Billy Wilder vira tema de exposição inédita no MIS-SP
Mostra relembrará a carreira do aclamado diretor com ambientes imersivos e exibição de clássicos do cinema
MIS comemora 50 anos com programação especial online
O Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo celebra 50 anos de existência nesta sexta (29/5). Mas embora a data não possa ser devidamente comemorada no próprio espaço do MIS, devido à crise sanitária criada pela pandemia de covid-19, ela não foi esquecida. Estão previstas diversas atividades online. Com sede no Jardim Europa, um dos bairros mais ricos de São Paulo, a instituição foi fundada em 1970 com o objetivo de conservar a memória audiovisual, preservando material de interesse artístico, histórico, sociológico e cultural. No acervo há fotografias, filmes, artes gráficas, discos, vídeos e equipamentos, refletindo a diversidade de manifestações e a própria evolução das formas de captação, produção e suporte da imagem ao longo de meio século. Além da conservação desse material, o MIS tem promovido oficinas e exposições. Entre julho de 2014 e janeiro de 2015, a mostra sobre o “Castelo Rá-Tim-Bum” – que trazia os cenários, figurinos e outras lembranças do programa televisivo infantil – recebeu 410 mil pessoas e foi a exposição mais visitada da história do museu, superando outros sucessos, como exposições dedicadas aos diretores de cinema Tim Burton e Alfred Hitchocock, ao apresentador Sílvio Santos e aos cantores David Bowie e Renato Russo. Como parte da programação comemorativa dos 50 anos, celebrações virtuais terão início com um bate-papo às 20h sobre o “Castelo-Rá-Tim-Bum”, que contará com a participação de parte do elenco da série, como Pascoal da Conceição, o Dr. Abobrinha, e Angela Dip, a Penélope. A mediação será de André Sturm, curador da exposição e ex-diretor do MIS, com transmissão pelo canal do MIS no Youtube. No sábado, o canal disponibilizará o curta-metragem “Nasce o MIS”, dirigido por Eduardo Leone, em 1970. O filme foi feito para a inauguração da instituição e reflete sobre a criação do museu em paralelo com as transformações da cidade de São Paulo e os avanços tecnológicos para suporte de imagem e som – há 50 anos. Em parceria com a plataforma Google Arts & Culture, também foi disponibilizada a mostra Moventes, em que a pesquisadora Valquíria Prates apresenta os resultados de uma investigação poética no acervo do MIS. Podem ser vistos vídeos e fotografias de artistas consagrados, como Sebastião Salgado e Helena Tassara.
Guerra Cultural: Bolsonaro convida Regina Duarte para secretaria da Cultura
A demissão do Secretário Especial da Cultura Roberto Alvim deixou em evidência a aspiração nazista do projeto cultural do governo Bolsonaro. Demitido por parafrasear o ministro da propaganda da Alemanha nazista, Joseph Goebbels, num discurso divulgado em vídeo num site oficial do governo, Alvim deixou o presidente nu diante de literalmente todo o mundo, alimentando críticas internacionais na imprensa e até em governos estrangeiros. O impacto desestabilizou o governo, que optou pela política do avestruz, escondendo seu cabeça em meio à crise. A assessoria do Palácio do Planalto disse que Bolsonaro não vai comentar a demissão nem admitir sua responsabilidade pela contratação de “um secretário de Cultura de verdade”, nas palavras do presidente. Ao mesmo tempo, sua equipe está buscando alternativas emergenciais para lidar com a situação, considerando desde soluções de combate ao incêndio até opções por mais incendiários. O nome da atriz Regina Duarte vem ganhando forças nos bastidores por conta de sua popularidade entre o público noveleiro do país. Assumidamente de direita, a atriz fez campanha por Bolsonaro e chegou a dizer que tem “muita confiança na vontade dele [Bolsonaro] de lutar por um Brasil melhor”. “Fico até contente de vê-lo preocupado com a Cultura”, afirmou em novembro, quando