Marighella: Estreia na direção de Wagner Moura ganha pôster internacional
A O2 Filmes divulgou o cartaz internacional de “Marighella”, a estreia na direção do ator Wagner Moura (“Narcos”). O pôster foi produzido para acompanhar a première mundial do filme, que vai acontecer no Festival de Berlim. Ele destaca um close de Seu Jorge (“Cidade de Deus”) no papel-título. O longa conta a história do guerrilheiro Carlos Marighella, morto em 1969 pela ditadura militar, e será exibido fora de competição no festival alemão. Além de Seu Jorge, o elenco conta com Adriana Estevez (“Real Beleza”), Bruno Gagliasso (“Todas as Canções de Amor”) e Herson Capri (“Como Nossos Pais”). O Festival de Berlim começa nesta quinta (7/2) na capital da Alemanha.
Marighella: Estreia de Wagner Moura na direção terá première mundial no Festival de Berlim
O primeiro filme dirigido pelo ator Wagner Moura, “Marighella”, terá sua première mundial do Festival de Berlim 2019. O longa sobre o guerrilheiro Carlos Marighella, morto em 1969 pela ditadura militar, será exibido fora de competição. Seu Jorge interpreta o papel-título da produção, que conta com Adriana Estevez, Bruno Gagliasso e Herson Capri no elenco. A organização do festival também anunciou novos filmes de Agnés Varda (“Varda par Agnés”) e de Chiwetel Ejiofor (“The Boy Who Harnessed the Wind”), outro ator que estreia na direção, como parte da seleção dos filmes fora de competição do evento, que acontece entre 7 e 17 de fevereiro na capital da Alemanha.
Documentário resgata talento e importância de Henfil
A partir de 1969, com o golpe dentro do golpe militar, as esperanças de uma volta à democracia acabaram de vez. Um dos meus momentos de respiro e felicidade era ir às bancas de jornais, semanalmente, comprar e ler “O Pasquim”, jornal de humor e política que marcou época como mídia de resistência. A publicação reunia a fina flor do jornalismo crítico do período, gente como Millôr Fernandes, Tarso de Castro, Ivan Lessa, Paulo Francis, Sérgio Cabral pai, Sérgio Augusto, Tárik de Souza e cartunistas e desenhistas do quilate de um Ziraldo, um Jaguar, um Fortuna. Pois, diante desse time de cobras, um dos grandes destaques e sucesso comprovado do Pasquim era Henrique Filho, o Henfil (1944-1988). O mineirim, filho de D. Maria, irmão do cantor e compositor Chico Mário, de Glorinha e do Betinho. O país que sonhava “com a volta do irmão do Henfil”, na magnífica canção de João Bosco e Aldir Blanc, imortalizada por Elis Regina, referia-se ao Betinho da luta contra a fome, que ficou para as páginas mais bonitas da história do nosso país. Enquanto o general Figueiredo preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo, os personagens de Henfil exalavam povo por todos os poros. O povo era, para ele, a única esperança real. Os fradinhos, o cumprido resignado e o baixinho provocador, marcaram época. E a Graúna, o Zeferino, o bode Orelana, Ubaldo, o paranóico, e o Cabôco Mamadô são insuperáveis. Tem também o Urubu flamenguista, lançado nos tempos de sua participação na mídia esportiva. E quem pode se esquecer das famosas cartas que ele escrevia para a mãe, na revista Isto É , entre 1977 e 1984, com uma foto de D. Maria no alto? Cartunista e artista multimídia, diríamos hoje, Henfil escreveu livros, atuou na TV e no cinema, mas não chegou a concretizar um filme de animação com seus personagens. No documentário “Henfil”, dirigido por Angela Zoé, ela tenta reparar isso, filmando um grupo de jovens animadores que, a partir de um workshop sobre o trabalho de Henfil, cria um curta de animação com os personagens dele. O processo é mostrado e o resultado é apresentado no final do filme. Para isso, contaram com a ajuda de Ziraldo, por exemplo, que lhes mostrou que a Graúna não poderia ficar certinha e bonitinha, porque o traço que a caracterizava era sujo, nervoso, desenho em movimento. De fato, em poucas linhas, Henfil mostrava tudo, em ação. Com poucas palavras, dizia tudo, também. De um modo urgente, tinha que ser para já, como o lema “Diretas já”, que ele produziu e disseminou. Para essa urgência certamente contribuiu a hemofilia, a doença que o acompanhou por toda a vida e foi a causa de sua morte em decorrência da Aids, contraída numa transfusão de sangue, que fazia parte da sua rotina de sobrevivência. Só que num tempo em que o controle dos bancos de sangue no Brasil era precário. Haja vista o grande número de casos de contaminação pelo vírus HIV por essa via que ocorreu nos anos 1980. Nessa época, eu já trabalhava com educação sexual nas escolas públicas e particulares e costumava atender convites da mídia para falar sobre o assunto. Foi numa dessas situações que acabei conhecendo o Henfil pessoalmente. Num programa da TV Cultura, conduzido por Júlio Lerner (1939-2007). Apresentei o assunto mostrando sua importância, o valor científico e a seriedade que a abordagem exigia. Ele concordou totalmente, mas acrescentou que eu não me esquecesse de pôr humor nessa didática. A educação sexual tinha de ser divertida, também. É isso mesmo. Ele nunca deixou de pôr humor na vida, mesmo nos momentos mais tenebrosos do país, na ditadura militar, ou nos graves problemas de saúde que tinha de enfrentar. Participam do documentário “Henfil” gente que viveu e trabalhou ao seu lado, como os já citados Ziraldo, Jaguar, Sérgio Cabral pai, Tárik de Souza e ainda Lucas Mendes, amigos e familiares. Imagens do Henfil em entrevistas, em lançamento de livros, em filmagens familiares ou de viagens compõem um painel abrangente do grande talento que ele foi. E como ele faz falta até hoje! Ver o filme “Henfil” é recuperar a história desse grande artista brasileiro, de sua luta política valendo-se do humor corrosivo e do desafio que foi e continua sendo a luta contra a Aids.
