Os Melhores Filmes de 2021
O ano em que três gerações de Homem-Aranha se encontraram, que Daniel Craig se despediu do papel de James Bond e que não olhar para cima virou sinônimo de bolsonarismo foi muito rico para o cinema. Mas também foi o ano em que o streaming multiplicou as opções de telas. Se escolher os melhores sempre é uma tarefa difícil, por invariavelmente deixar favoritos de fora, a seleção se tornou ainda mais complexa no ano em que “filmes” também deixaram, definitivamente, de significar cinema. Para diminuir as inevitáveis omissões, os melhores de 2021 foram divididos num Top 20 internacional, incluindo títulos de cinema e streaming, e um Top 10 nacional. Além disso, as duas listas são acompanhadas por uma seleção extra, dedicada aos principais títulos de cada gênero cinematográfico, que serve para hierarquizar e dar uma mapeada geral no entretenimento em clima de retrospectiva. As listas também funcionam como dicas, com a identificação das plataformas onde o leitor pode assistir cada título já disponibilizado em streaming ou VOD – lembrando que alguns ainda estão em cartaz nos cinemas ou aguardam lançamento digital. Top 20 internacional A lista internacional inclui vários filmes premiados, desde o vencedor do Oscar “Nomadland”, lançado em abril aos cinemas brasileiros, até o drama bósnio “Quo Vadis, Aida?”, eleito o melhor do ano pela Academia Europeia de Cinema – e só disponibilizado em VOD no Brasil. Também há títulos que ajudaram a definir o ano pela capacidade de gerar discussões, como a sátira negacionista “Não Olhe para Cima” e o fenômeno “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, filme mais visto de 2021, que bateu recordes de público ao consagrar a fórmula de sucesso/construção de universo da Marvel. Veja abaixo os títulos que entraram na seleção, organizados em ordem alfabética. A FILHA PERDIDA | Netflix A MÃO DE DEUS | Netflix A NOITE DO FOGO | Cinema AMOR SUBLIME AMOR | Cinema ANNETTE | MUBI ATAQUE DOS CÃES | Netflix AZOR | Cinema BELA VINGANÇA | Telecine CAROS CAMARADAS | Telecine CHIVA BABY | MUBI CRUELLA | Disney+ DRUK – MAIS UMA RODADA | Telecine HOMEM-ARANHA: SEM VOLTA PARA CASA | Cinema MEU PAI | Paramount+ NÃO OLHE PARA CIMA | Netflix NO RITMO DO CORAÇÃO | VOD* NOMADLAND | Telecine O ESQUADRÃO SUICIDA | HBO Max QUO VADIS, AIDA | Telecine UNDINE | Cinema Top 10 nacional A lista nacional é essencialmente dramática, com temas políticos, sociais e sexuais. A temática sugere uma reação da arte contra o governo que desde a posse age ostensivamente para destruir a indústria cultural brasileira – via cortes de patrocínio, estrangulamento de incentivos, vetos, ameaças e descaso incendiário. As demissões, fechamentos e perdas de espaços culturais resultantes desta política alimentam os números negativos da economia, que retrocederam o país à era da inflação de dois dígitos. Não por acaso, o filme de maior bilheteria de 2021, “Marighella”, foi também o que enfrentou mais dificuldades para estrear, empacado na burocracia da Ancine, e o que sofreu as principais críticas de funcionários do governo. Mas “Marighella” não é o único a trazer questionamentos que incomodam os poderosos atuais. Do racismo estrutural enfrentado em “Cabeça de Nêgo” ao desmatamento criminoso denunciado por “A Última Floresta”, o cinema brasileiro foi um ato de resistência em 2021, contra todas as dificuldades criadas pelo pior presidente da História. 