A Economia do Amor: Bérénice Bejo tenta se divorciar em trailer legendado de drama francês
A Imovision divulgou o trailer legendado do drama francês “A Economia do Amor”, em que um casal decidido a se separar encontra dificuldades para acertar as contas da partilha de bens e se vê estendendo a convivência. No filme, o cineasta Joachim Lafosse (“Os Cavaleiros Brancos”) examina os aspectos financeiros do divórcio, destacando o impacto econômico de uma separação. Curiosamente, trata-se do segundo divórcio cinematográfico recente da atriz Bérénice Bejo, que estrelou “O Passado”, de Asghar Farhadi, em 2013. No novo longa, ela tenta se separar de Cédric Kahn (“Um Amor à Altura”), certa de que o amor acabou após 15 anos de casamento, mas o marido não sai de casa e, além do estresse de discutir detalhes da separação, ainda precisa lidar com o tempo que cada um deve passar com as filhas pequenas. Exibido na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes deste ano, “A Economia do Amor” tem estreia prevista para 24 de novembro no Brasil.
É Apenas o Fim do Mundo: Drama premiado com Marion Cotillard e Léa Seydoux ganha primeiro trailer legendado
A Califórnia Filmes divulgou o trailer legendado de “É Apenas o Fim do Mundo”, primeiro filme do cineasta canadense Xavier Dolan estrelado por atores franceses. E que atores! Gaspard Ulliel (“Saint Laurent”) tem o papel principal, como um jovem que decide reencontrar a família, após muitos anos, para comunicar que irá morrer. A prévia é toda narrada de seu ponto de vista, imaginando como se dará o encontro com a família interpretada por Léa Seydoux (“007 Contra Spectre”), Marion Cotillard (“Macbeth”), Vincent Cassel (“Em Transe”) e Nathalie Baye (“Uma Doce Mentira”). Adaptação da peça homônima de Jean-Luc Lagarce, o filme foi premiado com o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes (considerado o prêmio de 2º lugar da competição). Apesar do elenco francês, o filme foi escolhido como representante do Canadá na busca por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A estreia está marcada para 24 de novembro no Brasil, dois meses após a estreia no Canadá e na França.
Valerian: Sci-fi espacial de Luc Besson ganha primeiro pôster e novas fotos
A EuropaCorp divulgou o pôster e mais quatro fotos de “Valerian e a Cidade dos Mil Planetas”, nova sci-fi do cineasta francês Luc Besson (“Lucy”), que destaca o casal protagonista. A adaptação dos cultuados quadrinhos franceses, criados por Pierre Christin e Jean-Claude Mézières em 1967, o filme acompanha os exploradores espaciais Valérian (Dane DeHaan, de “O Espetacular Homem-Aranha 2”) e Laureline (Cara Delevingne, de “Cidades de Papel”) em uma missão no planeta Sirte, para descobrir se seus habitantes representam um risco para a Terra. O elenco também inclui Clive Owen (série “The Knick”), Ethan Hawke (“Boyhood”), Rutger Hauer (“Blade Runner”), a cantora Rihanna (“Battleship”) e o jazzista Herbie Hancock (“Por Volta da Meia-Noite”). A produção marca o retorno do cineasta francês Luc Besson à ficção científica espacial, duas décadas após “O Quinto Elemento” (1997). Além de dirigir, o cineasta assina o roteiro do filme, que será o mais caro já produzido por sua empresa, a EuropaCorp, responsável pela franquia “Busca Implacável”. A estreia está marcada para 20 de julho de 2017 no Brasil, um dia antes do lançamento na França e nos EUA.