SBT lança campanha com slogans e músicas da ditadura militar
Nesta terça (6/11), dia em que o Congresso Nacional realizou sessão solene em homenagem aos 30 anos da Constituição da República, a rede SBT começou a exibir uma série de peças publicitárias exaltando o Brasil com slogans e músicas associadas à ditadura militar. Nos anúncios, a emissora mostra as cores da bandeira nacional e pontos turísticos do país, acompanhados por diferentes hinos. Até o hino da Marinha é utilizado. E ao final, surgem frases que marcaram época, no pior sentido. Em um dos anúncios, o locutor exalta “Brasil: ame-o ou deixe-o”, ao som do Hino Nacional. A frase foi um dos maiores slogans da ditadura militar (1964-1985) e atacava quem se opunha ao regime. Ela foi criada durante governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), quando houve recrudescimento da repressão no país, resultando em 98 assassinatos de dissidentes políticos – segundo relatório da Comissão Nacional da Verdade. Também fazem parte da campanha comerciais com a música “Eu Te Amo, Meu Brasil”, composta pela dupla Dom & Ravel e considerada trilha sonora da ditadura, e com a marchinha “Pra frente Brasil”, composta por Miguel Gustavo como tema da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970. Outras trilhas incluem “Cisne Branco”, hino da Marilha, o Hino da Independência e o Hino à Bandeira, que é tocado pela banda militar das Forças Armadas durante a cerimônia de troca da Bandeira na Praça dos Três Poderes. Procurado pelo UOL, o SBT confirmou a autoria das peças publicitárias, “mas não vai se pronunciar por questões estratégicas”. As campanhas com slogans e músicas da ditadura coincidem com a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República e, de acordo com o colunista Flávio Ricco, fazem parte de uma estratégia de aproximação do canal ao novo presidente. Ainda segundo o colunista do UOL, Silvio Santos, dono do SBT, estaria disposto até a retomar o programa “Semana do Presidente”, boletim custeado pelo governo exibido durante mais de 20 anos. O apresentador nunca escondeu seu apreço ao general João Figueiredo, que entregou-lhe a concessão do canal lançado em 19 de agosto de 1981. Ironicamente, o SBT foi a primeira emissora a produzir uma novela ambientada na ditadura militar, incluindo cenas de tortura e repressão a opositores: “Amor e Revolução” (2011). A inciativa da campanha foi execrada por políticos e partidos de esquerda nas redes sociais. Manuela D’Ávila, candidata a vice-presidente na chapa de derrotada de Fernando Haddad, escreveu no Twitter: “‘Eu te amo, meu Brasil, eu te amo, meu coração é’ e ‘Brasil: ame-o ou deixe-o’ são propagandas da ditadura militar. Nós amamos o Brasil. O de todas as cores, credos e opiniões políticas. Enaltecer a ditadura não é amar ao Brasil, mas repugnar a democracia e as conquistas da Constituição de 88. ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’ não é sobre amor e patriotismo. É sobre a violência do exílio e do desterro. Tirem o cavalinho da chuva: vamos ficar, lutar e defender a democracia. Por amor ao Brasil”. O PSOL chamou os anúncios de “vergonha” e citou um dos programas mais famosos de Silvio em seu repúdio: “SBT e Silvio Santos escolhem as verbas publicitárias ao invés da dignidade democrática. Uma vergonha a utilização do slogan ‘Brasil, ame-o ou deixe-o’, símbolo da ditadura militar. Topa tudo por dinheiro?”.
