Brigitte Bardot diz que denúncias de assédio de atrizes são “hipócritas, ridículas e desinteressantes”
A ex-atriz francesa Brigitte Bardot, que foi símbolo sexual do cinema por três décadas, considera que as atuais denúncias de assédio sexual feitas por algumas atrizes são “hipócritas, ridículas e desinteressantes”. Em entrevista publicada na terça-feira (16/1) no site da revista Paris Match, a antiga estrela, hoje com 83 anos, criticou atrizes que usam roupas provocantes para ir a encontros com produtores “com o objetivo de conseguir um papel”, e mesmo assim reclamam de assédio. Para ela, “isso ocupa o lugar de temas importantes que poderiam ser discutidos”. Dez anos mais velha que as colegas francesas que confrontaram o movimento #Metoo como um surto de puritanismo, ela também defendeu os galanteios masculinos. Ela assegura “nunca ter sido vítima de assédio sexual” e nunca se incomodou com elogios. Ao contrário. “Eu achava agradável que me dissessem que eu era bonita ou que eu tinha um pescoço bonito. Este tipo de elogio é agradável”, descreveu a atriz, que se aposentou em 1973 para se dedicar em tempo integral à causa dos direitos animais. “Há muitas atrizes que vão provocando os produtores para conseguir um papel. Depois, para que se fale delas, dizem que sofreram assédio… Na realidade, mais do que beneficiá-las, isso as prejudica”, opinou. Apenas nisso Bardot e as atrizes do movimento #Metoo concordam. Foi temendo ser prejudicas que elas ficaram caladas por tanto tempo. Algumas descrevem até ameaças de morte para não falar.
Catherine Deneuve pede desculpas às vítimas de assédio por apoiar “direito dos homens de importunar”
A atriz francesa Catherine Deneuve lamentou no domingo (14/1) que o texto assinado por ela e outras artistas europeias no jornal Le Monde tenha sido mal-interpretada e pediu desculpas às vítimas de assédio sexual que possam ter se sentido ofendidas pelo texto. Após o escândalo que expôs o produtor Harvey Weinstein como um estuprador em série, vítimas de abusos em Hollywood e na sociedade sentiram-se encorajadas a denunciar seus abusadores. Mas para a centena de atrizes, escritoras e jornalistas que assinam o texto no Le Monde, as acusações não passam de “puritanismo”. Deneuve afirmou que apoiou o texto que denuncia o “puritanismo” das feministas do movimento #Metoo por discordar da simplicidade da discussão e do “efeito manada” provocado após os protestos contra os graves abusos cometidos por Weinstein. “Evidentemente nada no texto pretende apresentar o assédio como algo bom. Se fosse assim, não o teria assinado”, justificou a atriz em um artigo publicado pelo jornal francês Libération, após feministas chamarem as mulheres que assinaram o manifesto conservador de “tias inconvenientes do jantar em família”, que resolvem opinar sobre algo que não entendem. Até a ministra francesa de Igualdade de Gênero, Marlene Schiappa, ficou incomodada com o texto de Deneuve e cia, que a certa altura chega ao absurdo de afirmar que mulheres podem ser fortes o suficiente para “não ficaram traumatizadas com assediadores no metrô”. A estrela lamentou que a defesa ao flerte e ao “direito dos homens de importunar”, conforme assinalado no texto original, tenha sido mal-interpretado também por mulheres que o assinaram. “Dizer em uma emissora televisão que é possível ter um orgasmo durante um estupro é pior que cuspir na cara de todas aquelas que sofreram esse crime”, indicou a veterana atriz, em referência às declarações da apresentadora Brigitte Lahaie, que participou do movimento. Ela encerra com um pedido de desculpas e manifestando apoio às vítimas. “Saudações com fraternidade a todas as vítimas de todos os repugnantes atos que possam ter se sentido ofendidas por esse texto no Le Monde. É a elas, e unicamente a elas, a quem peço desculpas”, concluiu a atriz.