Personal Shopper: Filme de fantasmas com Kristen Stewart ganha novo trailer
A IFC Films divulgou o trailer americano de “Personal Shopper”, produção que marca o reencontro da atriz Kristen Stewart com o diretor francês Olivier Assayas, após a bem-sucedida parceria em “Acima das Nuvens”. A primeira parceria rendeu à americana o César (o Oscar francês) de Melhor Atriz Coadjuvante do cinema francês em 2015. A segunda deu ao cineasta o troféu de Melhor Direção no Festival de Cannes deste ano. A prévia revela o lado místico da trama, ao trazer Kristen explicando para Lars Eidinger (também de “Acima das Nuvens”) que pretende ficar em Paris até ser contatada por seu irmão gêmeo recém-falecido, respeitando um acordo mediúnico que ambos fizeram a respeito de quem morresse primeiro. Logo em seguida, ela aparece aterrorizada, encontrando sinais de fantasmas. O elenco internacional também inclui a austríaca Nora von Waldstätten (mais uma integrante de “Acima das Nuvens”), a francesa Sigrid Bouaziz (série “The Tunnel”) e o norueguês Anders Danielsen Lie (“Oslo, 31 de Agosto”). O filme ainda será exibido nos festivais de Nova York e Londres, antes de estrear comercialmente na França em dezembro. O lançamento americano está previsto apenas para março e ainda não há previsão para sua chegada ao Brasil.
Mel Gibson negocia viver vovô espião em novo filme de ação
O ator Mel Gibson está negociando estrelar um novo filme de ação, “Every Other Weekend”, desta vez com um tom mais cômico. Depois de lutar para salvar a vida da filha em seu retorno ao protagonismo cinematográfico, no filme “Herança de Sangue”, de Jean-François Richet, ele agora tentará livrar o neto do perigo, num longa que será novamente dirigido por um francês, Benjamin Rocher. O cineasta chamou atenção por realizar dois filmes de zumbis consecutivos, uma mais sério (“Legião do Mal”, de 2009) e outro zoado (“Goal of the Dead”, de 2014), que se provaram criativos contra todas as expectativas de esgotamento do gênero. Seu trabalho mais recente foi o policial “Antigang”, com Jean Reno (“A Sombra do Inimigo”), e agora ele parte para o cinema de espionagem. Na trama, um jovem está convencido de que seu pai é um agente da CIA, quando na verdade ele é apenas um profissional de informática. Em uma viagem a Paris, os dois se veem em uma situação de vida ou morte, após diversos segredos virem à tona. Gibson vai interpretar o avô, que realmente é um espião. A premissa é de Curtis e Brandon Birtell, cujo grau de parentesco não foi informado. O segundo era assistente de Paul Walker e coprodutor de seus filmes. Mas o roteiro foi revisado pelo francês David Moreau, que escreveu os terrores “Eles” (2006) e “O Olho do Mal” (2008).
O Vale do Amor ganha ressonância pela presença de Isabelle Huppert e Gérard Depardieu
Não há nada pior para um pai e uma mãe do que a perda de um filho. É uma tragédia que trai a ordem que a existência humana deveria seguir, na qual os mais velhos partem, enquanto os mais novos se estabelecem no que os cristãos nomeiam como plano material. Porém, o maior choque vem quando a morte prematura é pontuada por um suicídio, deixando aos pais o peso da culpa. É sobre isso que trata o 13º longa-metragem de Guillaume Nicloux (“A Religiosa”), exibido em competição no ano passado no Festival de Cannes. Mas o texto, também de sua autoria, traz a possibilidade para o casal interpretado pelos magníficos Isabelle Huppert (“Amor”) e Gérard Depardieu (“Bem-Vindo a Nova York”) dar um adeus, apropriadamente, e assim encontrar algum conforto antes de retomarem as suas rotinas. Fotógrafo homossexual, Michael tirou a própria vida ingerindo inúmeros comprimidos. Antes, deixou cartas endereçadas para os seus pais, incluindo um roteiro de viagens que eles devem seguir ao longo de uma semana. O destino é o Vale da Morte, situado na Califórnia, onde promete