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  • Etc,  Filme

    Quênia proíbe filme de temática LGBTQIAP+: “Afronta à cultura”

    23 de setembro de 2021 /

    O Quênia proibiu a exibição do documentário “I Am Samuel”, que retrata a história de um casal gay. Segundo o governo do país africano, a produção representa uma “afronta à cultura e identidade” do país. Dirigido por Peter Murimi, o filme foi exibido no ano passado nos EUA, durante o Festival de Atlanta, ocasião em que arrancou aplausos da imprensa americana e atingiu 90% de aprovação na média computada pelo portal Rotten Tomatoes. Em contraste com as qualidades vistas pelos críticos dos EUA, o KFCB, Conselho de Classificação de Filmes do Quênia, afirma que o filme é uma blasfêmia e não poderia existir. Em sua avaliação, a entidade reguladora afirmou que o documentário busca propagar “valores que estão em dissonância com nossa constituição, valores culturais e normas”. “Pior ainda, a produção está rebaixando o cristianismo, já que dois gays no filme pretendem conduzir um casamento religioso invocando o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, acrescentou o relato do chefe do KFCB, Christopher Wambua. “I Am Samuel” é o segundo filme LGBTQIA+ proibido no país. O primeiro veto aconteceu com “Rafiki” (2018), que retratava uma história de amor entre duas mulheres e se tornou o primeiro filme queniano exibido no Festival de Cannes. Na ocasião, o Conselho pediu à diretor Wanuri Kahiu para mudar o final, pois foi considerado problemático ao trazer um cenário muito esperançoso e positivo. Kahiu recusou, o que levou à proibição do filme “devido ao seu tema homossexual e clara intenção de promover o lesbianismo no Quênia, contrariando a lei”. O Quênia integra uma lista de países ultraconservadores que ainda têm leis que criminalizam a homossexualidade. Confira abaixo o trailer britânico de “I Am Samuel”.

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  • Série

    Mrs. America: Série em que Cate Blanchett enfrenta o feminismo estreia no Brasil

    19 de setembro de 2020 /

    O canal pago Fox Premium estreia nesta sábado (19/9), às 22h15, a minissérie “Mrs. America”, estrelada por Cate Blanchett, que recria as lutas do feminismo dos anos 1970 nos EUA. Criada por Dahvi Waller, produtora-roteirista de “Mad Men” e “Halt and Catch Fire”, a minissérie tem nove episódios, foi lançada em abril nos EUA e recebeu 10 indicações ao prêmio Emmy, principal premiação da TV americana que acontece no domingo (20/9), incluindo Melhor Minissérie do ano. O detalhe é que, em vez de narrar a história pelo olhar feminista, a trama gira em torno de Phyllis Schlafly (papel de Blanchett), uma ativista conservadora, conhecida por sua postura anti-feminista e seu papel crucial na derrota da Emenda de Igualdade de Direitos na década de 1970. Blanchett concorre ao Emmy pelo papel, assim como suas coadjuvantes Uzo Aduba (“Orange Is the New Black”), Margo Martindale (“The Americans”) e Tracey Ullman (“Caminhos da Floresta”). O elenco também destaca Elizabeth Banks (“A Escolha Perfeita”), Rose Byrne (“X-Men: Apocalipse”), James Marsden (“Westworld”), Sarah Paulson (“Ratched”), John Slattery (“Madman”), Kayli Carter (“Godless”), Ari Graynor (“Artista do Desastre”), Melanie Lynskey (“Castle Rock”) e Jeanne Tripplehorn (“Criminal Minds”). Algumas dessas estrelas interpretam feministas históricas, como Gloria Steinem (Byrne), Betty Friedan (Ullman), Shirley Chisholm (Aduba) e até a republicana Jill Ruckelshaus (Banks), entre outras. Veja o trailer original da atração logo abaixo.

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  • Série

    Mrs. America: Cate Blanchett ataca feministas em trailer de nova série

    29 de março de 2020 /

    O canal pago americano FX divulgou o pôster e o trailer de “Mrs. America”, série sobre o movimento feminista estrelada por Cate Blanchett. “Mrs. America” vai narrar a história da pela igualdade de gêneros nos Estados Unidos, mas em vez de narrar a história pelo olhar feminista, vai girar em torno de Phyllis Schlafly (papel de Blanchett), uma ativista conservadora, conhecida por sua postura anti-feminista e seu papel crucial na derrota da Emenda de Igualdade de Direitos na década de 1970. O elenco também destaca Elizabeth Banks (“A Escolha Perfeita”), Rose Byrne (“X-Men: Apocalipse”), Uzo Aduba (“Orange Is the New Black”), James Marsden (“Westworld”), Margo Martindale (“The Americans”), Sarah Paulson (“American Horror Story”), John Slattery (“Madman”), Tracey Ullman (“Caminhos da Floresta”), Kayli Carter (“Godless”), Ari Graynor (“Artista do Desastre”), Melanie Lynskey (“Castle Rock”) e Jeanne Tripplehorn (“Criminal Minds”). Por conta do tema, a produção vai apresentar várias feministas famosas, como Gloria Steinem (Byrne), Betty Friedan (Ullman), Shirley Chisholm (Aduba) e até a republicana Jill Ruckelshaus (Banks), entre outras. Criada por Dahvi Waller, produtora-roteirista de “Mad Men” e “Halt and Catch Fire”, a minissérie terá nove episódios, que estreia em 15 de abril na plataforma Hulu. Originalmente concebida para o FX, a série mudou de endereço com o lançamento da iniciativa FX on Hulu, que leva produções do canal pago – consagradas ou inéditas – para o serviço de streaming adulto da Disney. A primeira série exclusiva dessa faixa foi “Devs”, sci-fi tecnológica de Alex Garland (diretor de “Ex Machina” e “Aniquilação”), lançada em 5 de março.

