Bingo – O Rei das Manhãs vai representar o Brasil no troféu Goya
O filme “Bingo – O Rei das Manhãs” foi o escolhido por uma comissão da Agência Nacional de Cinema (Ancine) para representar o Brasil no troféu Goya, principal premiação de cinema da Espanha. Dirigido por Daniel Rezende e estrelado por Vladimir Brichta, “Bingo” vai tentar uma vaga na categoria Melhor Filme Ibero-Americano. Ao todo, foram inscritos 23 filmes brasileiros para a indicação, entre eles os longas “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky, “O Filme da Minha Vida”, de Selton Mello, “Joaquim”, de Marcelo Gomes e “La Vingança”, de Fernando Fraiha. A comissão, formada por Amanda Aouad Almeida, Ana Julia Cury de Brito Cabral, André Sturm, Jorge Peregrino e Josiane Osório de Carvalho escolheu “Bingo” por considerar “ser uma obra cinematográfica com consistente marca autoral, força criativa ao apresentar um universo genuinamente brasileiro e capacidade de se comunicar com plateias de todo o mundo”. A seleção, no entanto, não garante que “Bingo” vá de fato ser indicado ao Goya. O processo é similar à escolha dos candidatos ao Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira, quando dezenas de países indicam seu representante para formar uma lista de cinco finalistas. Por curiosidade, o outro candidato de língua portuguesa, “São Jorge”, tem relação com o Brasil. O filme do português Marco Martins (de “Como Desenhar Um Círculo Perfeito”) acompanha um pugilista desempregado que, pressionado pela crise econômica europeia, divide-se entre a vontade da mulher de migrar para o Brasil e trabalhar no submundo do crime. O protagonista é interpretado por Nuno Lopes, que recentemente trabalhou no filme nacional “Joaquim”. “São Jorge” também foi selecionado para representar Portugal no Oscar. A 32ª Edição dos prêmios Goya vai acontecer em 3 de fevereiro, em Madri.
Governo não vai exigir cota de produções nacionais nos serviços de streaming
O Ministério da Cultura decidiu não estender a exigência de cota de conteúdo nacional para os serviços de streaming. A medida está em vigor desde 2011 para canais de televisão por assinatura. A exigência da cota foi proposta pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) há três meses, prevendo que plataformas como Netflix, Amazon Prime Video, HBO Now e similares reservem 20% de seu catálogo para produções nacionais, mas o novo Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitou, sugeriu, em vez disso, utilizar a simples taxação para fortalecer a produção nacional, por meio da cobrança de Condecine, taxa já cobrada da TV por obras audiovisuais. De acordo com o ministro, a decisão de abandonar as cotas para os serviços de streaming visa não desestimular o crescimento de um mercado relativamente novo. Para o futuro, porém, ele indica que a ideia pode ser revista. “A Ancine havia lá atrás colocado uma proposta de marco regulatório que tinha essa questão de cotas de conteúdo nacional e tal. O conselho já havia até iniciado a discussão, mas eu acho que foi ficando claro para todo mundo que havia sido uma precipitação”, apontou Leitão durante reunião do Conselho Superior de Cinema. “É provável que o segmento cresça bastante nos próximos anos, até atingir um ponto de maturidade, quando será possível fazer um marco regulatório mais realista”, finaliza. Agora, um grupo de trabalho vai se dedicar pelos próximos 75 dias a elaborar uma minuta de projeto de lei ou de medida provisória para incluir a taxação, mas não a cota, em seu texto final. A grande discussão se dará à respeito de como será cobrado o Condecine. Se for obra, inviabilizará iniciativas independentes, como a distribuidora Imovision, que pretende lançar um serviço de streaming para filmes de artes. Se for faturamento, afetará o lucro das maiores empresas, por isso esta opção já conta com resistência da Globo, cujo Globo Play seria um dos serviços mais taxados.