fazer uma aparição. Além da promessa de um reencontro sobrenatural com o filho, a ocasião serve de oportunidade para esse homem e essa mulher se reencontrarem após constituírem uma família com novos parceiros. Foi uma separação harmoniosa, bem resolvida, mas os atritos são inevitáveis, especialmente ao avaliarem o quanto foram negligentes com Michael – a mãe teria ficado nada menos que sete anos sem vê-lo. Mesmo que tenha uma abordagem original sobre o luto, Guillaume Nicloux acredita que nada é maior do que as presenças de Isabelle Huppert e Gérard Depardieu, que têm um reencontro no cinema após os 35 anos que os separam de “Loulou”, de Maurice Pialat. O diretor e roteirista sequer se dá ao trabalho de imaginar outros nomes para os personagens que não sejam os de seus intérpretes. Até a profissão se manteve – ao ser abordado por um sujeito em férias com a esposa, Gérard assina como Bob de Niro ao dar um autógrafo. Nem todos gostam de filmes que vivem em função dos astros que estampam seu cartaz, mas isso não é exatamente um problema em “O Vale do Amor”. Ainda mais porque não há muitos veteranos como Isabelle Huppert e Gérard Depardieu para trazer a mesma intensidade dramática em um filme quase ausente de artifícios. Ela com uma dor emocional e ele com a fragilidade física de um diamante bruto.
Estreias: Animação infantil Cegonhas é o maior lançamento da semana
A semana traz dez lançamentos, além de uma exibição limitadíssima de “Pequeno Segredo” no interior do RS. Parece muito, mas dessa lista só três frequentarão os shoppings, dois deles com estreia simultânea com os EUA. A animação “Cegonhas – A História que Não Te Contaram” tem a distribuição mais ampla, ocupando 807 salas (594 em 3D). Bem infantil, sequer aborda a premissa que a inspirou: de onde vem os bebês. A trama mostra que as cegonhas abandonaram o negócio de entrega de bebês para se concentrar no lucrativo serviço de entregas de celular de última geração. Mas quando um bebê aparece no depósito das mercadorias, uma jovem órfã ruiva, que nenhuma cegonha entregou, convence o herdeiro do negócio a retomar o hábito perdido e encontrar uma família para o pequeno pacote babão. Fofo até enjoar, o filme dividiu a crítica americana (56% de aprovação no site Rotten Tomatoes) e chega ao Brasil com as vozes de Klebber Toledo (novela “Lado a Lado”), Tess Amorim (“Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”) e Marco Luque (programa “Altas Horas”). A outra estreia simultânea com os EUA é o western “Sete Homens e um Destino”, remake anacrônico do filme de 1960, que chega em 340 salas (12 em Imax). Fruto do revisionismo afetado do cinema americano atual, apresenta um Velho Oeste sem conflitos raciais, em que pistoleiros de diferentes etnias (a ONU do Velho Oeste) se unem para expulsar um bando com perfil de terroristas radicais (o Estado Islâmico do Velho Oeste), que atormenta uma cidadezinha de pacatos cidadãos brancos. Até os westerns spaghetti, rodados na Espanha com atores italianos, eram mais realistas. Mas se não dá para levar muito a sério este trabalho do diretor Antoine Fuqua (“O Protetor”), é possível se divertir bastante com ele, graças ao elenco imponente, com Denzel Washington (“O Protetor”), Chris Pratt (“Guardiões da Galáxia”), Ethan Hawke (“Boyhood”) e Vincent D’Onofrio (série “Demolidor”) trocando tiros e bancando machões. 