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  • Etc

    Gregório Duvivier revela que anda com seguranças e pensou em sair do país após ataque ao Porta dos Fundos

    31 de janeiro de 2020 /

    Gregório Duvivier, que interpreta o Jesus Gay no Especial de Natal do Porta dos Fundos para a Netflix, revelou em entrevista à agência francesa de notícias AFP que, desde o ataque com bombas incendiárias à produtora, anda com seguranças e até pensou em sair do Brasil. Mas, ao mesmo tempo, ficou “com vontade ainda maior de lutar” e que a liberdade de expressão é algo “inegociável”. Logo após a disponibilização do especial “A Primeira Tentação de Cristo”, o Porta dos Fundos foi alvo de várias críticas de grupos religiosos e movimentos conservadores, gerando desde processos na Justiça pela censura do programa até manifestações no Congresso Nacional contra a Netflix pelo lançamento da produção. Este clima culminou num atentado violento, em que quatro homens encapuzados atiraram coquetéis molotov contra a sede da produtora no Rio de Janeiro. As cenas foram registradas em vídeos de segurança e pelos próprios criminosos, que posteriormente as divulgaram junto de um “manifesto revolucionário” típico de ações terroristas de fundamentalistas religiosos. “Fiquei muito assustado porque a imagem é assustadora mesmo. O vigia que estava lá sofreu sério risco de ter morrido. Nesse momento, você se diz: talvez seja o momento de sair do país. Estão tentando colocar fogo na minha empresa. Por outro lado, também dá aquela vontade ainda maior de lutar”, contou sobre o ataque. Ele continuou: “As ameaças são constantes, e não vêm apenas de pessoas anônimas. Há inclusive congressistas que falam, no Congresso… Tem sujeito berrando: a justiça não se faz só no céu, se faz também na Terra. São ameaças veladas, não ameaças de morte. Se chegar um momento em que eu sentir de fato que as ameaças são serias e algo pode acontecer, vou sair daqui, não faz sentido.” Gregório ainda contou na entrevista que o conglomerado americano Viacom, acionista majoritário na produtora Porta dos Fundos, tem cuidado de sua proteção. “O momento já está bastante inconfortável, estou só andando com segurança e carro blindado, por decisão da Viacom. É uma coisa constrangedora, cerceia a liberdade, mas por outro lado se estão propiciando isso pra gente, temos que aproveitar essa estrutura de proteção”, contou. O humorista considera que a intolerância e escalada de violência seja fruto da ascensão de Bolsonaro e da extrema direita ao poder no país, uma vez que o presidente trata determinadas manifestações artísticas como “degeneradas” e inimigas da família brasileira. Mas, em seu ponto de vista, o verdadeiro inimigo do Brasil é o próprio Bolsonaro. “O que me preocupa é a erosão da democracia, nossa democracia é muito recente. Isso se vê em todas a áreas, inclusive a cultura. Todos esses filmes que foram premiados no ano passado em Cannes (‘Bacurau’, vencedor do Prêmio do Júri, e ‘A Vida Invisível’, filme que conta com Duvivier no elenco, vencedor da mostra Um Certo Olhar) foram feitos com incentivos fiscais, graças a uma política que demorou 30 anos para ser implementada. Essa política já foi para o ralo. Já desmontou tudo, já não existe. Outra coisa que me preocupa é o meio ambiente. O Brasil tinha criado uma estrutura para inibir o desmatamento, controlar ele, com Ibama, Inpe. Isso já foi por água abaixo. Ele exonerou o presidente do Inpe por divulgar a realidade. O grande inimigo dele é a realidade. O que mais me preocupa com isso é que é um ponto que não dá mais para voltar. De todos os absurdos que ele fala, talvez esse seja o mais sério, porque não tem volta. Não tem outro planeta pra gente se mudar”.

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  • Filme

    Minha Mãe É uma Peça 3 vai ter casamento gay… sem beijo!

