Operação Lava-Jato investiga financiamento do filme Lula, o Filho do Brasil
A Operação Lava-Jato chegou ao cinema. E desta vez não se trata de uma trama de ficção, mas de um alvo real: o filme “Lula, o Filho do Brasil”, financiado pelas empreiteiras envolvidas no maior esquema de corrupção da história do Brasil. Já foram chamados para prestar depoimento o empreiteiro Marcelo Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci (da Casa Civil e Fazenda, durante os governos de Lula e Dilma Rousseff). A cinebiografia dirigida por Fábio Barreto estreou em 1º de janeiro de 2010 e custou cerca de R$ 12 milhões, o maior orçamento do cinema brasileiro até então, financiados pela Odebrecht, OAS e Camargo Corrêa. O filme conta a história de Lula como uma jornada de herói, desde a infância dramática no sertão de Pernambuco, sua chegada a São Paulo no pau de arara, as dificuldades que enfrentou ao lado da família, o trabalho na indústria metalúrgica que lhe custou um dedo, as históricas campanhas grevistas dos anos 1970 que marcaram o ABC paulista e a ascensão ao topo do sindicato que impulsionou sua trajetória política. Em seu depoimento, Palocci teria permanecido em silêncio. Mas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Marcelo Odebrecht, que firmou acordo de delação com a Lava-Jato, falou com a Polícia Federal sobre os e-mails extraídos do seu computador e ligados ao financiamento da cinebiografia. As mensagens resgatadas foram trocadas por executivos da empreiteira entre 7 de julho de 2008 e 12 de novembro daquele ano. Uma delas diz: “5) O italiano me perguntou sobre como anda nosso apoio ao filme de Lula, comentei nossa opinião (com a qual concorda) e disse que AA tinha acertado a mesma com o seminarista, mas adiantei que se tivermos nos comprometido com algo, seria sem aparecer o nosso nome. Parece que ele vai coordenar/apoiar a captação de recursos”, escreveu o empreiteiro. “Italiano” e “Seminarista”, de acordo com os investigadores, seriam referências a Palocci e Gilberto Carvalho, ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência no governo de Dilma. À Polícia Federal, Marcelo Odebrecht afirmou ainda que “acredita que doação para filme fazia parte da agenda mais geral da Odebrecht com PT/Lula, ou, por exemplo, de uma ‘conta corrente geral/relacionamento’ que Emílio [Odebrecht, pai de Marcelo e dono da empresa] poderia manter com Lula”, ainda de acordo com a reportagem do Estadão. Não é a primeira vez que a produtora do filme de Lula aparece nas investigações da Lava-Jato. Em 2015, os jornais Folha de S. Paulo e O Globo revelaram que um contrato entre a JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-Ministro José Dirceu (do governo Lula), e a Filmes do Equador, produtora de Luiz Carlos Barreto (responsável por “Lula, o Filho do Brasil”), estava sendo investigado, após a descoberta de depósitos de Dirceu para a empresa de Barreto, entre dezembro de 2009 e setembro de 2010. Na ocasião, Barreto disse à Folha que os pagamentos se referiam a um projeto de pesquisa para a elaboração dos roteiros de uma minissérie de 13 capítulos e de um longa-metragem ficcional sobre as lutas do movimento estudantil durante a ditadura militar. “Eu propus e houve interesse. Eu disse que não tinha capital de giro na época e o Dirceu se prontificou a financiar o desenvolvimento do projeto”, afirmou o cineasta. Vale lembrar que Dirceu dizia não ter dinheiro para pagar sua defesa no caso do Petrolão e chegou a contar com a ajuda de uma “vaquinha” de diversos artistas e amigos de sua causa. Cerca de 4 mil apoiadores doaram quase R$ 1 milhão para o ex-ministro, o que equivale a metade do que ele teria recebido em propina para viabilizar a contratação da empresa Apolo Tubulars pela Petrobras, sua segunda condenação na Lava-Jato. A defesa de Lula informou que não comentaria a nova investigação.