Sérgio Sá Leitão é o novo Ministro da Cultura do Brasil
O Brasil tem novo Ministro da Cultura. O quarto em menos de um ano. O jornalista Sérgio Sá Leitão foi anunciado na pasta pela Presidência da República. Segundo o portal UOL, a nomeação de Sá Leitão contou com o apoio do cineasta Cacá Diegues, de quem Michael Temer é próximo e com quem o presidente conversou nas últimas semanas sobre a indicação. Sérgio Sá Leitão sucede a dois demissionários e um interino relutante. A pasta estava sem titular desde 18 de maio, quando Roberto Freire pediu demissão. Ele tinha assumido o Ministério após o pedido de demissão do antecessor, Marcelo Calero, em novembro do ano passado. Já o Ministro interino, João Batista de Andrade, cotado para assumir a pasta, pediu a Temer para não ser efetivado. Os motivos da dificuldade para emplacar um titular na Cultura são escândalos de corrupção do atual governo. A escolha de Sérgio Sá Leitão não deve acalmar os ânimos da classe artística. Durante o último Festival de Berlim, o diretor Marcelo Gomes expressou temor com sua indicação para a direção da Ancine, opção original de Michel Temer. Apesar do acirramento político do país, Sá Leitão já esteve no Ministério da Cultura anteriormente, convidado pelo então Ministro Gilberto Gil, durante o governo de Lula. Desde então, passou por várias estatais, do BNDES à RioFilme, de 2009 a 2015. Por isso, a Presidência ressaltou, em nota, a “ampla e reconhecida experiência” do jornalista de 49 anos. Como Chefe de Gabinete de Gil entre 2004 e 2006, Sá Leitão tomou medidas importantes, como a criação do Programa de Economia da Cultura, a coordenação do Programa de Apoio à Exportação de Música (Pró-Música) e da CulturaPrev, Fundo de Pensão para os Trabalhadores da Cultura. Ao ir para a RioFilme, fez a produtora atingir sua era de ouro, permitindo que o Rio de Janeiro voltasse a se tornar um dos principais polos produtores de audiovisual do país, além de atrair produções internacionais, como “A Saga Crepúsculo: Amanhecer” e “Velozes e Furiosos 5”. Sua gestão inspirou iniciativa similar da Prefeitura de São Paulo, que lançou a SPCine. Apesar disso, Sá Leitão foi acusado de favorecer as grandes produtoras, em detrimento do cinema autoral. Vale observar que sua saída da RioFilme coincidiu com o fim da incipiente era dos blockbusters rodados no país.
Apenas 17% dos filmes brasileiros são dirigidos por mulheres – e 0% por mulheres negras
A Ancine (Agência Nacional do Cinema) divulgou um levantamento que registra a baixa participação das mulheres no cinema brasileiro. Das 2.583 obras audiovisuais registradas ano passado na agência, apenas 17% foram dirigidas e 21% roteirizadas por mulheres, embora mais da metade da população brasileira seja feminina. “Os dados nos levam a entender que a construção das narrativas, que vêm dos roteiristas e dos diretores, por mais que os produtores participem, é dos homens. O olhar que vai construir o imaginário de nossa sociedade e novas gerações, é masculino”, acrescentou a diretora da Ancine, Debora Ivanov, durante a apresentação do estudo, no Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual, que aconteceu no Rio de Janeiro na semana passada. De acordo com o levantamento, as mulheres têm uma presença maior entre os produtores (41%) e diretores de arte (58%). Mas entre os diretores de fotografia, são apenas 8%. A agência também constatou que, quanto mais cara a produção, menor o número de mulheres. “Observamos mais mulheres quando é um curta ou média-metragem, porque são mais baratos. Nossa presença é maior no documentário que na ficção, o que corrobora a visão de que em obras de custo menor temos mais oportunidades”, disse Ivanov. Quando a etnia é acrescentada à sexualidade, o resultado é ainda mais estarrecedor. A Ancine não pesquisou esse dado, mas o Gemaa (Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa), vinculado ao Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), apurou que mulheres negras não dirigiram ou roteirizaram nem um longa-metragem sequer de ficção, com distribuição em mais de dez salas, no período de 1995 a 2016. O percentual de homens negros nas duas categorias não passou de 2% na direção e 3% no roteiro, enquanto homens brancos dirigiram 85% e roteirizaram 75% das principais produções nacionais. Segundo a diretora do Fórum Itinerante do Cinema Negro e doutora em História, Janaína Oliveira, apesar disso, mulheres negras estão produzindo, especialmente curtas e webséries. Ela destacou a participação da realizadora negra Yasmin Thayná no festival de cinema de Rotterdam, um dos mais importantes do mundo, ao lado do ganhador do Oscar, Jerry Benkins, e que quase não repercutiu no Brasil. Apresentada pela cientista política Marcia Rangel Candido, a pesquisa do Gemaa, com os filmes de maior bilheteria e que dominam o mercado, também avaliou a participação de mulheres nos elencos. O resultado é que a cada 37 homens brancos, uma mulher negra aparece, mas não em posição de prestígio. “A representação de mulheres negras quando estão protagonizando, é estereotipada, hiperssexualizada”, afirmou a cientista. Para mudar o cenário, a diretora Debora Ivanov informou que a Ancine adotou a paridade de gênero nas comissões de avaliação dos filmes que concorrem ao Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), com a presença de pelo menos uma pessoa negra. O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, também pretende lançar, em abril, a 2ª edição do edital Carmem Santos, que dará bônus a propostas de curtas-metragens apresentadas por mulheres. Devem ser distribuídos R$ 60 mil para 15 projetos.