    12 de setembro de 2019 /

    “Minha Mãe É Uma Peça 3” só estreia no dia 26 de dezembro nos cinemas, mas uma cena do filme – que ninguém viu – já está dando o que falar. A produção confirmou que a trama vai mostrar um casamento gay, entre os personagens Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Thiago (Lucas Cordeiro). Mas o comediante Paulo Gustavo, estrela e autor do roteiro, anunciou que não terá beijo entre os noivos no filme, assim como aconteceu na cerimônia de seu próprio casamento com o médico dermatologista Thales Bretas. Em conversa com o UOL, o ator Rodrigo Pandolfo contou que chegou a questionar a decisão com o próprio Paulo Gustavo. “‘Por que não vai ter?’. Ele falou: ‘Olha, a gente está fazendo um filme popular. A gente sabe que o Brasil tem questões [relacionadas ao beijo gay] ainda, infelizmente. O Juliano já vai se casar’. Ele não sentiu a necessidade de colocar o beijo e expor publicamente”. Ao ser questionado se concorda com a decisão de Paulo Gustavo, Pandolfo diz que sim. “Eu entendo, de certa forma. O [primeiro] filme é a maior bilheteria da história do cinema brasileiro [não é, na verdade]. Se você coloca o beijo acontecendo, em uma sociedade que, infelizmente, ainda se assusta, talvez seja agressivo. O Paulo usou uma expressão que é: ‘A gente não precisa esfregar nenhuma opinião pessoal na cara do público. A gente já está mostrando um casamento gay. Mais do que isso não precisa’.” A decisão foi anterior à polêmica envolvendo a tentativa de censura do prefeito do Rio, o bispo Marcelo Crivella, que buscou impedir que um gibi antigo da Marvel com beijo entre dois super-heróis masculinos fosse vendido na recente Feira do Livro sem embalagem opaca e aviso de que era proibido para menores. A justificativa para a iniciativa foi a “defesa da família” contra “ato sexual” em publicação para menores. Com apoio de um desembargador estadual, o prefeito bispo quase conseguiu impedir a venda dos quadrinhos para menores ao comparar beijo gay com pornografia, diferente do beijo do príncipe na Branca de Neve. O STF impediu a censura. Paulo Gustavo pode ter se antecipado à interpretação dos setores mais conservadores do governo de que beijo gay seria, realmente, pornografia. E não é difícil imaginar que o governo Bolsonaro busque mesmo elevar a restrição etária a seu filme, caso veja um pornográfico beijo gay. Até a rede Globo se sujeitou à essa interpretação, censurando um beijo entre duas mulheres em sua novela das 18h. O carinho entre o casal Valéria (Bia Arantes) e Camila (Anajú Dorigon) deveria ter ido ao ar no capítulo de “Órfãos da Terra” de sexta passada (6/9), mas foi cortado por “decisão artística”, segundo a emissora, que passou a semana alardeando o “beijo apaixonado” na divulgação oficial da novela. Estas decisões “artísticas” são resultado de pressão assumida de um governo que pode causar prejuízo financeiro à entidades privadas apenas com uma canetada (mesmo que não seja mais da Bic), elevando classificação etária e inviabilizando comercialmente produções com beijos gay. Ou seja, o propalado liberalismo econômico, que teria ajudado Jair Bolsonaro a se eleger presidente, escondia não só o monstro do autoritarismo, mas também intervenção estatal na economia. A solução que busca evitar o confronto pode ser adequada para um primeiro momento. Mas se percebe, pelo andar do governo, que virão segundos e terceiros (reich) momentos. Enfrentar ameaças incipientes à liberdade ajuda a evitar a “normalização” da repressão. Pois se houve reação contundente contra a tentativa de censura do bispo prefeito do Rio, ela se deveu principalmente ao fato de que a maioria considera beijo gay normal. Quando a maioria voltar a achar que isso não é o normal – isso é, algo que se vê corriqueiramente em filmes, novelas e quadrinhos – , aí fica muito mais difícil evitar a repressão. Como diziam os famosos filósofos “marxistas” Menudos há mais de 30 anos: “Não se reprima”.

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  • Filme,  Série

    Quadrinhos que irritaram prefeito do Rio devem virar filme ou série da Disney

    10 de setembro de 2019 /

    Com ajuda da prefeitura do Rio, o grupo de heróis conhecido como Jovens Vingadores ganhou projeção internacional, indo parar em publicações de todo o mundo, e pode agora virar uma série da Disney. Os boatos nesse sentido dispararam em sites geeks americanos, como o ComicBook, mas também foram registrados pela revista The Hollywood Reporter. A tentativa de censura carioca da edição encadernada dos quadrinhos dos personagens, “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, porque continha uma cena de beijo entre dois super-heróis masculinos, colocou os Jovens Vingadores tanto na pauta da cobertura política quanto de Hollywood. E deixou os heróis juvenis mais visíveis que nunca, eliminando o maior entrave para a adaptação de seus quadrinhos: a falta de repercussão de suas histórias. Na última Comic-Con Internacional, a atriz Tessa Thompson já tinha sugerido que a homossexualidade da heroína Valquíria seria explorada no próximo filme de “Thor”. Após o sucesso de filmes protagonizados por super-herói negro (“Pantera Negra”) e super-heroína (“Capitã Marvel”), a comunidade LGBTQIA+ deve realmente ser a próxima da lista de “minorias” a ganhar destaque na Marvel. A plataforma progressista do estúdio tem enfrentado vozes ruidosas da extrema direita, que ataca cada iniciativa com campanhas de ódio nas redes sociais, propagando que super-heróis precisam ser sempre homens heterossexuais brancos. Mas as bilheterias dão razão à Marvel e diminuem a importância dos contrariados. O destaque obtido pela polêmica de “Vingadores: A Cruzada das Crianças” na Bienal do Livro do Rio vai ao encontro dessa abordagem inclusiva. Inicialmente, havia a perspectiva de os Jovens Vingadores assumirem o lugar dos Vingadores nos filmes do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel, na sigla em inglês). O principal sinal disso estava na trama de “Vingadores: Ultimato”, que avançou cinco anos no tempo e escalou Emma Fuhrmann (“Juntos e Misturados”) para viver a versão adolescente de Cassie Lang, a filha do Homem-Formiga (Paul Rudd). Cassie se torna a heroína Estatura nos quadrinhos dos Jovens Vingadores. Nesta semana, o estúdio revelou planos para apresentar outra jovem vingadora. Mas desta vez numa série da plataforma Disney+ (Disney Plus) (Disney Plus). A atriz Hailee Steinfeld abriu negociações para interpretar Kate Bishop, a aprendiz do Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), na série do herói (“Hawkeye”, em inglês). A Gaviã Arqueira também faz parte do grupo de heróis adolescentes. Um terceiro integrante da equipe tende a ser introduzido em “WandaVision”, a série da Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e do Visão (Paul Bettany): Wiccan, o filho de Wanda e um dos beijoqueiros do Rio. Já Hulkling, sua cara metade, tem sua história ligada à “Capitã Marvel”. Especula-se que esses personagens devem se unir em breve. Mas não tão breve assim. As séries do Gavião Arqueiro e da Feiticeira Escarlate têm previsão de lançamento apenas para 2021. Assim, o mais provável é que uma série ou filme dos Jovens Vingadores só se materialize após 2022, mais provavelmente em 2023. A produção de cinema ou streaming mais distante oficializada pela Marvel até o momento está datada para 2022 – o longa “Pantera Negra 2”.

