“A Casa do Dragão” não sofrerá impacto da greve dos atores
“A Casa do Dragão” e “Industry”, ambos sucessos da HBO, não devem ter as gravações interrompidas, apesar da greve recém-decretada pelo Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) dos EUA. Apesar de serem produções de um estúdio americano, as duas tem um elenco majoritariamente formado por britânicos, que são filados ao Equity, o sindicato dos atores do Reino Unido. De acordo com o Deadline, nenhuma das produções será paralisada e a HBO vai seguir o calendário das gravações conforme o planejado. A 2ª temporada de “A Casa do Dragão” e a 3ª temporada de “Industry” começaram a ser gravadas em abril deste ano. Embora o elenco principal de “Industry” conte com os americanos Myha’la Herrold e Ken Leung, as diretrizes anunciadas pelo SAG-AFTRA não afetam atores sob contratos da Equity. Segundo o sindicato americano, estes atores devem “continuar a comparecer ao trabalho”, enquanto o restante dos membros seguem em greve. Por outro lado, não ficou claro se os dois atores vão querer continuar em atividade diante das condições atuais de Hollywood – que enfrenta duas greves ao mesmo tempo. Diferente do território americano, o Reino Unido possui leis antissindicais rigorosas, que proíbem seus membros de conduzirem greves em apoio aos colegas de outros países. “A legislação de relações industriais no Reino Unido é drástica e muitas vezes vista como a mais restritiva do mundo ocidental”, observou um membro do Equity ao Deadline. “Os obstáculos complicados e nocivos enfrentados por todos os sindicatos no Reino Unido são uma desgraça nacional e precisam de uma reforma urgente”. Sindicatos unidos pela mesma causa O Equity possui cerca de 47 mil membros em vários setores do entretenimento. Apesar de não poder ingressar na greve, o sindicato afirmou que “está em solidariedade definitiva” com o SAG-AFTRA. “O Equity também está lidando com empregadores agressivos que tentam minar nossos acordos coletivamente negociados”, pontuou o sindicato. A greve foi decretada pelo sindicato americano nesta quinta-feira (13/7) após uma tentativa fracassada de negociações com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), que reúne grandes estúdios como Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner, NBC Universal, Paramount e Sony. O SAG afirmou que a AMPTP não atendeu as demandas principais dos atores, sobre aumentos salariais e a ameaça representada pelo uso de Inteligência Artificial (IA) na produção de filmes, séries e programas para TV e streaming. O Equity afirma lidar com problemas parecidos no Reino Unido. “Garantir a justiça salarial, termos e condições é crucial, seja com produtores tradicionais ou novos streamers globais, e com novos modos de criar e distribuir trabalhos para um público global”, declarou o Equity. “Dizemos claramente à AMPTP e seus membros que eles precisam agir significativa e rapidamente para atender às aspirações razoáveis dos membros do SAG-AFTRA”.
Greve dos atores afeta Comic-Con, Emmy e festivais de cinema
Os principais eventos da indústria do entretenimento serão bastante afetados pela greve dos atores em Hollywood. Em decorrência da decisão decretada nesta quinta-feira (13/7) pelo Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA), mais de 160 mil atores membros da organização ficaram proibidos de trabalhar em produções e participar de atividades promocionais – como os painéis da Comic-Con, a premiação do Emmy e as premières em festivais de cinema, como Veneza e Toronto. Conhecida por ser o local dos grandes anúncios realizados pelos estúdios, a Comic-Con de San Diego (SDCC), marcada para o próximo fim de semana, será o primeiro evento afetado pela greve. Precavidos, estúdios como Disney, Netflix, Warner e Sony chegaram a anunciar com antecedência que não participariam neste ano. A esperança dos organizadores de contar ao menos com séries começou a ruir após o anúncio da paralisação, quando painéis de atrações como “Good Omens”, “The Rookie” e “That ’90s Show” foram cancelados. Agora, toda a programação audiovisual será afetada. Tudo paralisado Além de não poder promover conteúdos nos eventos de divulgação, os atores não poderão comparecer a tapetes vermelhos que promovam as produções e participar de entrevistas, incluindo coletivas de festivais e podcasts. A première londrina do aguardado “Oppenheimer”, dirigido por Christopher Nolan, foi a primeira afetada. Estrelas como Emily Blunt, Robert Downey Jr. e Cillian Murphy abandonaram o tapete vermelho com a decretação da greve. A première de “Barbie”, que estreia na próxima quinta-feira (20/7), será a próxima afetada, seguida pelos lançamentos dos demais longas das próximas semanas, como “Besouro Azul” e “Assassinos da Lua das Flores”, sem esquecer do Festival de Veneza, marcado para agosto, e o Festival de Toronto, em setembro. Sem a presença dos atores, a Academia de Televisão tornou-se a primeira organização a tirar seu evento do calendário, anunciando que a premiação do Emmy será adiada para o final do ano ou começo de 2024. De acordo com as diretrizes do movimento divulgadas pelo sindicato, os atores membros estão também impedidos de atuar, cantar, dançar ou trabalhar no ofício de qualquer forma. As atividades de dublagem e narração também estão inclusas. Até negociações para projetos futuros e comentários nas redes sociais sobre produções entram na lista de atividades não permitidas. Causas da greve A greve foi confirmada após uma tentativa fracassada de negociações entre o SAG-AFTRA e a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), que reúne grandes estúdios como Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner, NBC Universal, Paramount e Sony. A organização afirmou que ficou “sem escolha” a não ser convocar uma greve. As discussões tiveram início no mês de junho sendo postergadas até a última quarta-feira (12/7), data limite para a AMPTP responder sobre as exigências do sindicato. As demandas englobavam aumentos salariais, cláusulas sobre Inteligência Artificial (IA) na produção de filmes, séries e programas para TV e streaming. Mas o principal ponto das exigências dos atores é referente às mudanças na indústria do entretenimento causadas pelos streamings. Os atores exigem compensação pela permanência de suas performances nas plataformas por anos a fio, como já recebem por reprises na TV e em lançamentos de mídias físicas (DVD e Bluray). Com a falta de uma resposta definitiva da AMPTP, o sindicato se recusou a prorrogar mais as negociações para além da data definida. Assim, a greve entra em vigor a partir das 0h desta sexta-feira (14/7) e permanece por tempo indeterminado.
