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    Oscar 2020: Bolsonaro chama Democracia em Vertigem de “porcaria”

    14 de janeiro de 2020 /

    O presidente Jair Bolsonaro finalmente comentou em público o que achou da indicação do documentário brasileiro “Democracia em Vertigem” ao Oscar 2020. Na entrada do Palácio da Alvorada, onde cumprimentou um grupo de eleitores nesta terça (14/1), ele classificou o filme da cineasta Petra Costa como ficção, lixo e porcaria. “Ah, não, pera. Ficção. Para quem gosta do que o urubu come, é um bom filme”, afirmou o presidente, sugerindo tratar-se de lixo (que o urubu come). Perguntado pela Folha se havia assistido ao documentário para fazer esse comentário, ele disse que não ia “perder tempo com uma porcaria dessas”. Apesar dessa opinião, Bolsonaro está no filme. Ele concedeu uma entrevista exclusiva para a equipe da produção quando era deputado federal, que foi incluída no trabalho final. A 92ª edição do Oscar será realizada em 9 de fevereiro no Teatro Dolby, em Los Angeles, com transmissão ao vivo no Brasil pelos canais Globo e TNT.

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    Petra Costa comemora indicação de Democracia em Vertigem – e Leonardo DiCaprio – nas redes sociais

    13 de janeiro de 2020 /

    A cineasta Petra Costa, diretora do documentário “Democracia em Vertigem”, representante solitário do Brasil no Oscar 2020, comemorou a indicação de seu filme em inglês e português nas redes sociais. Dizendo-se extasiada – e também “in ecstasy” – , ela escreveu no Twitter, em inglês: “Numa época em que a extrema direita está se espalhando como uma epidemia, esperamos que esse filme possa nos ajudar a entender como é crucial proteger nossas democracias”. E exaltou: “Long live Brazilian cinema!”. O post ganhou versão bilíngue no Instagram, com texto ampliado. “Está se tornando cada vez mais evidente o quanto o pessoal é político para tantos ao redor do mundo, e acredito que é por meio de histórias, linguagem e documentários que as civilizações começam a se curar”, ela acrescentou. Conversando com os seguidores do Twitter, a diretora adiantou que, se puder, pretende aproveitar a cerimônia da Academia para encontrar e pedir desculpas a Leonardo DiCaprio pelos ataques feitos por Jair Bolsonaro. “Eu diria “i’m sorry” (desculpas) a Leonardo DiCaprio em nome do povo brasileiro e agradeceria por tudo que ele tem feito pelo meio ambiente e pela Amazônia”. E acrescentou um “thank you”, num outro post em inglês voltado ao ator americano. “Adoraria que você visse nossa ‘Democracia em Vertigem’ para entender melhor como as chamas são acesas”, disse. As declarações, claro, renderam muitos comentários, à esquerda e à direita. “Democracia em Vertigem” vai competir no Oscar com “Indústria Americana”, “The Cave”, “For Sama” e “Honeyland”, quatro dos documentários mais falados e premiados de 2019 – outros favoritos, como “Apollo 11” e “One Child Nation”, não conseguiram indicações. A seu favor conta o cenário político dos Estados Unidos, em que o presidente Donald Trump também enfrenta um processo de impeachment, mas vale reparar que, em outras disputas importantes, como o Gotham e o IDA Documentary Awards, o filme de Petra Costa perdeu para os adversários atuais. A 92ª edição do Oscar será realizada em 9 de fevereiro no Teatro Dolby, em Los Angeles, com transmissão ao vivo no Brasil pelos canais Globo e TNT. Ver essa foto no Instagram Estamos absolutamente emocionados e extasiados por nossos colegas terem reconhecido a urgência deste filme, e honrados por estarmos na companhia de documentários tão importantes. Numa época em que a extrema direita está se espalhando como uma epidemia, esperamos que esse filme possa nos ajudar a entender como é crucial proteger nossas democracias. Está se tornando cada vez mais evidente o quanto o pessoal é político para tantos ao redor do mundo, e acredito que é por meio de histórias, linguagem e documentários que as civilizações começam a se curar. Gracias a todos que nos ajudaram, a cada passo, a construir essa história. ****************** We are absolutely thrilled and delighted that our colleagues have recognized the urgency of this film and humbled to be in the company of such important storytelling. In a time where the far right is spreading like an epidemic we hope this film can help us all understand how crucial it is to protect our democracies. We are at a time where the personal has become utterly political for so many around the world and I believe it is through stories, language and documentaries that civilizations begin to heal. Thank you, from the bottom of my heart, to all who believed in this story and helped us through every step to bring it to life. Uma publicação compartilhada por Petra Costa (@petracostal) em 13 de Jan, 2020 às 8:01 PST We are in ecstasy for @TheAcademy’s recognition of the urgency of ours #TheEdgeOfDemocracy. In a time in which the far right is spreading like an epidemic, we hope our film can help us understand how crucial it is to protect our democracies. Long live Brazilian cinema! pic.twitter.com/8JasYIaDQQ — Petra Costa (@petracostal) January 13, 2020 Eu diria “i’m sorry” (desculpas) a @LeoDiCaprio em nome do povo brasileiro e agradeceria por tudo que ele tem feito pelo meio ambiente e pela Amazônia https://t.co/FtQ9ef7UVe — Petra Costa (@petracostal) January 13, 2020 Thank you @LeoDiCaprio for all that you have been doing for the Amazon. I would love for you to see our #TheEdgeOfDemocracy to further understand how the flames were lit. pic.twitter.com/qx9qn18LGQ — Petra Costa (@petracostal) January 13, 2020

