Documentário da Amazônia disputa prêmio do Sindicato dos Produtores dos EUA
O Sindicato dos Produtores dos EUA (PGA) divulgou a sua lista dos filmes indicados para o prêmio de Melhor Documentário. A lista contém algumas produções que ja vinham chamando atenção, além de guardar algumas surpresas. Ao todo, sete filmes foram indicados, incluindo “Nothing Compares” sobre a cantora irlandesa Sinéad O’Connor, primeiro longa-metragem da documentarista Kathryn Ferguson, e a co-produção brasileira “The Territory”, dirigido por Alex Pritz (“My Dear Kyrgyzstan”), sobre uma tribo amazônica. “The Territory” é coproduzido pela National Geographic, o diretor Darren Aronofsky (“Noé”) e cineastas indígenas brasileiros, e acompanha a luta do povo Uru-Eu-Wau-Wau contra agricultores e mineradores que invadiram sua área protegida na floresta tropical. A obra foi duplamente premiada no Festival de Sundance deste ano, com o Prêmio do Público e um Prêmio Especial do Júri na competição internacional do evento. A lista também destaca “All That Breathes”, documentário de Shaunak Sen (“Cities of Sleep”) sobre dois irmãos em Delhi, na Índia, que dedicaram suas vidas a reabilitar aves de rapina que foram vítimas dos céus poluídos da cidade. O filme já venceu o prêmio de Melhor Longa-Metragem no IDA Documentary Awards. Outro indicado forte é o novo filme do veterano Matthew Heineman (“A Primeira Onda”), “Afeganistão: A Retirada”, que lança um olhar visceral sobre os últimos meses da guerra dos EUA no Afeganistão e o que aconteceu com o Exército Nacional Afegão após a retirada dos EUA. As nomeações se completam com “Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft”, da diretora Sara Dosa (“The Seer and the Unseen”), sobre um casal francês cuja dedicação ao estudo dos vulcões lhes custou a vida; “O Último Navio Negreiro”, de Margaret Brown (“The Great Invisible”), filme muito falado a respeito dos descendentes de africanos escravizados que chegaram ao Alabama em 1860; e “Navalny”, dirigido por Daniel Roher (“Once Were Brothers: Robbie Robertson and The Band”), sobre o líder da oposição russa, Alexei Navalny, que quase foi morto em uma tentativa de envenenamento do Kremlin. A maior surpresa nessa lista foi a ausência de “All the Beauty and the Bloodshed”, documentário de Laura Poitras (“Cidadãoquatro”) sobre o artista Nan Goldin. O filme é um forte candidato ao Oscar e vem figurando em diversas listas de Melhores Ano. A inclusão do filme de Sinéad O’Connor também causou estranheza pela ausência notável de “Moonage Daydream”, filme de Brett Morgen sobre David Bowie, que é o documentário de maior bilheteria do ano e uma das produções mais elogiadas do gênero dos docs musicais em todos os tempos. Vale lembrar que os vencedores do PGA Awards normalmente se refletem no Oscar, como aconteceu com o vencedor mais recente, “Summer Of Soul (… Ou, Quando a Revolução Não Pode Ser Televisionada” (2021).
“Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” vence o Gotham Awards
O Gotham Awards deu início à temporada de premiações do cinema americano na noite de segunda-feira (28/11) com a consagração de “Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”. A produção do estúdio indie A24 levou os prêmios de Melhor Filme e Melhor Atuação Coadjuvante (para o ator Ke Huy Quan). Ao aceitar o prêmio principal, o co-diretor de “Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, Daniel Kwan, falou sobre a experiência de lançar o filme. “Uma das maiores coisas que aprendi sobre este ano é o trauma com o qual as pessoas em todo o nosso país e em todo o mundo estão lidando agora. Todo mundo está lidando com algum tipo de trauma”, disse Kwan. “Conheci tantas pessoas após as exibições que revelaram esse trauma para mim por causa da natureza do nosso filme, e uma das coisas que estou percebendo agora é que o trauma [é]… a coisa mais importante para lidarmos agora porque encolhe a imaginação e ficamos presos no passado”, continuou ele. “Agora, se vamos suportar os próximos 20, 30, 40, 50 anos juntos, teremos que curar esse trauma coletivamente. Teremos que descobrir como abrir a imaginação coletiva e como ser pessoas completas, emocionalmente talentosas, gentis e resilientes”. O drama “Tár”, dirigido por Todd Field, que havia liderado as indicações ao prêmio, acabou levando apenas um troféu: Melhor Roteiro. A diretora Charlotte Wells foi eleita a cineasta revelação por seu trabalho em “Aftersun” e o prêmio de Melhor Atuação ficou com Danielle Deadwyler, por “Till”. Entre as premiações televisivas, o destaque foi para “Pachinko”, eleita Série Revelação, enquanto Ben Whishaw venceu o Prêmio de Melhor Atuação em Série por “This Is Going To Hurt”. Além da entrega dos troféus, a cerimônia contou com homenagens aos atores Adam Sandler (“Joias Brutas”) e Michelle Williams (“Venom: Tempo de Carnificina”) e um tributo póstumo a Sidney Poitier (“No Calor da Noite”). O prêmio de Poitier foi apresentado pelo ator Jonathan Majors (“Lovecraft Country”), que anunciou a criação da Iniciativa Gotham Sidney Poitier, que ele chamou de “um conjunto ambicioso de programas” que visa expandir o legado de Poitier para apoiar a próxima geração de cineastas negros, por meio de bolsa de estudos, financiamento de projetos e incentivos para a progressão de carreiras. Confira abaixo o anúncio do prêmio principal, entregue por Jennifer Lawrence (“Jogos Vorazes”), e a lista completa dos vencedores. MELHOR FILME “Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” MELHOR DOCUMENTÁRIO “All That Breathes” MELHOR FILME INTERNACIONAL “Happening” PRÊMIO BINGHAM RAY PARA CINEASTA REVELAÇÃO Charlotte Wells (“Aftersun”) MELHOR ROTEIRO Todd Field (“Tár”) MELHOR ATUAÇÃO Danielle Deadwyler (“Till”) MELHOR ATUAÇÃO COADJUVANTE Ke Huy Quan (“Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”) ATUAÇÃO REVELAÇÃO Gracija Flipovic (“Murina”) SÉRIE REVELAÇÃO (MAIS DE 40 MIN) “Pachinko” (Apple+) SÉRIE REVELAÇÃO (MENOS DE 40 MIN) “Mo” (Netflix) SÉRIE REVELAÇÃO DOCUMENTAL “We Need to Talk About Cosby” ATUAÇÃO EM SÉRIE Ben Whishaw (“This Is Going To Hurt”)
“Tár”, com Cate Blanchett, lidera indicações ao Gotham Awards
O Gotham Awards, troféu nova-iorquino dedicado a produções independentes, que tradicionalmente marca o começo da temporada anual de premiações de cinema nos EUA, divulgou os indicados de sua edição de 2022 nesta terça (25/10). E o filme “Tár”, dirigido por Todd Field, liderou a lista com cinco indicações, incluindo Melhor Filme e Melhor Direção. Bastante elogiado, “Tár” atingiu 96% de aprovação no Rotten Tomatoes e rendeu o troféu de Melhor Atriz para Cate Blanchett no recente Festival de Veneza. Blanchett, por sinal, também foi indicada na categoria de Melhor Atuação (o Gotham Awards não faz distinção entre Melhor