Academia entrega primeiros Oscars da temporada sem citar escândalos de Hollywood
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas ignorou o elefante na sala durante a entrega dos primeiros Oscars da temporada, durante o Governors Awards, realizado na noite de sábado (11/11) em Los Angeles. Durante a cerimônia, o conselho diretor da Academia homenageou quatro artistas pelas contribuições de suas carreiras sem que nenhum discurso abordasse os escândalos sexuais de Hollywood, nem no roteiro dos responsáveis pelo evento nem nos agradecimentos dos premiados. Os homenageados foram o veterano ator Donald Sutherland, que faz sucesso desde anos 1960 e continua até hoje eletrizando as novas gerações (via franquia “Jogos Vorazes”), a diretora belga Agnes Varda, que iniciou a carreira na nouvelle vague e conquistou o Leão de Ouro por “Os Renegados” (1985), o cineasta Charles Burnett, um dos mais antigos diretores afro-americanos em atividade, que conquistou o Spirit Awards (o “Oscar indie”) por “Não Durma Nervoso” (1990), e o diretor de fotografia Owen Roizman, indicado cinco vezes ao Oscar e responsável por algumas das imagens mais impressionantes do cinema, como as dos clássicos “Conexão Francesa” (1971), “O Exorcista” (1973), “As Esposas de Stepford” (1975), “Três Dias do Condor” (1975), “Rede de Intrigas” (1976) e até o “recente” “A Família Addams” (1991). Além deles, o cineasta mexicano Alejandro G. Iñárritu, que já tem dois Oscars de Melhor Direção na estante por “Birdman” (2014) e “O Regresso” (2015), foi homenageado com mais um troféu por conquistas tecnológicas de seu um documentário em curta-metragem “Carne y Arena”, sobre imigrantes mexicanos numa jornada para os Estados Unidos, todo feito em Realidade Virtual. O trabalho é tido como um dos mais sensacionais do ano. Para se ter noção é o primeiro Oscar para um projeto “visionário” desde o reconhecimento da revolução digital promovida pelo primeiro “Toy Story”, em 1996. Os cinco homenageados também participarão de um segmento da cerimônia do Oscar 2018. A seleção é um belo cartão de visitas do novo presidente da Academia. John Bailey, que é diretor de fotografia, homenageou um ídolo e projetou um Oscar em que há espaço para a demografia dos homens brancos velhos, mas também para mulheres, negros e latinos, além de inovação cinematográfica com temática social. Entretanto, o silêncio sobre o escândalo pode ter falado mais alto.
Donald Sutherland vai ganhar Oscar honorário da Academia
O veterano ator Donald Sutherland, que faz sucesso desde anos 1960 e continua até hoje eletrizando as novas gerações, via a franquia “Jogos Vorazes”, vai receber um Oscar por sua carreira. Ele foi selecionado junto da diretora belga Agnes Varda, do cineasta Charles Burnett e do diretor de fotografia Owen Roizman para receber prêmios honorários da Academia. A cerimônia, conhecida como Governors Awards, será realizada num jantar de gala em 11 de novembro, em Los Angeles. Os quatro homenageados também participarão de um segmento da cerimônia do Oscar 2018. Sutherland, de 82 anos, possui uma carreira de cinco décadas, mas apesar de participação em inúmeros clássicos – “Os Doze Condenados” (1967), “M.A.S.H” (1970), “Klute, O Passado Condena” (1971), “1900” (1976), “Casanova de Fellini” (1976), “O Clube dos Cafajestes” (1978), “Os Invasores de Corpos” (1978), “Gente Como a Gente” (1980), etc – nunca foi indicado ao Oscar. Os demais também têm carreiras notáveis. Desde que lançou o clássico da nouvelle vague “Cléo das 5 às 7” (1962), Agnes Varda foi premiada em todos os festivais europeus importantes, tendo vencido o Leão de Ouro por “Os Renegados” (1985). Charles Burnett é um dos mais antigos diretores afro-americanos em atividade, somando conquistas em festivais internacionais desde os anos 1970. Apesar de já ter vencido o Spirit Awards, considerado o “Oscar indie”, por “Não Durma Nervoso” (1990), jamais recebeu indicação ao prêmio da Academia. Owen Roizman, por sua vez, foi indicado cinco vezes ao Oscar, mas nunca venceu. Ele é responsável por algumas das imagens mais impressionantes do cinema, como as dos clássicos “Conexão Francesa” (1971), “O Exorcista” (1973), “As Esposas de Stepford” (1975), “Três Dias do Condor” (1975), “Rede de Intrigas” (1976) e até o mais recente “A Família Addams” (1991). A seleção é um belo cartão de visitas do novo presidente da Academia. Ao anunciar os homenageados, John Bailey disse que eles refletem “a amplitude do cinema internacional, independente e mainstream e são tributos a quatro grandes artistas cujos trabalhos incorporam a diversidade de nossa compartilhada humanidade”. Com a seleção, Bailey, que é um diretor de fotografia, homenageou um ídolo e projetou um Oscar em que há espaço para a demografia dos homens brancos velhos, mas também para mulheres e negros cineastas.