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  • Etc

    Prefeito do Rio insiste em censura a obras LGBTQIA+

    9 de setembro de 2019 /

    O bispo e prefeito Marcelo Crivella não se deu por vencido. Após dois (não um, dois!) ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes e o presidente do tribunal, Dias Toffoli, mandarem suspender a (infr)ação da Prefeitura do Rio de apreensão de livros com temática LGBTQIA+ na Bienal do Livro, classificada judicialmente como “censura” e “discriminação de gênero”, Crivella voltou a publicar vídeo em desacato, usando a justificativa já desautorizada pelas decisões do Supremo: que ainda precisa cumprir a legislação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Veja abaixo. Paralelamente, deu entrada num pedido de esclarecimento em relação à decisão do Supremo. Uma versão do recurso chegou às mãos de um dos advogados do evento. Nele, a prefeitura teria listado “As Gêmeas Marotas”, reproduzindo páginas do livro no embargo de declaração, em que personagens fofinhos praticam atos sexuais. As fotos parecem registrar uma feira literária, mas o preço do livro está em euro. Isto porque a obra nunca foi lançada no Brasil. As páginas fotografadas traziam textos em português de Portugal. De todo modo, o público-alvo do livro são adultos, pois se trata de uma paródia erótica de “As Meninas Gêmeas”, este sim um livro infantil do holandês Dick Bruna (1927-2017). A informação vazou na imprensa (inclusive aqui na Pipoca Moderna), mas a petição oficialmente protocolada não incluiu as fotos e a citação ao livro “As Gêmeas Marotas”. O texto é exatamente o mesmo, assim como a diagramação do arquivo. Mas a única “ameaça” da Bienal do Livro às crianças, listada no documento assinado pelo procurador-geral do município, Marcelo Silva Moreira Marques, e pelo subprocurador-geral, Paulo Maurício Fernandes Rocha, continuou sendo o beijo entre dois super-heróis masculinos nos quadrinhos de “Vingadores: A Cruzada das Crianças”. Sem saber a hora em que os embargos foram protocolados, não é possível afirmar que a houve mudanças de última hora, baseado na repercussão negativa. Por via das dúvidas, a Bienal do Livro emitiu um comunicado à imprensa assumindo a culpa por alimentar a desinformação. “Em nome da imagem e credibilidade construídas no Brasil ao longo dos últimos 38 anos, a organização da Bienal pede desculpas pelo erro e reforça que abomina fake news e nunca usou ou usará deste expediente. Transparência e verdade sempre pautaram e continuarão pautando o trabalho desta organização”, diz comunicado. “Diante deste infeliz contexto de fake news que permeou notícias e conversas em redes sociais durante o evento, a equipe jurídica contratada para esta ação judicial está empenhada em identificar a origem do suposto documento que chegou a um dos advogados que atuam no caso e acabou por induzir a comunicação ao erro.” Segundo apurou o portal G1, o documento com “As Gêmeas Marotas” foi obtido junto da assessoria do TJ-RJ e constaria da ação que obteve a limitar favorável à censura. Um assessor do TJ afirmou ao G1 ter recebido o documento da própria Prefeitura. Procurado pelo jornal O Globo, o órgão afirmou que “não vai mais falar sobre a Bienal, que se encerrou ontem”. Ao contrário do TJ-RJ, o prefeito segue a falar do tema e reforçou que sua intensão é “preservar nossas crianças” da influência LGTBQ+. “Não é censura nem homofobia como muitos pensam”, escreveu o bispo no Twitter, em texto que faz defesa da censura baseada numa visão de famílias constituídas apenas por heterossexuais, ao contrário do entendimento do STF. Senão, vejamos: “A questão envolvendo os gibis na Bienal tem um objetivo bem claro: cumprir o que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. Queremos, apenas, preservar nossas crianças, lutar em defesa das famílias brasileiras e cumprir a Lei”. O discurso é reforçado pelo vídeo em que o bispo prefeito volta a insistir que “tem obrigação de fiscalizar”, culpa “setores da imprensa” por “confundir” censura e homofobia com apreensão arbitrária de livros e discriminação assumida de gênero, e segue insistindo: “O que a prefeitura fez foi cumprir Estatuto da Criança e do Adolescente”. Completa, ainda, de forma paradoxal: “Nós vamos continuar na luta na defesa da Constituição e da família”. Comprovando que fez a gravação abaixo após conhecer a decisão do STF, o bispo prefeito alude diretamente a ela no vídeo, mencionando os embargos de declaração. Mas diz que não entendeu porque foi proibido de censurar e discriminar gênero. Atordoado no vídeo, ele implora a “vossas excelências que nos esclareçam e orientem como cumprir a sentença sem contrariar o que determina o Estatuto da Criança e do Adolescente que impõe embalagem específica a esse tipo de publicação”. O bispo prefeito confessa-se incapaz de compreender a decisão do STF. Em seu despacho, Gilmar Mendes foi bastante claro ao escrever que a obstinação de Crivella, “além de violar diretamente a proibição constitucional a qualquer tipo de censura prévia, a decisão reclamada também contraria frontalmente a jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal ao veicular uma interpretação das normas do ECA calcada em uma patente discriminação de gênero”. Dias Toffoli até respondeu, com antecipação, a dúvida do intelecto limitado. Ele escreveu que “não há como extrair do dispositivo legal [ECA] voltado às publicações do público infanto-juvenil, correlação entre publicações cujo conteúdo envolva relacionamentos homoafetivos com a necessidade de ‘obrigação qualificada de advertência'”. “Referida obrigação que se localiza apenas para as publicações que, por si, são impróprias ou inadequadas para o público infanto-juvenil (art. 78 do ECA), não pode ser invocada para destacar conteúdo que não seja, em essência, dotado daquelas características, sob pena de violação imediata ao princípio da legalidade”, anotou o ministro, referindo-se à justificativa do prefeito para mandar fiscais invadirem a Bienal do Livro, em busca de publicações de temática LGBTQIA+ que não estivessem em “embalagem específica”. Originalmente, Marcelo Crivella, mandara recolher apenas exemplares dos quadrinhos de “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, porque mostravam um beijo entre dois personagens masculinos vestidos. Para o bispo, a publicação não poderia ser vendida fora de embalagem escura lacrada e sem aviso de conteúdo impróprio. Em vídeos publicados na quinta e na sexta (6/9), o político religioso sugeriu que beijo gay atentava contra a família, no sentido de representar “conteúdo sexual para menores”, e que isso era enquadrado no ECA. Mas se tratava de mentira deslavada. O gibi não tinha nenhum “conteúdo sexual” para justificar arbitrariedade. O Estatuto da Criança e do Adolescente não considera beijos como pornografia e não traz nenhuma linha contrária a publicações LGBTQIA+. Uma liminar obtida pela Bienal na sexta chegou a proibir as apreensões. Mas ela foi derrubada pelo presidente do TJ-RJ, desembargador Cláudio de Mello Tavares, que já tinha defendido, em liminar anterior, o direito de considerar homossexualismo uma doença. Tavares até aumentou o poder de censura dos fiscais municipais, ao permitir a apreensão de qualquer tipo de publicação com conteúdo que abordasse o que o prefeito Marcelo Crivella trata como “homotransexualismo” (sic). Com essa decisão, o bispo prefeito enviou fiscais para recolher todos os livros de temática LGBTQIA+ vendidos sem lacre e avisos de conteúdo na Bienal do Livro. Mas os censores não sabiam quais eram os títulos e encontraram prateleiras vazias, pois, numa ação de protesto, o youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”) já havia comprado e distribuído gratuitamente 14 mil livros LGBTQIA+ entre os frequentadores do evento. Após a ação ostensiva da prefeitura, que enviou duas vezes fiscais para apreender livros em meio ao público da Bienal, a organização do evento e a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, buscaram o auxílio do STF para impedir a escalada de autoritarismo. [Este post foi editado e atualizado com novas informações] Não é censura nem homofobia como muitos pensam. A questão envolvendo os gibis na Bienal tem um objetivo bem claro: cumprir o que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. Queremos, apenas, preservar nossas crianças, lutar em defesa das famílias brasileiras e cumprir a Lei. pic.twitter.com/CsWte3nsLG — Marcelo Crivella (@MCrivella) September 8, 2019

