Trumbo lembra histeria anticomunista que afligiu Hollywood
Dalton Trumbo foi um dos mais bem-sucedidos roteiristas da história de Hollywood. Escritor muito talentoso, era capaz de produzir desde histórias banais, com personagens sem sentido, em função de atender às expectativas de lucro fácil dos produtores, a obras elaboradas, sofisticadas, passando por épicos, blockbusters e outros tipos de sucessos populares. Mas filiou-se ao Partido Comunista Americano num período em que, por conta da 2ª Guerra Mundial e suas consequências, muitos acreditavam que poderiam melhorar, transformar o mundo. Ocorre que, no pós-guerra, a paranoia anticomunista atingiu níveis brutais nos Estados Unidos, culminando na Guerra Fria e na política que sustentou as ditaduras da América Latina. Mas tudo começou com um movimento nacional de “caça às bruxas”. A partir de 1947, o chamado Comitê de Atividades Antiamericanas do Congresso dos Estados Unidos voltou sua atenção para Hollywood e pretendeu extirpar de seu meio os que eram denunciados como comunistas. E o fez marcando-os, publicamente, impedindo-os de trabalhar em seu ofício e, em vários casos, encarcerando-os por algum tempo. Foi precisamente o caso do roteirista, cuja história é narrada no filme “Trumbo – A Lista Negra”, dirigido por Jay Roach (“Entrando numa Fria”). O filme procura mostrar quem foi esse personagem, suas relações profissionais e familiares, suas crenças e, sobretudo, a luta que travou para poder trabalhar e viver, dando trabalho a outros talentosos escritores banidos, além de seu permanente combate pelo fim da lista negra. Por mais de uma década, ele atuou clandestinamente, sem poder assinar seus roteiros e, ironicamente, venceu o Oscar por duas vezes, com os filmes “A Princesa e o Plebeu” (1953) e “Arenas Sangrentas” (1957), impedido de aparecer para receber o prêmio, que não estava em seu nome. Só a partir de “Spartacus”, dirigido por Stanley Kubrick, e por iniciativa do ator Kirk Douglas, seu nome pôde voltar a figurar nos créditos. No mesmo ano, em 1960, ele também assinou “Êxodus”, dirigido por Otto Preminger, e a abominável lista caiu por terra. Não está no filme, que vai até 1970, mas um dos mais importantes trabalhos de Dalton Trumbo no cinema foi a adaptação de sua obra literária “Johnny Vai À Guerra”, de 1939, que ele mesmo dirigiu em 1971. Vale a pena complementar a sessão, pois se trata de um dos mais importantes filmes sobre guerra já feitos. “Trumbo – A Lista Negra” funde cenas dos filmes originais à filmagens feitas agora, tanto em preto e branco como a cores, de um modo muito eficiente. Tem atuações marcantes do trio central de atores: Bryan Cranston (série “Breaking Bad”), como Trumbo (indicado ao Oscar pelo papel), Diane Lane (“O Homem de Aço”), como sua mulher, Cleo Trumbo, e a vilã da história, representada pela personagem Hedda Hopper, ex-atriz do cinema mudo e colunista de sucesso, que combateu ferozmente os chamados traidores comunistas de Hollywood. O papel coube à grande Helen Mirren (“A Dama Dourada”), que faz a vilã em um figurino excêntrico, com um chapéu diferente a cada cena, cada um mais extravagante do que o outro. E roupas de igual teor. O figurino e a caracterização de época são outro ponto alto do filme, por sinal. E seu senso de humor, também. Trata-se, no entanto, de um filme político e muito atual. A paranoia anticomunista continua por aí, travestida de outros nomes, às vezes. Mas nada mudou, essencialmente. As práticas políticas se repetem à exaustão, incluindo o ódio e a intolerância, simplistas e grosseiros, que fizeram parte do legado do período macartista da caça às bruxas, quando Dalton Trumbo realizava seu trabalho, com muito esforço e dedicação, em Hollywood.
