Netflix diz que brasileiros viram mais romances, filmes tristes e reality shows em 2020
A Netflix revelou nesta quinta-feira (10/12) quais foram os conteúdos mais assistidos da plataforma durante o ano de 2020. Mas ao contrário do que fez em 2019, a retrospectiva deste ano foi bem bagunçada, sem relação das dez séries, os dez filmes e, vá lá, os dez realities favoritos do público. Em vez disso, a plataforma decidiu dividir os sucessos em categorias relacionadas a estados de espírito, como “nós choramos”, “nós viajamos”, “nós comemos” e “nós amamos o amor”. Outra bagunça dos listões se deve à opção da empresa de combinar tudo por gênero. Assim, entre as produções de ação mais assistidas aparecem os filmes “Resgate”, “Power” e “The Old Guard”, a série espanhola “La Casa de Papel” e a brasileira “Bom Dia, Verônica”. O resumo das relações é que, ao longo do ano, os espectadores viram muitos reality shows, filmes tristes e romances. Foram duas vezes mais reality shows que no ano passado. Mas era barbada, porque a Netflix também produziu mais reality shows em 2020. O mesmo vale para as produções de chorar e suspirar. O público vê o que a Netflix produz e divulga. Mas muitas das produções da plataforma não são divulgadas nem por ela mesma. Logicamente, elas não emplacam e são escanteadas. Entre as tendências diagnosticadas, é possível reparar ainda que o Brasil dobrou o consumo em muita categorias. Além dos reality shows, o público consumiu duas vezes mais animes que no ano passado – “Pokémon: Mewtwo Contra-Ataca – Evolução”, “One Piece”, “The Seven Deadly Sins: A Ira Imperial dos Deuses” e “O Sangue de Zeus” foram os favoritos. Outro pico aconteceu entre as produções sul-coreanas, que bateram recorde de audiência no país, aumentando seu consumo em mais de 120% em relação ao número do ano passado. O conteúdo turco também se destacou, dobrando sua visualização. O motivo é sempre o óbvio: maior oferta de produtos dos dois países. Entre os sul-coreanos, o terror de zumbis “Alive” liderou a audiência no país, enquanto a série turca “O Último Guardião” esteve entre os mais assistidas da plataforma. A lista de histórias tristes traz o hit “Milagre na Cela 7”, que ficou 23 dias no Top 10, além de “Se Algo Acontecer… Te Amo” e “Por Lugares Incríveis”. Curiosamente, a tristeza aumentou apenas a partir de abril, quando os brasileiros completaram o primeiro mês de isolamento social devido à pandemia de coronavírus. Do mesmo modo, os romances estiveram em alta, refletindo, novamente, a ênfase dada pela plataforma a produções do gênero. A lista tem “A Barraca do Beijo 2”, “Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você”, “Amor Garantido” e “Ricos de Amor”. No gênero da fantasia, os assinantes brasileiros acompanharam mais “Locke & Key” e “Carta ao Rei”. Já entre os conteúdos para a família (que no Brasil costumavam ser chamados de infantis), os destaques foram “A Caminho da Lua”, “Os Irmãos Willoughby” e “Enola Holmes”.
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O destaque da seleção digital da semana é um filme que tende a virar objeto de culto ou então despertar intensa irritação. Esquisito, mas poético, encantador, mas frustrante, profundo, mas impenetrável, assim é “Estou Pensando em Acabar com Tudo”, que, apesar desse título, pode parecer não acabar nunca. Basta dizer que se trata de uma obra de Charlie Kaufman, o roteirista malucão de “Quero Ser John Malkovich”, “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” e “Adaptação”, que virou diretor de cinema após vencer o Oscar e sempre dá o que falar com seus filmes. Bem ou mal, “Estou Pensando em Acabar com Tudo” encaixa-se perfeitamente na lista das obras estranhas do cineasta. Mas vale a pena? As críticas mais positivas que negativas indicam que sim, se você for um cinéfilo fã de surrealismo, considerando os 86% de aprovação no Rotten Tomatoes. A Netflix também oferece o oposto disso, uma comédia romântica extremamente convencional em “Amor Garantido” (50% no RT), mostrando que há opções para todos os gostos. Confira abaixo os trailers e mais detalhes dos lançamentos online, lembrando que a curadoria não inclui títulos clássicos (são muitos) e produções trash, que em outros tempos sairiam diretamente em DVD – só nesta semana foram disponibilizados mais dois lixões estrelados por Nicolas Cage, um deles com míseros 3% de aprovação no Rotten Tomatoes! Estou Pensando em Acabar com Tudo | EUA | 2020 O novo filme de Charlie Kaufman (vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original por “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”) lembra as situações surreais das obras do cineasta, mas desta vez é baseada num romance, escrito por Iain Reid – disponível no Brasil. A trama explora a fragilidade da mente e os limites da solidão ao contar a história da namorada de Jake, que o acompanha em uma viagem para o interior para conhecer seus pais. Durante o trajeto, ela pensa em terminar a relação, mas ao chegar em seu destino começa a achar tudo muito estranho e a perceber que talvez seja tarde demais. O elenco destaca Jessie Buckley (“Judy: Muito Além do Arco-Íris”) como a namorada, que não tem nome na história, Jesse Plemons (“O Irlandês”) como Jake, e David Thewlis (“Mulher-Maravilha”) e Toni Collette (“Hereditário”) como os pais bizarros. Disponível na Netflix. Amor Garantido | EUA | 