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    Ivan Cândido (1931 – 2016)

    2 de junho de 2016 /

    Morreu o ator Ivan Cândido, que participou de diversos filmes clássicos e novelas da Globo. Ele faleceu vítima de pneumonia, na terça-feira (31/6), aos 84 anos. Carioca, nascido em 21 de dezembro de 1931, Ivan começou a carreira no teatro, nos anos 1950, e foi estrear no cinema em 1962, vivendo o repórter Caveirinha no filme “Boca de Ouro”, adaptação de Nelson Rodriguez (que ele já tinha interpretado no teatro) com direção de Nelson Pereira dos Santos. O ator deu sequência a carreira em filmes importantes como “Os Fuzis” (1964), de Ruy Guerra, e “A Falecida” (1965), de Leon Hirszman, antes de firmar parceria com o diretor e produtor Miguel Borges, com quem trabalhou em comédias sexuais e produções sensacionalistas – “Maria Bonita, Rainha do Cangaço” (1968), “As Escandalosas” (1970), “O Último Malandro” (1974) e “Pecado na Sacristia” (1975). Se não rendeu clássicos, a parceria lhe permitiu explorar outros talentos: roteirista em “O Último Malandro” e diretor assistente em “As Escandalosas”. A partir dos anos 1970, Ivan tornou-se mais conhecido por seus trabalhos televisivos, participando de marcos da teledramaturgia da rede Globo, como “Irmãos Coragem” (1970), “Pecado Capital” (1975), “Dancin’ Days” (1978) e “Pai Herói” (1979). Mas não largou o cinema, estrelando a adaptação de Machado de Assis “A Cartomante” (1974) e a pornochanchada “O Roubo das Calcinhas” (1975), além de dois clássicos que delimitaram a fase de abertura política no pais, “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia” (1977), de Hector Babenco, e “Pra Frente, Brasil” (1982), de Roberto Farias. Ele ainda voltaria ao tema da ditadura militar em “Zuzu Angel” (2006), de Sérgio Rezende. Esse ímpeto se arrefeceu após os anos 1980, quando também participou dos filmes “Tensão no Rio” (1982), de Gustavo Dahl, “Luz del Fuego” (1982), de David Neves, “Urubus e Papagaios” (1985), de José Joffily, e “Pedro Mico” (1985), de Ipojuca Pontes. Porém, mais de 20 anos se passaram até “Zuzu Angel”, seu filme seguinte – e último trabalho cinematográfico, no mesmo ano em que encerrou a carreira televisiva. Se ficou muito tempo afastado do cinema, Ivan quase não se ausentou das telas até 2006, aparecendo em novelas e minisséries consecutivas da Globo, como “Elas por Elas” (1982), “Tenda dos Milagres” (1985), “Roda de Fogo” (1986), “O Salvador da Pátria” (1989), “Lua Cheia de Amor” (1990), “Perigosas Peruas” (1992), “Anos Rebeldes” (1992), “Agosto” (1993), “Pátria Minha” (1994), “Incidente em Antares” (1994), “Hilda Furacão” (1998), “Suave Veneno” (1999), “Senhora do Destino” (2004), “A Lua Me Disse” (2005) e no derradeiro papel, vivendo padre Valeriano na novela “Cobras & Lagartos” (2006). O ator já era viúvo e deixou três filhas e quatro netos.

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  • Etc,  Filme

    Burt Kwouk (1930 – 2016)

    24 de maio de 2016 /

    Morreu o ator britânico Burt Kwouk, que ficou conhecido pelo papel de Cato Fong, o fiel criado oriental do Inspetor Clouseau na franquia de comédia “A Pantera Cor de Rosa”. Ele faleceu nesta terça-feira (24/5) aos 85 anos de idade, comunicou seu agente. Nascido no norte da Inglaterra, mas criado em Xangai, na China, Kwouk iniciou sua carreira na televisão britânica nos anos 1950 e, ao longo das seis décadas seguintes, fez participações em diversas atrações famosas, como “Danger Man”, “O Santo”, “Man of the World”, “Seres do Amanhã” e “Doctor Who” chegando a estrelar, nos últimos anos, 78 episódios da longeva soup opera “Last of the Summer Wine”, entre 2002 e 2010. Ele também atuou em vários filmes, alguns considerados clássicos, como “A Morada da Sexta Felicidade” (1958), estrelado por Ingrid Bergman, “As Sandálias do Pescador” (1968), com Anthony Quinn, e “Império do Sol (1987), de Steven Spielberg, além de produções B cultuadas – “A Seita do Dragão Vermelho” (1961), “As 13 Noivas de Fu Manchu” (1966), etc – e três longas do espião James Bond, incluindo o famoso “007 Contra Goldfinger” (1964) – quatro, se também contar a sátira “Cassino Royale” (1967). Mas será sempre mais lembrado por ter estrelado seis filmes da franquia “A Pantera Cor-de-Rosa”, desde “Um Tiro no Escuro” (1964) até os filmados após a morte de Peter Sellers, como o criado que realizava ataques de surpresa nos momentos mais inesperados, seguindo a orientação de testar a prontidão do Inspetor Clouseau a qualquer momento. Sua performance rendeu alguns dos momentos mais memoráveis da franquia e entronizou Cato entre os personagens mais conhecidos do cinema.

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  • Filme

    Madeleine Lebeau (1923 – 2016)

    16 de maio de 2016 /

    A atriz francesa Madeleine Lebeau, que ficou conhecida ao interpretar Yvonne, a amante abandonada de Rick Blaine (Humphrey Bogart), em “Casablanca” (1942), morreu no dia 1 de maio, na Espanha, depois de quebrar o fêmur. A informação só foi confirmada agora pelo enteado dela, Carlo Aberto Pinelli. Lebeau chamava atenção no filme ao aparecer cantando “A Marselhesa” num duelo com os alemães no Rick’s Cafe. Ao final do hino francês, gritava “Viva la France!”, para consternação dos nazistas. Ela era a última integrante do elenco clássico que permanecia viva. Madeleine nasceu em 1923 na França e, assim como sua personagem em “Casablanca”, ela também fugiu do país após a ocupação nazista. Em Hollywood, ela ainda participou de “Paris nas Trevas” (1943), sobre a resistência francesa, e “Música para Milhões” (1944), um musical de grande sucesso. Com o fim da 2ª Guerra Mundial, ela voltou à terra natal, onde seguiu carreira no cinema europeu, causando furor ao aparecer nua na comédia picante “Et Moi j’te Dis qu’elle t’a Fait d’l’oeil!” (1950). Entre os clássicos que estrelou em seu retorno à França ainda se destacam o noir “Encruzilhada do Pecado” (1951), que foi seu principal desempenho dramático, a cinebiografia “Napoleão” (1955), as comédias “Ele, Ela… e o Outro” (1956), do mestre Marcel Carné, e “O Príncipe e a Parisiense” (1957), com Brigitte Bardot, o drama “Mercado Negro” (1958), com Alain Delon. Ao final da carreira, ela ainda atuou em dois clássicos que, de modos diferentes, marcaram a história do cinema: a obra-prima italiana “8 1/2” (1963), de Federico Fellini, e um dos maiores sucessos do cinema francês, o romance de época “Angélica, a Marquesa dos Anjos” (1964), de Bernard Borderie.