Diplomacia mostra como Paris escapou da destruição na 2ª Guerra Mundial
O novo filme do grande diretor alemão Volker Schlöndorff, chamado “Diplomacia”, é baseado na peça teatral do mesmo nome de Cyril Gely, que fez o roteiro do filme, em parceria com o diretor. Mas o assunto é o mesmo do filme de René Clément “Paris Está em Chamas?” (1966), lançado em DVD há pouco tempo. A trama se passa em 25 de agosto de 1944 na Paris ocupada pelos alemães, quando a entrada dos Aliados para a retomada da cidade é iminente, assim como o fim da guerra, já perdida para o Eixo, capitaneado pela Alemanha. O general Dietrich von Choltitz (Niels Arestrup, de “Cavalo de Guerra”), que coordena as forças de ocupação alemãs em Paris, é fiel ao Terceiro Reich e recebe ordem expressa, vinda de Hitler, para explodir a capital da França, incluindo suas pontes, monumentos e museus. A ideia era oferecer aos vencedores terra arrasada. Sabemos o final da história, mas o filme de Schlöndorff constrói um belo suspense com isso. O que fará o general? Está tudo pronto para explodir, fartamente carregado de dinamite, falta só a ordem para a explosão. Ela virá? O que acabará determinando tal decisão é o relacionamento do general com o cônsul-geral da Suécia em Paris, Raoul Nordling (André Dussolier, de “Três Lembranças da Minha Juventude”). Do embate intelectual entre ambos far-se-á a luz. O filme se centra na relação dos dois personagens, como se ela estivesse ocorrendo toda na noite fatídica da decisão. As cenas originais de rua servem apenas de elemento ilustrativo. É do confronto dos dois que se alimenta todo o filme. Em econômicos 88 minutos, acompanhamos toda a evolução da conversa que colocava em jogo um dos maiores patrimônios culturais da humanidade e vidas humanas em profusão. Os dois protagonistas, atores brilhantes, que já haviam vivido os mesmos papéis no teatro em 2011, carregam magistralmente a trama. André Dussolier, que faz o cônsul-sueco, é um dos atores que mais atuaram com Alain Resnais, que o tinha como um de seus prediletos. Mas trabalhou também com François Truffaut, Claude Chabrol, Claude Lelouch, Erich Rohmer, Coline Serreau, Bertrand Blier e muitos outros. Niels Arestrup, o general, trabalhou com Chantal Akerman, Claude Lelouch, Marco Ferreri, István Szabó, Jacques Audiard, Steven Spielberg, Bernard Tavernier e, também, Alain Resnais. Outra bela trajetória. Com atores assim, o resultado é eletrizante. Mesmo tudo se passando basicamente entre as paredes da sala de trabalho do oficial nazista. Em comparação com a superprodução francesa “Paris Está em Chamas?”, que reuniu um dos maiores elencos e participações especiais às pencas, a economia de recursos e de tempo de “Diplomacia” é incrível. René Clément contou com roteiro de Gore Vidal e Francis Ford Coppola. Teve no elenco Jean-Paul Belmondo, Charles Boyer, Alain Delon, Kirk Douglas, Glenn Ford, Yves Montand, Anthony Perkins, Michel Piccoli e até Orson Welles, no papel do cônsul sueco. Precisou de 165 minutos para registrar o mesmo fato. Mas escolheu outro caminho: o do minucioso detalhamento das batalhas de rua na Paris em que a Resistência tentava reconquistar pontos estratégicos, à espera do embarque aliado. Interessante do ponto de vista histórico, com base nos fatos e resgate de imagens originais em grande quantidade, mas longo e cansativo. “Diplomacia”, ao contrário, foca no embate razão vs. emoção, sobre seguir ordens absurdas sem questioná-las e do medo de enfrentá-las, mas também da coragem de fazê-lo, dos riscos a correr, da capacidade de avaliar a monstruosidade que estava em jogo. Volker Schlöndorff já se debruçara sobre a questão humana, que a guerra abala e destrói de forma absurda, em “O Mar ao Amanhecer” (2011) e principalmente em sua obra-prima, “O Tambor” (1979), em que um menino grita e bate um tambor para enfrentar os absurdos da guerra e da vida. Seu estilo contundente de filmar obriga o espectador a encarar realidades estranhas e desagradáveis. E constrói um forte humanismo como resposta.