Atores entram em greve e paralisam Hollywood
A greve dos atores em Hollywood foi oficializada na tarde desta quinta-feira (13/7). A decisão foi tomada em uma votação unanime pelo Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) após uma tentativa fracassada de negociações com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), que reúne grandes estúdios como Netflix, Amazon, Apple, Disney, Warner, NBC Universal, Paramount e Sony. O anúncio foi feito pela atriz Fran Drescher (“The Nanny”), presidente do SAG, e o negociador-chefe Duncan Crabtree-Ireland em uma coletiva de imprensa na sede da organização em Los Angeles. Durante o pronunciamento, eles afirmaram que a atitude dos estúdios deixaram o sindicato “sem escolha” a não ser convocar uma greve. Com isso, a ação passa a valer a partir da meia-noite da sexta-feira (14/7) e diversas produções serão interrompidas. O sindicato afirmou que as negociações não atenderam as demandas principais dos atores, sobre aumentos salariais e a ameaça representada pelo uso de Inteligência Artificial (IA) na produção de filmes, séries e programas para TV e streaming. “Nós somos as vítimas aqui. Estamos sendo vitimizados por uma entidade muito gananciosa”, declarou Drescher. “Estou chocada com a forma como as pessoas com quem estávamos neste negócio estão nos tratando. Não consigo acreditar, francamente, em quão distantes estamos em tantas coisas”. As negociações com a AMPTP começaram no começo de junho e se estenderam durante semanas. No final do mês passado, os principais negociadores do sindicato afirmaram as discussões estavam sendo “extremamente produtivas” com as principais empresas de entretenimento. Por outro lado, a AMPTP não concedeu uma resposta definitiva e postergou o prazo das negociações até o dia 12 de julho. Com a falta de resposta, o sindicato começou a se preparar para a greve iminente. Dessa forma, a organização se recusou a prorrogar as negociações além da data decretada. “Eles estão do lado errado da história. Todo o modelo de negócio foi alterado pelo streaming, pela inteligência artificial, temos que bater o pé. Não vamos mais aceitar isso”, afirmou a presidente na coletiva. Um dos principais pontos exigidos pelos atores é referente a mudança na indústria do entretenimento causada pelos streamings. Empresas como Netflix e Amazon Prime Video trouxeram uma nova forma de produzir e distribuir grandes títulos. Diante da situação, o sindicato fez exigências para garantir os direitos dos atores para continuarem envolvidos nessas produções. Defesa dos estúdios Antes do pronunciamento oficial do sindicato, a AMPTP emitiu um comunicado na manhã desta quinta-feira (13/7) criticando a greve. “Estamos profundamente desapontados com o fato de o SAG-AFTRA ter decidido se afastar das negociações. Esta é uma escolha deles, não nossa”, decretaram. Os estúdios ainda trouxeram contrapontos sobre as exigências. “Ao fazer isso, [o sindicato] rejeitou nossa oferta de aumentos residuais e salariais históricos, limites substancialmente mais altos para pensões e contribuições de saúde, proteções de audição, períodos de opção de série reduzidos, uma proposta inovadora de IA que protege as imagens digitais dos atores e muito mais”. Inicialmente, a AMPTP queria um prazo de resposta até o dia 31 de junho. “Em vez de continuar negociando, o SAG-AFTRA nos colocou em um curso que aprofundará as dificuldades financeiras de milhares que dependem do setor para sua subsistência”, finalizou. Consequências em Hollywood A greve recém-anunciada também marca um feito histórico. Ela acontece em paralelo ao movimento da greve dos roteiristas pelo WGA (Sindicato dos Roteiristas), que teve início no mês de maio, algo que não acontecia há mais de 60 anos, desde 1960. No mês passado, mais de 1.700 atores assinaram uma carta enviada aos líderes do sindicato dizendo que “preferem entrar em greve” e “se juntar ao WGA nos piquetes”. Com a instauração da greve, as filmagens de diversas produções da TV e do cinema serão ainda mais afetadas. Além dos filmes ainda em desenvolvimento, a situação também afeta os longas que estão prontos como “Barbie” e “Oppenheimer”, que chegam aos cinemas no dia 20 de julho. Agora, os atores estão proibidos de participar de eventos de divulgação de seus projetos. No caso de “Oppenheimer”, longa dirigido por Christopher Nolan, os atores deixaram o tapete vermelho do filme em Londres antes da exibição nesta quinta-feira (13/7). “Você os viu aqui antes no tapete vermelho”, declarou Nolan. “Infelizmente, eles saíram para escrever seus cartazes de piquete para o que acreditamos ser uma greve iminente do SAG, juntando-se a WGA na luta por salários justos para os membros trabalhadores de seu sindicato”.