Uma Noite de 12 Anos relembra a repressão das ditaduras militares na América Latina
Nos anos 1960 e 1970, pipocaram ditaduras militares por toda a América Latina. Contavam com apoio civil relevante, internamente, e apoio decisivo internacional, em especial dos governos dos Estados Unidos, que atuavam como financiadores e capacitadores das ações de repressão. O que se viu no Brasil por longos 21 anos aconteceu no mesmo período, ainda que por menos tempo, na Argentina, no Chile e no Uruguai. Os níveis de violência, tortura e morte dos opositores variam bastante, mas os métodos se assemelham. Vivia-se o mesmo período de trevas e supressão da democracia, em todos os lugares. Assim como havia o terrorismo de Estado, também se desenvolveu a luta armada de resistência. O padrão de resposta à opressão também variou muito, mas com elementos comuns. No caso uruguaio, foram de 12 para 13 anos de ditadura, de 1972 a 1985, e a resistência armada foi protagonizada por um forte e ousado grupo de guerrilheiros urbanos, do movimento de libertação nacional conhecido como Os Tupamaros. O filme “Uma Noite de 12 Anos” trata da prisão e sequestro de três membros dos Tupamaros, que estiveram nas mãos dos militares nesse período. A saber: José Mujica, o Pepe (Antonio de la Torre, de “Os Amantes Passageiros”), que acabaria sendo eleito presidente do Uruguai em 2010, Eleuterio Fernandez Huidoro (Alfonso Tort, de “O Silêncio do Céu”), que depois foi senador e ministro, e o jornalista e escritor Maurício Rosencof (Chino Darín, também de “O Silêncio do Céu”). A prisão que eles amargaram por esses 12 anos é algo absolutamente inominável, como mostra o filme do diretor uruguaio, que vive na Espanha, Álvaro Brechner (“Sr. Kaplan”). A opressão é absoluta, desmedida. As condições de encarceramento em isolamento, desumanas e degradantes, sem nenhum respeito aos direitos humanos. Numa situação tal que é um milagre conseguir sobreviver sem enlouquecer. O filme mostra claramente esse dia a dia abominável, em que a tortura psicológica atua e complementa a tortura física, nas condições mais humilhantes que o ser humano pode conceber. Também mostra os poucos respiros que surgem na convivência humana, mesmo nessas condições. Inclui imagens de memória, sonho ou imaginação, que aliviam a carga dramática. Mas faz um retrato da desumanidade que é assustador. Como foi possível que todo aquele sofrimento pudesse gerar uma figura tão cativante quanto o presidente Pepe Mujica? É absolutamente incrível! Assistir a “Uma Noite de 12 Anos” é politicamente recomendável para entendermos a que ponto pode chegar o autoritarismo de um regime de força. Ainda que o filme seja sofrido e pesado – e não tenha uma intenção de exploração histórica do período, com referências ao que estava acontecendo tão perto, como o regime de terror de Pinochet no Chile, por exemplo. A entrega dos atores às filmagens das condições do cárcere ilegal compõe um retrato realista, que acaba tornando tudo muito claro e didático. Por se tratar de uma situação extrema, a que nenhum ser humano pode ser submetido – mas que continua acontecendo pelo mundo, em meio às guerras e perseguições de toda ordem – , resta-nos lutar pela preservação da democracia, para que, ao menos, possamos usufruir de um convívio civilizado que respeite a vida, a integridade e a dignidade das pessoas.
A melhor estreia da semana é um drama brasileiro com 93% de aprovação no Rotten Tomatoes
As melhores estreias desta quinta (23/8) são produções brasileiras, mas a maioria dos cinemas só oferecerá opção de filmes americanos, que tem a maior distribuição. Quem tiver oportunidade, porém, deve dar atenção a “Benzinho”. O filme de Gustavo Pizzi, co-escrito e estrelado por Karine Teles, repete a qualidade da parceria anterior do casal, o drama “Riscado” (2010). Levou oito anos para voltarem ao cinema. Mas a espera compensou, pois se trata de um dos melhores filmes de 2018. O fato de dramatizar o cotidiano familiar, com situações aparentemente banais, pode soar pouco atraente para o grande público. No entanto, nas mãos de Pizzi e Karine, “Benzinho” alcança profundidade poética e transforma a crise de uma mãe sufocada pela família em algo tocante. Exibido no Festival de Sundance 2018, nos Estados Unidos, o longa arrebatou a imprensa internacional, que empilhou elogios e lhe rendeu 93% de aprovação na média da avaliação do site Rotten Tomatoes. Vale tentar também encontrar os documentários, dois brasileiros e um estrangeiro filmado no Brasil, escondidos em circuito semi-invisível. Especialista em documentários sobre música brasileira, o francês Georges Gachot passa a carreira de João Gilberto à limpo em “Onde Está Você, João Gilberto?”, enquanto embarca numa missão impossível, achar o músico que não sai de casa há anos. Igualmente lúdico, “Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava”, de Fernanda Pessoa, propõe contar a história da ditadura por meio de cenas dos filmes da época, especialmente pornochanchadas. O resultado, um show de montagem, é hilário e bastante instrutivo. Por fim, “Missão 115”, de Silvio Da-Rin, traz às claras os planos das forças de repressão para impedir a redemocratização do Brasil, por meio do infame atentado ao Rio Centro em 1981, cuja bomba acabou explodindo antes, matando as pretensões sanguinárias da direita militar. Todos esses quatro são