65% no Rotten Tomatoes. Apenas um dos quatro lançamentos nacionais da semana chega em todo o país, e é mesmo mais um besteirol. Sem criatividade alguma, “Tô Ryca” leva a 420 telas outra história de pobre que enriquece de uma hora para outra, como “Até que a Sorte nos Separe” (2012), “Vai que Cola: O Filme” (2015) e “Um Suburbano Sortudo” (2016). A diferença, além do sexo da protagonista, é que, para ganhar uma grande herança, a personagem central precisa perder milhões de propósito – e não por acidente. Diferença? A premissa genérica é a mesma do livro “Brewster’s Millions”, de George Barr McCutcheon, já filmado 11 vezes desde 1914, inclusive com duas versões indianas. A filmagem mais conhecida, “Chuva de Milhões” (1985), passou repetidas vezes na TV brasileira e inclui na história uma trama da eleição que também está no roteiro brasileiro! Estrelado por Samantha Schmutz (“Vai que Cola: O Filme”) em seu primeiro papel de protagonista, o filme registra o último trabalho da atriz Marília Pêra (“Pixote: A Lei do Mais Fraco”), falecida em dezembro. Assim como na semana passada, a melhor estreia da programação também é um filme brasileiro restrito a poucas salas. Exibido em apenas 17 telas, “O Silêncio do Céu” representa o amadurecimento do diretor Marco Dutra, que troca o terror de “Trabalhar Cansa” (2011) e “Quando Eu Era Vivo” (2014) pelo suspense sufocante. Tenso do começo ao fim, o filme acompanha o desdobramento de um ato de violência, o estupro de uma mulher, testemunhado em segredo e sem querer por seu marido. Envergonhados, nenhum dos dois fala sobre o assunto, como se não tivesse acontecido, embora o marido se torne obcecado em se vingar do responsável. Rodado em Montevidéu e falado em espanhol, a produção destaca a brasileira Carolina Dieckmann (“Entre Nós”) e o argentino Leonardo Sbaraglia (“Relatos Selvagens”) nos papéis principais. Os outros dois títulos nacionais são anti-comerciais, cada um a seu modo. Distribuído em nove salas de seis cidades, “Charlote SP” se orgulha de ser o primeiro longa nacional rodado com câmeras de celular. Praticamente um filme de estudante de cinema, traz como protagonista, lógico, um jovem que quer ser cineasta e que namora, obviamente, uma modelo. “Nervos de Aço” também é protagonizado por um diretor, mas de teatro, e vai na linha oposta, com câmeras profissionais, bom acabamento e um cineasta de ficha corrida: Maurice Capovilla, marginal cinematográfico desde os anos 1960. O longa teve première há dois anos no Festival Cine Ceará e a demora para encontrar circuito reflete seu formato “experimental”. A produção parte de um musical inspirado no repertório clássico de Lupicínio Rodrigues para fazer metalinguagem, contando uma historinha interpretada pelos próprios músicos, entre canções apresentadas num teatro e com o elenco dialogando com o público. Arrigo Barnabé estrela como o diretor teatral que também é cantor e, ainda por cima, namora a cantora da banda. A exibição começa em apenas uma sala no Rio e pretende aumentar seu alcance na próxima semana. As últimas novidades são quatro lançamentos europeus. Gérard Depardieu chegou a vir ao Rio para lançar “O Vale do Amor”, drama que ele estrela com Isabelle Huppert, sem circuito divulgado. Além do enorme talento, a dupla demonstra uma química inegável, construída ao longo das décadas – este é seu terceiro encontro nas telas, após 35 anos da última parceria. Por coincidência, na trama eles vivem um casal separado há muitos anos, que se reencontra no Vale da Morte, na Califórnia, para cumprir o último desejo do filho, morto seis meses antes. Ambos foram indicados ao César (o Oscar francês) por seus papéis. As demais estreias não empolgam. O drama “Lembranças de um Amor Eterno” leva a 46 salas o pior filme do diretor italiano Giuseppe Tornatore, em que Jeremy Irons (“Batman vs. Superman”) é um astrônomo num relacionamento à distância com Olga Kurylenko (“Oblivion”). O mesmo ator também vive um acadêmico na produção inglesa “O Homem que Viu o Infinito”, cinebiografia apelativa e reducionista do gênio autodidata indiano S. Ramanujan, interpretado por Dev Patel (“O Exótico Hotel Marigold”), em 25 salas. Por fim, merecendo apenas seis salas, “Belas Famílias” perpetua os clichês das comédias francesas sobre infidelidade, desperdiçando o bom ator Mathieu Amalric (“O Escafandro e a Borboleta”).