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  • Música

    Cauby Peixoto (1931 – 2016)

    16 de maio de 2016 /

    Uma das vozes mais famosas do Brasil se calou na noite de domingo (15/5). O cantor Cauby Peixoto faleceu aos 85 anos de idade. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, desde o último dia 9, com um quadro de pneumonia. A notícia de sua morte foi confirmada na página oficial do artista no Facebook, que publicou: “Foi em paz e nos deixa com eterna saudades.” Com quase 70 anos de carreira, Cauby passou por diversas fases, tornando-se icônico já na era do rádio, quando arrastava multidões de fãs apaixonadas. Foi nessa época que se tornou também ator, virando estrela do ciclo cinematográfica da chanchada. Ela apareceu em diversos musicais dos anos 1950, como “Carnaval em Marte” (1955), “De Pernas Pro Ar” (1956), “Com Água na Boca” (1956), “Chico Fumaça” (1956), “Com Jeito Vai” (1957) e “Metido a Bacana” (1957), ao lado de ícones do humor brasileiro – Grande Otelo, Ankito, Renata Fronzi, Zezé Macedo, Ilka Soares, o palhaço Carequinha, Mazzaropi, o jovem Jô Soares etc. Foi em “Água na Boca” que Cauby imortalizou seu maior sucesso, “Conceição”. Além disso, os filmes o aproximaram da cantora Ângela Maria, uma de suas amizades mais duradouras. E, curiosamente, registraram seu curto mas significativo flerte com o rock. Cauby foi o primeiro cantor brasileiro a gravar um rock em português, a música “Rock and Roll”, em 1957 – composta por Miguel Gustavo, também autor da marchinha “Pra Frente, Brasil”, hino da ditadura. E apareceu cantando “That’s Rock” (composta por Carlos Imperial) na comédia “Minha Sogra É da Policia” (1958). No filme, ele era acompanhado pelo grupo The Snakes, que tinha, entre seus integrantes, Erasmo Carlos. Mais significativa ainda foi sua estreia em Hollywood, como integrante do musical americano “Jamboree” (1957), que incluía performances das lendas do blues Fats Domino e Joe Williams e do roqueiro Jerry Lee Lewis. No filme, ele assumia o nome de Ron Coby e cantava “Toreador”, canção de temática mexicana. Cauby chegou a lançar discos com este nome nos EUA. Ao comentar seu talento, a revista Time o chamou de “Elvis Presley brasileiro”. Mas seu ídolo, na verdade, era outro, o cantor romântico Nat King Cole, com quem compartilhava o tom grave e aveludado. Em 1958, ele teve a chance de cantar com o mestre e nunca se esqueceu da experiência, dedicando um disco a Cole em 2015. Uma de suas maiores transformações aconteceu nos anos 1970, quando mudou radicalmente o visual em conseqüência do encontro com Ney Matogrosso, tornando-se um personagem extravagante. Foi quando começou a relaxar sobre sua preferência sexual, até então resguardada sob uma aparência de elegância séria e estudada. O período também incluiu uma participação em “O Donzelo” (1974), comédia escrita e estrelada por Flávio Migliaccio, que ainda destacava no elenco a saudosa Leila Diniz e Grande Otelo. Sua última aparição no cinema foi em outra comédia, “Ed Mort” (1997), vivendo um dos muitos personagens chamados Silva que o detetive do título, vivido por Paulo Betti, esbarra ao procurar um Silva desaparecido. No ano passado, o cantor foi tema de documentário, “Cauby – Começaria Tudo Outra Vez” (2015), de Nelson Hoineff, que já o havia incluído em outra obra, “Alô, Alô Teresinha” (2009), documentário sobre o Chacrinha. Ainda em plena atividade, Cauby estava em turnê pelo Brasil com o show “120 Anos de Música”, ao lado de Ângela Maria. Sua última apresentação foi no dia 3 de maio, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

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    Umberto Magnani (1941 – 2016)

