Minissérie sobre Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Johnny Cash ganha primeiro trailer
O canal pago americano CMT divulgou o primeiro trailer da minissérie “Sun Records”, anteriormente identificada como “Millon Dollar Quartet”, dedicada à primeira geração do rock. Como a prévia destaca, a trama se passa no começo dos anos 1950 e gira em torno dos artistas mais famosos da gravadora Sun: Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Johnny Cash. A minissérie pretende contar a história da Sun Records, que deu origem ao rock’n’roll, destacando seus artistas, desde as primeiras sessões de Ike Turner e o surgimento do rockabilly com Carl Perkins, refletindo também a época, marcada por grandes mudanças políticas e agitação social. Chad Michael Murray (série “Agent Carter”) é o nome mais conhecido da produção, como o produtor Sam Phillips, dono da Sun Records. O resto do elenco foi preenchido com testes abertos, realizados na escola em que Elvis estudou em Memphis, cidade onde a trama acontece. Drake Milligan, que já viveu Elvis num curta de 2014, repetirá a dose na minissérie, Kevin Fonteyne (série “Masters of Sex”) será Johnny Cash, Dustin Ingram (“Cabana do Inferno”) atuará como Carl Perkins e os gêmeos Christian Lees e Jonah Lees (ambos de “O Conto dos Contos”) viverão Jerry Lee Lewis e seu primo pastor Jimmy Swaggart. A produção está a cargo de Leslie Greif, criador da série clássica de ação “Walker, Texas Ranger”, estrelada por Chuck Norris nos anos 1990. A estreia vai acontecer em 23 de fevereiro nos EUA. Além da minissérie, também está em desenvolvimento um filme sobre o mesmo tema, que pode trazer Leonardo DiCaprio (“O Regresso”) no papel de Sam Phillips.
Sully demonstra a efetividade e a frieza do cinema de Clint Eastwood
É importante saber que “Sully – O Herói do Rio Hudson” é dirigido por Clint Eastwood, um cineasta econômico, preciso, direto ao ponto – não mostra nem mais, nem menos, apenas o necessário –, um exímio contador de histórias, como se ainda respirasse os ares da Hollywood dos anos 1970, com foco total na humanidade de seus personagens. Para Clint, tudo que um diretor necessita é um bom roteiro, uma boa montagem e um bom elenco. Tudo isso está aplicado na condução da história sobre como o Capitão Chester “Sully” Sullenberger III (Tom Hanks), e seu co-piloto Jeff Skiles (Aaron Eckhart), salvaram a si mesmos e outras 153 pessoas a bordo do Airbus A320, graças a uma manobra ousada de pouso no Rio Hudson, em Nova York, após a aeronave ser atingida por pássaros e perder os dois motores. Isso aconteceu de verdade no inverno de 2009 e a responsabilidade foi toda de Sully, embora sua decisão de descer na água estivesse longe de garantir a sobrevivência de todos a bordo, afinal nem mesmo o Capitão poderia prever que o avião boiaria em um rio castigado por um frio de rachar. Deu certo, mas a companhia aérea e a agência de aviação contestaram a ação do piloto, acreditando que bastava retornar e pousar no aeroporto de LaGuardia. Entre pesadelos que atormentam Sully (dormindo ou acordado) e cenas de interrogatórios que antecipam o inevitável julgamento, Clint primeiro expõe o problema. Com o espectador ciente do drama, ele finalmente intercala a trama, com a reconstituição da queda do avião no melhor uso que se pode fazer de flashbacks no cinema. É a hora em que podemos comprovar quem está falando a verdade: os acusadores de Sully ou o próprio. E Clint picota seu filme entre idas e vindas no tempo com a segurança e a competência de sempre. Em seus trabalhos mais recentes, o diretor vem se dedicando em focar o homem comum alçado à condição de herói ou ídolo americano, ainda que sempre questionado – por alguns ou por ele mesmo. Com “Sully”, ele atinge um momento grandioso ao valorizar a condição humana, num mundo que treina a todos para uma vida profissional em que se age como máquinas. Tom Hanks, Aaron Eckhart e Laura Linney, como a esposa de Sully, entregam o que se espera deles. Mas, assim como Clint, não vão além, porque o diretor se contenta apenas com a exposição dos fatos (do ponto de vista do protagonistas, mas são fatos). E isso não apenas em “Sully”, mas também em “Sniper Americano” (2014), “Jersey Boys” (2014), etc. Embora o diretor mereça elogios pelo absoluto controle de seu ofício, a frieza profissional ressente-se da falta de emoção, que havia de sobra em “Gran Torino” (2008) e “Invictus” (2009), que são da década passada e os últimos grandes filmes de Clint Eastwood. Portanto, por mais que seja bem feito e com muito talento envolvido, não é de causar espanto que o público saia do cinema questionando: “Era só isso?”.