Volta de Mel Gibson em Herança de Sangue empolga mais que o próprio filme
Quem aprecia o trabalho de Mel Gibson, seja o ator ícone dos anos 1980 e 1990, seja o grande diretor que se revelou, sempre torce por um retorno triunfal, depois dos vacilos que viraram sua vida do avesso e o tornaram persona non grata para muitos. E enquanto sua volta retumbante à direção não estreia – “Até o Último Homem”, aplaudido de pé por 10 minutos no Festival de Veneza, só chega em janeiro – , “Herança de Sangue” quebra o galho, permetindo rever Gibson como ator. Produção francesa travestida de hollywoodiana, “Herança de Sangue” tem direção de Jean-François Richet, cuja estreia hollywoodiana de fato se deu com o remake “Assalto à 13ª Delegacia” (2005). Assim como aquele, o novo filme de Richet evoca o cinema B de ação, mas tem os seus méritos, principalmente para fãs de Gibson, ao modelar o novo protagonista em heróis oitentistas, como Max Rockatansky e o detetive Martin Riggs. Essas citações chegam a ser explícitas e funcionam como uma piscadela de olho do diretor (e do ator) para o público. “Herança de Sangue” não é muito diferente dos melhores e dos piores filmes estrelados pelo ator. E aí entra uma característica praticamente autoral. Ainda que idealizados e dirigidos por outras pessoas, os longas estrelados por Gibson acabam trazendo personagens que dialogam entre si, perpetuando o tom trágico de seus heróis falhos, retratados como suicidas, meio maníacos ou incutidos por algum sentimento de culpa que remete ao catolicismo fervoroso do ator. Basta lembrar de obras tão distintas quanto “Mad Max” (1979), “Máquina Mortífera” (1987), “Hamlet” (1990), “O Patriota” (2000), “Fomos Heróis” (2002), “O Fim da Escuridão” (2010) e “Um Novo Despertar” (2011). Novamente temos um personagem que se martiriza, dessa vez por não ter dado uma educação ou uma atenção adequadas à filha, que se encontra desaparecida e envolvida com pessoas pouco confiáveis. Logo no começo, vemos o quanto a vida da menina (Erin Moriarty, da série “Jessica Jones”) anda louca. Mas o personagem de Gibson também não se saiu muito melhor, como um ex-presidiário que mora em uma comunidade de trailers no meio do deserto. Ele trabalha como tatuador e exibe as rugas da idade, mostradas em vários closes-ups ao longo do filme. A história, porém, é bastante superficial, e lá pela metade do filme já tende a aborrecer, perdendo-se em clichês. Até mesmo os aspectos trágicos e de sacrifício, que costumam ser muito bem explorados nos filmes dirigidos pelo próprio Gibson, como os excelentes “Coração Valente” (1995) e “A Paixão de Cristo” (2004), acabam minimizados por Richet na condução da trama. Ao final, o personagem e seu intérprete provam-se muito melhores que o filme medíocre em que se encontram.