Alvim foi contratado para a secretaria. Regina é uma das conselheiras do Pátria Voluntária, programa da primeira dama Michelle Bolsonaro para fomentar a prática do voluntariado. Ela já teria sido convidada anteriormente a participar do governo, mas recusou. Dessa vez, no entanto, o assédio aumentou. Segundo informações da Folha de S. Paulo, ela teria dito a interlocutores que ficou animada, mas ainda está em dúvidas sobre assumir o cargo, pedindo um dia para refletir. Ao assumir a secretaria, Alvim chegou a antecipar que sabia que sua carreira tinha acabado naquele momento. Foi, de fato, uma premonição certeira. Regina Duarte estaria pronta para se aposentar? Afinal, se o substituto de Alvim seguir as mesmas linhas, estará fazendo nada mais, nada menos que defender a continuidade da política do fã de Goebbels, com a aplicação de “filtros” para criar uma “arte nacionalista” ou “pura” – ideias incentivadas por Bolsonaro. Se fizer o contrário, porém, poderia ser acusada de compactuar com uma agenda “esquerdista”. Não há isenção possível após a radicalização do ex-secretário. Este suposto “esquerdismo” também traz ressalva ao nome do secretário de Audiovisual, André Sturm, outro cotado para o cargo. Ex-integrante do governo de João Dória, em São Paulo, ele tem trânsito melhor com o centro, tanto que passou por um pente fino do governo em dezembro quando foi anunciado para assumir a Secretaria de Audiovisual. Entretanto, seria uma guinada muito grande para o projeto de hegemonia cultural de Bolsonaro. Há quem ainda sugira nova consulta a Olavo de Carvalho, o terraplanista de Virgínia, que pode ter “alunos” mais discretos que Alvim. Mas há ideias ainda mais radicais. O procurador Aílton Benedito, secretário de Direitos Humanos da Procuradoria Geral da República, aproveitou a demissão de Alvim para defender a extinção pura e simples da Secretaria Especial de Cultura. Não só isso: de todos os programas, políticas e ações de fomento, financiamento e atividades culturais. “Diante do malfadado vídeo que levou à demissão do Secretário Especial de Cultura do governo federal, parece que é unânime, da esquerda à direita, a conclusão de que o Estado não deve assumir para si a direção da cultura no Brasil. Portanto, a Secretaria deveria ser extinta”, escreveu Benedito no Twitter, apesar de ninguém afirmar o que ele diz ser “unânime”. “Extinguir-se-iam a Secretaria Especial de Cultura do governo federal, bem como todos os programas, políticas e ações de fomento, financiamento, patrocínio de atividades culturais, a fim de impedir que o Estado dirija a cultura no Brasil. E viva a liberdade cultural!”, acrescentou. De fato, Bolsonaro tenta dirigir a Cultura, como nazistas e até comunistas históricos tentaram antes dele. Mas a opção pela “liberdade cultural” é falaciosa. Seria similar à decisão de extinguir o Ministério da Economia e todas as atividades reguladoras do Estado, em nome da “liberdade econômica”. Para o fomento cultural funcionar sem dirigismo, a receita é a mais simples possível: seguir as orientações de isenção que costumavam nortear os comitês responsáveis por editais e distribuição da verba da FSA (Fundo Setorial do Audiovisual). Vale lembrar que incentivos culturais bancaram tanto “Marighella”, sobre um terrorista de esquerda, quando “O Jardim das Aflições”, documentário premiado sobre o guru da extrema direita brasileira, inclusive de Alvim e Bolsonaro. Também é importante ouvir o mercado – como os liberais deveriam exigir – , mas sem prejudicar carreiras já reconhecidas por premiações nacionais e internacionais e jamais deixar de investir na descoberta de novos talentos. Não é difícil. Mas requer boa vontade, o que nunca houve no governo Bolsonaro, por conta da postura belicosa de guerra cultural, que divide os brasileiros entre inimigos e aliados, quando deveriam ser todos atendidos igualmente pelo estado, sem exceção.