Escândalo sexual nos bastidores da Fox News vai virar filme
A polêmica acusação de assédio sexual contra o ex-chefe da Fox News, Roger Ailes, movida pela âncora Megyn Kelly e uma outra mulher será levada às telas. Os direitos da história foram comprados pela Annapurna Pictures e o roteiro será desenvolvido por Charles Randolph, vencedor do Oscar 2016 de Melhor Roteiro por “A Grande Aposta”. Segundo o site da Variety, a trama do filme será baseada nos artigos sobre o caso escritos pelo jornalista Gabriel Sherman e irá trazer os fatos descobertos no fim do primeiro semestre deste ano. O escândalo veio à tona quando Ailes foi forçado a pedir demissão após ter denunciado assédio sexual. Em seguida, uma série de revelações de situações semelhantes vieram à tona, incluindo a ex-âncora Gretchen Carlson. Além do projeto sobre a Fox News, Charles Randolph está trabalhando no roteiro da cinebiografia do ex-vice-presidente dos EUA na era de George W. Bush, Dick Cheney. Ainda não há diretor nem título definido para o projeto.
Cauã Reymond viverá Dom Pedro I em superprodução de cinema
O ator Cauã Reymond (“Alemão”) foi escalado para viver Dom Pedro I, o príncipe português que virou imperador do Brasil, ao proclamar a independência do país em 7 de setembro de 1822. Segundo o site Filme B, o projeto será uma superprodução tocada por quatro produtoras diferentes e com direção de Laís Bodanzky (“As Melhores Coisas do Mundo”). “Será um filme intimista, com o ponto de vista muito amarrado em Dom Pedro, e não nos eventos históricos – um pouco como na série ‘Downton Abbey’. Vamos nos aprofundar no lado pessoal, a boemia e o porquê desse vício no sexo – ele deixou muitos filhos bastardos no país. É uma figura muito rica, que tem um lado meio abolicionista, gostava dos escravos. Também era marceneiro, gostava muito de trabalhar com as mãos”, disse Bianca Villar, da produtora Biônica, ao site. Apesar desse conceito intimista, o filme está sendo apresentado com título de comédia: “Pedro, o Filme”. São “O Filme”, por exemplo, “Crô: O Filme” (2013), “Minha Mãe é uma Peça: O Filme” (2013), “Meu Passado Me Condena: O Filme” (2013), “Carrossel: O Filme” (2015), “Vai que Cola: O Filme” (2015), “Apaixonados: O Filme” (2016), etc. O roteiro deste novo “O Filme” é de Laís Bodanzky, seu marido e parceiro Luiz Bolognesi (“Uma História de Amor e a Fúria”) e do escritor Chico Mattoso. Com orçamento estimado em R$ 11 milhões, a produção tem 40% das filmagens previstas para acontecerem em Portugal. Atualmente, a equipe está na fase de busca das locações.
Shailene Woodley vai ficar perdida no mar em filme do diretor de Evereste
A atriz Shailene Woodley (“Divergente”) vai estrelar o novo filme do diretor islandês Baltasar Kormakur (“Evereste”), informou o site da revista Variety. Com roteiro dos gêmeos Aaron e Jordan Kandell, responsáveis pelo blockbuster animado “Moana”, “Adrift” é uma história baseada em fatos reais. A trama acompanha um casal em viagem por mar ao Taiti quando seu barco é atingido por um enorme furacão. Após ficar inconsciente, ela acorda no barco destruído e com o noivo desaparecido. Resta à jovem cruzar mais de 1,5 mil km pelo oceano Pacífico até o Havaí, enfrentando os desafios naturais que se sucedem. Ainda não há previsão para o começo das filmagens ou estreia.