Confirmado: Christopher Nolan filmará batalha da 2ª Guerra Mundial e já negocia com o elenco
O recente rumor sobre o próximo filme de Christopher Nolan (“Interestelar”) foi confirmado pela revista Variety. Intitulado “Dunkirk”, o longa será mesmo centrado na Operação Dínamo, responsável por evacuar pelo mar quase 340 mil soldados aliados da cidade francesa de Dunquerque, que foram cercados pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial. As filmagens vão acontecer na França, onde Nolan esteve recentemente para avaliar locações históricas do conflito. Ainda segundo a Variety, o cineasta, que também é autor do roteiro, já está negociando a contratação do elenco. Ele já ofereceu papeis para Mark Rylance (“Ponte dos Espiões”), Kenneth Branagh (“Operação Sombra – Jack Ryan”) e Tom Hardy (“Mad Max: Estrada da Fúria”). A produção ficará a cargo da Warner Bros., que já programou a estreia para 21 de julho de 2017. As filmagens começam em maio e incluirão cenas rodadas com câmeras IMAX.
Próximo filme de Christopher Nolan pode se passar na 2ª Guerra Mundial
O próximo filme de Christopher Nolan (“Interestelar”) pode ser baseado numa das maiores operações militares da 2ª Guerra Mundial. Segundo a publicação francesa La Voix Du Nord, o cineasta está desenvolvendo um drama focado na Operação Dínamo, responsável por evacuar pelo mar quase 340 mil soldados aliados da cidade francesa de Dunquerque, que foram cercados pelos nazistas durante a Batalha da França. A logística para levar todo o contingente com segurança até a Inglaterra foi considerada uma das realizações mais ousadas da guerra. O prefeito de Dunquerque, Patrice Vergriete, havia declarado anteriormente que “um diretor de renome mundial” filmaria uma superprodução norte-americana em junho de 2016 no local. As fontes do La Voix Du Nord garantem que o tal diretor é Christopher Nolan. Ainda segundo a publicação, Nolan e seu irmão roteirista, Jonathan, fizeram visitas recentes à cidade para “absorver o território, seu passado e as consequências do conflito histórico”. Não há mais detalhes sobre a produção, mas Christopher Nolan tem um projeto, mantido em sigilo, que a Warner Bros. pretende lançar em 21 de julho de 2017.
Quentin Tarantino está escrevendo continuação de Bastardos Inglórios
O diretor Quentin Tarantino revelou que está escrevendo uma espécie de continuação/spin-off de “Bastardos Inglórios” (2009). Em entrevista ao site The Playlist, ele adiantou uma sinopse da trama, que pode se transformar em seu próximo filme. “A história seria sobre um pelotão de soldados negros que estavam sendo escoltados para a corte marcial e fogem. Eles estavam na França, iam ser enforcados em Londres, mas agora querem chegar até a Suíça. Nisso tudo, eles acabam encontrando os Bastardos”, contou Tarantino, que ainda revelou o título da história, “Killer Crow”. Este projeto está em desenvolvimento desde 2012. Ainda assim, a história ainda não foi finalizada. “Eu não terminei. É a coisa mais próxima que tenho de um material inédito. Eu ainda precisaria terminar e revisar tudo, mas pode acontecer”. Ele também garante que planeja escrever uma continuação de “Kill Bill” (2005), mas sem pressa. Aparentemente, o tempo corre a favor deste projeto, já que a história deve ser centrada na vingança da personagem Nikki Green, a filha de Vernita Green (Vivica A. Fox), cuja intérprete tinha 10 anos de idade na época do filme.