recomendadíssimos. E todos os demais não. Entretanto, os filmes ruins têm mais destaque no circuito. Justamente o pior lançamento chegará em mais cinemas, quase 500. Mesmo sendo um horror, literalmente. “Slender Man” evita a atual fase criativa do terror americano ao optar por sustos batidos. O chamariz é o monstro virtual do título, criado na internet, que virou lenda urbana ao inspirar surtos de violência entre adolescentes. A história real que envolveu a criatura dá um pau na ficção barata levada às telas, que, com 9% de aprovação, é um dos filmes mais mal-avaliados do ano no site Rotten Tomatoes. As comédias americanas que preenchem o circuito dos shoppings seguem a toada. “Meu Ex É um Espião” é uma correria de mulheres bobinhas que, sem querer, acabam se envolvendo num caso de espionagem internacional, porque uma delas (Mila Kunis) namorou um espião. E “Te Peguei!” é uma correria de homens bobões que, já quarentões, ainda brincam de pega-pega. As duas histórias medíocres são variações de muitas outras – e, por coincidência, existe até um filme que junta ambas: “Gotcha!: Uma Arma do Barulho” (1985). Os dois dramas europeus também não compensam o espaço recebido em circuito limitado. “Escobar – A Traição” é praticamente um déjà vu ao contar a versão espanhola da trama melhor abordada na série “Narcos” – com Javier Bardem no papel de Pablo Escobar e Penélope Cruz como sua amante, ambos indicados ao Goya (o Oscar espanhol). Por fim, em “Gauguin – Viagem ao Taiti”, quem desperdiça talento é Vincent Cassel, competindo pela atenção do diretor Edouard Deluc, no papel-título, com a paisagem tropical – também no título. Confira abaixo sinopses e trailers dos filmes mencionados, com risco de acreditar no marketing e tropeçar no escuro dos cinemas. Slender Man – Pesadelo Sem Rosto | EUA | Terror As amigas Wren, Hallie, Chloe e Katie levam uma vida entediante no colégio. Quando ouvem falar num monstro chamado Slender Man, decidem invocá-lo através de um vídeo na Internet. A brincadeira se transforma num perigo real quando todas começam a ter pesadelos e visões do homem se rosto, com vários braços, capaz de fazer as suas vítimas alucinarem. Um dia, Katie desaparece. Como a polícia não dispõe de nenhuma prova para a investigação, cabe às três amigas fazerem a sua própria busca, enfrentando a criatura. Meu Ex É Espião | EUA | Comédia Duas melhores amigas embarcam numa atrapalhada aventura de espionagem pela Europa depois que o ex-namorado de uma delas revela-se um agente secreto caçado internacionalmente por assassinos. Te Peguei! | EUA | Comédia Um pequeno grupo de ex-colegas de classe organizam um elaborado jogo anual insano de pega-pega. Neste ano, no casamento do jogador mais invencível da trupe, eles farão de tudo para derrubá-lo. Benzinho | Brasil | Drama O filho mais velho de uma família de classe média é convidado para jogar handebol na Alemanha e lança sua mãe (Karine Teles) em uma espiral de sentimentos pois, além de ajudar a problemática irmã (Adriana Esteves), lidar com as instabilidades do marido (Otávio Müller) e se desdobrar para dar atenção ao seus outros filhos, ela terá de enfrentar sua partida antes de estar preparada. Escobar – A Traição | Espanha | Drama 1981, Colômbia. Líder do Cartel de Medellín, Pablo Escobar (Javier Bardem) é um dos maiores traficantes de cocaína para os Estados Unidos, o que faz com que governo de Ronald Reagan insista na criação de um tratado entre os dois países que permita que ele seja julgado em solo americano. Decidido a combater tal ideia, Escobar se candidata e é eleito deputado federal. Paralelamente, ele se envolve com Virginia Vallejo (Penélope Cruz), uma popular apresentadora de TV que não se importa em como o amante consegue sua fortuna, apenas em como o dinheiro é empregado. Gauguin – Viagem ao Taiti | França | Drama No ano de 1891, o célebre pintor francês Gauguin se exila no Taiti. Lá, ele espera reencontrar sua pintura livre, selvagem, longe dos códigos morais, políticos e estéticos da Europa civilizada. Mas, no local, acaba se afundando na selva, enfrentando a solidão, pobreza e a doença. Mas também conhece Tehura, que se tornará sua esposa e tema das suas telas mais importantes. Onde Está Você, João Gilberto? | Alemanha, França, Suiça | Documentário Inspirado no livro “HO-BA-LA-LÁ – À Procura de João Gilberto”, do escritor alemão Marc Fischer, Georges Gachot resolve realizar o sonho do autor, e o seu também, e desembarca no Rio de Janeiro em busca de João Gilberto. Seguindo os passos de Fischer, ele não mede esforços e entra em contato com diversos amigos e parceiros do músico em sua jornada. Histórias que Nosso Cinema (Não) Contava | Brasil | Documentário O longa realiza uma releitura histórica da ditadura militar no Brasil, a partir apenas de imagens oriundas de 27 filmes produzidos no período e que foram considerados “pornochanchadas”, o gênero mais visto e mais produzido durante a década de 1970. Missão 115 | Brasil | Documentário Missão 115 foi o nome atribuído pelo DOI-CODI, órgão de repressão do exército durante a ditadura militar, a uma suposta operação de “vigilância” no Rio de Janeiro, durante um show no Riocentro. Na verdade, tratava-se de um atentado à bomba, organizado pelas forças no poder, que visava incriminar organizações de esquerda e sabotar a redemocratização do país. Mas a bomba explodiu antes da hora.