Cineasta João Batista de Andrade é indicado à presidência da ANCINE
O cineasta mineiro João Batista de Andrade, atual secretário-executivo do Ministério da Cultura, aceitou o convite do ministro Roberto Freire para assumir a presidência da Agência Nacional do Cinema (ANCINE). O mandato do atual diretor-presidente da agência, Manoel Rangel, encerra-se no dia 20 de maio. Com um extenso currículo, Andrade dirigiu, entre outros filmes, “Doramundo” (1978), suspense político sobre uma série de mortes na cidade de Paranapiacaba, e o clássico “O Homem que Virou Suco” (1980), com José Dumont no papel de um poeta nordestino que vai a São Paulo sobreviver de sua arte, além de “O País dos Tenentes” (1987), que coloca em discussão o fim da ditadura militar, e o documentário “Vlado, Trinta Anos Depois” (2005), sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog em 1975, após ser torturado por agentes da ditadura militar. Antes de assumir a secretaria-executiva do MinC, o diretor de 77 anos foi secretário de Cultura do Estado de SP, entre 2005 e 2006, no governo Alckmin. E também foi presidente da Fundação Memorial da América Latina, de 2012 a 2016. Sua indicação agora segue um rito. Primeiro, será levada para sanção do presidente, Michel Temer. Depois, ele será sabatinado por uma comissão do Senado, e, mais tarde, sua nomeação deverá passar por aprovação dos senadores em plenário. Esse processo deve coincidir com a saída de Rangel da agência. Andrade disse ao jornal O Globo que sua política, ao assumir a ANCINE, será priorizar o investimento nas novas tecnologias e na adequação da legislação para acomodar as modernizações pelas quais passam o audiovisual. “Eu acho que tem que modernizar muito. A política cinematográfica precisa se atualizar, diante das transformações pelas quais estamos passando, diante de tantas mudanças tecnológicas. Tem essa história do VoD (video on demand) e o papel das teles na distribuição de audiovisual. Está mudando o panorama no mundo inteiro. A própria legislação está atrasada e precisa mudar”, refletiu.
Governo estuda cobrar mais taxas da Netflix e outros serviços de streaming
O governo estuda cobrar mais da Netflix. Após aprovar a cobrança de ISS sobre serviços de streaming, vem aí mais uma tentativa de taxação. Segundo o colunista do UOL Ricardo Feltrin, a dúvida é se será por cobrança de Condecine (Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional) ou por meio de uma taxa sobre a remessa dos lucros. Ambas as opções reverteriam em valores para a Ancine (Agência Nacional do Cinema), que, por sua vez, usaria a verba para investir em filmes e produções de séries nacionais. Caso passar a a cobrança do Condecine, a taxa é de R$ 7.291 para cada um dos produtos estrangeiros do catálogo da Netflix Brasil com duração superior a 50 minutos, e R$ 1.822,81 por episódio de séries internacionais. Já as produções brasileiras custariam R$ 1.458,25 por filme e R$ 364,56 por capítulo. A cobrança não seria, obviamente, exclusiva sobre a Netflix, mas de todos os serviços que oferecem streaming, incluindo Amazon, YouTube, HBO Go, Now, Vivo Play, Spotify, etc. A taxa Condecine é paga pelas produtoras de conteúdo a cada cinco anos, mas há uma discussão jurídica sobre se ela é ou não um instrumento legal. Os canais pagos chegaram a derrubar provisoriamente a cobrança, o que gerou comoção no meio cinematográfico nacional. Ela foi restabelecida, mas a questão ainda está em julgamento. Se a Ancine obtiver aprovação para estender a cobrança para o streaming, a estimativa (conservadora) é que governo arrecade algo em torno de R$ 300 milhões até 2022 somente da Netflix. Caso a taxação não passe, a ideia, ainda segundo Feltrin, seria estimular a criação de nova legislação tributária que permita cobrar uma taxa entre 3% e 8% sobre a remessa de lucro obtido aqui por essas empresas para suas sedes no exterior. Essa seria uma cobrança anual, na forma de um imposto, cuja arrecadação possivelmente seria “dedicada” à Ancine, assim como já ocorre com a Condecine. Supondo que o “imposto” fosse de 8%, como o faturamento da Netflix no país estimado em R$ 1,1 bilhão, nesse caso só a Netflix poderia render aos cofres federais quase R$ 90 milhões por ano. Em consulta pública declarada no final do ano passado, a Ancine demonstra suposta preocupação com o momento de expansão dos serviços de video on demand e streaming no Brasil. Segundo a agência, essa produção “cresceu 66% entre 2007 e 2013”, segundo dados incluídos na “Notícia regulatória – Comunicação Audiovisual Sob Demanda”, espécie de carta de intenções da agência federal a respeito do setor. Segundo o governo, é preciso disciplinar um mercado de VOD porque “49% dos usuários de banda larga estão vendo VOD”. “Compõe esta pauta a implantação de um modelo tributário equilibrado”, diz a Ancine, que sentencia: “Faz-se relevante a atenção do Estado.”