Eva Green vai estrelar próximo filme de Roman Polanski
A atriz Eva Green entrou no elenco do próximo filme do cineasta Roman Polanski, a adaptação do premiado romance “Baseado em Fatos Reais”, de Delphine de Vigan. E, para variar, interpretará uma personagem desequilibrada. Ela vai contracenar com a esposa do diretor, Emmanuelle Seigner, que é figura constante nos filmes de Polanski desde “Busca Frenética” (1988). Na trama, Seigner viverá o alter-ego de Delphine de Vigan, uma escritora que passa por um bloqueio criativo após o lançamento do último e bem-sucedido livro. O momento difícil é superado com a ajuda de uma nova e maravilhosa amiga, L, papel de Eva Green. O problema é que a amiga, que trabalha como ghost writer, revela-se uma admiradora obsessiva que, em pouco tempo, tenta se intrometer no texto e até na vida íntima da escritora. Lançado no Brasil pela Intrínseca, o livro venceu diversos prêmios literários no ano passado. A adaptação está sendo escrita por outro cineasta, Olivier Assayas, que recentemente recebeu o prêmio de Melhor Diretor do Festival de Cannes por seu filme “Personal Shopper”, uma história de fantasmas com Kristen Stewart, previsto para estrear em dezembro na França. A produção será financiada pelo estúdio americano Lionsgate, marcando uma volta simbólica de Polanski a Hollywood. Mas, como o cineasta não pode sair da França sob pena de ser preso e extraditado para os EUA, as filmagens de “Baseado em uma História Real” começam em novembro, na cidade de Paris. Não está claro se a produção será falada em inglês ou francês. Curiosamente, Eva Green, que é francesa, não filma em sua língua natal desde seu segundo longa-metragem em 2004.
Desculpe o transtorno, mas sete filmes nacionais estreiam nesta semana
Um terror é o principal lançamento no circuito nacional pela segunda semana consecutiva. Retomando a franquia que popularizou a estética dos vídeos encontrados (found footage) em 1999, “Bruxa de Blair” dará sustos no escuro de 734 cinemas pelo Brasil. A continuação acompanha uma nova equipe de documentaristas na floresta onde os integrantes do filme original desapareceram, e foi rodado em segredo por Adam Wingard (“Você É o Próximo”), um dos diretores mais incensados da nova geração do terror/suspense. A surpresa dividiu opiniões, com 53% de aprovação no site Rotten Tomatoes – bem melhor que a primeira sequência, lançada em 2000 com apenas 13%. O segundo filme americano nos shoppings é “Conexão Escobar”, que traz Bryan Cranston (série “Breaking Bad) como um agente da alfândega que enfrenta o cartel do narcotraficante colombiano Pablo Escobar. Chega em 119 salas após implodir nas bilheterias dos EUA e sem ter gerado um terço do hype da série “Narcos” sobre o mesmo tema. Mas a crítica gringa gostou (67% de aprovação). De todo modo, o que chama atenção na semana é a quantidade de estreias nacionais. São nada menos que sete longas: dois documentários e cinco obras de ficção, com destaque para um drama adolescente absolutamente imperdível. Apesar disso, apenas um dos lançamentos conta com distribuição ampla. “Desculpe o Transtorno” leva a 318 telas a tentativa de Gregório Duvivier emplacar como protagonista de comédia romântica, na esteira do colega de Porta dos Fundos Fábio Porchat. Nesta missão, ele contou com ajuda dos incautos que tornaram viral um texto de propaganda, publicado em sua coluna num grande jornal, supostamente como declaração de amor à ex-esposa, que, “por coincidência”, é seu interesse amoroso no filme. Houve quem achasse o texto profundo. Mas a comédia não passa de uma versão besteirol de “O Médico e o Monstro”, em que Duvivier faz o público sofrer com suas duas personalidades, um estereótipo de paulista e um clichê de carioca. O roteiro foi escrito por Adriana Falcão e Tatiana Maciel, que assinaram juntas “Fica Comigo Esta Noite” (2006), e a direção é de Thomas Portella, que retorna ao humor de sua estreia, “Qualquer Gato Vira-Lata” (2011), após o terror banal “Isolados” (2014) e o ótimo policial “Operações Especiais” (2015). O contraste é brutal com o outro lançamento do gênero, “Turbulência”, que chega em apenas quatro salas no interior do Rio. Acompanhando os encontros e desencontros de dois casais, o filme tem uma história de aeroporto como pano de fundo, como em “Ponte Aérea” (2014), mas é muito amador, com