André Sturm é o novo secretário do Audiovisual
André Sturm, ex-secretário de Cultura da prefeitura de São Paulo (na gestão de João Doria) e ex-diretor do Museu da Imagem e do Som, é o novo secretário do Audiovisual do governo Jair Bolsonaro. Segundo o jornal O Globo, o convite foi feito hoje mesmo pelo secretário da Cultura, Roberto Alvim, em um almoço com produtores culturais na Fiesp. Ele ocupará o lugar de Katiane Gouvêa, exonerada ontem após passar apenas duas semanas no cargo. Em nota, a pasta afirmou que o secretário da Cultura decidiu exonerar Katiane “ao tomar conhecimento de que ocorreram fatos em sua campanha eleitoral que, supostamente, podem configurar irregularidade. Até que esses fatos sejam devidamente esclarecidos pela autoridade competente, o secretário decidiu por bem, em nome da lisura da coisa pública, afastá-la de suas funções de imediato”. A ex-secretária não tinha carreira relacionada ao cinema, mas sim a movimentos de extrema direita que travam guerra cultural permanente. Seu nome é associado a um documento que, meses atrás, fez o presidente cogitar extinguir a Ancine (Agência Nacional de Cinema). Bolsonaro recebeu um relatório de projetos aprovados pela agência que considerou absurdos, como “Born to Fashion”, um reality que se propõe a revelar modelos trans, e séries de temática LGBTQIA+. O tema rendeu uma das lives mais polêmicas de Bolsonaro, levando à suspensão de um edital que aprovava o financiamento de vários projetos. Ao contrário de Katiane, André Sturm tem uma carreira fortemente ligada ao cinema, uma das áreas que tem rendido mais polêmicas no governo Bolsonaro. Ele esteve à frente do Programa Cinema do Brasil, que organiza a exportação de filmes brasileiros. E sua gestão à frente do MIS foi reconhecida por transformar o museu no segundo mais visitado de São Paulo. Retrospectivas com memorabilia e itens pessoais de Stanley Kubrick e David Bowie levaram 80 mil visitantes cada ao local. E a reconstituição do cenário e da história do “Castelo Rá-Tim-Bum”, em 2014, estabeleceu um público de blockbuster para o museu: 410 mil pessoas. Diretor-roteirista de dois longas, “Sonhos Tropicais” (2001) e “Bodas de Papel” (2008), Sturm também trabalhou na distribuição de filmes de arte na Pandora Filmes, comandou a programação da Cinemateca Brasileira e até atuou como exibidor, assumindo o célebre Cinema Belas-Artes entre 2004 e 2011. Sua entrada na política, porém, arranhou essa biografia. Ele é investigado por suspeita de fraude e teve um áudio vazado em que ameaçava “quebrar a cara” de um agente cultural. Em um dos inquéritos, os promotores apuram se houve irregularidade em um processo de concorrência de patrocínio para o Carnaval de São Paulo. Em outro, investiga-se a possibilidade de improbidade no rompimento de um contrato com a Odeon, organização social que estava à frente da administração do Theatro Muncipal de São Paulo.
Museu da Imagem e Som fará megaexposição de Alfred Hitchcock
O mestre do suspense, Alfred Hitchcock, ganhará uma megaexposição no Museu de Imagem e Som (MIS) de São Paulo em julho. O curador André Sturm, secretário da Cultura de São Paulo, se baseará na entrevista de 27 horas que o cineasta deu a François Truffaut, onde falou sobre cada um de seus filmes. A exposição terá cenografia de Marko Brajovik, responsável pelo visual da exposição do MIS de Stanley Kubrick, onde havia um corredor que replicava os corredores do hotel de O Iluminado. Brajovik também fez a cenografia das recentes exposições de David Bowie e Renato Russo. A filmografia de Hitchcock será repassada de diferentes maneiras em diferentes instalações, que ocuparão o primeiro e segundo andares do museu. A exposição está prevista para a segunda quinzena de julho.
Spcine inaugura plataforma digital para o cinema brasileiro
A Spcine, iniciativa cultural mais importante da gestão Haddad na Prefeitura de São Paulo, vai ampliar seu alcance reduzido com um grande reforço digital na atual administração Dória. A partir de quinta-feira (23/11), começará a funcionar a Spcine Play, uma plataforma de vídeo sob demanda (VOD, na sigla em inglês) dedicada exclusivamente a filmes nacionais, que pode revolucionar a distribuição do cinema brasileiro. A plataforma foi desenvolvida pela Spcine em parceria com a O2 Play, da produtora O2 Filmes, e o Hacklab, um laboratório de produções digitais, e quer ser “uma janela privilegiada para o cinema brasileiro no mercado de VOD”, nas palavras do secretário da Cultura de São Paulo, André Sturm, de reconhecida militância cineclubista em São Paulo. Em seu lançamento, a plataforma terá apenas 10 filmes, mas porque vai iniciar a operar em versão de teste – que deve, porém, ser longa: na apresentação do projeto, falou-se em seis meses. Entre os filmes disponibilizados, estão produções recentes e premiadas, como “Mãe Só Há Uma”, de Anna Muylaert, “Califórnia”, de Marina Person, e a animação “O Menino e o Mundo”, indicada ao Oscar. Cada filme poderá ser “alugado” por R$ 3,90 por sete dias. O mais importante é que o lucro resultante dos aluguéis dos filmes será divido