Feministas francesas chamam Catherine Deneuve e defensoras do assédio de “tias inconvenientes”
As cem artistas e intelectuais europeias que assinaram um manifesto contra o movimento #Metoo, que denuncia abusos sexuais, foram chamadas de “as tias inconvenientes do jantar em família”, que não entendem o que acontece no mundo real, por importantes feministas francesas nesta quarta-feira (10/1). A reação veio um dia após atrizes como Catherine Deneuve, Ingrid Caven e Catherine Robbe-Grillet, que têm mais de 70 anos, assinarem um texto publicado no jornal Le Monde em que argumentam que a campanha #Metoo equivale a “puritanismo” e é alimentada por um ódio aos homens, além de defenderem o assédio “normal” – ou o direito de homens “importunarem” as mulheres. O manifesto contrastou com o tom assumido por atrizes americanas durante a premiação do Globo de Ouro 2018, no qual Oprah Winfrey, Nicole Kidman, Laura Dern e outras personalidades de Hollywood se manifestaram contra o assédio e a desigualdade nas relações profissionais. “Com essa coluna, elas estão tentando construir de volta o muro de silêncio que nós começamos a destruir”, disseram a ativista feminista Caroline De Haas e outras 30 mulheres, em um texto de resposta, publicado pelo site da emissora de TV Franceinfo, lembrando que milhares de mulheres usaram as redes sociais nos últimos meses para compartilhar suas histórias de agressões ou abusos sexuais, usando a hashtag #MeToo mundialmente ou #balancetonporc (#DenuncieSeuPorco) na França, após as acusações contra o produtor de cinema norte-americano Harvey Weinstein virem à tona. Para as feministas, as artistas que se manifestaram contra o movimento “utilizam a visibilidade que dispõe na mídia para banalizar a violência sexual”. “Assim que há algum progresso com a igualdade (de gênero), mesmo de meio milímetro, algumas boas almas advertem que nós podemos estar indo longe demais”, completa o texto. A reclamação não se resume a esta resposta. Até a ministra de Igualdade de Gênero, Marlene Schiappa, ficou incomodada com o texto de Deneuve e cia, que a certa altura chega ao absurdo de afirmar que mulheres podem ser fortes o suficiente para “não ficaram traumatizadas com assediadores no metrô”. “É perigoso colocar nestes termos”, disse a ministra à rádio France Culture, lembrando que o governo já tem dificuldades para convencer jovens mulheres de que elas não têm culpa quando alguém as assedia e de que elas devem ir à polícia prestar queixas quando isso acontece.
Atrizes e intelectuais europeias lançam campanha polêmica a favor do assédio sexual
Um grupo formado por uma centena de mulheres artistas e intelectuais europeias — entre elas, as atrizes Catherine Deneuve e Ingrid Caven — assinaram um artigo no jornal francês Le Monde nesta terça-feira (9/1) para defender o assédio sexual no ambiente de trabalho. Ou melhor, a liberdade dos homens “de importunar”. “O estupro é um crime. Mas a paquera insistente ou desajeitada não é delito, nem é o galanteio uma agressão machista”, diz o texto, que pretende ser um ataque ao movimento #metoo, chamado de “campanha de delações”. Após as denúncias contra o produtor Harvey Weinstein, vítimas de abusos em Hollywood e na sociedade sentiram-se encorajadas a denunciar seus abusadores. Mas para a centena de atrizes, escritoras e jornalistas que assinam o texto no Le Monde, as denúncias não passam de “puritanismo”. Embora considere “legítima” a tomada de consciência sobre a violência sexual, sobretudo no ambiente profissional, o grupo avalia que o movimento obriga a se posicionar de certa forma e taxa de “traidores e cúmplices” quem se nega a seguir as diretrizes. Disfarçando-se de defesa da sexualidade, o texto tenta escamotear um ponto de vista conservador, que prefere mulheres caladas e submissas aos avanços indesejados. E defende o status quo, para que homens poderosos continuem tendo o direito de “importunar” funcionárias impunemente. Um trecho chega a lamentar que homens tenham sofrido “sanções na profissão ou obrigados a se demitir quando seu único erro foi tocar um joelho, tentar um beijo, falar de coisas íntimas no trabalho ou enviar mensagens de conotação sexual a uma mulher que não sentia atração recíproca”. Na visão das autoras do artigo, há uma “onda purificadora” que não serve à autonomia das mulheres, mas a inimigos da liberdade sexual, a extremistas religiosos, a reacionários e a quem vê o sexo feminino como “uma criança que pede proteção”. “Não nos reconhecemos neste feminismo que, para além de denunciar abusos de poder, encarna um ódio aos homens e à sexualidade”, diz o texto, que considera a “liberdade de importunar indispensável à liberdade sexual”. Esta curiosa visão da “liberdade sexual” implica que ser “importunada” no trabalho é uma conquista, e que reclamar disso seria um atraso. Trata-se de uma confusão entre submissão e liberdade que as novas gerações conseguem distinguir, mas aparentemente as mais velhas não. A francesa Catherine Deneuve e a alemã Ingrid Caven têm mais de 70 anos, idade que será atingida em abril pela escritora e curadora Catherine Millet, fundadora da revista Art Press, que reuniu o grupo. Também setentona, a atriz e roteirista Catherine Robbe-Grillet escreveu o roteiro do clássico erótico “The Image” (1975), sobre submissão/escravidão sexual. Entre as mais novas da turma, a atriz Brigitte Lahaie está com 62 anos. Deneuve, por sinal, já criou polêmica ao defender publicamente o cineasta Roman Polanski, acusado de estupro. Para a atriz, o diretor não sabia que sua vítima tinha 13 anos. “Sempre achei a palavra estupro excessiva”, ela declarou sobre este assunto.



