Os 200 anos da independência do Brasil em filmes, séries e novelas
Neste 7 de setembro que marca os 200 anos da proclamação da Independência, preparamos uma lista com 10 opções de filmes, séries e novelas que tratam, direta ou indiretamente, do tema da independência do Brasil, com diferentes títulos sobre o período histórico em suas diversas abordagens ao longo do tempo. Há obras disponíveis de graça no YouTube, outras em plataformas de assinatura, um filme em cartaz nos cinemas e uma série que estreia nesta data na TV aberta. Figuras históricas como Dom Pedro I têm destaque nessas obras, que também encontram espaço para outras personalidades importantes da independência, como Maria Leopoldina, Tiradentes e até a Marquesa de Santos, amante de Dom Pedro. Confira abaixo. | INDEPENDÊNCIA OU MORTE | YOUTUBE Filme brasileiro lançado em 1972 para celebrar os 150 anos da declaração da independência, “Independência ou Morte” é a versão chapa branca da História, com direito à recriação do quadro homônimo de Pedro Américo, além de mostrar outros eventos focados na figura da Marquesa de Santos (Glória Menezes, de “A Favorita”), amante de Dom Pedro I (Tarcísio Meira, de “A Lei do Amor”). Por isso, o final, com o exílio de Dom Pedro, só faz sentido quando se vê “A Viagem de Pedro”. O elenco também é formado por Dionísio Azevedo (“Eternidade”) no papel de José Bonifácio, Kate Hansen (“O Portador”) como a Imperatriz Leopoldina, Manuel de Nóbrega (criador do programa “A Praça da Alegria”) interpretando o Rei João VI e Heloísa Helena (“Roque Santeiro”) como Carlota Joaquina. A direção é de Carlos Coimbra (“Os Campeões”). | A VIAGEM DE PEDRO | NOS CINEMAS Cauã Reymond (“Alemão”) vive Dom Pedro I nesse drama histórico dirigido por Laís Bodanzky (“Como Nossos Pais”) que acompanha o imperador brasileiro em sua viagem de exílio, após ser expulso do país que ele fundou. Destronado, depressivo e doente, ele busca encontrar forças durante a travessia do Atlântico para enfrentar seu irmão, que usurpou seu trono em Portugal, enquanto recorda seu período no Brasil, desde a chegada na colônia à proclamação da independência. O elenco ainda destaca a alemã Luise Heyer (da série “Dark”) como a imperatriz Leopoldina, a artista plástica Rita Wainer, que estreia como atriz no papel de Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, o irlandês Francis Magee (“Into the Badlands”), o guineense Welket Bungué (“Berlin Alexanderplatz”) e vários atores portugueses, com destaque para Luísa Cruz (“As Mil e uma Noites”), João Lagarto (“O Filme do Bruno Aleixo”) e Victória Guerra (“Variações”). | O QUINTO DOS INFERNOS | GLOBOPLAY Criada por Carlos Lombardi (autor da novela “Kubanacan”) e com direção geral de Wolf Maya (“Amor à Vida”), a série “O Quinto dos Infernos” (2002) mistura comédia e erotismo ao contar a história da vinda da família real para o Brasil. Com uma narrativa que se estende por algumas décadas, a série focou primeiro na figura do rei Dom João (interpretado por André Mattos, de “Narcos”) e depois foi protagonizada por Dom Pedro I (Marcos Pasquim, de “Juntos e Enrolados”). O grandioso elenco ainda conta com Luana Piovani (“A Mulher do Meu Marido”), Caco Ciocler (“Simonal”), Danielle Winits (“Tudo Bem No Natal Que Vem”), Humberto Martins (“Esquadrão Antissequestro”), Betty Lago (“Vidas em Jogo”), Bruna Lombardi (“A Vida Secreta dos Casais”), Cláudia Abreu (“Desalma”), Nair Bello (“Kubanacan”), Eva Wilma (“Verdades Secretas”), José Wilker (“O Maior Amor do Mundo”), Taís Araújo (“Aruanas”) e Lima Duarte (“O Outro Lado do Paraíso”). | FILHOS DA PÁTRIA | GLOBOPLAY Criada por Alexandre Machado (“Shippados”) e Bruno Mazzeo (“E Aí… Comeu?”), essa série de comédia tem início em 1822 e explora a promessa de mudança alimentada pela recém-proclamada independência do Brasil. Entretanto, a série mostra que muitos dos problemas comuns à sociedade contemporânea já estavam presentes desde o início do país. O elenco é formado por Fernanda Torres (“Os Normais”), Alexandre Nero (“Império”), Matheus Nachtergaele (“Big Jato”), Johnny Massaro (“Verdades Secretas”) e Karine Teles(“Bacurau”). “Filhos da Pátria” teve duas temporadas, disponíveis no Globoplay. | NOVO MUNDO | GLOBOPLAY Exibida em 2017, “Novo Mundo” é uma novela criada por Thereza Falcão e Alessandro Marson (ambos de “A Regra do Jogo”) que tem como pano de fundo o período anterior à declaração da independência. A trama tem início em 1817, e acompanha Anna Millman (Isabelle Drummond, de “Turma da Mônica: Lições”), uma inglesa que trabalha como professora de português e se envolve com um ator português, Joaquim Martinho (Chay Suede, de “Minha Fama de Mau”), durante uma viagem para o Brasil. O motivo dessa viagem é o