Cineastas brasileiros no Festival de Berlim se manifestam contra mudanças na política do audiovisual
Os cineastas brasileiros presentes no Festival de Berlim aproveitaram uma recepção promovida pela Embaixada do Brasil na Alemanha para divulgar uma carta conjunta, manifestando-se contra mudanças na política do audiovisual. Sem usar a palavra “golpe”, que parece ter caído em desuso, o texto parte de uma acusação contra o governo de Michel Temer, que teria atingido “duramente” direitos, para traçar um cenário de fim de mundo, em que o audiovisual brasileiro “corre o risco de acabar”. Entretanto, logo no parágrafo seguinte, o mesmo texto celebra o fato de o audiovisual brasileiro (nunca antes na história deste país) ter sido tão forte. A manifestação marca terreno, visando impedir mudanças na política nacional para o setor do audiovisual, especialmente na área de fomento – dinheiro público para a produção de filmes. Quem assina embaixo são os diretores Daniela Thomas, Laís Bodanzky, Julia Murat, Cristiane Oliveira e Felipe Bragança, todos com filmes em Berlim. Confira o texto na íntegra: “Estamos vivendo uma grave crise democrática no Brasil. Em quase um ano desse governo, os direitos de educação, saúde e trabalhistas foram duramente atingidos. Junto com todos os outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre o risco de acabar. Nos últimos anos, a Ancine tem direcionado suas diretrizes, conservando com atenção os muitos Brasis. Ampliou o alcance dos mecanismos de fomentos, que hoje atingem segmentos e formatos dos mais diversos, entre eles o cinema autoral, aqui representado. O resultado é visível. O ano de 2017 começou com a expressiva presença de filmes brasileiros nos três dos principais festivais internacionais, totalizando 27 participações em Sundance, Roterdã e aqui em Berlim. Não chegamos a esse patamar histórico sem política pública. Tudo o que se alcançou até aqui é fruto de um grande esforço do conjunto de agentes envolvidos entre Ancine, produtores, realizadores, distribuidores, exibidores, programadores, artistas, lideranças, poder público, entre outros. Acima de tudo, queremos garantir que qualquer mudança ou aperfeiçoamento nas políticas do audiovisual brasileiro sejam amplamente debatidos com o conjunto do setor e com toda a sociedade. Assim, pedimos às instituições, produtores e realizadores de todo o mundo que apoiem a luta e a manutenção de todos os tipos de audiovisual no Brasil. Defendemos aqui a continuidade e o incremento dessa política pública.”