    27 de abril de 2016 /

    Morreu o ator Umberto Magnani, que estava no ar como o padre Romão na novela “Velho Chico”. Ele sofreu um AVC hemorrágico na segunda (25/4), dia de seu aniversário de 75 anos, enquanto gravava a novela, chegou a passar por uma cirurgia e estava em coma, no Hospital Vitória, no Rio, onde faleceu nesta quarta-feira (27/4). “Ele estava em um momento lindo da carreira. Para alguns aconteceu da melhor forma possível. Ele apagou e não sentiu nada. Estava com um personagem lindo, fazendo sucesso”, disse a atriz Isadora Ferrite, com quem Magnani atuava no teatro. Magnani era um dos poucos atores que participavam das duas fases da novela das 21h. Na trama, seu personagem religioso era o grande conselheiro de Santo (Domingos Montagner). Nos próximos capítulos da história, Romão incentivaria o presidente da cooperativa a lutar pela população de Grotas de São Francisco. A assessoria de comunicação da Rede Globo informou na tarde de terça-feira que um novo padre, interpretado por Carlos Vereza, assumirá a paróquia de Grotas do São Francisco na trama. A Record, emissora na qual o ator também está no ar, com a reprise de “Chamas da Vida”, lamentou a morte em nota oficial: “Externamos nossa solidariedade à família, aos amigos e fãs de Umberto Magnani”. Nascido em 1941 em Santa Cruz do Rio Pardo, no interior paulista, Umberto Magnani começou sua extensa carreira no teatro, após ingressar na Escola de Artes Dramáticas (EAD) em 1965. Em 1968, ele trabalhou com Ruth Escobar e chegou a substituir Antonio Fagundes no Teatro de Arena, na peça “Primeira Feira Paulista de Opinião”, de Lauro César Muniz. Sua estreia em novelas aconteceu na primeira versão de “Mulheres de Areia”, exibida pela TV Tupi em 1973. No cinema, debutou em “Chão Bruto” (1977), dirigido por Dionísio Azevedo e estrelado por Regina Duarte, a quem encontraria várias vezes ao longo da carreira. Ele chegou na Globo em 1982, quando participou de um episódio do programa “Caso Verdade” e apareceu em duas novelas consecutivas, “Sétimo Sentido” (1982) e “Razão de Viver” (1983). Fez ainda pequenos papeis nas minisséries de época “Anarquistas, Graças a Deus” (1982), “Grande Sertão: Veredas” (1985) e “Memórias de um Gigolô” (1986). Mas só foi se destacar em produções da breve TV Manchete, onde coestrelou o seriado “Joana” (1984), como ex-marido da protagonista Regina Duarte, e a minissérie “Rosa dos Rumos” (1990), na qual viveu seu maior vilão televisivo. Paralelamente ao trabalho televisivo, Magnani fez filmes, como os clássicos “A Hora da Estrela” (1985), de Suzana Amaral, e “Kuarup” (1989), de Ruy Guerra, e consagrou-se no teatro, recebendo duas vezes o Troféu Mambembe, por sua atuação nas peças “Lua de Cetim” e “Às Margens do Ipiranga”, e duas o Prêmio Governador do Estado, também por “Às Margens do Ipiranga” e “Nossa Cidade”. Seu último trabalho nos palcos foi a peça “Elza e Fred”, na qual foi protagonista ao lado de Suely Franco. O espetáculo ficou em cartaz entre 2014 e 2015. Além de atuar, Magnani ocupou importantes cargos públicos. De 1977 a 1990, ele foi diretor regional da Fundação Nacional de Artes Cênicas, do Ministério da Cultura, e presidente da Comissão de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em 1985. O trabalho institucional acabou lhe tirando de cena, rendendo uma pausa de mais de uma década no cinema, só foi interrompida na vidada do século com “Cronicamente Inviável” (2000), “Cristina Quer Casar” (2003), “Quanto Vale ou É por Quilo?” (2005) e “Os Inquilinos” (2009). Após sair do Ministério da Cultura, ele integrou o elenco de diversas novelas da Globo escritas por Manoel Carlos, como “Felicidade” (1991), “História de Amor” (1996), “Páginas da Vida” (2006) e até a minissérie “Presença de Anita” (2001). Fez também “Alma Gêmea” (2005), de Walcyr Carrasco, e o remake de “Cabocla” (2004), de Benedito Ruy Barbosa, autor de “Velho Chico”. Nos últimos anos, vinha mostrando seu talento na Record, onde atuou nas novelas “Chamas da Vida” (2008), “Ribeirão do Tempo” (2010), “Máscaras” (2012), “Balacobaco” (2012) e a minissérie bíblica “Milagres de Jesus” (2014). Ele ainda participou de duas novelas do SBT, “Éramos Seis” (1994) e “Amigas e Rivais” (2007). Magnini tinha recém-retornado à Globo, justamente para fazer “Velho Chico”, após dez anos longe da emissora.

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    Guy Hamilton (1922 – 2016)

