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    Mistura de fé e carnificina de Até o Último Homem é a cara de Mel Gibson

    26 de janeiro de 2017 /

    Nos filmes de “Mad Max” (1979-1985), “Máquina Mortífera” (1987-1998), “Coração Valente” (1995) e “Sinais” (2002), Mel Gibson incorporava o herói enfrentando desafios impossíveis. E ainda que ele não esteja em nenhuma cena de “Até o Último Homem”, sua presença atrás das câmeras confere a esse drama de guerra a sua cara. Truculento, reacionário e movido por uma contraditória fé religiosa. Hollywood adora emoldurar histórias de reabilitação, e depois de todos os revezes que o velho Mad Max passou, porque não abraçá-lo novamente? E “Até o Último Homem” funciona perfeitamente como peça de redenção. O filme está longe de ser ótimo, mas é feito por um sujeito que entende como poucos a ala conservadora da meca do cinema norte-americano (o que explica, e muito, as seis indicações ao Oscar – inclusive de Melhor Filme e Direção – que acaba de conquistar). Em cena, há uma história verídica, a proeza de um certo Desmond T. Doss, um pacifista americano temente a Deus, que serviu como um médico de combate durante a 2ª Guerra Mundial e, pessoalmente, salvou 75 soldados feridos da batalha de Okinawa, tornando-se finalmente o primeiro adventista do sétimo dia a receber a Medalha de Honra do Exército. Como fez em “Coração Valente” e “A Paixão do Cristo” (2004), Mel Gibson equipara virtude espiritual com um infernal teste de resistência corpórea. Seu assunto favorito é o teste e a purificação do temperamento moral de um homem – uma meta que só pode ser alcançada através do sofrimento e de uma brutalidade repugnante e intransigente. O que difere esse herói de outros que Gibson promoveu, é o fato de Desmond entrar na guerra de mãos limpas. Ele não pega em armas, nem mesmo quando seu pelotão é vencido e centenas de soldados japoneses ameaçam acuá-lo. O filme sugere que os buracos mágicos que nessas horas aparecem para o personagem se esconder, talvez tenham mais a ver com uma benção divina do que propriamente com sorte. O melhor em cena é a ironia que o diretor enxerga no compromisso de não-violência de Doss. Tudo começa depois que o ainda jovem e animado religioso (interpretado na infância pelo estreante Darcy Bryce) quase mata o irmão com um tijolo. Esse acidente leva Desmond a um momento messiânico, que Gibson dramatiza com close angustiados, música inchada e uma referência pesada a Caim e Abel. Então a ação salta uma década e vemos um Doss crescido em 1942, com o esforço de guerra americano em pleno andamento. Ele é um homem mudado – literalmente, interpretado por aquele bom moço que já foi “O Espetacular Homem Aranha”, Andrew Garfield. Um adventista do sétimo dia que se recusa a carregar armas, Doss, no entanto, anseia por servir ao seu país e se alista no exército – embora não antes de se apaixonar por uma bela enfermeira, Dorothy (Teresa Palmer, de “Meu Namorado É um Zumbi”), que ele persegue com a mesma alegre teimosia que caracteriza cada uma de suas decisões. Sem dúvida, ele herdou parte da vontade de ferro de seu pai, Tom (Hugo Weaving, da trilogia “O Hobbit”), um veterano da 1ª Guerra Mundial, com cicatrizes e amarguras, que irrompe regularmente em ataques de abuso de bebedeiras. Uma vez levantado o esqueleto da trama, Gibson não ousa pisar fora das fronteiras do maniqueísmo. É tudo muito preto ou muito branco. Os homens que Doss encontra no campo de treinamento são uma mistura previsível de caras duros e de arquétipos cômicos, mas todos eles, num momento, ou em outro, são malvados com o recruta. Entre eles estão Vince Vaughn (“Os Estagiários”), como um sargento bonachão, e Sam Worthington (“Evereste”) como um capitão intransigente. Depois, na segunda parte, transfere-se a malvadeza para os japoneses. Nenhum inimigo é tratado com profundidade. São todos caricatos. E então, na hora de mostrar a batalha, Gibson mal se segura. Dá pra sentir o prazer com que ele encena a carnificina. Não há nenhuma eficiência limpa e cauterizada que caracterize as cenas de guerra. É um festival de balas rasgando a carne, de corpos sendo explodidos em dois, de membros sendo arrancados ou sendo queimados. Em nome de mais realismo, o diretor exerce seu gosto pelo virtuosismo sádico. Mas não é o que mais incomoda em “Até o Último Homem”. Há algo mais desconfortável no centro desse projeto. Uma ênfase de que foi a pureza da fé de Doss que salvou o dia, o que implica em dizer que os mortos e os derrotados não eram suficientemente puros. O Doss real, que morreu em 2006, aparece em uma breve e emocionante entrevista pouco antes do rolo de créditos, acrescentando mais um pouco de veracidade à interpretação de Gibson dos eventos. E uma das coisas mais ressonantes que ele diz é que ele ainda acredita que “ninguém deve ser forçado a agir contra suas convicções”. Mas esse conto de heroísmo na vida real parece menos uma celebração das convicções humanistas e mais uma declaração da superioridade moral dos fiéis sobre os infiéis.