Polícia Federal – A Lei É Para Todos mira a corrupção, mas reflete radicalização
Mais que a corrupção desregrada, o que o filme “Polícia Federal – A Lei É Para Todos” configura é a radicalização que tomou conta do país desde as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff. Uma separação entre grupos opostos tão irracional quanto torcidas de futebol. E ela se manifesta no filme por meio de discussões e principalmente na cena que registra Lula no Aeroporto de Congonhas, depois de ter sido levado coercitivamente para depor. O filme mostra dois times muito bem delineados: os que achavam aquilo um absurdo e estavam ali para protestar a favor do ex-Presidente, vestidos de vermelho e com o apoio da CUT, e aqueles que tinham escrito “Somos todos Moro” em suas bandeiras e se vestiam de verde e amarelo, comemorando aquele momento, pois, embora não representasse a prisão de Lula, significava um passo importante para isso, após panelarem até derrubar uma Presidente eleita. Logo, foi um dia de festa para muitos brasileiros. “Polícia Federal – A Lei É Para Todos” é desses filmes que merecem ser vistos nem que seja por curiosidade mórbida, seja por quem acompanha o cinema brasileiro e quer pensar o filme dentro do cenário do gênero policial contemporâneo, seja por quem está interessado em ver como foi o recorte e de que maneira o diretor Marcelo Antunez (“Até que a Sorte nos Separe 3″) e seus roteiristas (Gustavo Lipsztein e Thomas Stavros, ambos da série de “1 Contra Todos”) resolveram contar a história da Operação Lava-Jato desde sua origem até o ano passado. E por mais que a primeira metade do filme funcione bem como thriller policial, apesar de diálogos bem ruins, o aspecto político é muito frágil, no sentido de vilanizar pessoas que ainda estão sob investigação. Como é o caso do ex-Presidente Lula, retratado como uma figura enjoada e afetada por Ary Fontoura (da novela “Êta Mundo Bom!”). Se os próprios representantes da direita brasileira dão o braço a torcer diante do carisma de Lula, o que é mostrado passa bem longe de sua figura pública. Na sessão em que assisti, que terminou com uma salva de palmas do público presente, muitos se divertiram com o modo como Lula foi representado, alguns até dizendo “olha a cara de pau dele” etc., como se estivessem vendo o próprio ex-Presidente – ou uma cena de novela. A imagem do verdadeiro Lula nos créditos finais, dizendo que “a jararaca está viva”, em entrevista coletiva após o tal depoimento, ajuda a esquecer um pouco a interpretação infeliz de Fontoura, ao mesmo tempo em que retoma a linha de radicalização exibida no filme. Há outras situações forçadas do roteiro, em particular as vividas por Bruce Gomlevsky (novela “Novo Mundo”), intérprete de um dos quatro principais agentes (fictícios) da Lava-Jato. Seu quadro branco contendo as palestras do Lula por diversos países e o dinheiro supostamente desviado mais parece o famoso powerpoint do procurador Deltan Dallagnol. Quanto ao juiz Sérgio Moro, vivido por Marcelo Serrado (“Crô – O Filme”), o filme o deixa um pouco mais distanciado do caso, como que para torná-lo o mais isento e apartidário possível. Até mesmo cenas do juiz preparando pizza e conversando com o filho em sua casa o filme mostra. Mas os verdadeiros heróis são mesmo os quatro cavaleiros da operação, vividos ficcionalmente por Antonio Calloni (minissérie “Dois Irmãos”), Flávia Alessandra (também da novela “Êta Mundo Bom!”), João Baldasserini (novela “Pega Pega”) e o já citado Gomlevsky, que é o sujeito que canta “Inútil”, do Ultraje a Rigor, em um karokê. Mesmo quando um dos atores das novelas da Globo se questiona sobre quem estaria sendo beneficiando por tantas prisões e acusações naquele momento de tensão política intensa, logo aparece alguém para tranquilizá-lo, dizendo que eles estão sim tornando o Brasil melhor. Neste momento, o filme quase consegue realizar uma autorreflexão lúcida diante do que é mostrado. Falar de um cenário político sem o distanciamento temporal adequado é sempre arriscado. Mas, como vivemos um momento em que a urgência e o pré-julgamento parecem imperar, a busca pela verdade aparecerá sempre borrada. No meio deste caldo fervente, há ainda outros projetos por vir, como a série da Lava-Jato criada por José Padilha (“Tropa de Elite”) para a Netflix e os quatro documentários sobre o impeachment de Dilma Rousseff, sendo que dois optaram por retratar a situação mais próximo do ponto de vista da ex-presidente. Até lá, ficamos na torcida pelo Brasil.