O Filho Eterno evita a pieguice ao tratar de deficiência com uma narrativa dura e humanizadora
Tarefa complicada adaptar uma obra sobre um pai que não aceita a condição do filho, que tem Síndrome de Down, e não resvalar na pieguice, no dramalhão. O mérito está em toda a equipe envolvida, passando pelo roteiro adaptado de Leonardo Levis (“Canção da Volta”), pela produção sempre competente de Rodrigo Teixeira, que só este ano se mostrou atuante em quatro produções importantes, pela direção contida – mas sem perder o interesse na emoção – de Paulo Machline (“Trinta”), nos dois protagonistas, vividos por Marcos Veras (“Porta dos Fundos: Contrato Vitalício”) e Débora Falabella (minissérie “Nada Será Como Antes”), e também no trabalho comovente do garoto Pedro Vinícius, que empresta seu coração gigante para o último ato do filme, sem parecer se esforçar muito para isso. “O Filho Eterno” também tem recria fielmente as décadas de 1980 e 1990, já que a história se passa no intervalo entre duas Copas, a de 1982, quando a seleção brasileira de Zico e cia. perdeu naquele histórico 3×2 para a Itália e deixou um gosto amargo no país inteiro, e termina em 1994, com a conquista do título de tetracampeão, com a seleção de Romário e a memorável disputa por pênaltis. Percebemos não apenas o bom trabalho de direção de arte na reconstrução de época, mas também o próprio espírito desse período, exemplificado no próprio modo mais duro e até desumano como as coisas eram ditas. Naquela época, era natural chamar um garoto com Síndrome de Down de mongol, ou dizer coisas que não deveriam ser ditas para os próprios amigos, como se pode ver em um diálogo entre o personagem de Veras e um amigo, em uma festa regada a vinho em sua casa. Esse jeito duro de mostrar as coisas também se traduz na condução narrativa do filme, que evita, na maior parte do tempo, o caminho fácil da emoção. Afinal, trata-se de uma história de negação do próprio filho, que para o pai é um grande problema, um grande desgosto. Marcos Veras, em seu primeiro trabalho dramático para o cinema, confere verdade a seu personagem, embora sua performance seja apenas correta. Como ele é o condutor da narrativa, também não é fácil para o espectador acompanhar, ainda que com certo distanciamento, o modo como ele encara a situação, seja fugindo para a bebida ou para outras mulheres, seja tratando o filho de forma agressiva e impaciente, seja até mesmo ficando feliz ao saber que crianças com Down podem morrer cedo. O mais interessante é que o filme não transforma esse personagem em um monstro ou um sujeito odiável, mas apenas num ser humano. Apenas num homem que demora a enxergar o presente que lhe foi dado de maneira amorosa. Até ele chegar nesta conclusão, o amor aparece na figura da mãe, vivida por Débora Falabella. E é dela o grande momento do filme. Desses de fazer muito espectador chorar. Trata-se de um monólogo em que ela conta sobre um dia na vida dela com o filho. Percebemos que a emoção está ali de verdade, não apenas uma técnica de interpretação. É o tipo de cena que já eleva o filme a um outro patamar. Baseado na história real de Cristóvão Tezza, que desabafou em forma de romance sobre esse difícil processo de aceitação da condição do próprio filho, “O Filho Eterno” também já teve uma adaptação para os palcos na forma de monólogo. E, nas versões anteriores, a personagem da mãe aparecia ainda menos. Na adaptação cinematográfica, ela não só está mais presente, como também representa o amor incondicional, ajudando a tornar mais palatável as cenas duras de negação do diferente. Foi uma escolha muito feliz dos realizadores (roteirista e diretor), e por causa disso o filme ganhou uma força maior. Outro acerto foi a escalação do ótimo garoto que interpreta o Fabrício pré-adolescente, um amor de menino, que empresta sensibilidade e espontaneidade à obra.
Trailer de Bingo: O Rei das Manhãs, inspirado no palhaço Bozo, supera expectativas
A Warner divulgou o primeiro trailer de “Bingo: O Rei das Manhãs”. E a primeira coisa que chama atenção é o título. Durante a pré-produção, o projeto era conhecido como cinebiografia do palhaço Bozo. Mas a mudança não é para ser lamentada. Pela prévia, fica claro que o filme não faz concessões, o que é facilitado pela licença criativa, permitida pelo uso de nomes fictícios. De fato, o trailer supera expectativas, com cenografia e figurino que reconstituem fielmente a época, ao mesmo tempo em que ensaia um mix escandaloso de sexo, drogas e programa infantil. O filme marca a estreia na direção de Daniel Rezende, o premiado montador indicado ao Oscar por “Cidade de Deus” (2002), e traz Vladimir Britcha (“Muitos Homens num Só”) no papel de Augusto, personagem inspirado na vida de Arlindo Barreto, o Bozo. Na trama, Augusto é um artista que sonha com seu lugar sob os holofotes. A grande chance surge ao se tornar “Bingo”, um palhaço apresentador de um programa infantil na televisão que é sucesso absoluto. Porém, uma cláusula no contrato não permite revelar quem é o homem por trás da máscara, o que faz de Augusto, o “Rei das Manhãs”, o anônimo mais famoso do Brasil. Com muita ironia e humor ácido, ambientado numa roupagem pop e exagerada dos bastidores da televisão nos anos 1980, o filme conta essa incrível e surreal trajetória de um homem em busca do reconhecimento da sua arte. O roteiro é de Luiz Bolognesi (“Bicho de Sete Cabeças” e “Uma História de Amor e Fúria”), a fotografia de Lula Carvalho (“As Tartarugas Ninja”, “Robocop”) e o elenco ainda inclui Leandra Leal (“O Lobo Atrás da Porta”), Emanuelle Araújo (novela “Gabriela”) e até o apresentador do “Big Brother Brasil” Pedro Bial. “Bingo – O Rei das Manhãs” tem estreia prevista para agosto de 2017.
