Robbie Coltrane, o Hagrid de “Harry Potter”, morre aos 72 anos
O ator Robbie Coltrane, conhecido pelas novas gerações por interpretar o personagem Hagrid na franquia “Harry Potter”, morreu nesta sexta (14/10), aos 72 anos. Além do seu papel na franquia baseada nos livros de JK Rowling, Coltrane também fez participações em dois filmes de James Bond e no terror “Do Inferno” (2001), estrelado por Johnny Depp. Robbie Coltrane era o nome artístico de Anthony Robert McMillan, nascido em 30 de março de 1950, em Glasgow, na Escócia. Filho de um médico e uma professora, ele se formou na escola de arte de Glasgow, e continuou a estudar arte na Moray House College of Education, em Edimburgo. Sua estreia nas telas aconteceu em 1979, quando participou de um episódio do teleatro “Play for Today”. No ano seguinte, apareceu pela primeira vez no cinema com figurante da sci-fi dramática “A Morte ao Vivo”, clássico visionário de Bertrand Tavernier. Seguiram-se várias outras participações pequenas em filmes de sucesso ou cultuados, como “Flash Gordon” (1980), “Krull” (1983), “Férias Frustradas II” (1985) e “Henrique V” (1989), além de vários programas humorísticos, como “A Kick Up the Eighties” (1984), “Alfresco” (1984) e “Tutti Frutti” (1987). Mas foi só nos anos 1990 que ele conseguiu virar protagonista. Isto aconteceu na série “Cracker”, seu primeiro grande papel, onde Coltrane deu vida ao Dr Edward “Fitz” Fitzgerald, um psicólogo criminal antissocial e desagradável, mas com um dom único para resolver crimes. O papel rendeu a Coltrane o prêmio BAFTA. “Cracker” durou três temporadas, exibidas entre 1993 e 1995 no canal britânico ITV, e depois disso o ator foi direto enfrentar James Bond. Em 1995, Coltrane interpretou Valentin Zukovsky em “007 Contra GoldenEye” (1995), que marcou a estreia de Pierce Brosnan no papel do espião britânico. O personagem fez tanto sucesso que se tornou um dos poucos vilões a aparecer em mais de um filme de Bond, voltando em “007 – O Mundo Não é o Bastante” (1999). Sua carreira tomou outro rumo com a chegada do novo século. Em 2001, ele teve papel de destaque em “Do Inferno”, adaptação de uma famosa história em quadrinhos de Alan Moore sobre os assassinatos de Jack, o Estripador. E, claro, estrelou o filme que definiria sua carreira: “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Em “Harry Potter”, Coltrane interpretou Hagrid, um meio-gigante que trabalha como guarda-caça da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e que foi um dos principais aliados do personagem-título na sua batalha contra Voldemort. Com sua inocência e seu jeito desengonçado, Hagrid conquistou uma geração inteira de fãs. Ele apareceu em todos os oito filmes da franquia, além de ter emprestado a voz para o personagem em alguns curtas-metragens. Embora a franquia “Harry Potter” lhe tenha mantido ocupado, Coltrane ainda encontrou tempo para participar de filmes como “Van Helsing – O Caçador de Monstros” (2004), no qual interpretou o monstro Mr. Hyde, “Alex Rider Contra o Tempo” (2006), no papel de Primeiro-Ministro, e na adaptação do clássico “Grandes Esperanças” (2012) em que dividiu a tela com alguns dos seus colegas de “Harry Potter”, como Ralph Fiennes e Helena Bonham Carter. Seus últimos créditos foram nas séries “National Treasure” (2016) e “Urban Myths” (2020), na qual interpretou o cineasta Orson Welles (diretor de “Cidadão Kane”). Robbie Coltrane já estava doente há dois anos, mas ele ainda participou do reencontro de “Harry Potter”, produzido pelo serviço de streaming HBO Max. Sua fala, ao final do especial, foi premonitória. “O legado dos filmes é que a geração dos meus filhos vai mostrá-los para os seus filhos. Então você poderá estar assistindo aos filmes daqui a 50 anos, facilmente”, disse ele. “Eu não vou estar por aqui, infelizmente. Mas Hagrid vai estar, sim”, completou. Daniel Radcliffe homenageou o colega ao lembrá-lo como “uma das pessoas mais engraçadas que conheci”. “Ele costumava nos manter rindo o tempo inteiro quando éramos crianças no set”, disse o intérprete de Harry Potter num comunicado. “Tenho lembranças especialmente boas dele mantendo nosso ânimo em ‘Prisioneiro de Azkaban’, quando ficamos todos escondidos de uma chuva torrencial por horas na cabana de Hagrid e ele contava histórias e piadas para manter o moral alto. Eu me sinto incrivelmente sortudo por ter conhecido e trabalhado com ele e muito triste por ele ter falecido. Ele era um ator incrível e um homem adorável”.