José de Abreu terá que devolver R$ 300 mil captados pela Lei Rouanet
O ator José de Abreu terá de devolver R$ 300 mil captados via Lei Rouanet para a turnê do espetáculo “Fala, Zé” pelo Sudeste. Ele caiu na malha fina do Ministério da Cultura, que detectou irregularidades na prestação de contas de recursos incentivados para vários projetos. A informação foi publicada, via portaria do MinC, no Diário Oficial. Abreu, que é conhecido por viver vilões em novelas da rede Globo, destacou-se nas últimas eleições presidenciais como garoto-propaganda da campanha de Dilma Rousseff, além de ter chamado atenção por suas manifestações agressivas nas redes sociais e pelo episódio triste de cusparada numa mulher num restaurante. A Orquestra Sinfônica Brasileira também está na lista. Terá de devolver R$ 2 milhões. A todo, 11 projetos realizados via Lei Rouanet tiveram a prestação de contas reprovada. No total, os proponentes terão que devolver R$ 4.721.417,17. Entre as razões para a reprovação de contas dos projetos listados pelo MinC estão o descumprimento do objeto ou objetivo, o descumprimento do plano básico de divulgação, a omissão da prestação de contas e a falha na análise financeira. O valor a ser restituído corresponde ao montante captado, acrescido da atualização pelos índices da caderneta de poupança. A partir da publicação, o proponente tem o prazo de 10 dias para impetrar recurso administrativo contra a reprovação. Caso não apresente recurso, o artista terá de recolher o valor impugnado em 30 dias, podendo solicitar o parcelamento do valor devido em até 12 vezes. O pagamento é feito via Guia de Recolhimento da União. Aqueles que tiverem a prestação de contas reprovadas em definitivo ficarão impedidos de captar recursos por três anos por meio dos mecanismos do Programa Nacional de Incentivo à Cultura (Pronac).
Impeachment de Dilma vai render pelo menos cinco documentários
São pelo menos cinco os documentários que estão sendo rodados em torno do Impeachment de Dilma Rousseff, apurou o jornal Folha de S. Paulo. As equipes se tornaram presença frequente nos corredores do Congresso e do Palácio da Alvorada, mas principalmente entre os políticos do PT, o que teria fomentado desconfiança da oposição. “Me incomoda muito acharem que vamos fazer um filme panfletário. É um trabalho de nuances, um registro histórico”, disse Petra Costa (de “Elena”) ao jornal, sobre sua intenção. Só o seu documentário teria registrado mais de 500 horas de gravações. Assim como o filme de Petra, o documentário da brasiliense Maria Augusta Ramos (“Justiça”) também teve acesso à reuniões fechadas de senadores da bancada do PT, que compõem a maioria das horas de sua filmagem. Mas haveria registros também de desabafos e críticas à atuação da própria Dilma e do partido. Para Maria Augusta, a decisão de filmar o impeachment foi motivada por “angústia pessoal”. Outro documentário está sendo tocado a três, por Anna Muylaert (“Que Horas Ela Volta?”), César Charlone (“O Banheiro do Papa”) e Lô Politi (“Jonas”), que centram sua narrativa na crise política a partir da perspectiva de Dilma. “É sobre o afastamento da primeira mulher eleita”, diz Lô, que teve acesso ao Palácio da Alvorada e à privacidade da presidente deposta. Sem a mesma intimidade com os poderosos, o goiano Adirley Queirós (“Branco Sai, Preto Fica”) optou por documentar a crise fora dos corredores do poder. Intitulado “Era Uma Vez Brasília”, seu filme é feito de entrevistas com pessoas comuns da capital e da cidade-satélite de Ceilândia, onde vive. “É político, mas o foco é como as pessoas que não são políticas veem tudo isso”, explicou à Folha. Fontes sugerem ainda que um quinto documentário estaria sendo rodado pelo especialista Silvio Tendler (“Jango” e “Os Anos JK”), um dos principais documentaristas brasileiros, que seria mais focado em toda a crise política, mas o jornal não conseguiu contato com o diretor para confirmar. É importante observar que os documentários não deverão ter isenção, o que é absolutamente normal, já que cabe aos cineastas decidirem o que devem filmar. Melhor assumirem lado do que tentar convencer o público de que oferecem visões imparciais do Impeachment. Afinal, Anna Muylaert chegou a participar de manifestações contra o Impeachment, César Charlone pediu voto para Dilma em vídeo que circulou nas últimas eleições e Lô Politi foi ainda mais longe, trabalhando junto com o marqueteiro João Santana na mitológica campanha da reeleição de Dilma. A cineasta Maria Augusta Ramos, por sua vez, assinou em março a “Carta ao Brasil, em defesa da democracia e contra a tentativa de golpe”. Já a família de Petra Costa é muito próxima de Lula, tendo, segundo o blog O Antagonista, pago uma cirurgia plástica para Luriam, filha do ex-presidente e a hospedado em Paris. Além disso, Petra é herdeira da Andrade Gutierrez, uma das empresas enredadas na Lava Jato, cujo ex-presidente delatou ter pago despesas da eleição de Dilma. Não há informações sobre a origem do financiamento dos filmes.