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    Oscar 2020: Secretário de Cultura do Brasil diz que indicação de Democracia em Vertigem é “guerra cultural”

    13 de janeiro de 2020 /

    Como era de se esperar, o governo Bolsonaro não gostou nada da indicação de “Democracia em Vertigem” ao Oscar 2020. O secretário Especial de Cultura do governo Federal, Roberto Alvim, ironizou a inclusão do filme de Petra Costa na categoria de Melhor Documentário. “Se fosse na categoria ficção, estaria correta a indicação”, afirmou à coluna de Monica Bergamo, na Folha de S. Paulo, nesta segunda (13/1). “Isso só mostra como a guerra cultural está sendo travada não só aqui, mas em âmbito internacional”, completou Alvim, aludindo, possivelmente ao comunismo de Hollywood – uma pauta dos anos 1950, onde a paranoia americana via comunistas debaixo da cama. “Democracia em Vertigem” chegou aos EUA pelo Festival de Sundance, em janeiro de 2019, e desde então vem chamando atenção da imprensa americana, conquistando 96% de aprovação entre os críticos top do Rotten Tomatoes – todos comunistas, pelo visto – e destaque na temporada de premiações. Ele foi indicado ao Critics’ Choice Documentary Awards, ao Gotham Awards e ao IDA Documentary Awardss. E vai disputar o Oscar com “Indústria Americana”, “The Cave”, “For Sama” e “Honeyland”, filmes tão comunistas quanto seus países, Estados Unidos e a Macedônia, na Europa. O macarthismo anacrônico de Alvim consegue ser mais parcial que o filme de Petra Costa, que pelo menos se apresenta como uma versão pessoal da política brasileira dos últimos anos, fazendo uma análise assumidamente petista do processo de Impeachment de Dilma Rousseff, da prisão de Lula e da ascensão do conservadorismo no país. A diretora é “herdeira” da empreiteira Andrade Gutiérrez, uma das empresas enredadas na Lava Jato, e amiga pessoal de Lula, o que lhe rendeu acesso privilegiado ao momento histórico recente do país, com direito a imagens realmente impressionantes.