elenco de coadjuvantes de novela, cenografia “Casas Bahia”, falta de timing humorístico e tom histérico permanente. A equipe vem da produção de séries da TV Rio Sul, braço da Globo no interior carioca, e é sub-Globo em tudo. Igualmente televisivo, “Os Senhores da Guerra” tem ambição épica, porém suas cenas de batalha são encenadas como minissérie da Globo – ou, no caso, da RBS TV, cujo padrão é bem mais elevado que o da TV Rio Sul. Assim como nos longas anteriores de Tabajara Ruas (“Netto Perde Sua Alma”), a produção foca conflitos históricos do Rio Grande do Sul, desta vez a Revolução Federalista do século 19. A carga dramática ganha contornos folhetinescos com a divisão política de uma família, que coloca irmão maragato contra irmão ximango. A distribuidora não revelou o circuito, mas o lançamento chega, além do RS, ao menos em São Paulo. Também rodado no Sul do país, “Lua em Sagitário” é um drama adolescente que acompanha uma garota entediada com seu cotidiano, numa cidadezinha catarinense na fronteira com a Argentina. Em busca de novidades, ela descobre o amor, o rock e os últimos hippies brasileiros. Um deles, claro, é Sergei. A outra é a recém-falecida Elke Maravilha, em seu derradeiro papel. Mas vale prestar atenção na jovem protagonista, a estreante Manuela Campagna, que passa meiguice extrema. Com vivência em documentários, a diretora Marcia Paraiso faz uma boa estreia na ficção, apesar de alguns problemas de dicção de seu elenco. Já o melhor da lista é, disparado, “Mate-me por Favor”, filme de estreantes, que mesmo assim rendeu os prêmios de Melhor Atriz e Direção para a Valentina Herszage e Anita Rocha da Silveira, respectivamente. Interessante como as melhores estreias da semana são dois primeiros filmes de novas diretoras, focados em adolescentes e sem atores globais. “Mate-Me por Favor”, inclusive, seguiu carreira internacional, exibido nos festivais de Veneza, Munique, IndieLisboa e SXSW, arrancando elogios da imprensa internacional – mas não foi submetido à comissão do Oscar. Escrito pela própria diretora, “Mate-me por Favor” explora medo e desejo, manifestando as pulsões de eros e thanatos na descoberta da sexualidade de um grupo de adolescentes numa região violenta, marcada pelo assassinato de meninas da sua idade, com reflexo na repressão feminina. Redondinho, rende várias leituras, prende a atenção do começo ao fim e já tem lugar garantido na seleção de melhores do ano da Pipoca Moderna. Mas pode ser difícil vê-lo, pois a distribuição é limitada e não teve seu circuito divulgado. Por falar em pulsão, há ainda um documentário nacional, “Hestórias da Psicanálise – Leitores de Freud”, que chega em 20 telas, dedicado a refletir a leitura de Sigmund Freud no Freud. Bem feito e convencional. O outro documentário é parte ficção. “Olympia” reflete sobre a realização das Olimpíadas no Rio e seu impacto, repisando o pisoteado tema da corrupção. O diretor Rodrigo Mac Niven (“O Estopim”) parte da construção do campo de golfe num terreno de reserva ambiental, mas o escândalo se passa numa cidade fictícia chamada Olympia, onde as pessoas nascem com asas, que logo são cortadas. A alegoria dilui a denúncia, colateralmente lembrando que no Rio tudo inspira carnaval. A programação se completa com dois lançamentos europeus em circuito limitado. Apesar da popularidade dos personagens, a animação espanhola “Mortadelo & Salaminho – Em Missão Inacreditável” estará disponível em cerca de 20 salas com exclusividade na rede Cinépolis. A produção usa computação gráfica para dar novas dimensões à obra clássica de Francisco Ibáñez e terá, inclusive, algumas exibições em 3D, mas seu humor não reflete a graça dos quadrinhos originais. Por fim, o francês “Meu Rei” chega a oito salas do Rio de Janeiro. Sorte dos cariocas, pois é o melhor filme internacional da semana. Dirigido pela bela atriz, que virou brilhante cineasta Maïween (vejam também “Polissia”), acompanha um romance que se torna um relacionamento abusivo, com cenas de amor e violência doméstica, estendendo-se por anos. Emmanuelle Bercot foi premiada como Melhor Atriz do Festival de Cannes por seu papel, e o elenco ainda inclui Vincent Cassel e Louis Garrel – todos, mais a diretora, indicados ao César, o “Oscar francês”. A expectativa é que o circuito se expanda nas próximas semanas para outras cidades.