Good Girls Revolt é cancelada pela Amazon, apesar das críticas positivas
A Amazon anunciou o cancelamento de “Good Girls Revolt”, série de época que, desde sua concepção, vinha sendo considerada um espécie de “Mad Men” feminista. A notícia surpreendeu o mercado, já que a atração foi recebida por críticas entusiasmadas. A média no site Rotten Tomatoes é de 72% de aprovação. Segundo o site The Hollywood Reporter, a Sony, que produz a série, ainda não desistiu de fazer uma 2ª temporada e pretende abrir negócios com outros interessados. Passada na década de 1960, a série tratava da luta pela igualdade de direitos na redação de uma importante revista semanal, focando as repórteres que sofriam discriminação por não poderem assinar as matérias, na época uma prerrogativa de jornalistas masculinos. A série foi criada por Dana Calvo (roteirista da série “Franklin & Bash”) e adapta o livro homônimo de Lynn Povich, sobre a história real que rendeu um processo contra discriminação movido por funcionárias da revista Newsweek. A “revolta das boas moças” acabou virando um marco do feminismo, na luta contra a desigualdade de tratamento entre os gêneros. A produção tomou bastante liberdades, criando personagens e tramas fictícias, além de rebatizar a revista (virou “News of the Week”), mas manteve duas personalidades reais: Eleanor Holmes Norton, ativista do movimento feminista que, como advogada, representou as repórteres que processaram a Newsweek em 1970, e a pivô da revolta, ninguém menos que Nora Ephron, que viraria uma diretora famosa de cinema – são dela, entre outros, os filmes “Sintonia de Amor” (1992), “Mens@gem Pra Você” (1998) e “Julie & Julia” (2009). Nora é vivida por Grace Gummer (filha de Meryl Streep, que também está em “Mr. Robot”) e Eleanor por Joy Bryant (série “Parenthood”). O resto do elenco inclui Anna Camp (série “True Blood”), Genevieve Angelson (série “House of Lies”), Erin Darke (“The Beach Boys: Uma História de Sucesso”), James Belushi (série “According to Jim”), Chris Diamantopoulos (série “Episodes” e, curiosamente, a voz do Mickey Mouse), Daniel Eric Gold (série “Ugly Betty”) e Hunter Parrish (série “Weeds”). O piloto foi dirigido pela cineasta Liza Johnson (“Elvis & Nixon”) e a 1ª temporada estreou em 28 de outubro nos EUA. A Amazon não informa dados de audiência.