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    Ação social de Felipe Neto repercute na revista americana The Advocate

    9 de setembro de 2019 /

    A revista The Advocate, principal veículo LGBTQIA+ dos Estados Unidos, que existe desde 1967, publicou um artigo sobre a ação social do youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”), ao comprar e distribuir gratuitamente 14 mil livros com temática LGBTQIA+ na Bienal do Livro que se encerrou no domingo (9/8) no Rio de Janeiro. A iniciativa foi uma resposta à tentativa de censura do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que enviou fiscais à Bienal para recolher uma história em quadrinhos dos Vingadores em que dois super-heróis masculinos se beijavam. O prefeito, que é bispo evangélico, classificou o beijo como “impróprio” e exigiu que a publicação fosse lacrada com saco opaco e tivesse indicação de venda “proibida” para menores. Como a Bienal se recusou a considerar o beijo de um casal como pornografia, o prefeito chegou a ameaçar fechar o evento, enviando uma segunda leva de fiscais para recolher todo o material LGBTQIA+ que não estivesse ensacado. Os censores, porém, não encontraram nada, porque Felipe Neto já tinha comprado as publicações do gênero e distribuído entre o público. A reportagem da Advocate explicou a história para o público americano, citando os títulos dos livros que Felipe distribuiu. Para completar, ainda postou um link para a matéria no Twitter com uma dedicatória especial. “Obrigado, Felipe Neto”, disse a publicação, escrevendo em português. Obrigado, @felipeneto ???https://t.co/2cOKT07vih — The Advocate (@TheAdvocateMag) September 9, 2019

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    Felipe Neto vira alvo de campanha de ódio de integrantes do partido de Bolsonaro