Ator e Melhor Atriz). O filme “Aftersun”, de Charlotte Wells, foi o segundo mais indicado, concorrendo em quatro categorias, seguido pela surpreendente lembrança da sci-fi “Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo”, de Dan Kwan e Daniel Scheinert, e “The Inspection”, dirigido por Elegance Bratton, que acumularam três indicações cada. Outras indicações de destaque incluem o ator Brendan Fraser, que concorre por seu papel em “The Whale”, o cineasta James Gray, indicado pelo roteiro de “Armageddon Time”, e Beth de Araújo, diretora americana filha de um brasileiro, que concorre por seu longa de estreia, o elogiado terror “Soft & Quiet”. Além disso, o Gotham Awards vai homenagear o ator Adam Sandler (“Joias Brutas”) e a atriz Michelle Williams (“Venom: Tempo de Carnificina”). A premiação vai acontecer no dia 28 de novembro, em Nova York. Confira abaixo a lista completa dos indicados. MELHOR FILME “Aftersun” “The Cathedral” “Dos Estaciones” “Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” “Tár” MELHOR DOCUMENTÁRIO “All That Breathes” “All the Beauty and the Bloodshed” “I Didn’t See You There” “The Territory” “What We Leave Behind” MELHOR FILME INTERNACIONAL “Athena” “Os Banshees de Inisherin” “Corsage” “Decision to Leave” “Happening” “Saint Omer” PRÊMIO BINGHAM RAY PARA CINEASTA REVELAÇÃO Charlotte Wells (“Aftersun”) Owen Kline (“Funny Pages”) Elegance Bratton (“The Inspection”) Antoneta Alamat Kusijanovic (“Murina”) Beth de Araújo (“Soft & Quiet”) Jane Schoenbrun (“We’re All Going to the World’s Fair”) MELHOR ROTEIRO Kogonada (“After Yang”) James Gray (“Armageddon Time”) Lena Dunham (“Catherine Called Birdy”) Todd Field (“Tár”) Sarah Polley (“Women Talking”) MELHOR ATUAÇÃO Cate Blanchett (“Tár”) Danielle Deadwyler (“Till”) Dale Dickey (“A Love Song”) Colin Farrell (“After Yang”) Brendan Fraser (“The Whale”) Paul Mescal (“Aftersun”) Thandiwe Newton (“God’s Country”) Aubrey Plaza (“Emily the Criminal”) Taylor Russell (“Até Os Ossos”) Michelle Yeoh (“Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”) MELHOR ATUAÇÃO COADJUVANTE Mark Rylance (“Até Os Ossos”) Brian Tyree Henry (“Causeway”) Ke Huy Quan (“Tudo Em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”) Raúl Castillo (“The Inspection”) Gabrielle Union (“The Inspection”) Nina Hoss (“Tár”) Noémie Merlant (“Tár”) Hong Chau (“The Whale”) ATUAÇÃO REVELAÇÃO Frankie Corio (“Aftersun”) Kali Reis (“Catch the Fair One”) Gracija Flipovic (“Murina”) Anna Diop (“Nanny”) Anna Cobb (“We’re All Going to the World’s Fair”) SÉRIE REVELAÇÃO (MAIS DE 40 MIN) “Pachinko” (Apple+) “Severance” (Apple+) “Station Eleven” (HBO Max) “This Is Going To Hurt” (AMC+) “Yellowjackets” (Showtime) SÉRIE REVELAÇÃO (MENOS DE 40 MIN) “Abbott Elementary” (ABC) “As We See It” (Amazon Prime Video) “Mo” (Netflix) “Rap Sh!t” (HBO Max) “Somebody, Somewhere” (HBO) SÉRIE REVELAÇÃO DOCUMENTAL “The Andy Warhol Diaries” “The Last Movie Stars” “Mind Over Murder” “The Rehearsal” “We Need to Talk About Cosby” ATUAÇÃO EM SÉRIE Bilal Baig (“Sort Of”) Ayo Edebiri (“The Bear”) Janelle James (“Abbott Elementary”) Matilda Lawler (“Station Eleven”) Britt Lower (“Severance”) Melanie Lynskey (“Yellowjackets”) Sue Ann Pien (“As We See It”) Minha Kim (“Pachinko”) Zahn McClarnon (“Dark Winds”) Ben Whishaw (“This Is Going To Hurt”)
Festival de Sundance premia documentário sobre luta de índios brasileiros