Grave: Terror canibal causa desmaios no Festival de Toronto
Fazer o público passar mal pode ser uma receita de desastre para qualquer filme. A menos que seja um terror. Pois o filme “Grave” (Raw), estreia em longas da francesa Julia Ducournau, está virando um dos mais aguardados do gênero pelo mal estar que vem causando no circuito de festivais. Após revirar estômagos no Festival de Cannes, onde venceu um prêmio da crítica, sua exibição no Festival de Toronto foi recebida não com aplausos, mas com desmaios. Projetado na popular sessão da meia-noite do festival, Midnight Madness, dedicada a filmes extremos, “Grave” fez com que alguns espectadores tivessem que receber atendimento médico após assisti-lo. Uma ambulância precisou ser chamada ao local após duas pessoas desmaiarem diante do forte conteúdo exibido na tela. Coprodução entre França e Bélgica, o filme acompanha uma jovem vegetariana que, depois de sofrer um trote em um curso de veterinária, desenvolve um “desejo incontrolável” por carne… humana, é claro. O filme ainda vai passar por outros festivais internacionais, entre eles o de Sitges, um dos mais tradicionais eventos do cinema de terror. “Grave” ainda não tem distribuição garantida no Brasil.
Gérard Depardieu volta ao Brasil após três décadas para o lançamento de O Vale do Amor
A distribuidora Imovision anunciou que vai trazer o ator francês Gérard Depardieu ao Brasil para o lançamento de seu mais novo filme, o drama “O Vale do Amor”, de Guillaume Nicloux (“A Religiosa”). O ator vai participar de evento de pré-estreia do filme no recém-inaugurado Reserva Niterói, no próximo dia 18 de setembro, um domingo. O longa estreia nos cinemas na semana seguinte, no dia 29. Dépardieu não vem ao Brasil há quase 30 anos. A mesmo Imovision havia tentado trazê-lo em 2014, para o lançamento de “Bem-vindo a Nova York”, de Abel Ferrara. Na época, o diretor e a atriz Jacqueline Bisset viajaram a São Paulo e ao Festival de Paulínia para promover o filme. Com mais de 200 filmes no currículo, Depardieu é uma das maiores estrelas do cinema francês, mas ultimamente tem chamado muito atenção pelas confusões de sua vida pessoal. Após crises de alcoolismo, ele se tornou abstêmio e uma das exigências de sua visita é não ter álcool por perto – nem no hotel, muito menos durante a pré-estreia. Em maio deste ano, Depardieu contou ao jornal britânico The Telegraph que parou de beber depois se habituar a consumir 14 garrafas de vinho por dia. Ele também exigiu conceder apenas duas entrevistas enquanto estiver por aqui e não ir para São Paulo. O filme “O Vale do Amor” é de 2015 e foi exibido em competição no Festival de Cannes do ano passado. Ele marca o terceiro encontro nas telas entre o ator e a atriz Isabelle Huppert após 35 anos da última parceria – a primeira foi em “Corações Loucos” (1974), de Bertrand Blier, e a segunda foi em “Loulou” (1980), de Maurice Pialat. Por coincidência, no novo longa eles vivem um casal separado há muitos anos, que se reencontra no Vale da Morte, na Califórnia. Eles vão até lá para cumprir o último desejo do filho, que se suicidou seis meses antes. Ambos foram indicados ao César (o Oscar francês) por seus papéis.