    24 de abril de 2016 /

    Morreu o diretor inglês Guy Hamilton, responsável por alguns dos filmes mais famosos de James Bond e grandes clássicos do cinema britânico. Ele faleceu na quarta (20/4), aos 93 anos, num hospital em Palma de Maiorca, na Espanha, onde residia há quatro décadas. Apesar do passaporte britânico, Hamilton nasceu em Paris, em 16 de setembro de 1922, onde seus pais trabalhavam a serviço da Embaixada do Reino Unido. Ele começou a carreira ainda na França, aos 16 anos, como batedor de claquete de um estúdio de cinema de Nice. Mas precisou fugir quando os nazistas avançaram sobre o país. No barco em que rumava para a África formou amizade com outro “britânico parisiense” em busca de asilo, o escritor Somerset Maugham (“O Fio da Navalha”). O encontro o inspirou a se alistar na Marinha britânica e realizar diversas missões de resgate de compatriotas em fuga da França ocupada. Ele próprio se viu enrascado quando seu barco foi afundado por nazistas, e dizia que devia a vida aos heróis da resistência, especialmente à bela francesa de 18 anos Maria-Therese Calvez, inspiradora, em sua memória, de dezenas de Bond girls. Após a guerra, ele se reuniu com sua família em Londres, onde retomou seus planos de trabalhar com cinema. Logo começou a estagiar na London Film Productions, exercendo a função de diretor assistente sem receber créditos, em clássicos como “Seu Próprio Verdugo” (1947), de Anthony Kimmins, e “Anna Karenina” (1948), de Julien Duvivier, antes de ganhar o respeito de Carol Reed, que lhe deu seus primeiros créditos profissionais e se tornou seu mentor. Hamilton assistiu Reed na criação de grandes clássicos do cinema britânico, como “O Ídolo Caído” (1948), o fabuloso “O 3º Homem” (1949), estrelado por Orson Welles, e “O Pária das Ilhas” (1951), em que conheceu sua futura esposa, a atriz franco-argelina Kerima. A parceria deixou nele uma marca profunda. “Carol era basicamente meu pai”, ele observou, em entrevista ao jornal The Telegraph. “Ele me ensinou tudo o que sei. Eu o adorava.” Outra experiência marcante foi trabalhar como assistente de John Huston no clássico “Uma Aventura na África” (1951), produção estrelada por Humphrey Bogart e Katharine Hepburn, realizada entre bebedeiras e surtos de disenteria na savana africana, que serviu para demonstrar ao jovem tudo o que podia dar errado numa filmagem. Os rigores de “Uma Aventura na África” lhe encheram de confiança para iniciar sua carreira como diretor. Hamilton conseguiu convencer o produtor Alexander Korda que podia completar um filme inteiro em três semanas, e seu mentor Carol Reed aconselhou-o a estrear com um thriller de comédia, pois teria o dobro de chances de acertar, fosse na tensão ou na diversão. O resultado foi a adaptação de “O Sineiro” (1952), considerada um das melhores produções baseadas na literatura de mistério de Edgar Wallace. A boa recepção lhe rendeu convites para dirigir mais filmes do gênero. Vieram “Um Ladrão na Noite” (1953) e “Está Lá Fora um Inspetor” (1954). Mas para se firmar como grande diretor, Hamilton foi buscar inspiração em suas aventuras reais de guerra. “Escapando do Inferno” (1955) narrava a fuga de um grupo de prisioneiros de um campo de concentração nazista e foi rodada no castelo de seu título original, “The Colditz Story”. Baseado no livro de memórias de P.R. Reid (interpretado por John Mills no filme), o longa provou-se tão ressonante que sua trama acabou resgatada numa série de TV, duas décadas depois – “Colditz”, que durou três temporadas entre 1972 e 1974. O sucesso continuou com “A Clandestina” (1957), um filme incomum para a época, sobre o poder destrutivo da paixão sexual, envolvendo um capitão de navio (Trevor Howard) e uma jovem clandestina mestiça (a italiana Elsa Martinelli). E persistiu com a comédia “Quase um Criminoso” (1959), em que James Mason finge deserção para a União Soviética para processar os jornais por calúnia e sustentar seu plano de uma vida de luxo nos EUA. Os acertos sucessivos lhe renderam o convite para assumir sua primeira produção a cores, “O Discípulo do Diabo” (1959), drama de época que havia perdido seu diretor em meio a choques com os egos de seus astros, Burt Lancaster, Kirk Douglas e Laurence Olivier. Ainda que o filme tenha representado seu primeiro fracasso comercial, o fato de Hamilton conseguir trabalhar/domar as feras foi tido como um feito, que lhe abriu o mercado internacional – seguiram-se a produção italiana “O Melhor dos Inimigos” (1961), estrelada por David Niven, e a coprodução americana “As Duas Faces da Lei” (1964), com Robert Mitchum. Quando os produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman adquiriram os direitos de James Bond, Hamilton foi sua primeira opção para estrear o personagem nos cinemas. Mas o cineasta tinha a agenda ocupada, e a oportunidade foi agarrada por Terence Young. Dois anos depois, porém, Hamilton não voltou a recusar o convite, que considerou uma oportunidade de superar seu maior desgosto. Ele estava arrasado após filmar “The Party’s Over”, que foi proibido pelo comitê de censura por conter cenas polêmicas, como uma orgia envolvendo necrofilia. Foram meses de trabalho perdido – o longa só veio à tona muito depois e com inúmeros cortes. Com a censura atravessada na garganta, Hamilton resolveu ousar na franquia de espionagem e acabou realizando aquele que até hoje é o longa mais cultuado de James Bond, “007 Contra Goldfinger” (1964). Para começar, decidiu aumentar a temperatura sexual, apresentando, logo de cara, uma mulher nua coberta de ouro – a morte mais brilhante, literalmente, nas cinco décadas da série. A trama também destacava a Bond girl de nome mais chamativo, Pussy Galore (Honor Blackman), e a melhor ameaça a laser, apontada exatamente entre as pernas de um cativo 007. As tiradas do vilão também marcaram época – “Não, Sr. Bond, eu espero que você morra!”. Sem esquecer da música tema de Shirley Bassey, “Goldfinger”, uma das canções mais famosas do cinema, que Hamilton brigou com os produtores para incluir na abertura – “Eu não sei se vai fazer sucesso, Harry, mas dramaticamente funciona”, ele disse a Saltzman. Foi ainda “007 Contra Goldfinger” que estabeleceu os elementos mais icônicos dos filmes de James Bond, ao apresentar Sean Connery dirigindo seu Aston Martin repleto de armas secretas, seduzindo vilãs até torná-las aliadas, tomando martíni para flertar com o perigo e fumando com charme antes de explodir uma bomba. O longa rendeu o dobro de bilheteria dos dois filmes anteriores de 007. O que colocou Hamilton na mira de um rival, o agente secreto Harry Palmer. O cineasta filmou em seguida “Funeral em Berlim” (1966), o segundo filme da trilogia do espião que usava óculos, vivido por Michael Caine. Ele completou sua década vitoriosa com “A Batalha da Grã-Bretanha” (1969), recriação meticulosa e em escala épica do esforço da RAF (força aérea britânica) para impedir a invasão nazista ao Reino Unido. A produção talvez seja seu trabalho mais elogiado pela crítica, que resiste até hoje como um dos grandes clássicos de guerra. A ambiciosa realização de “A Batalha da Grã-Bretanha” confirmou que Hamilton era o diretor mais indicado para comandar a franquia 007, que começava a dar sinais de decadência, com o desastre representado pela falha de George Lazenby em substituir Connery em 1969. Convencidos disto, os produtores o trouxeram de volta para três filmes consecutivos, de modo a garantir uma transição tranquila entre Sean Connery, que voltou à saga oficial para se despedir pela segunda vez com “007 – Os Diamantes São Eternos” (1971), e Roger Moore, o novo James Bond a partir de “Com 007 Viva e Deixe Morrer” (1973). Para emplacar Moore, Hamilton contou até com a ajuda de um Beatle, Paul McCartney, que compôs “Live and Let Die” como tema da estreia do ator. Mas foi o filme seguinte, “007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro” (1974), que soube explorar melhor a mudança de intérprete, apresentando um Bond mais divertido, relaxado e simpático. A franquia praticamente renasceu com a adoção de elementos cômicos, que Hamilton já considerava um diferencial em “Goldfinger”, além de se tornar mais extravagante, com carrões, jatos e mulheres sempre lindas. James Bond virou um playboy. Depois de três “007” seguidos, Hamilton voltou à guerra. Foi dirigir Harrison Ford, recém-consagrado pelo sucesso de “Guerra nas Estrelas” (1977), em “O Comando 10 de Navarone” (1978), continuação do clássico “Os Canhões de Navarone” (1961). Mas, acostumado a blockbusters, ele entendeu o sucesso moderado obtido pela produção como hora de mudar de estilo. Quis mudar tudo, diminuir o ritmo, e optou por trocar a ação intensa pelas tramas cerebrais de mistério que lançaram sua carreira. Assim, realizou duas adaptações consecutivas de Agatha Chistie. “A Maldição do Espelho” (1980) registrou a última aparição da personagem Miss Marple no cinema, vivida por Angela Lansbury, enquanto “Assassinato num Dia de Sol” (1982) foi o penúltimo filme com Peter Ustinov no papel do detetive Hercule Poirot. Filmada nas ilhas de Maiorca, esta produção acabou tendo impacto na vida pessoal do cineasta, que, impressionado pela locação, convenceu-se a abandonar sua residência na Inglaterra para passar o resto de sua vida no litoral espanhol com sua esposa. Hamilton já fazia planos de aposentadoria e não filmava há três anos quando foi convencido pela MGM a fazer sua tardia estreia em Hollywood. O projeto era basicamente lançar um 007 americano, baseado num personagem igualmente extraído de uma franquia literária de ação. Só que a crítica não perdoou a tentativa apelativa. Estrelado por Fred Ward como um agente secreto a serviço da Casa Branca, “Remo – Desarmado e Perigoso” (1985) foi considerado um James Bond de quinta categoria. E a produção, que ia inaugurar uma franquia, se tornou o maior fracasso da carreira do diretor. Resignado, ele decidiu encerrar a carreira. Mas nos seus termos, lembrando o conselho precioso de Carol Reed. Se tinha começado com um thriller de comédia, também sairia de cena com chances de motivar meio riso ou meia aflição. E deixou a cortina cair com “De Alto Abaixo” (1989). Deu sua missão por comprida, e gentilmente recusou a proposta da Warner para, novamente, ajudar a lançar uma franquia de ação em Hollywood. Guy Hamilton disse não a “Batman” (1989).