O Paciente: Trailer emocionante recria a tragédia da morte de Tancredo Neves, que parou o Brasil em 1985
A Paris e a Globo Filmes divulgaram fotos, o pôster e o primeiro trailer de “O Paciente – O Caso Tancredo Neves”. O título horrível, mais adequado a um documentário televisivo, tese de graduação acadêmica ou pesquisa literária, esconde uma prévia emocionante, com doses equilibradas de tensão, dramaticidade e perspectiva histórica. O mais impressionante na prévia é enxergar o grande intérprete Othon Bastos (“O Último Cine Drive-In”) e ver Tancredo Neves. E ele não é o único ator a conseguir este efeito no vídeo. Emilio Dantas (“Motorad”) também some em cena para dar lugar a Antonio Britto, o secretário de imprensa e assessor de Tancredo, que informava diariamente a condição do paciente. Mas o grande papel é mesmo do veterano do cinema brasileiro, que já era destaque desde o clássico “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), e retorna em grande estilo após muitas novelas, num trabalho digno da grandeza de sua filmografia. No filme, Othon Bastos vive o primeiro presidente civil do Brasil após a ditadura, responsável direto pela redemocratização do país, que uniu de Lula a Fernando Henrique Cardoso no mesmo palanque, mas morreu em abril de 1985, antes de assumir o cargo, deixando o país na mão de seu vice, José Sarney – o primeiro de uma longa tradição de vices transformados em presidentes do Brasil nos últimos anos. Acometido de uma doença súbita, Tancredo definhou até morrer após sua eleição. Muitas teorias de conspiração e acusações de erros médicos alimentaram os bastidores de sua morte, que foi tratada como tragédia nacional e parou o Brasil, gerando comoção entre todos os brasileiros. Simbólico, Tancredo representou, com sua eleição, o fim de um dos períodos mais sinistros da nação, mas com sua morte assinalou também o desencanto, o fim da esperança de que tudo pudesse mudar, alçando à presidência um político aliado dos antigos ditadores e que viria a perpetuar no poder o mesmo grupo, denominado de “centrão”, que resiste até a ser lavado à jato. O elenco que recria este capítulo triste da História do Brasil também inclui Esther Goes (novela “Bela, a Feia”), que, como Dona Rizoleta, a viúva de Tancredo, é responsável por dar a dimensão dramática da prévia, além de Paulo Betti (“Chatô: O Rei do Brasil”), Otavio Muller (“O Gorila”), Leonardo Medeiros (“Polícia Federal: A Lei é para Todos”) e Luciana Braga (novela “Vidas em Jogo”). O roteiro foi escrito por Gustavo Lipsztein (“Polícia Federal: A Lei É para Todos”), baseando-se no livro homônimo do pesquisador e historiador Luis Mir, que teve acesso a documentos do Hospital de Base de Brasília e do Instituto do Coração, em São Paulo, onde Tancredo Neves morreu, e que concluiu que um erro de diagnóstico de apendicite aguda levou a equipe médica a realizar, desnecessariamente, uma cirurgia de emergência que impediu o presidente eleito de tomar posse e, basicamente, agravou sua saúde até o óbito, por falência múltipla de órgãos. A direção é do veterano cineasta Sérgio Rezende (de “Guerra de Canudos”, “Zuzu Angel” e “Salve Geral”) e a estreia está marcada para o dia 13 de dezembro.