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    Veneza: Exibição para o público do novo filme de Mel Gibson é aplaudida de pé por 10 minutos

    6 de setembro de 2016 /

    Após arrancar elogios da crítica, “Até o Último Homem” (Hacksaw Ridge), volta de Mel Gibson à direção após hiato de dez anos, recebeu uma das maiores aprovações que poderia ter. A exibição do filme ao público, durante sua première mundial no Festival de Veneza, foi aplaudida de pé, durante dez minutos, com direito a gritos de viva e assobios. Os aplausos continuaram mesmo após o final da projeção dos créditos e das luzes se acenderem. O longa-metragem foi o mais aplaudido dentre as atrações internacionais do festival deste ano, ainda que sua exibição tenha ocorrido fora de competição. Ele conta a história verídica de Desmond Doss, vivido na tela por Andrew Garfield (“O Espetacular Homem-Aranha”), um jovem adventista que se alista como médico durante a 2ª Guerra Mundial, mas, por causa da religião, recusa-se a pegar em armas. O filme emocionou o público e poderia ser considerado favorito ao Oscar, não fosse o diretor Mel Gibson. Por seu passado recente de confusões, em que passou a encarnar a imagem de um misógino racista, Gibson dificilmente bisará o reconhecimento que seu talento já mereceu, quando a Academia lhe premiou com os Oscars de Melhor Filme e Direção por “Coração Valente” (1995).

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    Veneza: Mel Gibson vai à guerra e vence desafetos com filme heroico

    5 de setembro de 2016 /

    Após passar uma década sem dirigir um filme, em decorrência das confusões de sua vida pessoal, o veterano ator e diretor mostrou não ter perdido a forma. Nem sua fé. A mesma fé que o levou a filmar “Paixão de Cristo” (2004), mas também o faz se exaltar e, numa ocasião documentada, proferir ofensas antissemitas, empodera o protagonista de “Até o Último Homem”. Por este prisma, o longa é praticamente uma provocação. “Até o Último Homem” (Hacksaw Ridge) é baseado na história verídica de Desmond Doss, um jovem adventista que se alista durante a 2ª Guerra Mundial, mas que, por causa da religião, recusa-se a pegar em armas. Chamado de covarde pelos outros soldados, ele consegue permissão para lutar desarmado, trabalhando como médico do batalhão. Mas quando as forças americanas sofrem um emboscada e são massacradas durante o desembarque numa ilha, torna-se um herói improvável, salvando as vidas de dezenas de companheiros. Doss acabou se tornando o único soldado a ser condecorado por bravura sem ter dado um único tiro na guerra. “O que me chamou a atenção é que ele é um homem comum que faz coisas extraordinárias, em circunstâncias difíceis”, disse o diretor, durante a entrevista coletiva. “A luta dele é singular: vai para a guerra munido apenas de fé e de convicção. E somente com essas duas coisas foi capaz de fazer coisas magníficas”, resumiu, enquanto alisava sua barba longa e grisalha. Na verdade, quem faz coisas magníficas em “Até o Último Homem” é o próprio diretor. Mel Gibson foi à guerra armado até os dentes com seu talento. Com cenas de carnificina e muita ação, seu novo longa, exibido fora de competição no Festival de Veneza, lembra que ele foi e continua a ser um grande diretor. E até os críticos politicamente corretos tiveram que dar o braço a torcer, em reconhecimento à qualidade da obra. “Eu gosto de dirigir, de ver projetado na tela as coisas que eu imagino”, defendeu-se Gibson diante da imprensa, mas sem perder a dimensão da carreira destroçada que tenta reerguer. “Talvez seja megalomania, quem sabe?”, completou com ironia, autodepreciando-se. A obra fala por ele. “Até o Último Homem” é bipolar. Possui duas partes bem distintas. O começo é romântico e até cômico, centrado na vida de Desmond antes de se alistar. Até que, ao ver pessoas da sua idade voltarem sempre feridas da guerra, ele decide se alistar, e as cenas de combate, que compõem sua segunda parte, não são menos que espetaculares. Interpretado por Andrew Garfield, o personagem tem um pouco do Peter Parker do começo de “O Espetacular Homem-Aranha” (2012), um jovem boa praça e desajeito, mas de grande determinação moral, que sofre bullying dos soldados mais fortes. Gibson deve ter visto o filme da Marvel para escalá-lo, já que garante não fazer testes com atores. “Não faço leituras com atores. Acho que quando você conversa com uma pessoa, mesmo por Skype, você já tem uma ideia de quem ela é. Sabia que Andrew tinha interesse no filme, isso foi importante para escolhê-lo”, o diretor contou. Garfield, por sua vez, fez questão de marcar distância entre Desmond Doss e Peter Parker, mas principalmente do super-herói Homem-Aranha. “Obtenho muito mais inspiração nas pessoas comuns”, disse o ator. “Meu irmão é médico, cuida de três filhos, uma mulher, salva seus pacientes. Para mim, esses são os verdadeiros heróis: aqueles que não buscam o heroísmo”. No filme, porém, a apresentação de Desmond vai além do heroísmo. Ele é mostrado praticamente como um santo. Até o Homem-Aranha tinha falhas de caráter. Já Desmond é a perfeição encarnada, fazendo com o que, paradoxalmente, o filme de guerra tenha mensagem pacifista. “Não acho que existam guerras justas”, defendeu Gibson, que já encenou muitas batalhas em sua carreira, dentro e fora das telas. “Eu odeio guerras. Mas não posso deixar de amar os guerreiros, de prestar uma homenagem às pessoas que se sacrificam pelas outras. Precisamos compreendê-los quando voltam para casa. Espero que meu filme tenha ajudado nisso”, conclui.

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