Claudia Cardinale, símbolo do cinema italiano, morre aos 87 anos.
Atriz de “O Leopardo”, “8 1/2” e “Era uma Vez no Oeste” marcou época com sua presença em grandes clássicos do cinema europeu
Cartaz do Festival de Cannes 2018 traz beijo clássico de O Demônio das Onze Horas
Em meio à polêmica com a Netflix, o Festival de Cannes divulgou nesta quarta (11/4) o cartaz oficial de sua 71ª edição, que destaca um beijo clássico da nouvelle vague, entre os atores Jean-Paul Belmondo e Anna Karina no filme “O Demônio das Onze Horas” (Pierrot le Fou, 1965), de Jean-Luc Godard. Veja acima a cena original e abaixo o pôster. O cartaz também presta homenagem ao fotógrafo de cena (“still”, no jargão cinematográfico) Georges Pierre (1927-2003), que começou carreira nos anos 1960 junto a nouvelle vague e também foi fundador da Association des Photographes de Films, entidade responsável pelo reconhecimento do ofício como arte. A arte final foi concebido pela designer francesa Flore Maquin, de 27 anos, que usa desenho, pintura e computação gráfica em seus trabalhos. Apaixonada por cinema, ela faz versões alternativas e releituras de vários cartazes clássicos de filmes. Seus trabalhos ficaram tão conhecidos que ela se tornou colaboradora de estúdios, canais e produtoras como Universal Pictures, Paramount Channel, Europacorp e Wild Side. A ilustração sucede uma arte polêmica. No ano passado, o uso de uma imagem da atriz italiana Claudia Cardinale acabou chamando atenção pelo excesso de retoques, que tornou a estrela bem mais magra do que realmente era. Claudia veio a público em defesa do trabalho. “É um pôster e, para além de me representar, representa uma dança, um voo. A foto foi retocada para acentuar o efeito da leveza e transformar em um personagem de sonho; é uma sublimação. Preocupações com o realismo não têm lugar aqui”, ela comentou. O Festival de Cannes 2018 vai acontecer de 8 a 19 de maio, tendo como presidente do júri a atriz Cate Blanchett (“Thor: Ragnarok”). O filme de abertura será “Todos lo Saben”, do iraniano Asghar Farhadi (“A Separação”), estrelado pelo casal espanhol Javier Bardem e Penelope Cruz (ambos de “Vicky Cristina Barcelona”).
Festival de Cannes completa 70 anos de relevância cinematográfica
O Festival de Cannes começa nesta quarta-feira (17/5) sua 70ª edição, repleto de estrelas e provocações, mas também em clima de medo por ataques terroristas e em meio a uma polêmica de mercado. Em seu aniversário de 70 anos, o evento promete uma disputa acirrada pela Palma de Ouro, já que privilegiou cineastas veteranos. São todos nomes de peso. Mesmo assim, entre os diretores da mostra competitiva, apenas o austríaco Michael Haneke já foi premiado. E ele venceu duas vezes: por “A Fita Branca” (2009) e “Amor” (2012). Seu novo filme é “Happy End”, sobre a crise dos refugiados na Europa, em que volta a trabalhar com Isabelle Huppert após “Amor”. A abertura do evento está a cargo de “Les Fantômes d’Ismael”, do francês Arnaud Desplechin (“Três Lembranças da Minha Juventude”), com Marion Cotillard. “Talvez eu não devesse dizer isto, mas não é fácil ser um diretor francês em Cannes”, afirmou o cineasta na entrevista coletiva de seu filme. “Há uma tensão, uma pressão com a imprensa, os espectadores… Há menos indulgência com os cineastas do país”. Apesar dessa declaração, há mais franceses que nunca no festival deste ano. A seleção reúne alguns dos cineastas mais famosos da nova geração do país. A lista inclui “L’Amant Double”, do sempre excelente François Ozon (“Dentro da Casa”), “Le Redoutable”, filme sobre Godard de Michel Hazanavicius (“O Artista”), “Rodin”, a cinebiografia do mestre da escultura com direção de Jacques Doillon (“O Casamento a Três”), e “120 Battements par Minute”, de Robin Campillo, responsável por “Eles Voltaram” (2004), que deu origem à série “Les Revenants”. Por sua vez, os americanos se destacam com “Wonderstruck”, novo filme feminino de Todd Haynes (“Carol”), estrelado por Julianne Moore e Michelle Williams, “Good Time”, dos irmãos Ben e Joshua Safdie (“Amor, Drogas e Nova York”), com Jennifer Jason Leigh e Robert Pattinson, “The Meyerowitz Stories”, do cineasta indie Noah Baumbach (“Frances Ha”), que junta Adam Sandler e Ben Stiller, e o western feminista “The Beguiled”, de Sofia Coppola (“Bling Ring”), remake de “O Estranho que Nós Amamos” (1971), com Nicole Kidman, Colin Farrell, Kirsten Dunst e Elle Fanning. Outros destaques incluem “You Were Never Really Here”, da escocesa Lynne Ramsay (“Precisamos Falar Sobre o Kevin”), em que Joaquin Phoenix