Ex-presidente da RioFilme é convidado para a diretora da Ancine
Ex-secretário municipal de Cultura do Rio e ex-presidente da RioFilme, o jornalista Sérgio Sá Leitão foi convidado nesta quarta (1/2) para integrar a diretoria da Ancine (Agência Nacional do Cinema), confirmando informação antecipada na semana passada pela coluna Radar, da revista Veja. O convite foi feito pelo ministro da Cultura, Roberto Freire, e ainda precisa ser chancelado pelo Senado. Caso o nome seja aprovado, Sá Leitão assumirá no lugar de Rosana Alcântara, diretora cujo mandato termina no próximo dia 4. A Ancine é a agência reguladora responsável por fomentar e fiscalizar a atividade audiovisual no Brasil. Atualmente, seu presidente é Manoel Rangel, no cargo desde 2006, e que deverá deixar o posto em maio. Sérgio Sá Leitão já foi chefe de gabinete do Ministério da Cultura durante o governo Lula. Antes disso, foi editor e colunista do jornal Folha de S.Paulo. Hoje, atua numa produtora audiovisual e dirige o Cine Odeon, no Rio. Durante sua gestão à frente da RioFilme, a capital fluminense atraiu filmagens de blockbusters internacionais, como “A Saga Crepúsculo: Amanhecer” e “Velozes & Furiosos 5”. Recentemente, São Paulo criou a SPcine inspirada no sucesso da iniciativa carioca.
Cinema brasileiro bateu recorde de ingressos vendidos em 2016
A Ancine (Agência Nacional de Cinema) divulgou seu relatório anual com os números do cinema brasileiro em 2016. A apuração revela que houve crescimento no público dos filmes nacionais. A fatia do mercado ocupada por filmes feitos no país atingiu 16,5% do total contra 13% do ano anterior. Isto equivale a 30,4 milhões de ingressos vendidos. O número é recorde. Segundo a Ancine, trata-se do melhor resultado deste século. Na verdade, é o melhor desempenho do cinema nacional desde 1984. O resultado foi impulsionado por “Os Dez Mandamentos – O Filme”, que vendeu 11,3 milhão de ingressos e acabou na 1ª posição entre os mais assistidos do ano, superando inclusive todos os lançamentos internacionais. Em 2º lugar, ficou o fenômeno “Minha Mãe É uma Peça 2”. Ao todo, o filme já vendeu 8,1 milhões de ingressos e somou R$ 109 milhões de arrecadação. Mas as contas da Ancine se encerram em 31 de dezembro, contabilizando apenas os primeiros 10 dias em que o longa foi exibido, após estrear em 22 de dezembro. Neste período, a comédia estrelada por Paulo Gustavo foi vista por 4 milhões de espectadores, o que já foi mais que suficiente para deixar bem para trás o 3º lugar, “Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina”, com 2,5 milhões de espectadores. As comédias de estilo besteirol dominaram as bilheterias. Mas o cinema brasileiro também bateu recorde de filmes lançados comercialmente. Foram 134 estreias. Desde total, 29 foram dirigidos por mulheres, num aumento de 5,6% em relação a 2015. Duas diretoras, inclusive, comandaram blockbusters, como Cris D’Amato e Julia Rezende, responsáveis pelos besteiróis “É Fada!” e “Um Namorado Para Minha Mulher”, respectivamente. Ainda segundo o relatório, o Brasil chegou ao fim do ano com 3.168 salas de exibição. Ainda não é recorde. Em 1975, o país tinha 3.276 salas. Mas o jeitinho brasileiro dá um jeito de dobrar o tamanho do circuito, projetando mais de um filme por sala simultaneamente, em sessões intercaladas. Se, por um lado, a iniciativa poderia ter impacto positivo, ao permitir que mais filmes entrem em cartaz simultaneamente, por outro lado inclui o imponderável nas análises do mercado. Afinal, um circuito elástico, em que sempre cabe mais um filme na mesma sala, não tem tamanho determinado. Portanto, é inviável contabilizá-lo com base no número de salas, como se faz nos mercados mais desenvolvidos.