Hilary Swank vai estrelar série de Danny Boyle sobre rapto de John Paul Getty III
A atriz Hilary Swank entrou no elenco de “Trust”, série baseada num crime real, desenvolvida pelo cineasta Danny Boyle (“Trainspotting”). Segundo o TV Guide, a atriz interpretará Gail Getty, mãe devotada de John Paul Getty III que estará disposta a fazer tudo para salvar o filho, após ele ser raptado. Ela vai se juntar a Donald Sutherland (“Jogos Vorazes”), que viverá o bilionário John Paul Getty, avô de seu filho. Ambientada em 1973, a trama inicia quando o jovem Getty é sequestrado em Roma e um resgate de milhões de dólares é exigido. O problema é que a família não demonstra tanto interesse em conseguir o rapaz de volta: John Paul, avô do jovem, se recusa a liberar a quantia e argumenta que se pagasse um centavo para os sequestradores, em breve teria outros parentes sequestrados. Como o pai do sequestrado, envolvido em drogas, também não responde aos telefonemas dos sequestradores, sobra para mãe do rapaz, quebrada financeiramente, negociar sua vida. “Trust” é uma criação de Boyle e do roteirista Simon Beaufoy, parceiros no filme “Quem Quer Ser um Milionário?” (vencedor do Oscar 2009) e “127 Horas” (indicado ao prêmio em 2011). A série de dez episódios começará a ser gravada em junho, em Londres e Roma, visando uma estreia em janeiro de 2018. O avanço da produção deve jogar água nos planos de Ridley Scott para realizar um filme sobre a mesma história. Intitulado “All The Money In The World”, este projeto teria filmagens previstas para maio, mas ainda não fechou elenco. Scott negocia com Michelle Williams, Mark Wahlberg e Kevin Spacey para os papéis centrais de seu filme, que não deverá chegar tão rápido quanto a série às telas.
Donald Sutherland viverá o bilionário John Paul Getty em série do diretor de Trainspotting
O ator Donald Sutherland (“Jogos Vorazes”) vai viver o bilionário John Paul Getty na série “Trust”, desenvolvida pelo diretor Danny Boyle (“Transpotting”) para o canal pago FX. A contratação confirma que a produção está a todo vapor e não se intimidou com as notícias de negociações de elenco do filme que pretende contar a mesma história. “Trust” é uma criação de Danny Boyle e do roteirista Simon Beaufoy, parceiros no filme “Quem Quer Ser um Milionário?” (vencedor do Oscar 2009) e “127 Horas” (indicado ao prêmio em 2011), e contará a história da famosa família Getty, bilionários do petróleo envolvidos em diversos escândalos, como overdoses, sequestros e vidas duplas. A 1ª temporada será centrada no herdeiro John Paul Getty III. Ambientada em 1973, a trama inicia quando o jovem Getty é sequestrado em Roma e um resgate de milhões de dólares é exigido. O problema é que a família não demonstra tanto interesse em conseguir o rapaz de volta: John Paul, avô do jovem, se recusa a liberar a quantia e argumenta que se pagasse um centavo para os sequestradores, em breve teria outros parentes sequestrados. Como o pai do sequestrado, envolvido em drogas, também não responde aos telefonemas dos sequestradores,e sobra para mãe do rapaz, quebrada financeiramente, negociar sua vida. Beaufoy escreveu todos os roteiros e Boyle dirigirá todos os 10 episódios da atração. Embora Sutherland seja apenas o primeiro nome do elenco confirmado, as gravações estão marcadas para junho em Londres e Roma, visando uma estreia em janeiro de 2018. A produção televisiva pode jogar água nos planos de Ridley Scott para realizar um filme centrado no sequestro de John Paul Getty III. Intitulado “All The Money In The World”, este projeto tem filmagens previstas para maio, com financiamento da Imperative Entertainment e distribuição mundial a cargo da Sony Pictures, mas não deverá chegar tão rápido quanto a série às telas. Atualmente, Scott negocia com Michelle Williams, Mark Wahlberg e Kevin Spacey para os papéis centrais. Por sinal, esta não é única série que ameaça projetos do diretor. Scott também pretendia dirigir um filme sobre o narcotraficante El Chapo, mas a Netflix e o canal History também preparam produções sobre a mesma história – sem contar que até Michael Bay pode fazer o seu próprio longa sobre o tema.