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    Nancy Reagan (1921 – 2016)

    7 de março de 2016 /

    A ex-Primeira-Dama dos Estados Unidos, Nancy Reagan, morreu na manhã de domingo (6/3), aos 94 anos, em sua casa em Los Angeles, de insuficiência cardíaca. Nancy foi casada por 52 anos com Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos entre 1981 e 1989, falecido em 2004. Com ingredientes hollywoodianos, o casamento dos dois chegou a ser descrito como a maior história romântica da presidência americana. Nascida Nancy Davis em Nova York, em 6 de Julho de 1921, de um pai vendedor de automóveis e uma mãe atriz, ela chegou a Hollywood aos 28 anos, onde logo se destacou como atriz de cinema. Foram, ao todo, 11 filmes ao longo de 9 anos de carreira, iniciada pelo melodrama “O Ideal de uma Vida” (1949) e encerrada por “Crash Landing” (1958), que antecipou o gênero de desastre de “Aeroporto” (1970). Na maioria deles, desempenhou papéis de coadjuvante, mas também teve protagonismo, destacando-se especialmente no drama religioso “A Voz que Vão Ouvir” (1950), do mestre William A. Wellman (“Nasce uma Estrela”), em que viveu uma grávida numa trama milagrosa, na qual Deus decide se comunicar com a humanidade pelo rádio. Entre as produções de maior status em sua carreira, destacam-se ainda os melodramas “Mundos Opostos” (1949), de Mervyn LeRoy (“Quo Vadis”), e “Veneração” (1951), de Fletcher Markle (“A Incrível Jornada”). No primeiro, contracenou com alguns dos maiores talentos de Hollywood – Barbara Stanwyck, James Mason, Van Heflin, Ava Gardner e Cyd Charisse. No segundo, ajudou Ray Milland a superar a morte trágica de sua família. Nancy também participou de um par de filmes B bastante cultuados, vivendo a terapeuta de uma criança que testemunhou um crime no filme noir “O Segredo da Boneca” (1950) e a esposa-assistente de um cientista louco, que planeja preservar um cérebro vivo no terror “Experiência Diabólica” (1953). Nesse meio tempo, ela conheceu e se casou com Ronald Reagan, um ator em ascensão, divorciado da famosa atriz Jane Wyman. O casamento aconteceu em 1952 e, cinco anos depois, rendeu a única parceria cinematográfica do casal: “Demônios Submarinos” (1957), de Nathan Juran (“Os Primeiros Homens na Lua”). Na trama, ele vive o comandante de um submarino encarregado de mapear minas no oceano pacífico, durante a 2ª Guerra Mundial, e ela é a enfermeira com quem tem um relacionamento romântico. Foi seu penúltimo filme, pois Hollywood, nos anos 1950, não tinha o hábito de contratar atrizes com mais de 35 anos. Mas Nancy continuou atuando até 1962 na televisão, encerrando a carreira de atriz aos 41 anos com uma participação na série “Caravana” – embora, eventualmente, continuasse a aparecer como si mesma em séries e programas de entretenimento pelo resto de sua vida. De todo modo, ela logo começou a exercer o posto de Primeira-Dama, durante a eleição do seu marido como governador da Califórnia, em 1967. E se provou mais bem-sucedida no novo papel do que havia sido no cinema. Nancy se tornou a principal parceira política e assessora de Reagan, o que a fez entrar para a História como uma das Primeiras-Damas mais influentes dos EUA, ao lado de nomes como Eleanor Roosevelt e Hillary Clinton. No governo federal, deixou sua principal marca na campanha de combate às drogas que liderou nos anos 1980, lançando o bordão “Just say No” (Apenas diga não). Mas também se destacou em outras áreas da saúde pública, ao abordar francamente os problemas que enfrentou ao lado do marido. Em 1987, Nancy foi diagnosticada com câncer de mama e submetida a uma mastectomia, o que a inspirou a discutir abertamente o assunto para encorajar outras mulheres a realizar exames de mamografia todos os anos. Em 1994, foi a vez de Reagan receber o diagnóstico de Alzheimer, o que a transformou em ativista pela cura da doença. Seu engajamento causou, inclusive, uma saia justa política dentro do partido de seu marido. Quando o então Presidente George W. Bush travou o financiamento público de projetos que usassem células embrionárias, Nancy surpreendeu a opinião pública ao criticá-lo duramente em 2001. Michelle e Barack Obama destacaram que Nancy Reagan transformou o papel de primeira-dama durante os oito anos que passou na Casa Branca (1981-1989), antes de converter-se “na voz de milhões de famílias que sofreram a exaustiva e dolorosa realidade dol Alzheimer”. Recentemente, ela foi homenageada como personagem de cinema, aparecendo no filme “O Mordomo da Casa Branca” (2013), interpretada por Jane Fonda.

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    George Kennedy (1924 – 2016)