Billy Watson (1923–2022)
O ator Billy Watson, que veio de uma famosa família de atores mirins de Hollywood e apareceu em um punhado de filmes clássicos, morreu em 17 de fevereiro, de causas naturais aos 98 anos, mas sua família só anunciou neste fim de semana. Watson tinha oito irmãos, que apareceram em centenas de filmes entre os anos 1920 e 1940. Sua família de atores é a única celebrada conjuntamente com uma estrela na Calçada da Fama de Hollywood, conquistando seu lugar no Hollywood Boulevard em 1999. Ele era o sexto dos nove filhos – seis meninos e três meninas – , que viraram atores graças às conexões de seus pais não famosos. A mãe, Golda Watson, lavava e passava figurinos de filmes, e seu pai, Coy Watson Sr., era um dublê de caubói, que se tornou adorado pelos produtores por conceber os efeitos especiais práticos (cordas de piano!) usados para criar a ilusão do tapete voador de Douglas Fairbanks no clássico mudo “O Ladrão de Bagdad” (1924). Outro fator para o sucesso das crianças foi o fato de a casa da família Watson ser localizada próxima do Keystone Studios de Mack Sennett – no que hoje é o Echo Park. Por isso, quando um diretor precisava de uma criança figurante, procurava Coy Watson Sr. porque sabia que poderia contar com a presença rápida de uma criança no estúdio. Corre a lenda que quando lhe perguntavam “Preciso de um filho para um filme. Você tem um?”, ele respondia: “Qual o tamanho e o sexo?”. O filho mais velho, Coy Watson, acabou conhecido como “The Keystone Kid”, pela quantidade de filmes do estúdio em que apareceu. Billy começou a atuar em 1928, com apenas cinco anos, aparecendo como figurante em dezenas de filmes, muitas vezes ao lado de alguns de seus irmãos. Mas só começou a ganhar mais destaque na adolescência. Seu primeiro papel importante veio em 1938, quando, aos 15 anos, interpretou a versão infantil do personagem de Don Ameche em “Na Velha Chicago” (1938), de Henry King – outro de seus irmãos, Bobs Watson, também estava no elenco. Em seguida, ele e mais três irmãos interpretaram os filhos do Governador Hopper (Guy Kibbee), o homem que nomeia o famoso personagem Jefferson Smith (Jimmy Stewart) para o Senado no clássico de Frank Cappra “A Mulher Faz o Homem” (Mr. Smith Goes to Washington, 1939). Também apareceu em mais três clássicos de 1939: “As Aventuras de Huck Finn”, de Richard Thorpe, “As Aventuras de Stanley e Livingstone”, de Henry King, e “A Mocidade de Lincoln”, de John Ford. Mas aos 16 ficou velho demais para o papel de “filho”, encerrando sua carreira em 1940 com uma aparição não creditada em “A Mulher que Eu Quero”. Depois de se formar no colegial, Watson serviu na Guarda Costeira dos EUA, durante a 2ª Guerra Mundial, e seguiu carreira como fotógrafo comercial em Los Angeles, além de se apresentar em teatros locais. Só um de seus irmãos ainda está vivo, Garry, com 92 anos. Mas ele conheceu nada menos que 13 bisnetos.