    9 de setembro de 2019 /

    O youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”) entrou na política. Ele (ainda) não é candidato a nada, mas já virou alvo de campanha destrutiva de membros de um partido. Integrantes do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, resolveram atacar o jovem após ele tomar o que muitos consideram a melhor e mais efetiva iniciativa social do ano, ao comprar e distribuir gratuitamente 14 mil livros com temática LGBTQIA+ na Bienal do Livro que se encerrou no domingo (9/8) no Rio de Janeiro. A iniciativa foi uma resposta à tentativa de censura do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que enviou fiscais à Bienal para recolher uma história em quadrinhos dos Vingadores em que dois super-heróis masculinos se beijavam. O prefeito, que é bispo evangélico, classificou o beijo como “impróprio” e exigiu que a publicação fosse lacrada com saco opaco e tivesse indicação de venda “proibida” para menores. Como a Bienal se recusou a considerar o beijo de um casal como pornografia, o prefeito chegou a ameaçar fechar o evento, enviando uma segunda leva de fiscais para recolher todo o material LGBTQIA+ que não estivesse ensacado. Os censores, porém, não encontraram nada, porque Felipe Neto já tinha comprado as publicações do gênero e distribuído entre o público. A escalada autoritária do prefeito bispo também foi recebida com protestos dos frequentadores da Bienal. E acabou barrada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que definiu a intromissão do município como “censura” e “descriminação de gênero”. Ou seja, o verdadeiro comportamento impróprio. Inconformados pela derrota, a extrema direita encomendou um ataque de bots nas redes sociais, com a missão de espalhar o tópico #PaisContraFelipeNeto, que viralizou entre os comentários no Twitter. Segundo o cientista de dados Fábio Malini, da Universidade Federal do Espírito Santo, que analisou o ciclo viral, o ataque cibernético atingiu a média de 20 tuítes por minuto durante a madrugada. Malini identificou o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) como responsável por criar o tópico. Com essa informação, Felipe Neto escreveu: “O deputado que começou a tag de ataque a minha reputação é o Carlos Jordy. Ele está sendo processado por mim após ter dito publicamente que eu tive ligação com o ataque terrorista na escola de Suzano. Ele criou fake news sem qualquer indício a respeito.” Em abril, o juiz Arthur Eduardo Magalhães Ferreira, da 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, determinou a exclusão de uma postagem no Twitter de Jordy que ligava Felipe Neto ao massacre em escola de Suzano, em São Paulo. O processo segue com pedidos de retratação pública e pedido indenizatório. Apesar desse antecedente, Carlos Jordy voltou a atacar Felipe Neto. No post que está sendo apontado como marco zero do surto viral, ele afirmou: “14 mil livros LGBTs distribuídos pelo Felipe Neto na Bienal. Ainda bem que, pelos vídeos, só aparecem militantes adultos pegando o material. Não permitam que seus filhos acessem conteúdo de quem quer que eles vejam material que contrarie suas convicções morais”. Os vídeos a que o deputado se refere registram milhares de adolescentes fazendo filas para receber os livros distribuídos pelo youtuber. Não são “militantes adultos”. Ou seja, trata-se de nova fake news. Mas Jordy não se prende a esse detalhe, pois em outros posts reclama da má influência de Felipe Neto para as crianças. Num dos posts mais claros em sua missão de promover a hashtag do ódio, o deputado afirmou: “#PaisContraFelipeNeto já está nos trending topics do Brasil. Não permitam que seus filhos tenham acesso ao conteúdo imoral desse sujeito que entra em suas casas julgando que pode ensinar a seus filhos a visão sexual e moral de mundo dele.” Outra integrante do PSL, a deputada Carla Zambelli acrescentou: “Felipe Neto retuitou foto com crianças segurando os livros impróprios para a idade. Sem problemas a distribuição para os mais velhos. Mas crianças?” O youtuber respondeu: “E os deputados do PSL seguem sendo o esgoto da política. Nenhuma criança pegou livro sem estar com os pais ou representantes legais. Os livros estavam lacrados. Eles mentem, distorcem, manipulam tudo em prol de sua agenda fascista e doente.” Ele ainda alterou o texto da “biografia” de seu perfil no Twitter para “Orgulhosamente odiado pelos integrantes do PSL”. Procurada pelo UOL, a assessoria de imprensa nacional do PSL disse que o partido não iria se manifestar sobre o caso porque é “impossível responder” sem saber se a acusação é contra o diretório nacional ou estadual da legenda. Além disso, afirmou que iria processar o youtuber e o UOL, caso ligasse os bots ao partido “sem apontar provas e sem esclarecer” contra quem é a acusação. Em reação aos bots, a hashtag #PaisComFelipeNeto começou a bombar. Entre os incentivadores, apareceu até o escritor Paulo Coelho. Mas não foi a única atitude da internet contra a campanha fundamentalista. Para completar, a hashtag do contra foi invadida por posts com fotos de beijos LGBTQIA+ e congratuações ao youtuber, transformando a corrente de ódio numa manifestação coletiva de apoio e amor. Com a dispersão, os bots tentaram emplacar nova hashtag, #FelipeNetoLixo. E o resultado foi o mesmo. “Clica na hashtag #FelipeNetoLixo e a maioria dos posts são a favor dele e contra a censura kkkkkk. Bots derrotados”, escreveu o jornalista Guga Noblat, da rádio Jovem Pan, no Twitter. Sem se dar por vencido, Carlos Jordy passou então a pregar o boicote ao canal do youtube de Felipe Neto. “Um cara que tem 34 milhões de seguidores no YouTube (público infantil) e quer influenciá-los com sua visão de mundo, contrariando as convicções morais dos pais e seu direito de educar seus filhos, é alguém perigoso. Não deixem que seus filhos assistam seus vídeos”, conclamou o político. Recebeu apoio de autodeclarados bolsominions convictos, que já não assistiam ao canal de Felipe Neto. E ajudou a aumentar, nas últimas 24 horas, em mais de 100 mil o número de inscritos no canal do jovem político em ascensão. Uma curiosidade. O cientista de dados Fábio Malini também observou que o PT, principal partido da esquerda brasileira, não se engajou na discussão sobre direitos LGBTQIA+ nem durante a ameaça de censura à Bienal. Houve raras exceções, e ainda assim marginais, como o retuíte de um post (de Marcelo Freixo, do PSOL) sobre o assunto por parte de Fernando Haddad, que não comentou diretamente a polêmica. Em contraste, Manuela d’Ávila (PCdoB), candidata a vice-presidente na chapa de Haddad, publicou vários comentários sobre o tema no fim de semana e até citou nominalmente Felipe Neto em ato de solidariedade. Terceiro colocado nas últimas eleições presidenciais, Ciro Gomes foi ainda mais incisivo ao chamar a tentativa de censura de fascista e em seus elogios à inciativa do youtuber. Já Marina Silva, candidata da Rede, que também é evangélica, foi mais petista que nunca, ignorando o assunto. O branco, o obscuro, é o pró-censura (7%). Contra, a maioria (93%). O Grafo possui 1.327.587 RTs feitos por 425.053 usuários. Ah! Deu branco no maior partido de esquerda do país, o PT, ausente da conversação no Twitter sobre a censura/homofobia de Crivella. pic.twitter.com/OJBmiZPJRB — Fabio Malini (@fabiomalini) September 8, 2019