    1 de março de 2016 /

    Morreu George Kennedy, vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por seu papel em “Rebeldia Indomável” (1967), que fez quase 100 filmes em seis décadas de carreira e era um dos últimos “durões” clássicos de Hollywood. Ele faleceu no domingo (28/2) em sua casa em Boise, Idaho, aos 91 anos. Segundo o neto do ator, o velho astro havia caído em depressão e ficado debilitado após a morte de sua mulher, Joan McCarthy, em setembro. Nascido em Nova York em 1924, George Kennedy passou a se interessar pelas artes quando se tornou oficial de rádio e televisão das Forças Armadas, durante combates da 2ª Guerra Mundial sob o comando do general George S. Patton – a quem personificou no filme “O Alvo de Quatro Estrelas”, de 1978. Seu primeiro papel foi justamente como sargento do exército na série de comédia “The Phil Silvers Show”, passada num campo militar – apareceu como figurante em 14 episódios, entre 1956 e 1959 – , antes de filmar seu primeiro longa, numa ponta sem créditos de “Spartacus” (1960), e se especializar em viver cowboys durões de filmes e séries. Durante os anos 1960, ele alternou tiroteios televisivos em “Colt .45”, “Cheyenne”, “Laramie”, “Maverick”, “Bat Masterson”, “Couro Cru”, “Paladino do Oeste” (em oito episódios), “Bonanza”, “Daniel Boone”, “Laredo”, “Big Valley”, “Gunsmoke” (sete episódios) e “O Homem de Virgínia” com westerns de tela grande, como “Uma Razão para Viver” (1961), “Sua Última Façanha” (1962), “Shenandoah” (1965) e “Os Filhos de Katie Elder” (1965), trabalhando com grandes diretores e astros do gênero (Kirk Douglas, James Stewart e John Wayne). Desdobrando-se entre malvados e heróis, acabou colecionando clássicos em todos os gêneros, como o homem de mão de gancho que aterroriza Audrey Hepburn em “Charada” (1963), uma vítima das machadadas da psicopata Diane Baker em “Almas Mortas” (1964), um sobrevivente da queda no deserto do avião de “O Vôo do Fênix” (1965) e principalmente como um dos anti-heróis de “Os Doze Condenados” (1967). O filme de Robert Aldrich virou a matriz de um subgênero do cinema de ação que resiste até hoje, como demonstra o vindouro filme de super-heróis “Esquadrão Suicida”. A trama original reunia um grupo de militares americanos, condenados por crimes brutais, que seriam perdoados se tivessem sucesso numa missão suicida contra os nazistas. O elenco, com Lee Marvin, Ernest Borgnine, Charles Bronson, Jim Brown, Telly Savalas, Clint Walker, Donald Sutherland, Robert Ryan e até John Cassavetes, marcou época, assim como o sucesso da produção, que consolidou Kennedy como um dos grandes durões de Hollywood. Logo em seguida, ele coestrelou “Rebeldia Indomável”, como companheiro de prisão do “indomável” Paul Newman. O papel, que lhe rendeu o Oscar, completou sua transição para o estrelato. Mas, curiosamente, nem isso lhe deu protagonismo na indústria. Kennedy continuou percebido como coadjuvante, embora superasse astros mais famosos na quantidade de personagens moralmente ambíguos e complexos em sua filmografia. As ofertas se multiplicaram após seu Oscar, tornando-o um dos atores de maior evidência do final da década de 1960. Ele fez nada menos que 11 filmes em três anos, conseguindo se destacar ao perseguir Tony Curtis num dos primeiros suspenses sobre psicopatas, “O Homem Que Odiava as Mulheres” (1968), além de marcar presença na aventura “Febre de Cobiça” (1968), no drama “O Homem que Se Condenou” (1970), na comédia “O Mais Bandido dos Bandidos” (1970), no tenso thriller racial “O Xerife da Cidade Explosiva” (1970) e em três bons westerns, como o xerife de “O Preço de um Covarde” (1968), o fora-da-lei bonzinho de “Basta, Eu Sou a Lei” (1969) e o líder de “A Revolta dos Sete Homens” (1969), continuação do clássico “Sete Homens e um Destino” (1960). Com tanta disposição, não demorou para outro sucesso reforçar seu status de coadjuvante de luxo. Como o responsável pela manutenção da pista de “Aeroporto” (1970), enquanto uma avião sequestrado tentava um pouso de emergência em meio a uma nevasca, Kennedy virou o herói da maior bilheteria já conquistada pela Universal Pictures até então. “Aeroporto” rendeu mais três sequências, todas coestreladas pelo ator, intérprete do único personagem fixo da franquia. De quebra, o filme ainda inaugurou o subgênero das produções de desastre, uma das principais manias de Hollywood nos anos 1970. Ele continuou em alta durante os anos 1970, nem sempre com êxito, como na versão musical de “Horizonte Perdido” (1973), saindo-se melhor ao lado de outros durões célebres, como John Wayne, que reencontrou em “Cahill, Xerife do Oeste” (1973), e Clint Eastwood, em “O Último Golpe” (1974) e “Escalado para Morrer” (1975). Até participou de outro disaster movie famoso, “Terremoto” (1975), junto de Charlton Heston. E finalmente conquistou o protagonismo almejado em “Vingador Implacável” (1975), filme ao estilo de “Desejo de Matar” (1974), como um justiceiro que vingava o assassinato de sua família. Mas conforme as continuações de “Aeroporto” perdiam interesse, sua carreira começou a minguar. Seus últimos filmes de prestígio vieram em 1978: “Morte no Nilo”, adaptação do mistério homônimo de Agatha Christie, e “O Alvo de Quatro Estrelas”, em que voltou a encontrar John Cassavetes numa missão da 2ª Guerra Mundial. “Aeroporto 79 – O Concorde” (1979) encerrou a boa fase com um desastre autêntico de crítica e bilheteria. Tão ruim que o subgênero inteiro entrou em colapso e sumiu de cartaz. Apesar de seu sucesso pregresso lhe permitir brincar com sua persona na comédia “Um Romance Moderno” (1981), em que interpretou a si mesmo, a década de 1980 foi terrível para o ator, graças a aparições em bombas como “Bolero – Uma Aventura em Êxtase” (1984), ao lado de Bo Derek, e “Comando Delta” (1986), com Chuck Norris e Lee Marvin. Até que, de uma hora para outra, Kennedy se viu reduzido a coadjuvar em terrores baratos, como “O Navio Assassino” (1980), “Pouco Antes do Amanhecer” (1981), “O Demônio do Espaço” (1988) e “Creepshow 2: Show de Horrores” (1987), homenagem de Stephen King aos quadrinhos de horror, roteirizado pelo mestre George R. Romero (“A Noite dos Mortes-Vivos”). Não por acaso, ele acabou voltando para a televisão, aparecendo em 74 episódios das três últimas temporadas da série “Dallas”, entre 1988 e 1991. No papel de Carter McKay, derradeiro rival de J.R. (Larry Hagman) no negócio petrolífero, ainda participou de dois telefilmes que continuaram a trama, “Dallas: O Retorno de J.R.” (1996) e “Dallas: Guerra dos Ewings” (1998). Ele também deve à TV o resgate de sua carreira cinematográfica. Quando a série de comédia “Police Squad” (1982) ganhou seu primeiro filme em 1988, Kennedy assumiu o personagem vivido por Alan North na televisão. A atração fora criada pelos irmãos David e Jerry Zucker e por Jim Abrahams, responsáveis por “Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu” (1980), comédia que inaugurou a mania das paródias cinematográficas, tirando sarro justamente da franquia “Aeroporto”. Mas a série não obteve o menor sucesso, cancelada após seis episódios. Abrahams e os Zuckers não se conformaram e conseguiram convencer o estúdio Paramount de que valia a pena lançar um filme com a mesma premissa. Afinal, após seis anos e apenas seis episódios, o público nem perceberia que se tratava de uma adaptação televisiva. Seria como se fosse outra paródia cinematográfica, desta vez de filmes policiais. Dito e feito, “Corra que a Polícia Vem Aí” (1988) virou um enorme sucesso, ganhando mais duas continuações em 1991 e 1994. De quebra, rendeu aos veteranos Leslie Nielsen e George Kennedy uma nova carreira, como comediantes. Famoso por filmes violentos, o ator passou até a fazer produções infantis, dublando personagens na animação “Gatos Não Sabem Dançar” (1997) e na fantasia “Pequenos Guerreiros” (1998), como um dos soldados diminutos do título. Nos últimos anos, ainda trabalhou com o diretor brasileiro Bruno Barreto, figurando na comédia “Voando Alto” (2003), apareceu no drama “Estrela Solitária” (2005), do alemão Wim Wenders, na comédia “Bastidores de um Casamento” (2011), de Sam Levinson, e no thriller “O Apostador” (2014), de Rupert Wyatt, seu último trabalho, no qual atuou de cadeira de rodas, como um homem muito doente. Kennedy publicou seu livro de memórias em 2011, em que tratou não apenas da carreira cinematográfica, mas de problemas pessoais, como a prisão de sua filha por drogas, o que o levou a adotar e criar a própria neta. Além dela, ele adotou mais três crianças com sua quarta e última esposa, cuja morte representou um baque insuperável. Após enfrentar inúmeros nazistas, travar incontáveis duelos, salvar aviões e matar de rir, ele encarou com menos vontade sua derradeira luta. Mas permanecerá no inconsciente coletivo como um dos maiores durões do cinema, que enfrentava qualquer adversidade com um sorriso amplo, brilhante e inconquistável. Tão icônico que se tornou muito maior que seus papeis de coadjuvante.