Documentário sobre Henfil vence o Festival Cine PE 2018
O documentário “Henfil”, sobre o cartunista, jornalista e escritor mineiro que marcou os anos 1970 com a criação do Fradim, venceu duplamente o festival Cine PE 2018, escolhido pelo júri oficial e pelo público como o Melhor Filme em longa-metragem da programação do evento, encerrado na noite de terça (5/6). O filme também rendeu troféus de direção e roteiro, ambos de Angela Zoé (“Meu Nome é Jacque”), que resgatou a intimidade de Henfil, morto em 1988, ao ser contaminado com HIV numa transfusão de sangue. A cineasta teve acesso à filmagens em Super 8 do acervo pessoal do célebre cartunista e resgatou seus desenhos críticos ao regime militar, nas charges publicadas no semanário “O Pasquim” em plena ditadura. Mas foi “Os Príncipes”, de Luiz Rosemberg Filho (“Guerra do Paraguay”), que conquistou o maior número de prêmios, recebendo seis Calungas de Prata, o troféu do Cine PE, incluindo os de Melhor Atriz, Ator e Ator Coadjuvante, respectivamente para Patrícia Niedermeier, Igor Cotrim e Tonico Pereira. O falso documentário “Vidas Cinzas”, de Leonardo Martinelli, ganhou o prêmio de melhor curta nacional no Cine PE. Já a mostra competitiva de curtas Pernambucanos premiou “Uma Balada para Rocky Lane”, dirigido por Djalma Galindo. O documentário “Marias”, de Yasmin Dias, e as animações “Insone”, de Débora Pinto e Breno Guerreiro, e “Plantae”, de Guilherme Gehr, receberam Menção Honrosa do júri do festival. Confira abaixo a lista completa de premiados. Vencedores do festival Cine PE 2018 MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS-METRAGENS Melhor Filme – “Henfil” Melhor Direção – Angela Zoé (“Henfil”) Melhor Roteiro – Angela Zoé e Gabriela Javier (“Henfil”) Melhor Fotografia – Alisson Prodlik (“Os Príncipes”) Melhor Montagem – João Rodrigues e Indira Rodrigues (“Henfil”) Melhor edição de som – Marcito Vianna (“Os Príncipes”) Melhor Trilha Sonora – Gustavo Jobim (“Os Príncipes”) Melhor Direção de Arte – Letycia Rossi (“Dias Vazios”) Melhor Ator Coadjuvante – Tonico Pereira (“Os Príncipes”) Melhor Atriz Coadjuvante – Carla Ribas (“Dias Vazios”) Melhor Ator – Igor Cotrim (“Os Príncipes”) e Arthur Ávila (“Dias Vazios”) Melhor Atriz – Patrícia Niedermeier (“Os Príncipes”) MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS NACIONAIS Melhor Filme – “Vidas Cinzas” Melhor Direção – Klaus Hastenreiter (“Não Falo com Estranhos”) Melhor Roteiro – Rubens Passaro (“Universo Preto Paralelo”) Melhor Fotografia – Ivanildo Machado (“Sob o Delírio de Agosto) Melhor Montagem – Pedro de Aquino (“Vidas Cinzas”) Melhor Edição de Som – Rafael Vieira (“Abismo”) Melhor Trilha Sonora – Alexsandra Stréliski e Ludovico Einaudi (“Plantae”) Melhor Direção de Arte – Rachel Oleksy (“Teodora Quer Dançar”) Melhor Ator – Jurandir de Oliveira (“Abismo”) Melhor Atriz – Mariana Badan (“Teodora quer Dançar”) Menções Honrosas – “Marias”, “Plantae” e “Insone” MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS PERNAMBUCANOS Melhor Filme – “Uma Balada para Rocky Lane” Melhor Direção – Diego Melo (“Seja Feliz”) Melhor Roteiro – Fabio Ock (“Seja Feliz”) Melhor Fotografia – Henrique Spencer (“Frequências”) Melhor Montagem – Marcos Buccini (“O Consertador de Coisa Miúdas”) Melhor Edição de Som – Adalberto Oliveira (“Frequências”) Melhor Trilha Sonora – Neilton Carvalho (“O Consertador de Coisas Miúdas”) Melhor Direção de Arte – Lia Letícia (“Frequências”) Melhor Ator – Heraldo Carvalho (“Edney”) Melhor Atriz – Roberta Mharciana (“Cara de Rato”) PRÊMIO DA CRÍTICA Melhor Longa-Metragem – “Christabel” Melhor Curta Nacional – “Abismo” Melhor Curta Pernambuco – “Seja Feliz” PRÊMIO CANAL BRASIL Melhor Curta: “Universo Preto Paralelo” (SP)
Soldados do Araguaia é obrigatório para saudosistas da ditadura militar
A historiografia brasileira tem muitos esqueletos no armário. Aspectos importantes são deixados de lado, relegados ao esquecimento, como se nunca tivessem existido. O diretor Belisário Franca já havia mexido numa ferida antiga, no documentário “Menino 23”, acompanhando a investigação do historiador Sidney Aguiar, que descobriu tijolos confeccionados com suásticas nazistas, numa fazenda no interior de São Paulo. E acabou revelando a escravização de crianças nos anos 1920 e 1930, promovida por empresários de pensamento eugenista. O vínculo entre elites brasileiras e crenças nazistas se revela por inteiro, no depoimento de uma vítima sobrevivente: menino 23, já que eles tinham que abdicar de seus próprios nomes. Belo documentário. Agora, o cineasta volta à carga com “Soldados do Araguaia”, remexendo na proscrita guerrilha do Araguaia, que aconteceu entre 1967 e 1975, na selva amazônica. Foi um movimento de resistência armada à ditadura militar no campo, visando a atingir comunidades ribeirinhas e rurais na organização da resistência. Acabou sendo dizimada por forças do exército, que recrutavam soldados da própria região, que se apresentavam para o serviço militar e eram treinados para enfrentar a guerra, desconhecendo por completo suas reais motivações. O tal treinamento, revela-se no filme, era de uma crueldade incrível para aqueles recrutas, que sofriam verdadeira tortura física e psicológica, para aprenderem a endurecer com os “subversivos” comunistas, que seriam capturados e barbaramente torturados, mortos, jogados ao mar de helicópteros e todo tipo de excessos. Não havia lei nem nenhum tipo de garantia constitucional ou dos direitos humanos. Tudo podia, na ditadura militar que vigorou por 21 anos no Brasil, especialmente contra a resistência armada, no campo ou na