casamento do imperador Dom Pedro (Caio Castro, de “A Dona do Pedaço”) com a princesa de origem austríaca Maria Leopoldina (Letícia Colin, de “Entre Irmãs”). O elenco ainda conta com Ingrid Guimarães, Caco Ciocler (“Simonal”), Júlia Lemmertz (“Pequeno Segredo”), Felipe Camargo (“Além do Tempo”) e Babu Santana (“Tim Maia”). | MARQUESA DE SANTOS | YOUTUBE A amante de Dom Pedro I também é tema da minissérie “Marquesa de Santos”, produzida e exibida na extinta TV Manchete em 1984. Criada por Wilson Aguiar Filho (“Os Imigrantes”), a minissérie narra a história da independência a partir do olhar de Domitila de Castro Canto e Melo, que posteriormente ganharia o título de Marquesa de Santos. “Marquesa de Santos” foi estrelada por Maitê Proença (“Me Chama de Bruna”), Gracindo Júnior (“Magnífica 70”), Edwin Luisi (“Na Corda Bamba”) Maria Padilha (“A Regra do Jogo”), Leonardo Villar (“Chega de Saudade”) e Beth Goulart (“Vitória”). A direção ficou a cargo de Ary Coslov (“Guerra dos Sexos”). | O NATAL DO MENINO IMPERADOR | YOUTUBE Especial de Natal produzido pela Rede Globo em 2008, “O Natal do Menino Imperador” mostra Dom Pedro II (Sérgio Britto, de “O Maior Amor do Mundo”) aos 65 anos contando ao neto Antônio (Rafael Miguel, de “Cama de Gato”) algumas das passagens mais marcantes de sua vida. Dentre as histórias contadas por Dom Pedro II, destaca-se a sua relação com pai, Dom Pedro I (Reynaldo Gianecchini, de “Bom Dia, Verônica”). O programa tem narração de Fernanda Montenegro (“O Outro Lado do Paraíso”) e o elenco ainda conta com Luiz Carlos Vasconcelos (“Marighella”), Aracy Balabanian (“Sai de Baixo: O Filme”), Guilherme Weber (“O Negócio”) e o cantor Lenine. A direção foi dividida entre Allan Fiterman (“Pixinguinha, Um Homem Carinhoso”), Flávia Lacerda (“Chapa Quente”), Luiz Henrique Rios (“Pega Pega”) e Denise Saraceni (também de “Pixinguinha, Um Homem Carinhoso”). | CARLOTA JOAQUINA, PRINCESA DO BRAZIL | CLARO VIDEO Principal título da retomada do cinema brasileiro, “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” (1995) é outra obra que conta a história da vinda da família real portuguesa para o Brasil, desta vez pelo de Carlota Joaquina de Bourbon (interpretada por Marieta Severo, de “A Grande Família”), esposa do rei D. João VI (Marco Nanini, também de “A Grande Família”). Dirigido por Carla Camurati (“Irma Vap – O Retorno”), o filme explorou a temática histórica através de uma abordagem cômica, o que agradou as plateias e transformou o filme em um grande sucesso nacional. O elenco ainda conta com Maria Fernanda (“Olho por Olho”) como a Rainha Maria I, Marcos Palmeira (“Pantanal”) como Dom Pedro I e Beth Goulart (“Vitória”) como a Princesa Maria Teresa de Bragança. | OS INCONFIDENTES | YOUTUBE Co-produção brasileira e italiana lançada em 1972, “Os Inconfidentes” é o melhor filme sobre a história do movimento separatista conhecido como Inconfidência Mineira, prelúdio da independência, que foi reprimido pela Coroa portuguesa em 1789 e culminou na execução do líder do movimento, Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes (que no filme é interpretado pelo saudoso José Wilker, de “O Maior Amor do Mundo”). O elenco ainda conta com Luís Linhares (“O Homem do Pau-Brasil”), Paulo César Peréio (“Magnífica 70”), Fernando Torres (“S.O.Z: Soldados o Zombies”) e Carlos Kroeber (“Barriga de Aluguel”). Dirigido por Joaquim Pedro de Andrade (“Macunaíma”), “Os Inconfidentes” figura na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, realizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). | INDEPENDÊNCIAS | TV CULTURA Criada por Luiz Fernando Carvalho em parceria com Luís Alberto de Abreu (ambos de “Capitu” e “Hoje É Dia de Maria”), “Independências” é uma série estruturada em cima do conceito de “Nova historiografia”. Trata-se de uma releitura histórica a partir de uma abordagem alternativa, com personagens que normalmente não aparecem na história “convencional”, mas que tiveram importância no desenrolar dos eventos históricos. A série aponta, por exemplo, a importância de mulheres no processo independência, destacando, entre outras, a participação de Maria Leopoldina, esposa de Dom Pedro I – quem realmente assinou a recomendação de independência do Brasil. O grandioso elenco é composto por Antonio Fagundes (“Deus É Brasileiro”), Daniel de Oliveira (“Aruanas”), Isabél Zuaa (“As Boas Maneiras”), Ilana Kaplan (“A Vila”), Gabriel Leone (“Dom”), Maria Fernanda Candido (“Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore”), Marat Descartes (“Trabalhar Cansa”) e as cantoras Fafá de Belém e Margareth Menezes. “Independências” tem um total de 16 episódios episódios, que começam a ser exibidos nesta quarta (7/9), na TV Cultura.