luta contra o tráfico sexual, “The Killing of a Sacred Deer”, segundo filme do grego Yorgos Lanthimos estrelado por Colin Farrell, após o sucesso de “O Lagosta” (2015), e o retorno de cineastas sempre apreciados no circuito dos festivais, como Sergei Loznitsa (“Na Neblina”), Hong Sangsoo (“A Visitante Francesa”), Bong Joon-Ho (“Expresso do Amanhã”), Naomi Kawase (“Sabor da Vida”), Fatih Akin (“Soul Kitchen”), Andrey Zvyagintsev (“Leviatã”) e Kornél Mandruczó (“White Dog”). Apenas três filmes são dirigidos por mulheres (Coppola, Kawase e Ramsay), mesmo número da seleção do ano passado. Mas o que tem mais se discutido na véspera do festival é a representação da Netflix na competição. Os exibidores franceses fizeram pressão contra os organizadores por terem selecionado dois filmes que não serão exibidos nos cinemas: “The Meyerowitz Stories”, de Noah Baumbach, e “Okja”, de Bong Joon-Ho. Ambos serão disponibilizados apenas via streaming na França, pois os exibidores não abrem mão de uma janela de 36 meses de exclusividade, antes que um filme possa ser disponibilizado por via digital no país. Por conta da controvérsia, o festival acabou se comprometendo a não selecionar mais filmes com distribuição exclusiva em streaming. Mas a questão é bem mais complexa que simplesmente barrar longas produzidos pela Netflix. No ano passado, o filme vencedor da Câmera de Ouro, o francês “Divines”, foi adquirido pela Netflix após passar no festival e não respeitou a janela de 36 meses para entrar no catálogo da plataforma de streaming. O presidente do júri deste ano, o espanhol Pedro Almodóvar, já se posicionou a respeito da polêmica, afirmando que seria um paradoxo que um filme premiado em Cannes não pudesse ser visto nos cinemas. “Seria um enorme paradoxo que uma Palma de Ouro (…) ou qualquer outro filme premiado não pudesse ser visto em salas” de cinema, disse Almodóvar, convocando as plataformas de streaming a “aceitar as regras do jogo”. A discussão ainda vai longe, conforme o mercado evolui com as novas tecnologias, como a digitalização que as próprias salas de cinema atualmente usufruem. E vale lembrar que até cartaz do festival (foto acima) foi acusado de retocar digitalmente as curvas clássicas de Claudia Cardinale. Maladies du 21ème siècle. Mas o simples fato de Cannes estar no centro da polêmica comprova a relevância duradoura do evento, 70 anos após seu primeiro tapete vermelho.
Pôster do Festival de Cannes 2017 homenageia Claudia Cardinale e cria polêmica
A atriz italiana Claudia Cardinale é a homenageada deste ano no pôster oficial do Festival de Cannes. Ela aparece jovem, descalça, sorridente e dançante no pôster do evento, que comemora 70 anos em 2017. Mas o tratamento da imagem acabou criando uma polêmica. O jornalista francês David Honnorat acusou o festival de afinar as pernas e a cintura da estrela no Photoshop, alterando – blasfêmia! – sua beleza voluptuosa para um padrão mais próximo da magreza das modelos atuais. As diferenças entre a imagem original e a arte são bastante claras, como pode ser visto abaixo. Procurada pela imprensa, a agência Bronx, responsável pelo cartaz, e a organização do Festival de Cannes ainda não se manifestaram sobre o assunto. Em comunicado, a atriz se disse orgulhosa por ter sido escolhida para ilustrar o pôster da edição de 70 anos do festival. “Estou honrada e orgulhosa por estar segurando a bandeira para o 70º Festival de Cannes. E encantada com a escolha da foto. É a imagem que eu mesma tenho do festival, um evento que ilumina tudo ao seu redor. Essa dança nos telhados de Roma aconteceu em 1959. Ninguém lembra o nome do fotógrafo… Eu também esqueci”, disse Cardinale, em comunicado à imprensa. “Essa foto me faz lembrar das minhas origens, e de um tempo em que eu nunca tinha sonhado em subir os degraus da sala de cinema mais famosa do mundo. Feliz aniversário!”, ela desejou ao festival. Ícone do cinema italiano, Cardinale iniciou sua carreira em 1958 e emprestou seu talento e beleza para grandes clássicos do cinema, como “Oito e Meio” (1963), de Federico Fellini, “O Leopardo” (1963), de Luchino Visconti, “A Pantera Cor-de-Rosa” (1963), de Blake Edwards, “Era Uma Vez no Oeste” (1968), de Sergio Leone, e “Fitzcarraldo” (1982), de Werner Herzog. Atualmente com 78 anos, ela segue atuando e está prestes a participar de duas produções italianas em 2017: “Niente di Serio” e “Piccolina Bella”. A 70ª edição do Festival Cannes, que terá o espanhol Pedro Almodóvar como presidente do júri, vai acontecer entre os dias 17 e 28 de maio.