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    STF considera censura do prefeito do Rio inconstitucional e homofóbica

    8 de setembro de 2019 /

    O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Dias Toffoli, suspendeu hoje uma decisão do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) que permitia a apreensão de livros com temática LGBTQIA+ na Bienal do Livro no Rio de Janeiro. Toffoli atendeu prontamente um pedido da Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge. O caso foi parar na Justiça após o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, mandar recolher exemplares dos quadrinhos de “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, porque mostravam um beijo de dois personagens masculinos vestidos. Em vídeos publicados na quinta e na sexta, o bispo prefeito sugeriu que beijo gay atentava contra a família, no sentido de representar “conteúdo sexual para menores”, e que, por isso, poderia ser enquadrado no Estatuto da Criança e do Adolescente. Uma liminar obtida pela organização tinha proibido as apreensões. Mas a liminar foi derrubada pelo presidente do TJ, desembargador Cláudio de Mello Tavares, que já tinha defendido, em liminar anterior, o direito de considerar homossexualismo uma doença. Tavares chegou ainda aumentou o poder de censura dos fiscais municipais, ao permitir a apreensão de qualquer tipo de publicação com conteúdo que aborde o que o prefeito Marcelo Crivella trata como “homotransexualismo” (sic). Com essa vitória, o bispo prefeito enviou fiscais para recolher livros de temática LGBTQIA+ vendidos sem lacre e avisos de conteúdo na Bienal do Livro. Mas os censores não sabiam quais eram os títulos e encontraram prateleiras vazias, pois, numa ação de protesto, o youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”) já tinha comprado e distribuído gratuitamente 14 mil livros LGBTQIA+ entre os frequentadores do evento. No pedido enviado neste domingo (8/9) a Toffoli, Raquel Dodge afirmou que a ordem para apreensão de livros configura “censura ao livre trânsito de ideias, à livre manifestação artística e à liberdade de expressão no país”. Em sua decisão, o presidente do STF também lembrou que a liberdade de expressão é um dos grandes legados da Constituição de 1988 e defende a necessidade de preservá-la. Além disso, deixou claro para o bispo prefeito, o presidente do TJ e todos preconceituosos e intolerantes no poder, que a imagem do beijo entre dois homens na história em quadrinhos não viola o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Ele lembrou que, em maio de 2011, o STF reconheceu o direito à união civil para casais formados por pessoas do mesmo sexo — e que assim esses casais passaram a ter os mesmos direitos dos casais heterossexuais. Ou seja, são famílias brasileiras. Após Toffoli declarar a inconstitucionalidade da liminar do TJ-RJ que autorizava a censura, outros ministros do STF também se manifestaram sobre o caso. O ministro Gilmar Mendes, que chegou a receber um recurso apresentado pela organização da Bienal do Livro ao Supremo, afirmou que a ordem do município do Rio de Janeiro constitui censura, com o “nítido objetivo de promover a patrulha do conteúdo de publicação artística”. Assim como Toffoli, Gilmar afirmou que a imagem do beijo entre dois personagens masculinos não viola o ECA. O ministro disse, ainda, que a decisão de apreender as obras “tenta atribuir um desvalor a imagens que envolvem personagens homossexuais”. “Salienta-se que em nenhum momento cogitou-se de impor as mesmas restrições a publicações que veiculassem imagens de beijo entre casais heterossexual”, escreveu. Gilmar também derrubou a decisão do TJ-RJ, que permitia a apreensão dos livros, e ordenou que o alvará de funcionamento da Bienal não seja cassado, algo que o bispo prefeito ameaçava fazer. Já o decano Celso de Mello afirmou, por meio de nota à imprensa, que a censura aos livros na Bienal do Rio “constitui fato gravíssimo”. “O que está a acontecer no Rio de Janeiro constitui fato gravíssimo, pois traduz o registro preocupante de que, sob o signo do retrocesso — cuja inspiração resulta das trevas que dominam o poder do Estado —, um novo e sombrio tempo se anuncia: o tempo da intolerância, da repressão ao pensamento, da interdição ostensiva ao pluralismo de ideias e do repúdio ao princípio democrático!”, manifestou-se o ministro. Ele ainda acrescentou: “Mentes retrógradas e cultoras do obscurantismo e apologistas de uma sociedade distópica erigem-se, por ilegítima autoproclamação, à inaceitável condição de sumos sacerdotes da ética e dos padrões morais e culturais que pretendem impor, com o apoio de seus acólitos, aos cidadãos da República”. Com base nesse entendimento, fica claro que a ação do prefeito foi considerada homofóbica. Mas aí tem mais um detalhe. O STF também considerou, em jurisprudência criada neste ano, que homofobia é crime análogo ao racismo. Caberia, portanto, à organização da Bienal do Livro dar entrada num processo por homofobia contra o prefeito do Rio. O caso serviria de lição histórica aos integrantes “das trevas que dominam o poder do Estado”, como disse Celso de Mello, referindo-se não apenas ao Rio de Janeiro, mas a todo o país. Aguarda-se novos desdobramentos.