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    Daniel Gerson (1966 – 2016)

    9 de fevereiro de 2016 /

    Morreu o roteirista americano Daniel Gerson, que coescreveu vários sucessos de animação da Disney/Pixar, como “Monstros S.A.” (2001), “Universidade Monstros” (2013) e “Operação Big Hero” (2014). Ele faleceu em sua casa, no sábado (6/7), acompanhado pela família, vítima de um câncer no cérebro, aos 49 anos de idade. Nascido em Nova York em 1966, Gerson se informou em Inglês na Cornell University, mas decidiu fazer mestrado em cinema na NYU (Universidade de Nova York). Após completar a pós-gradução, mudou-se para Los Angeles, onde começou sua carreira como roteirista, assinando um episódio da série animada “Duckman” em 1997. Ele também escreveu para a sitcom “Something So Right” e “A Nova Família Addams” nos anos 1990, antes de virar funcionário da Pixar. Em seu primeiro trabalho no cinema, Gerson ajudou a criar a trama de “Monstros S.A.” (2001), que popularizou os bichos-papões bonzinhos Sully e Mike Wazowski e lhe rendeu um prêmio Bafta (o Oscar britânico), em 2002. Além de escrever a história, ele também dublou os monstrengos Needleman e Smitty, dois zeladores da companhia onde trabalham os protagonistas. Gerson voltou a seus personagens mais famosos na continuação, “Universidade Monstros” (2013), novamente fazendo as vozes de diversas criaturas, uma prática que estendeu a “Operação Big Hero” (2014), o primeiro desenho da Disney baseado em super-heróis da Marvel, que acabou vencendo o Oscar de Melhor Animação em 2015. Neste filme, dublou um policial de San Fransokyo que tinha o seu nome. Ele também trabalhou nos roteiros de “O Galinho Chicken Little” (2005), “Carros” (2006), “A Família do Futuro” (2007) e, antes de falecer, ainda escreveu a história de “Carros 3”, previsto para julho de 2017, com previsão de repetir o sucesso de seus trabalhos anteriores. Seus roteiros renderam mais de US$ 2 bilhões em bilheterias para a Disney e a Pixar.

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    Sidney Poitier será homenageado pela Academia Britânica com prêmio pela carreira

    13 de janeiro de 2016 /

    O ator Sidney Poitier será homenageado pela Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas (BAFTA, na sigla em inglês) na entrega de seu prêmio anual de cinema, o BAFTA Awards. Chamado de BAFTA Fellowship, o prêmio celebra a carreira de quem entrou para a história do cinema. Entre os homenageados de anos anteriores, estão Helen Mirren, Anthony Hopkins, Sean Connery, Martin Scorsese, Charlie Chaplin e Woody Allen. “Estou muito honrado por ter sido o eleito para receber o Bafta honorário e também muito agradecido à Academia Britânica por me dar este reconhecimento”, disse o ator em comunicado. Nascido nas Bahamas em 1927, o astro veterano de Hollywood chegou a vencer o prêmio BAFTA de Melhor Ator Estrangeiro em 1959, por seu papel em “Fugitivos” (1958). Ele também tem um Oscar de Melhor Ator por “Uma Voz Nas Sombras” (1963) e igualmente recebeu uma homenagem pela carreira da Academia americana, em 2002. Por coincidência, seus filmes mais populares foram lançados no mesmo ano: a comédia “Adivinhe Quem Vem para Jantar”, o suspense “No Calor da Noite” e o drama “Ao Mestre, Com Carinho”, todos de 1967. Além de atuar, ele também dirigiu nove filmes. O trabalho de Poitier é considerado importante por discutir as relações raciais numa época de profunda intolerância, como os anos 1960. Por isso, recebeu em 2009, das mãos do presidente dos Estados Unidos Barack Obama a Medalha Presidencial da Liberdade, a condecoração civil mais importante do país. A cerimônia do prêmio BAFTA vai acontecer no dia 14 de fevereiro, na histórica Royal Opera House, em Londres.

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    Elenco da série Friends vai se reencontrar em especial televisivivo

    13 de janeiro de 2016 /

    O elenco da série “Friends” vai se reencontrar na TV. A ocasião será um especial de duas horas em homenagem ao diretor James Burrows, que em novembro completou seu milésimo episódio à frente das câmeras da TV. Quinze deles foram registrados em “Friends”. A rede NBC está preparando a homenagem ao profissional e, segundo o site TV Line, também confirmou participação do elenco de outras séries clássicas que ele dirigiu, como “Taxi”, “Cheers”, “Frasier”, “Will & Grace”, “The Big Bang Theory” e “Mike & Molly”. Com uma carreira que abrange mais de quatro décadas, desde a sitcom clássica “Mary Tyler Moore” em 1974, Burrows se especializou em produzir episódios pilotos de séries bem-sucedidas. Foi ele quem formatou a estreia da própria “Friends”, além de “The Big Bang Theory”, por exemplo. Mas, curiosamente, só possui um único crédito como criador de série. O detalhe é qual série: “Cheers”, uma das comédias televisivas mais famosas de todos os tempos, de onde saiu o spin-off “Frasier”. Em atividade até hoje, ele já dirigiu o piloto de uma nova sitcom aprovada para 2016, “Crowded”. O especial está programado para o dia 21 de fevereiro nos EUA.