Ninguém Deseja a Noite vai da futilidade feminina aos instintos primais
Filha de uma alemã com um oficial militar americano, Josephine Diebitsch Peary veio a descobrir a vocação pela exploração de locais inóspitos ao se casar com Robert Edwin Peary aos 25 anos. As contribuições conjuntas em expedições, inclusive durante a gravidez de Marie, filha que deu à luz no Polo Norte, valeram-lhe o título de Dama do Ártico. Trata-se de uma figura real que buscou não viver à sombra de seu marido, recebendo em “Ninguém Deseja a Noite” o papel de protagonista. Interpretada por Juliette Binoche (“Acima das Nuvens”), a Josephine cinematográfica não é apresentada pela cineasta espanhola Isabel Coixet (“A Vida Secreta das Palavras”) e o roteirista Miguel Barros (“Os Implacáveis”) como uma heroína, entretanto. Qualquer tom de aventura que a premissa poderia corresponder é limado para exibir o drama de uma Josephine no ápice da fragilidade, clamando por seu Robert ao ponto em ir a sua procura com toda a instabilidade de uma paisagem marcada pelo branco da nevasca. Incapaz de traçar o trajeto por si própria, Josephine convence Bram Trevor (Gabriel Byrne, de “Mais Forte que Bombas”) a liderar uma viagem com esquimós, estes sempre encarados pelos estrangeiros como meros mapas ambulantes com habilidades para a caça e o transporte de bens. Feroz quando contrariada, Josephine parece distante da realidade que passa a rodeá-la, desejando a todo custo reencontrar o amado como a protagonista de uma fábula, inclusive carregando consigo um guarda-roupa com peças luxuosas. Se no primeiro ato acompanhamos uma mulher fútil que ignora os riscos que pode pagar para saciar o seu capricho, a segunda metade mostra o preço disso e a transformação da personagem. “Ninguém Deseja a Noite” caminha em direção oposta a de “A Rainha do Deserto”, de Werner Herzog, que reduziu a grande Gertrude Bell a uma moça ingênua, guiada por lamúrias amorosas ao invés da curiosidade em conhecer a amplitude do mundo. Isso porque a versão ficcional de Josephine passará a ter a companhia da esquimó Allaka (Rinko Kikuchi, de “Círculo de Fogo”) para colocar em perspectiva o seu vazio emocional. Essa mudança súbita de foco talvez seja a razão de “Ninguém Deseja a Noite” ter sido severamente criticado em sua première no Festival de Berlim de 2015. No entanto, é ela a responsável por engrandecê-lo. O romance com molduras épicas e a aventura antropológica dão lugar à visão de Isabel Coixet sobre o que é uma mulher em seu sentido mais primitivo. Unidas por algo em comum, Josephine e Allaka se transformam com a vinda de um inverno rigoroso, devastando tudo que as protege até restarem apenas os instintos maternais e de sobrevivência. Ao decifrar a natureza de suas personagens com tanta intensidade, Coixet volta a provar o quão especial (e subestimada) é diante de seus colegas contemporâneos.
Pesquisa indica que Selma é a cinebiografia mais verídica e O Jogo da Imitação a menos real de Hollywood
O site Information Is Beautiful resolveu tirar à limpo o quanto são reais as cinebiografias e os filmes baseados em fatos reais dos últimos anos. E o resultado da pesquisa e checagem de fatos revelou que um filme ignorado pelo Oscar foi o mais consistente, enquanto outro, que venceu o Oscar de Melhor Roteiro, o mais chutado de todos. Escrito pelo estreante Paul Webb e dirigido por Ava DuVernay, “Selma – Uma Luta pela Liberdade” foi o filme que se saiu melhor em relação à veracidade de sua história. A cinebiografia do pastor e ativista social Martin Luther King Jr refletiu de forma 100% verídica os fatos históricos, mostrando como de fato foram as marchas realizadas por ele e manifestantes pacifistas em 1965, entre a cidade de Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery, e a repressão que enfrentaram. Já o filme que sepulta os fatos com a maior quantidade de invenções é “O Jogo da Imitação”. Escrito por Graham Moore, vencedor do Oscar por sua adaptação do livro de Andrew Hodges em que a trama se baseia, o filme só tem dois acontecimentos que aconteceram conforme mostrado: que Alan Turing trabalhou como criptoanalista durante a guerra e que foi preso por conta de sua homossexualidade após o conflito. Já a invenção do computador aconteceu de forma muito menos apaixonante, assim como a quebra do código da máquina Enigma, aponta o relatório do site. A conclusão é que apenas 41% das cenas dirigidas por Morten Tyldum correspondem a fatos históricos. “Alan Turing (o protagonista) chegou sim a trabalhar como criptoanalista em Bletchley Park durante a guerra e sua prisão foi por causa de sua homossexualidade. Isto é verdade. Mas o restante do filme não é. Para ser justo, reproduzir a incrível complexidade da Enigma e da criptografia em geral nunca seria tarefa fácil, mas o filme conseguiu simplesmente mostrar isso de forma falsa”, diz o site. Outros filmes que contaram pouco mais que meias verdade foram “Clube de Compras Dallas” e “Sniper Americano”, ambos indicados ao Oscar de Melhor Filme e Roteiro do ano, mesmo com pilhas de fatos imprecisos. Confira abaixo como se saíram os filmes examinados: 1. Selma – Uma Luta Pela Igualdade (100.0%) 2. A Grande Aposta (91.4%) 3. Ponte dos Espiões (89.9%) 4. 