Filme dos Detetives do Prédio Azul vira maior sucesso do cinema brasileiro em 2017
A comédia infantil “Detetives do Prédio Azul – O Filme” virou o filme (sem aspas) brasileiro de maior sucesso em 2017. Com apenas duas semanas em cartaz, a produção atingiu a marca de 750 mil ingressos vendidos e conquistou a maior bilheteria entre os lançamentos nacionais do ano, segundo o site Filme B. Até então, o filme que liderava o ranking era outra comédia para menores, “Meus 15 anos”, com 720 mil espectadores. A produção infanto-juvenil é baseada na série homônima do canal pago Gloob, e sua bilheteria volta a levantar uma questão cada vez mais corriqueira: afinal, trata-se de um sucesso de cinema ou de um sucesso da TV projetado em salas de cinema? De todo modo, reforça que o público brasileiro gosta de filmes que lembram a programação televisiva. Isto explica a quantidade de lançamentos da Globo Filmes e o fenômeno do compacto da novela “Os Dez Mandamentos”. “Detetives do Prédio Azul – O Filme” teve uma pré-estreia em 350 salas em 13 de julho, que anteciparam a estreia oficial em 500 salas no dia 20 de julho, enfrentando a concorrência da animação “Carros 3”, da Pixar-Disney. Os números, claro, são bem distantes do campeão de bilheterias “Minha Mãe É uma Peça 2 – O Filme”, que fez 9 milhões de espectadores. Entretanto, a comédia de Paulo Gustavo estreou em dezembro do ano passado. Um detalhe curioso: “Detetives do Prédio Azul – O Filme” e “Minha Mãe É uma Peça 2” tem em comum o mesmo diretor, André Pellenz.
Transformers: O Último Cavaleiro chega em mais de mil salas de cinema do Brasil
“Transformers: O Último Cavaleiro” é o lançamento mais amplo da semana nos cinemas brasileiros. A distribuição em 1.146 salas é o maior circuito da franquia até hoje. A ambição visa fazer frente ao sucesso de “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”, que lidera as bilheterias nacionais há duas semanas e nem tomou conhecimento de “Carros 3” no fim de semana passado. Nos Estados Unidos, “Transformers” não conseguiu superar o “Homem-Aranha”. Na verdade, o quinto filme dos carrinhos-robôs de brinquedo foi um fiasco no mercado doméstico, além de ter recebido a pior avaliação de toda a franquia – míseros 15% de aprovação no site Rotten Tomatoes. Mas como o público chinês compensou as bilheterias, “O Último Cavaleiro” não será ainda “O Último Transformers”. Sob medida para os fãs do diretor de Michael Bay, o lançamento capricha nas explosões grandiosas, efeitos mirabolantes, piadas sem graça e nonsense ultrajante. Lançado em pré-estreia antecipada na semana passada, “DPA – O Filme” já ocupa o 4º lugar no ranking dos filmes mais vistos do Brasil, antes da estreia oficial em mais de 500 salas. O filme da série dos “Detetives do Prédio Azul” do canal Gloob mostra bruxos bonzinhos, crianças com lupas, varinhas que soltam raios e outras mágicas do gênero infantil. Na trama, após uma festa de bruxos adultos (mas censura livre), o prédio azul aparece com múltiplas rachaduras e os detetives mirins decidem desvendar o mistério. A direção é de André Pellenz (“Minha Mãe É uma Peça – O Filme”) e o elenco é repleto de atores da Globo. Com tantos blockbusters em cartaz, o circuito limitado só recebeu três lançamentos. “De Canção em Canção” é outro fracasso hollywoodiano, o terceiro consecutivo de Terrence Malick. O diretor rodou o longa de forma fluída em 2012, paralelamente a “Cavaleiro de Copas” (2015). Juntou uma porção de astros famosos, que improvisaram quase todo o texto, e o resultado equivale a um “Transformers para cinéfilos”, com fotografia belíssima e pouquíssimo sentido – 43% de aprovação no Rotten Tomatoes. A história emaranha dois casais nos bastidores da indústria fonográfica, vividos por Ryan Gosling (“La La Land”), Rooney Mara (“Carol”), Michael Fassbender (“Assassin’s Creed”) e Natalie Portman (“Jackie”). Fecham a programação duas comédias francesas, exibidas no Festival Varilux. “Tal Mãe, Tal Filha” faz a linha besteirol, com Juliette Binoche (“A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell”) e Camille Cottin (“Beijei uma Garota”) como mãe e filha que engravidam ao mesmo tempo. E “Monsieur & Madame Adelman” acompanha décadas do casamento vivido por Doria Tillier e Nicolas Bedos, que também escreveram o roteiro em parceria. Foi o primeiro longa dirigido por Bedos, roteirista de “Os Infiéis” (2012) e ator de “A Datilógrafa” (2012). Clique nos títulos dos filmes para assistir aos trailers das estreias da semana.