Documentário de Anna Muylaert inspira petistas a atuar de forma agressiva no Senado
Um espetáculo de baixo nível política é o atual sucesso da TV Senado. Trata-se do processo de Impeachment de Dilma Rousseff, que vem registrando destempero assustador da parte dos representantes eleitos do povo. Mas, segundo apurou a Folha de S. Paulo, os bate-bocas protagonizados por petistas no Congresso Nacional não visam a TV e sim o cinema. Dez entre dez senadores da situação atribuem a beligerância e a catimba praticada pelos defensores de Dilma no plenário do Senado ao documentário que está sendo filmado por Anna Muylaert (“Que Horas Ela Volta?”) sobre o processo de impeachment. Os senadores alinhados ao governo dizem que os petistas estão “atuando”, fizeram a Casa “de palco de teatro” e “andam com script debaixo do braço” para cada fala. “Não estão preocupados com o processo. Estão preocupados em como serão mostrados no filme para o futuro”, disse um senador do DEM ao jornal. Muylaert participou ativamente de atos pró-Dilma e contra o “golpe”, e nesta semana retirou seu filme “Mãe Só Há Uma” da disputa da vaga brasileira ao Oscar 2017 como forma de pressão política contra a comissão do Ministério da Cultura.
Anna Muylaert está trabalhando em documentário sobre Impeachment de Dilma
A cineasta Anna Muylaert revelou que está trabalhando no roteiro de um documentário sobre o período de afastamento da presidente Dilma Rousseff, cujo mandato sofre um processo de impeachment. A direção é de Lô Politi (“Jonas”), Cesar Charlone (“Cidade de Deus”) é o diretor de fotografia e, segundo o jornal Folha de S. Paulo, a equipe está acompanhando Dilma há 20 dias. “A gente não está filmando o processo de impeachment, mas esse período de afastamento, em que o mandato está em suspenso. Ele será rodado até a decisão final”, disse ao jornal O Globo a diretora dos dramas “Que Horas Ela Volta?” e “Mãe Só Há Uma”, que estreia nesta quinta-feira (21/7). Durante o período da produção, a equipe viajou para Teresina e conversou com assessores e pessoas próximas a Dilma. Mas apesar de Muylaert ter participado ativamente de atos pró-Dilma e contra o “golpe”, ela disse que ainda é cedo para falar sobre o que será o filme. “A gente ainda está descobrindo o que é o filme”. A cada dia que passa, o país também tem descoberto melhor o que foi Dilma.
Edson Celulari revela ter câncer
O ator Edson Celulari foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer que afeta o sistema de defesa do organismo. Ele confirmou a informação em sua conta do Instagram e até publicou a imagem acima, já sem cabelo. “Reuni minhas forças, meus santos, um punhado de coragem… coloquei tudo numa sacola e estou indo cuidar de um linfoma não-Hodgkin. Foi um susto, mas estou bem e ao lado de pessoas amadas”, afirmou o ator, que está com 58 anos. “A equipe médica é competente e experiente. Estou confiante e pensando positivo. Com determinação e fé, sairei deste tratamento ainda mais forte. Todo carinho será bem-vindo.” Há mais de 20 tipos de diferentes de linfomas não-Hodgkin, doença que já atingiu, por exemplo, personalidades com a presidente Dilma Rousseff, o ator Reynaldo Gianecchini e o governador licenciado do Rio, Luiz Fernando Pezão. Na maioria dos casos, o tratamento é feito com quimioterapia, radioterapia ou ambos. Visto mais recentemente na novela “Alto Astral”, exibida no ano passado, Celulari estará em breve nos cinemas, no filme “Teu Mundo Não Cabe nos Meus Olhos”, de Paulo Nascimento (“A Oeste do Fim do Mundo”), ainda sem previsão de estreia.
Dilma vira piada no programa americano Saturday Night Live
A presidente afastada Dilma Rousseff virou piada no programa “Saturday Night Live”, exibido nos Estados Unidos na noite de sábado (21/5). Interpretada pela comediante Maya Rudolph (“Missão Madrinha de Casamento”), a personagem apareceu dentro do quadro de telejornal do programa, como convidada para comentar seu processo de Impeachment. Repleto de equívocos e clichês, a participação trouxe “Dilma” usando expressões em espanhol, fumando charuto e bebendo um drinque caribenho. Ela explicou que foi afastada porque disseram que era “muito má presidente”, mas que estava feliz com a “aposentadoria”. “Para mim não tem problema, eu vou para as praias, eu relaxo, aproveito caipirinha, guaraná, moqueca de camarão, feijoada, brigadeiro.” “No Brasil, nós chamamos problemas muito maiores de pequena questão. Nossa economia é uma grande recessão, nossos rios estão contaminados com dejetos humanos e nós temos vírus da zika nos pequenos mosquitos”, ainda tentou relativizar. Perguntada sobre como estava o Brasil para as Olimpíadas, ela disse que faltava fazer apenas “uma ou duas coisinhas”: “Tirar 1 milhão de cocôs do rio e construir todos os prédios”. E sai de cena sambando.