2020 A sumida Rachael Leigh Cook (“Ela É Demais”) retorna às comédias românticas como uma advogada que ajuda um cliente bonitão a processar um site de namoro por propaganda enganosa. O cliente é vivido por Damon Wayans Jr. (“Happy Endings”) e, quem diria, o diretor Mark Steven Johnson já foi conhecido por filmar heróis da Marvel – “Demolidor, o Homem Sem Medo” (2003) e “O Motoqueiro Fantasma” (2003). Disponível na Netflix. The Day Shall Come | EUA | 2020 O diretor Christopher Morris volta ao terreno do premiadíssimo “Quatro Leões” (2010) em sua nova sátira social, desta vez apontando suas câmeras para outro tipo de terrorismo, aquele criado por fantasias do FBI. A trama acompanha um pregador pobre de Miami que recebe uma oferta em dinheiro para evitar o despejo de sua família. Ele não faz ideia de que seu financiador trabalha para o FBI, e que pretende transformá-lo em um terrorista ao alimentar seus tresloucados sonhos revolucionários. A moral da história é que é mais fácil fabricar um falso terrorista que prender um verdadeiro. Mas nem tudo sai de acordo com os planos, nas reviravoltas de humor negro dessa história maluca, estrelada pelo estreante Marchánt Davis, Anna Kendrick (“A Escolha Perfeita”) e Denis O’Hare (“American Horror Story”). Disponível no iTunes. Breve Miragem de Sol | Brasil | 2019 Fabrício Boliveira venceu o prêmio de Melhor Ator no Festival do Rio pelo papel de Paulo, recém-divorciado que começa a trabalhar como taxista na noite do Rio de Janeiro. Similar a “Transeunte” (2010), do mesmo diretor, Eryck Rocha, o filme usa a premissa para observar pessoas aleatórias. A coleção de vinhetas resultante da troca de passageiros também remete a “Uma Noite Sobre a Terra” (1991), de Jim Jarmusch, mas a experiência documental de Rocha faz grande diferença na captação das imagens. Disponível na Globoplay. A Cidade dos Piratas | Brasil | 2019 A nova animação de Otto Guerra, diretor de “Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’n’Roll” (2006) e “Até que a Sbórnia nos Separe” (2013), adapta a obra de Laerte Coutinho, mas, apesar do título, não se trata de uma produção sobre a tirinha “Piratas do Tietê”, criada pelo cartunista, mas sim inspirada pela vida e pela arte do artista. Isto fica claro logo na abertura, que se foca na transição de gênero de Laerte, e segue na temática da história, ao apresentar a reação conservadora contra uma suposta “ditadura gay” atual. Há também um discussão metalinguística sobre os bastidores da produção, com o próprio diretor transformado em desenho. O elenco de dubladores inclui Matheus Nachtergaele (“Trinta”) e Marco Ricca (“Chatô, o Rei do Brasil”) Disponível no iTunes, Google Play, Now, Vivo Play e YouTube Filmes. Os Espetaculares | Brasil | 2020 Comédia brasileira passada no universo dos stand ups. Paulo Mathias Jr. (“Doidas e Santas”) vive um humorista azarado que precisa entrar numa competição de grupos de humor para conseguir dinheiro e evitar a prisão. Ele acaba se juntando a Rafael Portugal (do “Porta dos Fundos”) e Luísa Périssé (do “Zorra”). A direção é de André Pellenz, de “Minha Mãe é uma Peça: O Filme” (2013) e “Detetives do Prédio Azul: O Filme” (2017). Disponível no iTunes, Google Play, Now, Sky Play, Vivo Play e YouTube Filmes. Fourteen | EUA | 2019 O drama indie escrito e dirigido por Dan Sallitt é uma lição sobre a amizade, e como a passagem do tempo pode mudar os laços e a visão que temos de velhos amigos. A trama acompanha duas grandes amigas de infância, que tem reações diferentes à vida adulta. Enquanto a mais genial e expansiva tem dificuldades de manter emprego, a mais tímida e focada segue firme em seu projeto de vida. Mas logo fica claro que o problema da primeira, cada vez mais disfuncional, pode ter raízes mais profundas que a imaturidade. Mesmo diante dos desafios, a outra resolve não abandoná-la. Disponível na Looke. Greed: A Indústria da Moda | Reino Unido | 2019 Comédia sobre o universo de opulência, mau gosto, falto de tato e exploração descarada dos podres de ricos, que teria sofrido censura do próprio estúdio. O filme traz Steve Coogan (“Philomena”) como um multimilionário inspirado pelo presidente do Arcadia Group, Sir Philip Green, e teria sofrido uma série de cortes para proteger as “relações corporativas” da Sony, devido a seu tema polêmico. A denúncia foi feita pelo diretor Michael Winterbottom (“O Assassino em Mim”) em entrevista publicada no jornal inglês The Guardian. A trama se passa durante uma festa grandiosa de seu protagonista, enquanto um jornalista investiga as condições de semi-escravidão dos funcionários das fábricas asiáticas responsáveis por tamanha riqueza. Disponível no iTunes, Google Play, Now e YouTube Filmes. Exterminador: Cavaleiros e Dragões | EUA | 2020 O supervilão “Exterminador” ganha sua primeira animação. Com muitas cenas de ação e violência inadequada para crianças, a adaptação da DC Comics compensa com sangue os diálogos típicos de história em quadrinhos. Disponível no iTunes. Showbiz Kids | EUA | 2020 Documentário sem firulas sobre o negócio de ser um ator mirim na indústria do entretenimento. O filme traz depoimentos de ex-estrelas infantis famosas, como Henry Thomas (“E.T.”), Milla Jovovich (“De Volta à Lagoa Azul”) e até o recém-falecido Cameron Boyce (“Descendentes”), para retratar os altos e baixos da profissão. Disponível na HBO Go.