cidade. A partir de um trabalho de apoio aos ex-soldados do Araguaia, que vivem traumas permanentes, relacionam-se com fantasmas e culpas por toda a vida, o documentário “Soldados do Araguaia” resolve ouvi-los, contar suas agruras, suas impressões, suas memórias, os medos que persistem, a opressão que ficou dentro deles, como agentes e vítimas de uma violência inaudita. O que se ouve e se vê é estarrecedor. Quem ainda hoje pensa em restaurar dias como aqueles só pode ser um louco desumano ou um completo desinformado sobre aquele período. Daí a importância de um filme como esse, para que não desejemos repetir atrocidades como aquelas. Quando se quer apagar da história os eventos que não interessa recordar, que comprometem pessoas e instituições de poder, o que nos resta é um limbo perigoso, que pode nos levar a reviver barbaridades, desumanidades, que não se justificam em nome de nenhuma ideia política, seja à direita, seja à esquerda. Combater a opressão ao ser humano se sobrepõe a todas as ideologias ou sistemas de poder. Para que isso seja possível, encarar a verdade dos fatos é essencial. O documentário é um meio, um dos caminhos de concretizar isso e alcançar o público. O problema é a distribuição e exibição dos filmes, que acaba relegando-os a poucos e raros espaços, por pouquíssimo tempo. Os serviços de TV paga, streaming e a disponibilização na Internet podem ajudar. Pode ser incômodo, mas é importante saber dessas coisas.
Documentário resgata coragem e importância histórica de Dom Paulo Evaristo Arns
Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016) é uma figura tão importante na história recente do Brasil que vai muito além da sua atuação propriamente religiosa. Sua narrativa de vida é tão densa e marcante que é muito difícil abordá-la em sua amplitude. O documentário do jornalista Ricardo Carvalho reconhece isso já no título complementar do filme “Coragem! – As Muitas Vidas do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns” e se debruça, didaticamente até, nas várias dimensões da atuação dele. A dedicação de Dom Paulo à causa dos mais pobres, à luta pelo respeito e dignidade da pessoa humana, ao exercício pleno da cidadania para todos, à democracia e aos direitos humanos, passou por testes terríveis, já que ele foi cardeal de São Paulo no período negro da ditadura militar e prosseguiu já na redemocratização do país, de 1970 a 1998. Mas ele atuou bravamente para denunciar a opressão do período, as torturas, a perseguição política e produziu gestos históricos, como o do evento ecumênico na catedral de São Paulo para marcar a morte de Vladimir Herzog, que supostamente teria se suicidado na prisão. Na verdade, morto sob tortura. Ao lado do rabino Henri Sobel e do reverendo evangélico Jayme Wright, oficiou o evento religioso que reuniu 8 mil pessoas na catedral e praça da Sé, num dos momentos mais tensos da ditadura. Ele visitou presos políticos, acolheu perseguidos e fez ouvir sua voz por todos os cantos. Chegou a ser recebido por Emílio Garrastazu Médici, para apresentar sua demanda ao mais duro militar que exerceu o poder no Brasil. O filme mostra, também, que ele manteve correspondência com Fidel Castro, então execrado pelo regime, que proibia até visitas turísticas a Cuba. Enfim, não por acaso, o título do documentário é “Coragem!”, com exclamação. Essa talvez seja, mesmo, a característica mais forte de Dom Paulo: a coragem, aliada a um humanismo militante, que fizeram dele uma das maiores referências brasileiras do século 20. O jovem, que nasceu em Forquilha, Santa Catarina, veio de uma família pobre, com 13 filhos, e se tornaria sacerdote em 1945. Estava pronto para encarar o desafio de sua existência, ao assumir a condição de cardeal de São Paulo, em 1970, um ano de escalada da repressão, que se agudizava desde a edição do AI-5, em 1968. Que só teve como atenuante a vitória do Brasil na Copa do Mundo do México. E que teve em Dom Paulo um dos respiros democráticos mais fortes e representativos. Da dimensão de um Dom Helder Câmara, que o inspirou. O filme “Coragem!” dá conta de revelar essa trajetória espantosa de Dom Paulo em anos de trabalho de Ricardo Carvalho, que foi próximo do cardeal e cobriu esses eventos do período, reunindo muito material. Além disso, contou com imagens de arquivo cedidas por órgãos da mídia e com a preciosa colaboração do arquivo pessoal do clérigo, organizado e disponibilizado por Maria Angélica Borsoi, secretária do religioso por 40 anos, além da família de Dom Paulo. “Coragem!” é um trabalho que merece ser conhecido e divulgado. Indispensável para os mais jovens que, talvez, desconheçam o enorme legado de Dom Paulo Evaristo Arns ao Brasil e à democracia, tão duramente reconquistada, e em que a atuação dele foi absolutamente central. Só para lembrar mais algumas coisas que fazem parte dessas muitas vidas de Dom Paulo: as comunidades eclesiais de base, que ele impulsionou e apoiou; a criação da Comissão de Justiça e Paz, em 1972, que denunciava abusos cometidos no período e o impressionante projeto Brasil Nunca Mais, que reuniu uma equipe de 30 pessoas em seis anos de trabalho clandestino, resultou num livro que denunciou ao mundo o que ocorria no Brasil e é uma referência essencial para o registro do que, infelizmente, vivemos. Que essas coisas realmente nunca mais aconteçam. Ainda bem que, nesse período de trevas, existiu uma pessoa como Dom Paulo Evaristo Arns. O filme “Coragem!”, que está agora em cartaz nos cinemas, será exibido posteriormente na TV. Provavelmente, na Globo News TV, já que ela é uma das coprodutoras da obra.