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    Lula comemora indicação de Democracia em Vertigem ao Oscar 2020

    13 de janeiro de 2020 /

    O ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva comemorou a indicação de “Democracia em Vertigem” ao Oscar 2020 com uma mensagem de parabéns para a diretora Petra Costa. “Parabéns, Petra Costa, pela seriedade com que narrou esse importante período de nossa história”, escreveu Lula, acrescentando: “Viva o cinema nacional! A verdade vencerá”. “Democracia em Vertigem” mostra uma versão pessoal da política brasileira dos últimos anos, fazendo uma análise assumidamente petista do processo de Impeachment de Dilma Rousseff, da prisão de Lula e da ascensão do conservadorismo no país. A diretora é “herdeira” da empreiteira Andrade Gutiérrez, uma das empresas enredadas na Lava Jato, e amiga pessoal de Lula, o que lhe rendeu acesso privilegiado ao momento histórico recente do país, com direito a imagens realmente impressionantes. O filme chegou aos EUA pelo Festival de Sundance, em janeiro de 2019, e desde então vem chamando atenção da imprensa americana, com 96% de aprovação entre os críticos top do Rotten Tomatoes e destaque na temporada de premiações. Ele foi indicado ao Critics’ Choice Documentary Awards, ao Gotham Awards e ao IDA Documentary Awards. E vai disputar o Oscar com “Indústria Americana”, “The Cave”, “For Sama” e “Honeyland”, filmes ainda mais falados e premiados na categoria em 2019. Parabéns, @petracostal, pela seriedade com que narrou esse importante período de nossa história. Viva o cinema nacional! A verdade vencerá. https://t.co/3gqBpfdZal — Lula (@LulaOficial) January 13, 2020

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    Oscar 2020: Documentário do Impeachment de Dilma é indicado ao prêmio da Academia dos EUA

    13 de janeiro de 2020 /

    O Brasil está no Oscar 2020. “Democracia em Vertigem”, dirigido por Petra Costa e distribuído pela Netflix, foi indicado ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos na categoria de Melhor Documentário. O filme mostra uma versão pessoal da política brasileira dos últimos anos, fazendo uma análise assumidamente petista do processo de Impeachment de Dilma Rousseff, da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ascensão do conservadorismo no país. A diretora é “herdeira” da empreiteira Andrade Gutiérrez, uma das empresas enredadas na Lava Jato, e amiga pessoal de Lula, o que lhe rendeu acesso privilegiado ao momento histórico recente do país, com direito a imagens realmente impressionantes. “Democracia em Vertigem” chegou aos EUA pelo Festival de Sundance, em janeiro de 2019, e desde então vem chamando atenção da imprensa americana, com 96% de aprovação entre os críticos top do Rotten Tomatoes e destaque na temporada de premiações. Ele foi indicado ao Critics Choice Documentary Awards, ao Gotham Awards e ao IDA Documentary Awards. A obra de Petra Costa vai disputar o Oscar com “Indústria Americana”, “The Cave”, “For Sama” e “Honeyland”, filmes ainda mais falados e premiados na categoria em 2019. O anúncio das indicações foi feito na manhã dessa segunda-feira (13/1) nos EUA. Reveja o trailer de “Democracia em Vertigem” abaixo. O filme está disponível na Netflix.

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    Democracia em Vertigem reflete impasses do cinema militante no Brasil