7 PRISIONEIROS | Netflix A NUVEM ROSA | Telecine A ÚLTIMA FLORESTA | Netflix CABEÇA DE NÊGO | Globoplay DESERTO PARTICULAR | Cinema MARIGHELLA | Globoplay O SILÊNCIO DA CHUVA | Globoplay MEU NOME É BAGDÁ | Cinema PIEDADE | Cinema RAIA 4 | Telecine Melhores por Gênero Alguns filmes que se destacaram em seus gêneros não entraram nas listas anteriores. Outros apareceram duplamente. Veja abaixo a relação dos títulos que foram melhores que seus concorrentes em seus respectivos nichos. Melhor Drama QUO VADIS, AIDA | Telecine Melhor Comédia NÃO OLHE PARA CIMA | Netflix Melhor Terrir UM LOBO ENTRE NÓS | Amazon Prime Video Melhor Terror SANTA MAUD | VOD* Melhor Suspense BELA VINGANÇA | Telecine Melhor Sci-Fi DUNA | HBO Max Melhor Filme de Super-Herói HOMEM-ARANHA: SEM VOLTA PARA CASA | Cinema Melhor Thriller de Ação 007 – SEM TEMPO PARA MORRER | VOD* Melhor Fantasia Infantil CRUELLA | Disney+ Melhor Animação A FAMÍLIA MITCHELL E A REVOLTA DAS MÁQUINAS | Netflix Melhor Teen NO RITMO DO CORAÇÃO | VOD* Melhor Romance MEMÓRIAS DE UM AMOR | VOD* Melhor Musical AMOR SUBLIME AMOR | Cinema Melhor Documentário & Filme Queer PEQUENA GAROTA | VOD* Filme Mais Estiloso NOITE PASSADA NO SOHO | Cinema * Os lançamentos em VOD podem ser encontrados nas plataformas Apple TV, Google Play, Looke, Microsoft Store, NOW, Vivo Play e YouTube, entre outras.
Filmes do caso Richthofen são principais estreias pra ver em casa no fim de semana
O cinema brasileiro está em alta esta semana em streaming, com destaque para os filmes sobre o caso Richthofen. Previstos para abril do ano passado e seguidamente adiados, “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais” foram adquiridos pela Amazon e chegam nesta sexta (24/9) na plataforma digital. No plano original, os dois filmes seriam lançados no mesmo dia nos cinemas, com sessões consecutivas nas mesmas salas. Mas a opção em streaming é mais adequada ao programa duplo, que inclui cenas repetidas para apresentar a mesmíssima história sob dois pontos de vistas distintos: o assassinato dos pais milionários de Suzanne von Richthofen. As versões são baseadas nos depoimentos dados pela jovem e por seu namorado, Daniel Cravinhos, à Justiça. Os dois (mais o irmão de Daniel) foram condenados pelo crime num caso que ganhou enorme repercussão no Brasil. Graças ao longo adiamento, a produção ganhou novos atrativos, a começar pelo fato de a atriz Carla Diaz, intérprete de Suzanne, ter se tornado ainda mais popular após passar pelo “BBB 21” da Globo. Por sinal, a seleção de elenco é muito curiosa por escalar atores contra seus “tipos” característicos. Além da ex-“Chiquitita” e ex-“Rebelde”, Leonardo Bittencourt (da novelinha “Malhação”) vive Daniel, e os dois se saem muito bem. Outra curiosidade é que os longas têm direção de Mauricio Eça, que também é mais conhecido por produções teen, como “Carrossel: O Filme” e sua continuação. Mas os roteiros foram escritos por uma dupla experiente no gênero, os escritores de thrillers policiais Raphael Montes e Ilana Casoy. Graças ao atraso no lançamento, a primeira parceria audiovisual da dupla acabou estreando antes na Netflix e com grande sucesso: a série “Bom Dia, Verônica”. Vale apontar que o projeto dividiu opiniões por ter visões muito diferentes sobre o que realmente motivou o crime e por não apresentar uma resposta pronta para o público, obrigando-o a tirar suas próprias conclusões. Mas se trata de um marco da tendência “true crime” no Brasil. Outro destaque pela criatividade narrativa é “Dora e Gabriel”, passado quase todo no interior do porta-malas de um carro, onde os personagens do título são jogados após serem sequestrados. A