Seu Jorge será o guerrilheiro Marighella no primeiro filme dirigido por Wagner Moura
O filme que marcará a estreia na direção do ator Wagner Moura (série “Narcos”) será estrelado por Seu Jorge (“E Aí… Comeu?”). O cantor e ator encarnará Carlos Marighella na produção, que acompanhará a trajetória do guerrilheiro baiano na luta armada contra a ditadura militar, entre 1964 e 1969, quando foi morto por policiais numa emboscada em São Paulo. O rapper Mano Brown chegou a ser cotado para o papel, mas a agenda de shows da banda Racionais MC’s acabou entrando em conflito com o cronograma das filmagens. Seria a estreia do rapper como ator, após compor a trilha de um documentário sobre Marighella, realizado em 2012 pela sobrinha do guerrilheiro, Isa Grinspum Ferraz. Wagner Moura já tinha trabalhado anteriormente com Seu Jorge, quando ambos contracenaram em “Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro” (2010). O elenco do filme, intitulado “Marighella”, destaca ainda Adriana Esteves (“Mundo Cão”) e Bruno Gagliasso (“Isolados”), entre outros. A produção foi autorizada a captar R$ 10 milhões via leis de incentivo, apurou 60% do valor até o momento, mas já começa a ser rodada neste fim de semana, adaptando o livro “Marighella: O Guerrilheiro Que Incendiou O Mundo”, do jornalista Mário Magalhães. Em entrevista ao jornal O Globo, Moura citou Che Guevara, falou de golpe e disse que seu filme tomará partido da esquerda brasileira. “Meu filme não será imparcial, será um filme sobre quem está resistindo”, resumiu.
Jorge Furtado vai filmar a peça censurada Rasga Coração, de Vianinha
O diretor Jorge Furtado (“Real Beleza”) vai filmar o texto da peça “Rasga Coração”, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (criador de “A Grande Família”), centrada em política e no conflito de gerações. A peça foi proibida de ser encenada em 1974 e ficou cinco anos censurada pela ditadura militar. “Rasga Coração” foi o último texto teatral de Vianinha, integrante do Teatro de Arena de São Paulo, que logo após terminar o texto morreu de câncer pulmonar, aos 38 anos de idade. O texto chegou a circular clandestinamente em cópias mimeografadas, mas o grande público só foi conhecer seu conteúdo durante o processo de abertura democrática, com a primeira encenação no Rio de Janeiro em 1979, trazendo Raul Cortez no papel principal e Lucélia Santos, Ary Fontoura e Vera Holtz no elenco. A versão de cinema deve manter os temas, mas provavelmente atualizará a história para os dias atuais, uma vez que o recorte da história propicia a mudança – e a luta contra o Estado Novo pode confundir a cabeça de uma esquerda que “mudou de ideia” sobre Getúlio Vargas. Além disso, é impossível ignorar que Furtado gravou vídeos para o PT em defesa contra a perseguição “política” de Lula. Na trama, um militante político, depois de 40 anos de lutas, vê o filho acusá-lo de conservadorismo. Sem dinheiro para pagar as contas, sofrendo com as dores de uma artrite crônica e num crescente conflito com o filho, ele reflete sobre seu passado e se vê repetindo as mesmas atitudes de seu pai. Intercalando fragmentos de vários momentos da vida do protagonista, a história atravessa 40 anos da vida política brasileira. O roteiro é assinado pelo diretor ao lado de Ana Luiza Azevedo (criadora da série “Doce de Mãe”) e Vicente Moreno (“A Última Estrada da Praia”). O elenco destaca Marco Ricca (“Chatô: O Rei do Brasil”) e Chay Suede (“A Frente Fria que a Chuva Traz”) como o pai e o filho do conflito central, além de Luisa Arraes, Drica Moraes, George Sauma, João Pedro Zappa, Duda Meneghetti, Kiko Mascarenhas, Fabio Enriquez, Nelson Diniz, Anderson Vieira e Cinândrea Guterres. A Casa de Cinema de Porto Alegre é responsável pela produção do longa, que será filmado até o começo de dezembro na capital gaúcha, com previsão de lançamento para setembro de 2018.











