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Fernanda Lima é dispensada da Globo após 18 anos
A apresentadora Fernanda Lima revelou que não teve seu contrato renovado pela TV Globo. Ela era contratada fixa da emissora há 18 anos. Numa declaração ao colunista Gabriel Perline, Fernanda explicou que se sente “um pouco órfã” por ter que abrir mão do programa “Amor & Sexo”. “[Fazer o programa] É uma segurança que a gente tem muito grande”, disse. “Não sei o que será do futuro, eu quero deixar um pouco livre, quero estudar um pouco”, contou. “Meu contrato com a Globo encerra em janeiro. Então, vem aí um mundo mais livre”, projetou. “Ao mesmo tempo [em que estou deixando a emissora], dá uma sensação de liberdade, de que novas coisas vão acontecer. Durante todo esse processo, fui muitas vezes procurada [por emissoras concorrentes], assediada. Então, é legal saber que eu vou poder olhar para outros projetos e, talvez, aceitar outras coisas”, completou. A demissão da apresentadora faz parte de um projeto de redução de gastos da emissora, que tem trocado contratos de longo prazo por acordos por obra certa. Vários famosos foram dispensados e já viraram alvo da concorrência. Entre os mais recentes, estão o os atores Jayme Matarazzo e Otávio Muller. Além de apresentar “Amor & Sexo”, Fernanda Lima teve passagens na emissora como atriz nas novelas “Bang Bang”, “Pé na Jaca” e “Beleza Pura”, entre outras. Já como apresentadora, ela também comandou quadros do “Fantástico”, “Vídeo Game”, “Criança Esperança” e “Popstar”.
Andrea Tonacci (1944 – 2016)
Morreu o cineasta Andrea Tonacci, um dos principais nomes do cinema marginal brasileiro. Ele faleceu na sexta-feira, vítima de câncer no pâncreas. Tonacci nasceu em Roma, na Itália, em 1944, e se mudou com a família para São Paulo aos 10 anos. Fez sua estreia no cinema com o curta “Olho por Olho” (1966), feito na mesma época e com a mesma equipe de “Documentário”, de Rogério Sganzerla, e “O Pedestre”, de Otoniel Santos Pereira. Seu primeiro longa, “Bang-Bang” (1971), com Paulo Cesar Pereio numa máscara de macaco, se tornou um marco do cinema marginal brasileiro, como ficou conhecida a geração contracultural, que reagia ao intelectualismo exacerbado do Cinema Novo. A ditadura militar não distinguia entre os dois movimentos e tratava de dificultar a exibição por igual. Por isso, o filme teve carreira restrita a cineclubes no Brasil, mas acabou escolhido para a prestigiada Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. Rodada em Belo Horizonte, a obra trazia Pereio mascarado e delirante, em fuga de sujeitos estranhos, e pode ser interpretada como alegoria à falta de saídas diante da ditadura. Ele também provocou a ditadura com o curta “Blábláblá” (1968), em que o ator Paulo Gracindo vivia um ditador demagógico. Mas não demorou a abandonar as alegorias para mostrar o que realmente acontecia no país, aproximando-se da linguagem documental e se especializando em temas da cultura indígena. Em curto período, ele dirigiu filmes como “Guaranis do Espírito Santo” (1979), “Os Araras” (1980) e “Conversas no Maranhão” (1977-83). Nos anos 1990, fez apenas um documentário sobre a “Biblioteca Nacional” (1997) para ressurgir com força na década seguinte com seu filme mais impactante, “Serras da Desordem” (2006), que resgata a história do massacre da tribo Awá-Guajá nos anos 1970 na Amazônia, a partir do ponto de vista de um sobrevivente. Combinação de documentário com ficção, o longa venceu os prêmios de Melhor Filme, Direção e Fotografia no Festival de Gramado. E recentemente entrou na lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, elaborada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). O último filme de Tonacci foi “Já Visto Jamais Visto” (2014), no qual o cineasta revisita suas memórias com registros inéditos de imagens de família, viagens, projetos inacabados, etc. No começo do ano, ele completou o balaço com uma homenagem e retrospectiva no Festival de Tiradentes, em celebração aos seus 50 anos de carreira.