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    Público da Bienal do Livro reage com protestos e beijos à tentativa de censura do prefeito do Rio

    8 de setembro de 2019 /

    A chegada dos fiscais da Secretaria de Ordem Pública (Seop) da Prefeitura do Rio para apreender livros com temática LGBTQIA+ vendidos sem lacre e avisos na Bienal do Livro foi recebida com beijaços e protestos no fim da tarde de sábado (7/9). Os funcionários da Prefeitura já tinham comparecido ao evento na sexta-feira para, segundo o órgão, recolher livros considerados “impróprios”. Na ocasião, a ação foi recebida com surpresa. Desta vez, porém, o público estava bem informado sobre a tentativa de censura e reagiu. Os manifestantes seguraram livros com temática LGBT+, como “Com Amor, Simon” e “Boy Erased”, já transformados em filmes, e algumas pessoas se beijaram. No meio do protesto, um manifestante inusitado, Pedro Otavio, de 8 anos, chamou a atenção ao gritar palavras de ordem a favor da educação. Sua mãe, Camila Helena Duarte Mota, disse ao jornal O Globo que a escola do menino, Escola Municipal Avertano Rocha está há dois dias sem merenda e comentou que era para isso que o prefeito deveria olhar. “Há dois dias as crianças saem mais cedo porque não tem gás de cozinha. Tem aluno que está passando fome porque depende da comida que a escola fornece. O Crivella deveria estar olhando para isso e não censurando a arte. Quanta coisa é competência do município e ele não olha?”, questionou. Após se reunir com os fiscais, Mariana Zahar, que trabalha há 30 anos na realização da Bienal, contou para a imprensa que eles não sabiam quais obras deveriam apreender. “Nunca tivemos nenhum evento desse tipo. Mas o Brasil também, acho que desde a ditadura militar, nunca viveu o que estamos vivendo agora. Espero que tenha sido essa vez e não vejamos mais”, disse Zahar. “Eu acho que a Bienal é um símbolo de diversidade, não só para o público LGBT. Nós temos um público enorme aqui de famílias, idosos, todas as religiões, todas as cores, todos os gêneros, então tem um símbolo e esse símbolo está sendo atacado de alguma forma”, completou. A ordem para recolher os livros partiu do prefeito e bispo Marcelo Crivella. Inicialmente, ele mandou recolher exemplares dos quadrinhos de “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, porque mostravam um beijo de dois personagens masculinos. Em vídeos publicados na quinta e na sexta, o bispo prefeito sugeriu que beijo gay atentava contra a família, no sentido de ser considerado pornografia, e que, por isso, poderia ser enquadrado no Estatuto da Criança e do Adolescente. A declaração pode ser considerada homofóbica e passível de punição criminal, de acordo com o entendimento atual do STF (Supremo Tribunal Federal), que equalizou homofobia ao crime de racismo no Brasil e considera que famílias podem ser constituídas por homossexuais. Uma liminar obtida pela organização tinha proibido as apreensões. A liminar foi derrubada pelo presidente do TJ, desembargador Cláudio de Mello Tavares, que já tinha defendido, em liminar anterior, o direito de considerar homossexualismo uma doença. Tavares ainda aumentou o poder de censura dos fiscais municipais ao permitir a apreensão de qualquer tipo de publicação com conteúdo que aborde o que o prefeito Marcelo Crivella trata como “homotransexualismo” (sic). Numa ação de protesto, o youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”) já tinha comprado e distribuído gratuitamente 14 mil livros de temática LGBTQIA+ entre os frequentadores do evento. Portanto, os fiscais não conseguiram encontrar obras à venda. Mesmo assim, a Bienal do Livro informou que vai recorrer da censura homofóbica no Supremo Tribunal Federal (STF), “a fim de garantir o pleno funcionamento do evento e o direito dos expositores de comercializar obras literárias sobre as mais diversas temáticas – como prevê a legislação brasileira”.

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    Patricia Arquette celebra ação de Felipe Neto contra censura do prefeito do Rio

    8 de setembro de 2019 /

    A atriz Patricia Arquette, vencedora do Oscar por “Boyhood”, repercutiu nas redes sociais a censura polêmica do Prefeito do Rio a um gibi da Marvel com beijo entre dois heróis masculinos. Em vez de se prender à homofobia e ao mau exemplo das autoridades cariocas, ela preferiu destacar o bom exemplo do youtuber e ator Felipe Neto (“Tudo por um Pop Star”), que reagiu ao preconceito comprando e distribuindo livros LGBTQIA+ que estavam à venda na Bienal do Livro. “Este jovem comprou 14 mil livros LGBTQ para dar de graça quando uma corte no Brasil tentou bani-los”, ela escreveu, anexando o post de Felipe Neto que anunciou a ação. Felipe conseguiu distribuir todos os livros, minutos antes dos censores da prefeitura chegarem com ordens para realizar um rapa na Bienal, autorizados por um juiz a recolher todos os livros de temática LGBTQIA+ que não estivessem lacrados e com aviso sobre o conteúdo. A reação dos seguidores da estrela de Hollywood foi de descrença. Para começar, pelo fato de a notícia se referir ao Brasil e não ao Irã. Mas também pela iniciativa de Felipe Neto, aplaudidíssimo por gente que nunca tinha ouvido falar dele antes. Quando Felipe comentou o tuíte da atriz, ela ainda complementou: “Obrigado pelo que está fazendo”. Veja abaixo. This young man purchased 14,000 LGBT books to give out when a court in Brazil’s tried to ban them https://t.co/DYLpReBqqr — Patricia Arquette (@PattyArquette) September 8, 2019 Thank you for what you are doing! ❤️ — Patricia Arquette (@PattyArquette) September 8, 2019

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