direção é de Ugo Giorgetti (“Festa”), um mestre do cinema de risco, e o lançamento chega de forma simultânea no cinema. Os demais títulos nacionais são comédias que seguem fórmulas conhecidas, mas resultam acima da média. A seleção da semana também oferece várias opções cinéfilas, incluindo a trilogia “Paraíso” completa. A obra do austríaco Ulrich Seidl é uma comédia de humor ácido sobre três mulheres de uma mesma família e a visão desconcertante que elas têm do prazer. Na falta de blockbusters, o lançamento internacional de maior apelo comercial é a sci-fi noir estrelada por Hugh Jackman (“Logan”), que chegou ao Brasil com título de novela brega, “Caminhos da Memória” (Reminiscence, em inglês). Estreia de Lisa Joy, cocriadora de “Westworld”, como cineasta, o longa é um noir futurista, com Jackman no papel de um detetive particular obcecado pelo desaparecimento de uma femme fatale (Rebecca Ferguson, de “Missão: Impossível – Efeito Fallout”) num mundo decadente e inundado pelo derretimento da calota polar. O visual é impressionante, mas a crítica odiou a história, com apenas 37% de aprovação no Rotten Tomatoes. Pior que isso, só a aposta da Netflix nesta semana, “Um Ninho para Dois”, dramalhão que integra a fase horrível de Melissa McCarthy, com meros 21% de aprovação. Tão ruim que nem entrou na lista abaixo. Há 20 opções melhores entre as estreias (21, se contar os filmes do caso Richthofen como dois) para assistir nas plataformas digitais neste fim de semana. Confira abaixo as sugestões (com trailers). A Menina Que Matou os Pais / O Menino Que Matou Meus Pais | Brasil | Crime (Amazon Prime Video) Dora e Gabriel | Brasil | Drama (Apple TV, Google Play, Looke, NOW, Vivo Play, YouTube Filmes) Confissões de uma Garota Excluída | Brasil | Comédia (Netflix) Um Casal Inseparável | Brasil | Comédia (Telecine) Dois + Dois | Brasil | Comédia (Apple TV, Google Play, NOW, SKY Play, Vivo Play, YouTube Filmes) Caminhos da Memória | EUA | Sci-Fi (Apple TV, Google Play, HBO Max, YouTube Filmes) Birds of Paradise | EUA | Drama (Amazon Prime Video) Terminal Sul: Luta por Liberdade | EUA | Drama (Apple TV, Google Play, Looke, NOW, Vivo Play, YouTube Filmes) Levo Você Comigo | México, EUA | Drama (Apple TV, Google Play, NOW, Sky Play, YouTube Filmes) A Ausência que Seremos | Colombia | Drama (Netflix) A Pequena Guerreira | EUA | Drama (NOW) Dias Melhores | China | Drama (Telecine) Edifício Gagarine | França | Drama (Apple TV, Google Play, NOW, Vivo Play, YouTube Filmes) Mediterrânea | Itália, França | Drama (MUBI) O Futuro Perfeito | Argentina | Drama (MUBI) Uma Nuvem no Quarto Dela | China | Drama (Supo Mungam Plus) The Arbor | Reino Unido | Documentário (Supo Mungam Plus) Paraíso: Amor | Áustria | Drama (Reserva Imovision) Paraíso: Fé | Áustria | Drama (Reserva Imovision) Paraíso: Esperança | Áustria | Drama (Reserva Imovision)
“No Ritmo do Coração” é a principal estreia dos cinemas
Os cinemas recebem 13 estreias nesta quinta (23/9), mas a maioria é restrita ao circuito invisível de “arte” – uma dúzia de cinemas nas maiores capitais. Para o grande público que vai aos cinemas de shopping centers, a lista se resume, na verdade, a apenas três lançamentos. Dois deles foram atrações do Festival de Sundance deste ano. O terceiro é mais um longa animado da série infantil “Abelha Maya”. O principal título é “No Ritmo do Coração” (Coda), que venceu Sundance e foi comprado (e exibido) pela Apple TV+ nos EUA. Dilema de partir o coração, o drama gira em torno de uma adolescente (Emilia Jones, de “Locke & Key”) de família surda, que se vê dividida entre perseguir sua paixão pela música ou servir de conexão entre seus pais e o mundo auditivo, como a única capaz de impedir a falência da família. Além de vencer dois troféus de Melhor Filme (do Júri e do Público), a obra de Siân Heder (“Tallulah”) também conquistou prêmios de Melhor Elenco e Melhor Direção no principal festival de cinema independente dos EUA. “A Casa Sombria” não foi premiado em Sundance, mas arrancou muitos elogios durante sua exibição, atingindo 86% de aprovação no Rotten Tomatoes. No terror, Rebecca Hall (“Professor Marston e as Mulheres-Maravilhas”) vive uma viúva que começa a desvendar os segredos perturbadores de seu marido, recentemente falecido, ao explorar a arquitetura pouco convencional de sua casa. A direção é de David Bruckner (“O Ritual”), que a seguir vai comandar o remake de “Hellraiser”. Há um terror ainda mais bem-avaliado no circuito limitado: “A Chorona”, com 96% no Rotten Tomatoes (a mesma cotação de “No Ritmo do Coração”). Produção guatemalteca, o longa de Jayro Bustamante (“Tremores”) inova ao juntar assombração e política com resultados arrepiantes. Venceu nada menos que 23 troféus internacionais, inclusive no Festival de Veneza. Entre os demais, seis longas são brasileiros, com destaque para o suspense “O Silêncio da Chuva”, de Daniel Filho (“Boca de Ouro”), que volta a trazer às telas o universo dos mistérios policiais do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza. Na trama, ao investigar o assassinato de um empresário, o detetive interpretado por Lázaro Ramos (“Mundo Cão”) se depara com um submundo de corrupção e femme fatales digno dos melhores filmes noir. Outro destaque pela criatividade narrativa é “Dora e Gabriel”, passado quase todo no interior do porta-malas de um carro, onde os personagens do título são jogados após serem sequestrados. A direção é de Ugo Giorgetti (“Festa”), um mestre do cinema de risco. A lista ainda tem “A Garota da Moto”, filme de ação baseado na série do SBT, o drama “Aranha”, indicação do Chile ao Oscar passado, a comédia “A Dona do Barato”, em que Isabelle Huppert (“Elle”) vira traficante, o trash não intencional “O Filho Único do Meu Pai” e três documentários. Os documentários são “Nem Tudo se Desfaz”, análise da eleição de Bolsonaro por Josias Teófilo, diretor de “O Jardim das Aflições” (sobre Olavo de Carvalho, o guru chulo do bolsonarismo), “Oasis Knebworth 1996”, sobre os 25 anos dos dois shows do Oasis no Knebworth Park, que reuniram 250 mil pessoas e se tornaram os maiores já realizados no Reino Unido, e “Você Não é um Soldado”, que acompanha o premiado fotógrafo brasileiro de guerra André Liohn em cenas de tirar o fôlego. Cheia de imagens impactantes, a obra de Maria Carolina Telles (“A Verdada da Mentira”) foi selecionada para três festivais internacionais: Hot Docs, DOXA e Doc Edge Festival, que qualificam ao Oscar. Confira abaixo a relação completa das estreias da semana com seus respectivos trailers. No Ritmo do Coração | EUA | Drama A Casa Sombria | EUA | Terror A Chorona | Guatemala, França | Terror O Silêncio da Chuva | Brasil | Suspense Dora e Gabriel | Brasil | Drama Garota da Moto | Brasil | Ação Aranha | Argentina, Brasil, Chile | Drama A Dona do Barato | França | Comédia O Filho Único do Meu Pai | Brasil | Comédia A Abelhinha Maya e o Ovo Dourado | Alemanha | Animação Nem Tudo se Desfaz | Brasil | Documentário Você Não É um Soldado | Brasil | Documentário Oasis Knebworth 1996 | Reino Unido | Documentário