Ancine celebra 15 anos em comercial com cenas de Aquarius e Pequeno Segredo
A Ancine (Agência Nacional do Cinema) lançou nesta semana uma nova campanha publicitária de incentivo ao consumo de conteúdos audiovisuais brasileiros. Com o conceito “O audiovisual brasileiro é o Brasil assistindo ao Brasil”, a campanha, criada pela agência DM9DDB, mostra uma convivência pacífica entre “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, e “Pequeno Segredo”, de David Schurmann, e traz narração do ator Wagner Moura. Imagens de ambos os filmes, que ilustraram uma polarização política no país em 2016, aparecem no comercial, junto com cenas de outras produções de cinema e TV, ilustrando a variedade de opções disponíveis para o público. Escolhido pelo Ministério da Cultura para representar o país em busca de uma indicação ao Oscar, “Pequeno Segredo” aparece primeiro, mas Kleber Mendonça Filho, apesar de protestar contra o “governo ilegítimo”, também teve sua obra bem destacada no vídeo. O lançamento da campanha valoriza os 15 anos de conquistas da Ancine e as peças publicitárias levam o selo comemorativo da data. Criada em 2001 pelo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, como um órgão gestor da atividade cinematográfica, em substituição à Embrafilme, extinta em 1990 pelo governo de Fernando Collor de Mello, a Ancine ampliou sua atividade para a TV e ajudou o Brasil a alavancar a produção audiovisual, resultando num crescimento extraordinário na quantidade de filmes e séries produzidas no país. Como o comercial lembra, em 2002 apenas 29 títulos brasileiros foram lançados nas salas de cinema. Em 2016, registrou-se recorde de 143 lançamentos. O número de espectadores também cresceu. Os filmes nacionais atraíram, em 2002, 7 milhões de espectadores. Já em 2016, 30,4 milhões de pessoas assistiram às produções nacionais nos cinemas. Todas as peças publicitárias terminam com um convite ao espectador: “Assista. Recomende. Dá orgulho de ver.” A campanha ainda terá uma segunda fase, que prevê a veiculação de um curta documentário, com depoimentos de importantes pessoas do mercado audiovisual, como o animador Alê Abreu, o diretor Cacá Diegues, o ator Caio Blat e a atriz Mariana Ximenes.
Cinebiografia de Hebe Camargo é aprovada pela Lei do Audiovisual
A Ancine autorizou a Loma Filmes a captar até R$ 7,5 milhões de patrocínio pela Lei do Audiovisual para as filmagens da cinebiografia de Hebe Camargo. O longa será produzido pela Casablanca e, para demonstrar a criatividade dos envolvidos, ganhou o título de “Hebe — O Filme”. Só no ano passado foram lançados seis filmes chamados “O Filme” nos cinemas brasileiros. Outro detalhe que chama atenção é o tempo que levou para uma produção ser autorizada a captar financiamento. “Hebe – O Filme” definiu seu diretor em 2013. “Fui convidado para fazer esse filme e topei, porque a Hebe é uma pessoa que eu admiro muito”, disse o diretor Cacá Diegues (“O Maior Amor do Mundo”) em agosto de 2013. Na ocasião, a atriz Mariana Ximenes (“Os Penetras 2”) chegou a ser cotada para viver Hebe no… “O Filme”. Mas nada aconteceu desde então, aguardando a autorização da Ancine, e neste meio tempo Diegues pôde finalizar “O Grande Circo Místico”, seu novo filme, que estreia em maio – e sem o subtítulo “O Filme”!
SBT desenvolve série juvenil sobre a formação de uma boy band
A rede SBT está desenvolvendo uma série para o público juvenil sobre a formação de uma boy band. Intitulada “Z4”, será uma sitcom de 13 episódios, prevista para ir ao ar apenas em 2018. A trama vai girar em torno da reunião de quatro garotos na mansão do produtor musical Zé. Eles passam as férias treinando para se lançar como boy band. O piloto foi originalmente gravado em 2015, e tinha o ex-Titãs Paulo Miklos no papel do produtor musical. Já a banda era formada pelos atores Matheus Chequer, Gabriel Santana, Filipe Bragança e Matheus Lustosa, todos de “Chiquititas” (2013). A demora para tirar o projeto do papel se deve à opção do canal por buscar incentivo federal. A atração pleiteou e foi contemplada com R$ 2,6 milhões da Ancine (Agência Nacional do Cinema). O valor representa mais da metade do orçamento de “Z4” (R$ 4,6 milhões), que será realizada pela produtora independente Fábrica de Ideias Cinemáticas. O roteiro foi desenvolvido por Newton Cannito, colaborador de novelas como “Joia Rara” (2013). A direção será de Alexandre Boury (“Carrossel: O Filme”) e as gravações devem começar em outubro, após o elenco ser reformulado. Além de conseguir a verba para tirar o projeto do papel, o SBT também conseguiu R$ 4,5 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual, da Ancine, para a 2ª temporada de “A Garota da Moto”. Ao todo, a Ancine liberou R$ 17,4 milhões do Fundo Setorial para 11 produções – nove de TV e duas de cinema. Os recursos vêm da cobrança de taxas e tributos de companhias telefônicas, emissoras de TV, produtoras e distribuidoras de filmes. O dinheiro é concedido para produções independentes selecionadas pela Ancine, mas parte dele retorna para os cofres públicos.