A organização do Festival de Sundance anunciou na noite desta sexta (28/1) os vencedores de sua edição de 2022. E o grande destaque da lista foi o documentário “The Territory”, rodado na Amazônia, única produção a vencer dois troféus: o Prêmio do Público e um Prêmio Especial do Júri na competição internacional do evento. Concorrendo na seção de Cinema Mundial como coprodução brasileira e americana (do cineasta Darren Aronofsky, de “Noé”), a obra dirigida pelo americano Alex Pritz acompanha a luta do povo Uru-Eu-Wau-Wau contra agricultores e mineradores que invadiram a área protegida de sua tribo na floresta amazônica, incentivados pela retórica e prática destrutiva de Jair Bolsonaro. Elogiadíssimo pela crítica estrangeira, o filme tem 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes e está sendo considerado um dos melhores documentários da década. Adquirido pela National Geographic, será forte candidato às premiações de 2023 e a incomodar Bolsonaro nas eleições deste fim de ano. O prêmio do júri, por sua vez, ficou com o documentário “All That Breathes”, do indiano Shaunak Sen, sobre a proteção de um pássaro em meio à poluição de Delhi. Em sua porção americana, Sundance ainda reverenciou dois documentários políticos: “The Exiles”, sobre sobreviventes do massacre de 1989 na Praça Celestial, em que tanques de guerra atacaram manifestantes pacíficos em Pequim, e “Navalny”, sobre o atentado por envenenamento sofrido por Alexei Navalny, opositor russo do governo de Vladimir Putin. As obras venceram, respectivamente, os prêmios do Júri e do Público na competição nacional do festival. Entre os títulos dramáticos, o destaque ficou com “Cha Cha Real Smooth”, dirigido e estrelado por Cooper Raiff. Vencedor do prêmio do público na disputa entre as obras de ficção, o romance entre um jovem anfitrião de festas de Bar Mitzvah e a mãe de uma menina autista foi adquirido pela Apple TV+ na véspera da premiação por US$ 15 milhões, na maior negociação de direitos do festival deste ano. Além de Raiff no papel principal, o elenco destaca Dakota Johnson (“Cinquenta Tons de Cinza”). Foi a segunda vez consecutiva que a Apple acertou o vencedor de Sundance, tendo adquirido “No Ritmo do Coração” (CODA) antes de o filme de Sian Heder vencer os troféus do Público e do Júri no ano passado. Neste ano, porém, houve divisão de preferências. O Júri da disputa dramática optou por “Nanny”, longa de estreia da curta-metragista Nikyatu Jusu, que traz a senegalesa Anna Diop (“Titãs”) no papel de uma babá refugiada em Nova York. Na disputa dramática internacional, os vencedores foram o boliviano “Utama”, de Alejandro Loayza Grisi, sobre um casal de roceiros enfrentando a seca nas montanhas do país, e o finlandês “Girl Picture”, de Alli Haapasalo, em que três garotas adolescentes descobrem o amor e o prazer. Ficaram com os prêmios do Júri e do Público, respectivamente. Confira abaixo os trabalhos premiados nas mostras competitivas do Festival de Sundance 2022. COMPETIÇÃO DRAMÁTICA AMERICANA Grande Prêmio do Júri: “Nanny” Prêmio do Público: “Cha Cha Real Smooth” Melhor Direção: Jamie Dack, “Palm Trees and Power Lines” Melhor Roteiro: K.D. Dávila, “Emergency” Prêmio Especial do Júri por Visão Artística: Bradley Rust Gray, “Blood” Prêmio Especial do Júri por Melhor Elenco: John Boyega, Nicole Beharie, Selenis Leyva, Connie Britton, Olivia Washington, London Covington e Michael K Williams, “892” COMPETIÇÃO DOCUMENTAL AMERICANA Grande Prêmio do Júri: “The Exiles” Prêmio do Público: “Navalny” Melhor Direção: Reid Davenport, “I Didn’t See You There” Melhor Edição: Erin Casper e Jocelyne Chaput, “Fire of Love” Prêmio Especial do Júri por Impacto pela Mudança: “Aftershock” Prêmio Especial do Júri por Impacto pela Visão Criativa: “Descendant” COMPETIÇÃO DRAMÁTICA MUNDIAL Grande Prêmio do Júri: “Utama” Prêmio do Público: “Girl Picture” Melhor Direção: Maryna Er Gorbach, “Klondike” Prêmio Especial do Júri: “Leonor Will Never Die” Prêmio Especial do Júri por Melhor Atuação: Teresa Sánchez, “Dos Estaciones” COMPETIÇÃO DOCUMENTAL MUNDIAL Grande Prêmio do Júri: “All That Breathes” Prêmio do Público: “The Territory” Melhor Direção: “A House Made of Splinters” Prêmio Especial do Júri por Técnica Documental: “The Territory” Prêmio Especial do Júri por Excelência em Filmagem Real: “Midwives”