Jogos Vorazes: A Esperança – O Final encerra a franquia sem empolgar
“Jogos Vorazes: A Esperança – O Final” tem muitos problemas, mas o principal deles é exclusivo do Brasil. O filme não foi lançado em 3D nos EUA, contudo é assim que chega aos cinemas brasileiros, que por isso cobram mais caro para exibir uma cópia com perda de cor, contraste e da beleza de sua fotografia em geral, projetada de forma horrendamente escura. Chegamos a um momento em que o 3D deixou de ser uma novidade para virar uma imposição da indústria. Quantas imagens belas perdidas pela ganância do mercado. Isso afeta diretamente o prazer de se assistir ao filme, que, de longe, é o pior da série. A pior estratégia foi mesmo dividir o final da franquia em duas partes, replicando o que foi feito com “Harry Potter” e “Crepúsculo”. Isto rendeu dois filmes fracos, com enredos extremamente frágeis, e não serviu sequer para desenvolver os personagens coadjuvantes, que permaneceram mal delineados. Muitos deles, promissores nos filmes anteriores, chegam a desaparecer ou, pior, implodir. É o caso de Peeta (Josh Hutcherson), que participou junto com Katniss (Jennifer Lawrence) de dois jogos vorazes, experimentando uma aproximação sentimental durante esse processo, mas desde o episódio anterior se mostra mais um estorvo para a trama, não fazendo jus à personalidade forte de Katniss. O possível romance dos dois – há um triângulo amoroso envolvendo Gale (Liam Hemsworth) – não merece torcida nem parece ser comemorado pelo público. As mortes de personagens ao longo do filme também não são sentidas. Esta indiferença é mais mortal que a reação da Capital, pois prejudica o envolvimento do público. Sim, Jennifer Lawrence é maravilhosa e há um elenco de apoio admirável, com nomes como Woody Harrelson, Julianne Moore, Donald Sutherland, Elizabeth Banks, Jeffrey Right, Stanley Tucci e até Philip Seymour Hoffman, em seu último papel, mas destes, apenas Sutherland, como o vilanesco Presidente Snow, inimigo número um de Katniss e de toda a rebelião, vale cada segundo em que surge na tela. Muito pela excelência do ator, mas também pela relação desenvolvida, durante a franquia, com sua jovem adversária. A cena do encontro final dos dois, inclusive, denuncia a simpatia que o grande vilão é capaz de gerar, mas é também uma alternativa um tanto covarde do roteiro, diante do ímpeto vingativo da heroína. Como o consenso é de que o terceiro livro é o pior da trilogia, há que se dar um desconto para os roteiristas Peter Craig (“Atração Perigosa”) e Danny Strong (criador da série “Empire”), além do diretor Francis Lawrence (“Água para Elefantes”). Afinal, o tratamento da tentativa de tomada de poder, pelo grupo de rebeldes, mais parece um videogame de quinta categoria, com direito até a monstros como obstáculos a serem vencidos. É lamentável, porém, que uma franquia que começou com dois filmes tão bem amarrados tenha acabado dessa maneira. Considerando os quatro longas, é possível dizer que até houve um empate. Mas, na verdade, existiu uma clara vencedora: Jennifer Lawrence, que saiu do anonimato indie com o primeiro filme para se tornar a atriz mais bem paga de Hollywood.