12 Anos de Escravidão (88.1%) 5. Rush – No Limite da Emoção (82.9%) 6. Spotlight – Segredos Revelados (81.6%) 7. Capitão Phillips (80.4%) 8. O Lobo de Wall Street (80.0%) 9. A Rede Social (76.1%) 10. O Discurso do Rei (74.4%) 11. Philomena (70.9%) 12. Clube de Compras Dallas (61.4%) 13. Sniper Americano (56.9%) 14. O Jogo da Imitação (41.4%)
Globo quer Alice Braga e Rodrigo Santoro em minissérie histórica sobre o holocausto
A Globo quer juntar dois dos atores brasileiros mais bem-sucedidos de Hollywood numa minissérie histórica sobre o holocausto. A emissora carioca quer contar com Alice Braga no papel principal, e Rodrigo Santoro no elenco de “O Anjo de Hamburgo” (título de trabalho), dramatização da história de Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa (1908-2011), a brasileira que salvou cerca de 200 famílias de judeus da prisão e da morte na Alemanha nazista. O roteiro está sendo escrito por Mário Teixeira, autor de “Liberdade, Liberdade”, e a direção-geral está a cargo de Jayme Monjardim, que filmou “Olga” (2004), sobre Olga Benário Prestes, morta em 1942 justamente em um campo de extermínio nazista. A Globo tenta conciliar as agendas dos dois atores nos EUA para planejar as gravações da minissérie, que aconteceriam no ano que vem, visando uma estreia em 2018. Segundo o blog Notícias da TV, eles já leram o material de apresentação da obra e ficaram entusiasmados. Alice estrela a série “The Queen of South” (A Rainha do Sul) no canal pago americano USA Network e Santoro está no elenco de “Westworld”, do HBO. Ambas as séries foram renovadas, mas isso não os impede de fazer outros trabalhos. Aracy foi casada com o escritor João Guimarães Rosa (1908-1967), que dedicou a ela o clássico literário “Grande Sertão: Veredas”, lançado em 1956. Era católica praticante, filha de pai português e mãe alemã. Poliglota, virou secretária do consulado brasileiro em Hamburgo, por onde emitiu vistos para judeus perseguidos pelo nazismo migrarem para o Brasil. Em alguns casos, ainda os ajudava a sair da Alemanha, às vezes usando seu próprio carro. Fez isso clandestinamente e sob alto risco, entre os anos 1930 e 1940. Na época, inclusive, vigorava uma circular do governo brasileiro que recomendava o veto à entrada de judeus no país. Seu heroísmo foi reconhecido pela comunidade judaica, que a homenageou em 1982. Seu nome está registrado no memorial das vítimas do Holocausto, em Israel, e no Museu do Holocausto de Washington. Foi, por sinal, graças à esta ação humanitária que Aracy se aproximou de Guimarães Rosa, que foi cônsul-adjunto em Hamburgo. Embora não tenha sido revelado, é provável que Santoro esteja sendo cotado para viver o escritor.
Diretor de O Grande Mestre vai estrear em Hollywood com filme sobre o assassinato do herdeiro da grife Gucci
O cineasta chinês Wong Kar Wai (“O Grande Mestre”) vai estrear em Hollywood com um filme sobre o assassinato do empresário da moda Maurizio Gucci, neto do fundador da grife Gucci. A informação é do jornal inglês The Guardian. Maurizio Gucci comandou a empresa até 1993 quando vendeu sua parte nos negócios por US$ 170 milhões. Dois anos depois, ele foi morto por um assassino de aluguel contratado pela própria esposa, Patricia Reggiani. Ela confessou o crime e foi condenada como mandante do assassinato. Originalmente, o filme seria dirigido por Ridley Scott (“Perdido em Marte”) e teria Leonardo DiCaprio (“O Regresso”) e Angelina Jolie (“Malévola”) como os protagonistas. Neste momento, Margot Robbie (“Esquadrão Suicida”) está cotada para viver Patricia Reggiani. O roteiro está sendo escrito pela dupla Andrea Berloff (“Straight Outta Compton”) e Charles Randolph (“A Grande Aposta”), e a produção está a cargo do estúdio americano Annapurna Pictures. Ainda sem título, o filme será o primeiro trabalho do cineasta chinês produzido por um estúdio americano, mas sua segunda obra falada em inglês. Em 2007, ele filmou Natalie Portman, Jude Law, Rachel Weiz e a cantora Norah Jones em “Um Beijo Roubado”, rodado nos EUA, mas coproduzido por estúdios de Hong Kong, da China e da França.











