora da Terra. Também não sei se se coadunaria com algum preceito budista e há que se reconhecer que tem similitude com os espíritos ou entidades que baixam temporariamente em pessoas vivas. O que é mostrado no filme é que o espírito se apossa da pessoa e continua caminhando pelo campo, observando as árvores, o ambiente, e agindo para alcançar seu objetivo, que é imediato. Não remete a questões morais, nem de largo espectro. É, como disse, singelo. A direção de Zhang Hanyi combina com isso. Ele não usa nenhum efeito especial, nenhuma fantasmagoria, nem passa perto das possessões que chacoalham as pessoas. Tudo permanece absolutamente calmo, tranquilo, até desolado, como é a localidade. A relação do casal, separado pela morte dela, não apresenta nenhuma dramaticidade que ultrapasse a questão em foco, a da árvore. Embora alguns diálogos remetam ao passado comum, à ausência, à saudade e ao tempo percorrido. Mas tudo muito discreto. Uma curiosidade, que recomenda o filme, é que ele é produzido pelo grande diretor Jia Zhang-Ke (“As Montanhas Se Separam”). Evidentemente, não se poderia esperar que, por isso, o filme fosse chegar perto do talento do cineasta produtor. Mas a presença de Zhang-Ke nos créditos abre portas importantes, principalmente nos festivais de cinema pelo mundo. O filme já passou pelos festivais de Berlim e Hong-Kong. Neste último, Zhang Hanyi recebeu um prêmio concedido a cineastas estreantes. Já passou por aqui, no Festival Indie 2016, e agora entra em cartaz no circuito comercial dos cinemas.
Através da Sombra: Veja trailer de terror brasileiro com Domingos Montagner
A Europa Filmes divulgou o pôster, as fotos e o trailer do terror nacional “Através da Sombra”, que surpreende por fugir do padrão de filme B que marca o gênero no Brasil. O bom acabamento e o apuro na recriação de época se deve à assinatura do veterano cineasta Walter Lima Jr., que ao longo da carreira se aventurou com coragem pelo cinema fantástico, por meio de filmes como “Ele, o Boto” (1987), “O Monge e a Filha do Carrasco” (1996) e “A Ostra e o Vento” (1997). O filme também registra um dos últimos papéis da carreira de Domingos Montagner, falecido em setembro. Sua participação, porém, é pequena. A prévia tem cenas do “jogo do copo” (antepassado do tabuleiro de ouija), mansão mal-assombrada, aparições de fantasmas e crianças sinistras. Curiosamente, a ambientação gótica do começo lembra o clássico “Jane Eyre”, de Charlotte Brontë, mas a adaptação é, na verdade, de “A Volta do Parafuso”, clássico fantástico de Henry James, já filmado várias vezes – a mais recente, em 2009, com Michelle Dockery (série “Downton Abbey”) no papel da professora. A trama gira em torno de Laura (Virginia Cavendish, de “Califórnia”), contratada como professora de duas crianças órfãs por Afonso (Montagner), tio delas. As crianças vivem numa fazenda de café e é para lá que Laura se muda. Elisa (Mel Maia, de “Qualquer Gato Vira-Lata 2”), a sobrinha mais nova e doce, se apega rapidamente a Laura, enquanto seu irmão vem de um internato. Porém, nem tudo é tranquilo na vida no campo. Laura sente que as crianças estão sob a influência maligna de espíritos hostis que ali viveram, e se empenha em descobrir o que está por trás de todo esse mistério, sem perceber que ela mesma poderá estar envolvida numa trama diabólica. O longa foi exibido no Festival do Rio, na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, na Mostra de Cinema de Tiradentes e no Fantaspoa – Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre. A estreia comercial está marcada para o dia 10 de Novembro.