Leonardo Villar (1923 – 2020)
O ator Leonardo Villar, consagrado pelo Festival de Cannes em “O Pagador de Promessas” (1962), morreu na manhã desta sexta-feira (3/7) em São Paulo, aos 96 anos, vítima de uma parada cardíaca. Ele tinha sido internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após se sentir mal na noite de quarta. Nascido em Piracicaba, no interior de São Paulo, Leonildo Motta (seu nome de batismo) foi virar Leonardo Villar no teatro. Ele atuou em peças da Companhia Dramática Nacional (CDN), no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e no programa televisivo de clássicos da dramaturgia “Grande Teatro Tupi” (entre 1952 e 1959) antes de ser alçado ao estrelato mundial como Zé do Burro, o personagem principal de “O Pagador de Promessas”. O filme tinha sido rejeitado pelo autor da peça original, Dias Gomes, após mudanças no texto promovidas pelo então galã transformado em cineasta Anselmo Duarte. Até os diretores do Cinema Novo atacaram a produção, jamais superando a inveja por sua consagração. Mas o fato é que “O Pagador de Promessas”, com um galã atrás das câmeras e um estreante no cinema diante delas, encantou a crítica mundial e faturou a Palma de Ouro. É até hoje, 58 anos depois, o único filme brasileiro vencedor de Cannes. E com o seguinte detalhe: venceu “apenas” os clássicos absolutos “O Anjo Exterminador”, de Luís Buñuel, “Cléo das 5 às 7”, de Agnès Varda, “O Eclipse”, de Michelangelo Antonion, e “Longa Jornada Noite Adentro”, de Sidney Lumet. Foi também o primeiro filme da carreira de Villar. Ator de teatro, ele ficou com o papel por insistência de Duarte, que recusou “sugestões” sucessivas para que Mazzaropi estrelasse o longa, o que facilitaria seu sucesso comercial. A grande ironia é que o filme tornou-se um sucesso justamente pela interpretação crível e inesquecível do ator, que deu vida ao simples Zé do Burro, um homem que só queria pagar uma promessa, carregando uma cruz gigante contra a vontade da Igreja local. Villar foi a alma de “O Pagador de Promessas”, carregando-o nas costas como o personagem, até o tapete vermelho da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA, que encerrou a trajetória consagradora do longa com uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Graças à fama de Zé do Burro, Villar se estabeleceu como um dos principais astros do cinema brasileiro, dando vida a outros personagens e obras icônicas, como os papéis-títulos de “Lampião, Rei do Cangaço” (1964), de Carlos Coimbra, e o excepcional “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” (1965), de Roberto Santos, que lhe rendeu o troféu Candango de Melhor Ator no Festival de Brasília. Estabelecendo uma bem-sucedida parceria com Coimbra, ainda estrelou dois sucessos do diretor, “O Santo Milagroso” (1967) e “A Madona de Cedro” (1968), sem esquecer o maior título da carreira de Cacá Diegues, “A Grande Cidade ou As Aventuras e Desventuras de Luzia e Seus 3 Amigos Chegados de Longe” (1966). Ele viveu até Jean Valjean na versão brasileira de “Os Miseráveis”, clássico de Victor Hugo transformado em novela por Walther Negrão em 1967, na Bandeirantes. Mas a partir da entrada na rede Globo, com “Uma Rosa Com Amor” em 1972, praticamente trocou o cinema pelas novelas, com passagens por cerca de 30 sucessos da emissora, incluindo “Estúpido Cupido”, “Tocaia Grande”, a versão original e o remake de “Os Ossos do Barão”, “Barriga de Aluguel”, “Laços de Família”, “Pé na Jaca”, até “Passione”, seu último trabalho em 2011, em que viveu o divertido Antero Gouveia. Entre uma novela e outra, intercalou telefilmes da Globo, entre eles “O Duelo” (1973) e “O Crime do Zé Bigorna” (1974), com Lima Duarte, mas isso também significou longos períodos afastado do cinema. De todo modo, os poucos filmes da fase final de sua carreira marcaram época, como “Ação Entre Amigos” (1998), de Beto Brant, “Brava Gente Brasileira” (2000), de Lúcia Murat, e “Chega de Saudade” (2007), de Laís Bodanzky.