igualmente com os produtores da obra: ficarão com metade dos valores cobrados aos consumidores. Isto é mais que revolucionário, até subversivo num mercado dominado por distribuidoras multinacionais, cujo padrão de atuação é colocar um único blockbuster americano em cartaz simultaneamente em metade do total das telas disponíveis no país, limitando as estreias nacionais ao eixo Rio-São Paulo. Ao apresentar o projeto, Strum ressaltou a revolução possível para a produção brasileira com este projeto, que pode ser usado para levar filmes até o público de cidades sem cinemas. “O filme estreia em São Paulo, mas não vai passar em João Pessoa, em Campina Grande. Então por que não pensar em soluções em que a gente estreia no cinema em São Paulo, Rio, Porto Alegre, e no VOD em praças em que não há cinema? Acho que a SPcine vai possibilitar, no segundo momento, que a gente trabalhe lançamentos de filmes de maneira mais criativa e eficiente.” Por ser um projeto da administração pública, a Spcine Play também terá a transparência que a Netflix não tem. “A parte pública do nosso tripé exige isso e estamos felizes em fazer isso. A ideia é que a gente faça um relatório colocando para o mercado dados como quais municípios mais acessaram a plataforma”, afirmou Igor Kupstas, diretor da O2 Play. Infelizmente, a Spcine Play não terá aplicativo próprio, o que é um complicador tecnológico frustrante, que se soma à limitada oferta de títulos. Mas um passo de cada vez também gera movimento. Por enquanto, a plataforma pode ser acessada em dispositivos móveis pelos navegadores Chrome e Firefox neste link. Veja abaixo o vídeo de divulgação do projeto e, a seguir, a lista de filmes disponíveis na Spcine Play. Lista de filmes da Spcine Play “A Batalha do Passinho”(2013), de Emílio Domingos. “As Fabulas Negras”(2014), de Rodrigo Aragão, Petter Baiestorf, Joel Caetano e José Mojica Martins. “Ausência” (2015), de Chico Teixeira. “Califórnia” (2015), de Marina Person “De Menor” (2014), de Caru Alves de Souza. “Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista” (2013), de Riba de Castro. “Mãe Só Há Uma” (2016), de Anna Muylaert. “O Menino e o Mundo” (2013), de Alê Abreu. “Paratodos” (2016), de Marcelo Mesquita. “Uma Noite em Sampa” (2016), de Ugo Giorgetti.
Diretor do MIS, cineasta e cinéfilo vira o novo Secretário de Cultura de São Paulo
A gestão do prefeito eleito de São Paulo João Doria ainda não iniciou, mas já está sendo comemorada até por integrantes da oposição, após o anúncio do novo Secretário de Cultura municipal. André Sturm foi escolhido para o cargo na cidade que mais respira, consome e produz cultura no Brasil. Sturm tem uma carreira bastante ligada ao cinema, conhecendo como poucos as diferentes áreas da indústria cinematográfica nacional. Ele é o atual diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) e também responde pelo Programa Cinema do Brasil desde 2006, que organiza a exportação de filmes brasileiros. Sua gestão à frente do MIS é reconhecida por transformar o museu no segundo mais visitado de São Paulo. Retrospectivas com memorabilia e itens pessoais de Stanley Kubrick e David Bowie levaram 80 mil visitantes cada ao local. E a reconstituição do cenário e da história do “Castelo Rá-Tim-Bum”, em 2014, estabeleceu um público de blockbuster para o museu: 410 mil pessoas. Número que pode ser quebrado por “Silvio Santos Vem Aí”, a partir de 7 de dezembro. Diretor-roteirista de dois longas, “Sonhos Tropicais” (2001) e “Bodas de Papel” (2008), Sturm também trabalhou na distribuição de filmes de arte na Pandora Filmes, comandou a programação da Cinemateca Brasileira e até atuou como exibidor, assumindo o célebre Cinema Belas-Artes entre 2004 e 2011. Sua escolha é, por sinal, bem melhor que a primeira opção de Doria, o empresário de televisão Jose Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que recusou o convite após concluir que sua vinda do Rio seria muito cara. Até o vereador Andrea Matarazzo – ex-secretário estadual da Cultura, hoje no PSD – , que fez oposição à Doria nas eleições, parabenizou o prefeito pela escolha. Quando Matarazzo foi secretário estadual de Cultura, Sturm foi coordenador de Fomento e Difusão, entre 2007 e 2011. No cargo, era responsável pelo ProAC, a lei paulista de incentivo à cultura. Também levou a Virada Cultural a cidades do interior. E, como cinéfilo, uma das suas primeiras declarações, após ser confirmado no cargo, foi no sentido de garantir a continuidade do projeto da SPCine, a melhor iniciativa da gestão atual, do prefeito Fernando Haddad. “Vamos manter com o nível que ela merece. A gestão anterior fez um bom trabalho”, disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Sturm terá um orçamento restrito para trabalhar – este ano, ele foi estimado em R$ 501 milhões, 2% do total do município. E, segundo revelou, recebeu determinação do prefeito eleito Doria para olhar atentamente para a periferia. “Eu gosto de resumir essa ideia como se a secretaria de Cultura passasse a agir como um catalisador do que acontece nesses lugares”, explicou ao jornal.