    24 de junho de 2019 /

    Lamento profundamente discordar da grande onda de encantamento e comoção em torno de “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, mas gostaria de propor uma reflexão sobre porque esse filme me pareceu tão insatisfatório. Gostaria de começar lançando uma pergunta: a quem esse filme se destina? Petra tem como objetivo promover uma análise panorâmica sobre as transformações políticas de nosso país. Como um país que guiava em direção à democracia, enfrentou, em tão pouco tempo, uma descontinuidade abrupta, a ponto de a diretora considerar que a democracia foi na verdade “um sonho efêmero”? A base dessa pergunta já revela os pressupostos políticos da realizadora. A questão não é propriamente “de que lado ela (ou o filme) está” mas quais os métodos utilizados pelo filme para dar forma ao seu discurso. E o que o desenvolvimento desse discurso provoca como reflexão sobre o curso de nosso país. Pois bem: a partir dessa ambição panorâmica a nível macro, Petra adiciona um elemento típico de sua filmografia – uma análise pessoal, como uma espécie de documentário em primeira pessoa. Contemplar a presença da morte, do fracasso ou da culpa já estava presente no seu anterior “Elena” (2012). O desafio de “Democracia” é então articular o drama familiar individual em primeira pessoa com a observação macro dos rumos políticos do país. Na dimensão individual, Petra lança alguns elementos. O principal deles é a sua própria voz-over, que se afasta das imponentes “vozes-de-deus” em tom “branco” e preenche a camada sonora com um perfil humano comum. O segundo é a reflexão sobre o choque de perspectivas entre seus pais, antigos militantes de esquerda (sua mãe chegou a ser presa no mesmo local de Dilma), e a tradição de seus avós, ricos empresários da Andrade Gutierrez, uma das empresas denunciadas na Lava Jato. Petra então é herdeira direta desses dois grupos opostos que fracassaram – os militantes de esquerda e a elite empresarial brasileira. No entanto, os impasses dessa filiação não são aprofundados de fato pela realizadora. “Democracia em Vertigem” não é uma reflexão sobre a posição de classe da realizadora ou sobre o fracasso de uma geração, aos moldes de filmes que trabalham as fissuras da linguagem documental, aprofundando e complexificando suas cicatrizes, como “Os Dias com Ele” (2012), de Maria Clara Escobar, um duro acerto de contas da própria realizadora com seu pai, ou mesmo “Santiago” (2007) e “No Intenso Agora” (2017), de João Moreira Salles. A inclusão do elemento familiar ou íntimo acaba servindo na verdade como mero entremeio para a principal função do filme: a construção de uma narrativa sobre as transformações do regime político brasileiro, ou ainda, a perda de legitimação do Partido dos Trabalhadores e a ruptura da tradição democrática. A forma como Petra constrói essa narrativa macropolítica articula as imagens de arquivo com a própria narração de Petra, que, por boa parte do filme, meramente ilustra e costura o que as imagens em si não conseguem propor. Assim, a voz-over, mais do que investir no documentário em primeira pessoa, funciona como alicerce para a corroboração da construção de uma narrativa (um discurso) sobre o país. É ela quem no fundo apresenta o que é o filme. A forma didática e linear, com relações de causa-e-efeito forçadas, sem grandes sutilezas, desvela uma narrativa sem grandes novidades em relação ao discurso hegemônico da esquerda. São raros os momentos em que o filme procura inserir camadas de cinza ou questionamentos sobre algumas contradições e paradoxos internos do PT. São raros os momentos em que o filme reflete sobre a própria produção dessas imagens, sobre suas lacunas ou fissuras. Um deles, notável exceção, ocorre durante a posse de Dilma, quando Lula, Dilma e Marisa descem a rampa do Planalto, com a companhia de Temer. Nesse momento, o filme promove uma leitura dessa imagem como um certo prenúncio do impeachment, visto o nítido isolamento de Temer em relação aos outros três corpos. Em outro deles, Dilma confidencia a Lula, no momento imediatamente após a confirmação do resultado da sua primeira eleição como presidente: “você que inventou essa”. Nesses momentos, parece que o filme escapa de sua vocação apriorística e se abre para as dobras e os paradoxos das imagens. São momentos em que o filme se liberta da necessidade de corroborar um discurso e mergulha em simplesmente olhar para as imagens e tentar entender o que elas dizem, suas camadas e hiatos. Sinto falta no filme de Petra que ela realmente olhe para as imagens, antes de manuseá-las como função no interior da narrativa. Ou seja, as imagens parecem que estão aprisionadas diante do discurso prévio da realizadora. Petra lida com essas imagens sem deixá-las respirar ou falar por si mesmas, mas as mostra apenas se servem como testemunha ou elemento de acusação, ou ainda como mera peça de uma grande