Carros 3 marca época de férias escolares e estreias infantis nos cinemas
A programação de cinema entrou em ritmo de férias escolares. A animação “Carros 3” é o maior lançamento da semana, que ainda conta com pré-estreia ampla do nacional “DPA – O Filme”“, versão de cinema da série “Detetives do Prédio Azul”. O primeiro só não é o lançamento mais infantil da Disney-Pixar, porque “Carros 2” saiu antes. Mas mesmo sem a complexidade de “Divertida Mente”, embute uma mensagem de valorização da autoestima e empoderamento feminino, graças a uma nova personagem coadjuvante, que compensa possíveis engarrafamentos no pedágio das bilheterias. “DPA – O Filme” só estreia oficialmente na semana que vem, mas já ocupa mais telas que os demais filmes da semana. Historinha para o público da série do canal Gloob e das reprises de “Os Feiticeiros de Waverly Place” no canal Disney, o filme mostra bruxos bonzinhos, crianças com lupas, varinhas que soltam raios e outras mágicas. Na trama, após uma festa de bruxos adultos (mas censura livre), o prédio azul aparece com múltiplas rachaduras e os detetives mirins do Gloob decidem desvendar o mistério. A direção é de André Pellenz (“Minha Mãe É uma Peça – O Filme”) e o elenco é repleto de atores da Globo. O maior destaque do circuito limitado é outra estreia nacional, “Fala Comigo”, de Felipe Sholl. Vencedor do último Festival do Rio – além de Melhor Filme, também rendeu o prêmio de Melhor Atriz para Karine Teles – , conta a história de Diogo (Tom Karabachian), um adolescente de 17 anos que desenvolve o fetiche de se masturbar enquanto telefona para as pacientes da mãe terapeuta (Denise Fraga). Uma dessas pacientes é Angela, de 43 anos, com quem Diogo passa a se relacionar. Foi o papel que deu a Karine Teles o troféu Redentor. Apesar de ser um trabalho de diretor estreante, Sholl não é exatamente um novato. Ele já exibiu curta no Festival de Berlim e tem uma filmografia interessante como roteirista. Seu roteiro de “Hoje” (2011) venceu o troféu Candango no Festival de Brasília. Também escreveu o filme que, para a Pipoca Moderna, foi o melhor lançamento brasileiro de 2015, “Casa Grande”, além de “Histórias que Só Existem Quando Lembradas” (2011) e “Trinta” (2014). Os cinemas de perfil cineclubista ainda recebem quatro lançamentos europeus, um drama argentino e dois documentários. Três longas são franceses e tiveram première no Festival Varilux. “Julho Agosto” é o mais convencional, uma comédia sobre família, em que duas irmãs adolescentes passam as férias com os pais divorciados, em meses alternados, e descobrem que a vida continua. “Tour de France” também foca o lugar-comum, com mais um papel de velho racista, reacionário e impertinente que Gerard Depardieu faz o público achar adorável. E “A Vida de uma Mulher” leva às tela uma nova adaptação do primeiro romance de Guy de Maupassant. O diretor Stéphane Brizé busca rever o papel submisso da protagonista, presa num casamento sem amor no século 18, ecoando o fato de que contextos mudam conforme as épocas. Venceu o prêmio da crítica no Festival de Veneza. O português “Cartas da Guerra” é o lançamento limitado que chama mais atenção. Não só pela fotografia em preto e branco belíssima, mas porque chega legendado, mostrando como o cinema luso soa estranho no Brasil, que fala o mesmo idioma. A questão ganha ainda mais proporção por o filme de Ivo Ferreira se passar em Angola, país que buscava sua própria identidade durante um período que os brasileiros deveriam conhecer melhor: os últimos anos da colonização portuguesa na África. A produção ganhou diversos prêmios em Portugal. “O Futuro Perfeito” lida de outra forma com a questão do idioma e do conflito cultural, ao acompanhar a vida de uma jovem imigrante chinesa, recém-chegada na Argentina. A dificuldade com a língua estrangeira é traduzida por diálogos de espanhol primário, que aproximam a história de uma fábula infantil. Por fim, os dois documentários são “A Luta de Steve”, sobre um astro do futebol americano que começa a sofrer os efeitos da paralisia e resolve filmar um diário para seu filho, perdendo os movimentos na medida em que o menino aprende a andar, e “Gatos”, sobre gatos de rua de Istambul, que viram “personagens” com nomes e aventuras próprias – quase como uma ficção da Disney. Clique nos títulos em destaque dos filmes para assistir aos trailers de todas as estreias da semana.