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    Angus Scrimm (1926 – 2016)

    13 de janeiro de 2016 /

    O ator Angus Scrimm, que ficou conhecido pela saga de terror “Fantasma”, morreu no sábado (9/1) aos 89 anos, informou o cineasta Don Coscarelli, que o dirigiu no filme cultuado. “Scrimm morreu em paz na noite de sábado, rodeado de seus amigos e entes queridos. Sua atuação como o Tall Man é uma conquista extraordinária na história do cinema de terror. Ele foi a última das estrelas do cinema clássico de terror”, disse Coscarelli em seu perfil no Twitter. Lawrence Rory Guy nasceu em Kansas City em 1926, e, antes de filmar, chegou a trabalhar na gravadora Capitol Records, escrevendo as informações internas de discos de artistas como Frank Sinatra e os Beatles. Funcionário dedicado, ele chegou a ganhar um Grammy por suas notas informativas. A estreia no cinema aconteceu diretamente no terror, em “Sweet Kill” (1972), que também foi o primeiro filme dirigido por Curtis Hanson (“Los Angeles, Cidade Proibida”). Identificando-se nos créditos como Rory Guy, ele figurou como o marido da senhoria de um psicopata (o ex-teen idol Tab Hunter!) que odiava as mulheres. Produzido por Roger Corman, o longa ficou mais conhecido por possuir muitas cenas de nudez. Após outro filme do gênero, “Scream Bloody Murder (1973), Rory Guy conheceu o principal parceiro de sua carreira, atuando no drama “O Maior Atleta do Mundo” (1976) sob a direção de Coscarelli, como o pai do personagem-título. Ele ainda participou da comédia “Os Espertalhões” (1977), estrelada e dirigida por Sidney Poitier, antes de virar o icônico Angus Scrimm. A transformação aconteceu em “Fantasma” (1979). Seu personagem na trama não tinha nome. Era conhecido apenas como Tall Man, o Homem Alto. E o ator achou que deveria manter o mistério com um nome artístico poderoso. Optou por um trocadilho com Scream (grito) e Grim (cruel) para dar vida a Angus Scrimm. E imediatamente se tornou icônico. Na trama, Scrimm incorporava um misterioso agente fúnebre, que semeava o terror em um pequeno povoado onde aconteciam mortes misteriosas. Dois irmãos e um vendedor de sorvetes começam a suspeitar dele, apenas para virarem vítimas de seu arsenal de armas sobrenaturais. A criação mais famosa do roteiro era um globo metálico flutuante, de onde saíam navalhas afiadas, mas também chamavam atenção os zumbis anões, capangas do Tall Man criados a partir de cadáveres recém-falecidos. Além disso, a atmosfera de tensão, concebida com orçamento mínimo, tinha capacidade hipnótica. A criatividade de Coscarelli acabou recompensada com o prêmio do júri no festival de terror de Avoriaz, na França, e um culto devotado de fãs. Entre eles, o cineasta J.J. Abrams (“Star Wars: O Despertar da Força”), que cuidou pessoalmente da restauração do filme original, visando um relançamento no final de 2016. A paixão de Abrams também rendeu homenagens no novo “Star Wars”, na forma da personagem Phasma, batizada em referência ao título do filme, “Phantasm” em inglês. Para completar, Phasma veste uma armadura cromada inspirada na esfera de Scrimm. Na época, entretanto, o ator não queria ser identificado pela obra sanguinária, mudando novamente o nome em seus filmes seguintes. Como Lawrence Guy, ele participou da comédia “A Poção Mágica” (1980) e da aventura erótica “Império Perdido” (1984). Mas não demorou a perceber o apelo do velho Scrimm, retomando o Tall Man em “Fantasma 2”. A continuação de 1988 não fez tanto sucesso, mas ao menos chegou aos cinemas, ao contrário das sequências seguintes, produzidas diretamente para o DVD. Além disso, ao retomar seu personagem mais famoso, o ator resignou-se com o reconhecimento dado a seu nome artístico, permanecendo como Scrimm ao se especializar em produções de terror barato. Alguns de seus filmes como Scrimm conseguiram certa notoriedade, senão pelas qualidades artísticas, pelo envolvimento de figuras infames do cinema B. O melhorzinho foi “Subspecies – A Geração Vamp” (1991), de Ted Nicolau (do cult “Terrorvision”), no qual viveu um rei vampiro. Entre outros, também fez o terrir “Transylvania Twist” (1989), de Jim Wynorski (“Vampiro das Estrelas”), “Pesadelo Futuro” (1992), um dos primeiros trash roteirizados pelo superestimado John D. Brancato (“O Exterminador do Futuro – A Salvação”), o péssimo “Engano Mortal” (1993), enfrentando Nicolas Cage sob direção do irmão do ator, Christopher Coppola, a adaptação dos quadrinhos “Vampirella” (1996), lançada direto em DVD, além de duas continuações da franquia “Os Munchies”, paródia de quinta categoria dos “Gremlins”. Scrimm ainda estrelou duas novas continuações de “Fantasma”, produzidas para o mercado de DVD, até ser resgatado da mediocridade por seu fã J.J. Abrams em 2001. Antes de virar um cineasta famoso, Abrams criava e produzia séries de TV e, nesta função, teve a chance de contratar Scrimm para participar de alguns episódios da série “Alias”, como um agente da organização secreta infiltrada por Sydney Bristow (Jennifer Garner). O detalhe é que o jovem produtor insistiu para que o relutante Lawrence Guy fosse creditado como Angus Scrimm. Ele apareceu na série por quatro temporadas, até 2005. O ator também participou de um episódio da série “Mestres do Terror” em 2005, dirigido, claro, pelo mestre Coscarelli. Mas logo voltou chafurdar no lixão do terror feito para DVD. Desde então, cometeu apenas um desvio relativo, ao interpretar o cientista louco da boa comédia “Eu Vendo os Mortos” (2008). Seus últimos trabalhos foram novas parcerias com Coscarelli, o terror surreal e elogiado “John Morre no Final” (2012) e “Phantasm: Ravager”, último capítulo da franquia “Fantasma”, atualmente em pós-produção e ainda sem previsão de estreia.

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