tapeçaria, como se realizasse uma narrativa típica do cinema clássico, mas com imagens que não lhe pertencem. O que sobrevive do filme de Petra não é sua narrativa de costura forçada, em grande máquina industrial, simulando um look semicaseiro, mas os pequenos momentos em que as imagens, sorrateiras e traiçoeiras, se libertam do arremedo totalizante da realizadora e se deixam revelar em suas bordas e lacunas. Mas aqui volto a pergunta inicial: a quem o filme se destina? Pela exposição minuciosa dos grandes temas já exaustivamente apresentados pela grande imprensa, como um grande resumo jornalístico, sem apresentar grandes novidades ou reflexões mais aprofundadas, me parece que o filme se destina primordialmente para um público que não tem muita intimidade com o desenrolar dos fatos, especialmente para o público estrangeiro. Ainda mais pelo fato de o filme ser produzido e distribuído mundialmente pela Netflix, a suspeita se reforça. Alguns poderiam estranhar o fato de uma empresa internacional – que se movimenta para aprovar a regulação do VOD no país, ainda em suspenso, favoravelmente a seus interesses comerciais, inclusive articulando sua inclusão no Conselho Superior de Cinema – produzir um filme com um discurso claramente oposto ao governo no poder. Mas “Democracia em Vertigem” é o outro lado de “O Mecanismo” – série de José Padilha que causou polêmica ao tratar, por meio da ficção, os acontecimentos da Lava Jato de forma um tanto caricata e irresponsável, como um mero thriller policial. É o avesso que confirma a regra, já que, no fundo, o que a empresa busca, para além de sua inclinação ideológica, é a realização de produtos que gerem dinheiro. E o valor, no mundo do capitalismo cognitivo, está diretamente relacionado com o quanto de buzz o filme consegue movimentar nas mídias, nas redes sociais, de uma classe média pronta para consumir esses produtos. Ou seja, a ideologia do capital é o próprio capital. Pois se a democracia está em vertigem, em crise ou em risco, “Democracia em Vertigem” nunca se põe verdadeiramente em risco, nunca provoca de fato o espectador para as contradições de seu momento histórico ou para o papel e a função das imagens. Meramente ilustrativo sobre um discurso firmemente sustentado a priori, descrito pela narração em over, “Democracia” arrola um conjunto de tautologias, repetindo para o público de esquerda os mantras já fartamente conhecidos por ele. Concluo então pensando como pode ser o cinema político. No mundo de grandes dualismos em que vivemos, a política no cinema não deve ser dissociada da questão da liberdade. O fracasso de “Democracia em Vertigem” é que o projeto tautológico da realizadora raramente estimula que o espectador veja o mundo com seus próprios olhos. Guiando-o pelas mãos a partir de uma identificação com a própria posição da realizadora, o público (de esquerda) de “Democracia em Vertigem” passeia pela narrativa confortavelmente, como se estivesse descorporificado, com se flanasse pelas belas imagens de Brasília a bordo de um dos drones que sobrevoam a paisagem. Há aqueles que criticam a posição de Petra analisando as contradições de seu “lugar de fala”, que exacerba sua leitura classista dos acontecimentos – ou seja, a diretora, mesmo filha de militantes, permanece seguramente ancorada no seu lugar de privilégio. Mas nem recorro a esse ponto. Para além da falta de coerência entre a articulação entre o íntimo e o coletivo, destinada aos brasileiros e estrangeiros da “esquerda do Netflix”, o grande problema de “Democracia” está na superficialidade de sua visão de país. Problema que também perpassa, ou atravessa, um elemento crucial, tipicamente cinematográfico: sua falta de ousadia, sua incapacidade de sonhar, sua atrofia em imaginar aquilo que as imagens e os discursos prontos não respondem de supetão. No fundo, a tautologia de “Democracia em Vertigem”, ao construir uma narrativa fechada dos vilões que surrupiaram o poder, reflete a falta de um projeto político-estético para o cinema de esquerda do país de hoje – ou ainda, os impasses de certo cinema militante hoje no país. Por isso, o que me espanta não é propriamente o filme realizado por Petra mas especialmente a recepção – rápida e instantânea – que o filme atingiu num certo público – em especial cineastas e artistas de esquerda. Uma adesão instantânea que bloqueia os paradoxos do discurso apresentado pelo filme. Uma reação que me parece refletir um certo “desespero”, como se esse filme fosse uma âncora, bússola ou mapa, para mostrar à sociedade que é preciso acreditar nessa narrativa para que possamos sobreviver à loucura ou à tormenta. Mais interessante que o filme tem sido acompanhar a recepção de “Democracia em Vertigem”. A comoção em torno do filme acaba evidenciando a profunda falta de perspectivas e a crise de pensamento da hegemonia da esquerda brasileira. Se quisermos virar o jogo, precisamos de narrativas melhores.

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    Trailer do documentário Democracia em Vertigem reflete a queda do petismo

    5 de junho de 2019 /

    A Netflix divulgou o pôster e o trailer de “Democracia em Vertigem”, um dos muitos documentários gravados durante o processo de Impeachment de Dilma Rousseff. O diferencial é que a diretora Petra Costa se coloca na trama como narradora, assumindo o parcialismo da narrativa, ao mesmo tempo em que amplia a abordagem para além do Impeachment, mostrando a prisão de Lula e a ascensão de Bolsonaro. A prévia tem ótimas imagens, que confirmam o talento da ainda jovem Petra Costa como uma das melhores documentaristas brasileiras. Mas isso não significa que a verdade pessoal da narradora possa ser confundida com a verdade de uma apuração isenta. Documentários tendem a ser parciais, já que não seguem regras jornalísticas, e podem ser manipuladores quando adotam uma abordagem impressionista. A forma como Lula surge no vídeo, quase um santo milagreiro, e a forma como Petra narra a ascensão do petismo passam longe da isenção. A família da documentarista é muito ligada ao ex-presidente preso. Petra é herdeira da Andrade Gutierrez, uma das empresas enredadas na Lava-Jato, que teria pago despesas da eleição de Dilma. Um médico afirma que a família pagou uma cirurgia plástica para Lurian, filha de Lula, que morou com Marília Andrade, mãe de Petra, em Paris. Lurian diz que trabalhou como babysitter no período, possivelmente da própria cineasta, que era uma criança na época. Além disso, a mãe da cineasta também comprou um sítio ao lado do de Lula, em Atibaia. Frequentavam-se. A diretora pode ter explorado essa familiaridade para conseguir acesso exclusivo (uma das frases do pôster destaca o “acesso sem igual”), como nos registros das últimas horas de ‘Lula livre”. Uma das cenas do vídeo mostra Lula por volta deste momento, num carro, bem perto da câmera, dizendo que queria ter feito mais. O tom de mártir, sugerido pela montagem, contrasta com reportagens que revelaram o arrependimento de importantes petistas em não ter feito “mais” para aparelhar a máquina estatal, de modo a manter o partido no poder. Aparelhamento que acabou rendendo corrupção, a Lava-Jato, polarizou o país e culminou na eleição de Bolsonaro. A prévia de “Democracia em Vertigem” exalta uma parte importante da história recente do Brasil. E demonstra contar muito bem, de forma extremamente profissional e artística. Mas o próprio filme serve de exemplo para os motivos que levaram à queda do petismo – a narrativa mitológica, imbuída numa missão de salvação nacional, em tom de seita. É de extremo bom senso redobrar a atenção diante de narrativas que confundem democracia com um projeto de poder. Democracia não pertence a um partido – isto costuma ser outra coisa. Não acaba quando o rival vence uma eleição. Ao contrário, consiste em aceitar a alternância de poder, mesmo que o adversário seja… Bolsonaro. De fato, a falta de autocrítica do partido de Lula e a visão acrítica de seus seguidores, bem representada no trailer de “Democracia em Vertigem”, acabou sendo o maior responsável pela vitória da extrema direita ultraconservadora, eleita com o voto anti-petista. Vale lembrar que a empresa da família da documentarista fez a autocrítica que os petistas se recusam a formalizar: “Reconhecemos que erros graves foram cometidos nos últimos anos e, ao contrário de negá-los, estamos assumindo-os publicamente”, disse um anúncio da Andrade Gutierrez, publicado após firmar um acordo de leniência com o Ministério Público Federal, ao ser pega na operação Lava-Jato. O pôster diz que o filme já está disponível. O trailer revela que a estreia está marcada para 19 de junho em streaming. Até nisso, há duas “verdades” distintas.

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