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    Carlos Lyra, ícone da bossa nova, morre aos 90 Anos

    16 de dezembro de 2023 /

    Carlos Lyra, um dos principais nomes da bossa nova, faleceu na madrugada deste sábado (16/12), aos 90 anos. O compositor estava internado desde quinta-feira (14/12) no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, devido a um quadro de febre que se agravou com uma infecção. Conhecido por clássicos atemporais, Lyra deixou um legado inestimável no cenário musical brasileiro. Nascido no Rio de Janeiro em 1933, ele começou sua jornada musical ainda na infância, desenvolvendo-se ao longo dos anos como um talentoso compositor e violonista. Foi um dos fundadores da Academia de Violão, um importante berço musical da bossa nova, e teve participações marcantes no desenvolvimento do gênero. Além de suas próprias canções, Lyra colaborou com grandes nomes como Vinicius de Moraes, João Gilberto e Tom Jobim, que o considerava o “maior melodista do Brasil”.   Origens da bossa nova A Academia de Violão foi um marco na cena musical do Rio de Janeiro, localizada em um quarto-e-sala em Copacabana. Apesar do espaço modesto, cedido por um amigo de Lyra, a academia foi essencial no nascimento das primeiras canções da bossa nova e se tornou um celeiro de talentos da bossa nova, frequentado por artistas como Marcos Valle, Edu Lobo, Nara Leão e Wanda Sá. Curiosamente, a academia encerrou suas atividades após um incidente envolvendo um preservativo usado encontrado no sofá. O público começou a reconhecer o talento de Lyra com a canção “Menino”, interpretada por Sylvia Telles em 1956. Em 1957, Lyra participou do primeiro show da bossa nova na Sociedade Hebraica – que usou pela primeira vez a expressão bossa nova. Em 1959, João Gilberto incluiu canções de Lyra em seu histórico LP “Chega de Saudade”, como “Maria Ninguém”, “Lobo Bobo” e “Saudades Dez um Samba”. Lyra priorizou a composição, marcando presença significativa nos três primeiros discos de João Gilberto. Outra grande parceria do artista foi com Vinicius de Moraes, iniciada na década de 1960. Juntos, eles criaram mais de 20 canções, muitas das quais se tornaram ícones da bossa nova e da música popular brasileira. Entre essas obras, destaca-se a trilha sonora do musical “Pobre Menina Rica” (1962) e como canções como “Você e Eu”, “Coisa mais Linda” e “Minha Namorada”. Essas músicas não apenas definiram o som e o espírito da bossa nova, mas também se mantêm atuais, sendo constantemente regravadas e reinterpretadas por novos artistas. Não por acaso, Vinicius referia-se a Lyra como parte da “Santíssima Trindade” da bossa nova, ao lado de Baden Powell e Tom Jobim.   Engajamento político e artístico Além de sua contribuição musical, Lyra também foi ativamente envolvido no cenário político e cultural. Em 1961, foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), onde apresentou jovens compositores da Zona Sul do Rio, como Nara Leão. Ele também compôs o “Samba da Legalidade” durante a Campanha da Legalidade – para impedir um golpe e garantir a posse o Presidente João Goulart. Em 1962, musicou “Couro de Gato”, curta-metragem premiado de Joaquim Pedro de Andrade que foi incluído como segmento do filme histórico “Cinco Vezes Favela”, além de ter feito a trilha de “Gimba”, dirigido por Flávio Rangel. No mesmo ano, ainda participou do histórico Festival de Bossa Nova, realizado no Carnegie Hall, em Nova York, que colocou a bossa nova no cenário internacional. Com o golpe militar de 1964, o cenário político do Brasil sofreu uma transformação dramática, afetando profundamente artistas e intelectuais. Lyra, conhecido por suas posições políticas firmes, sentiu diretamente o impacto dessas mudanças e, diante do ambiente repressivo instaurado pelo regime militar, decidiu deixar o país. Durante seu exílio, viveu e trabalhou nos Estados Unidos e no México, continuando a produzir música e a expressar suas ideias através da arte, em contato com artistas americanos como Stan Getz. Sua volta ao Brasil ocorreu em 1971, um momento ainda marcado por intensa repressão política.   A volta ao Brasil Lyra voltou casado com a modelo americana Kate Lyra, com quem desenvolveu composições em inglês como “I See Me Passing By”, “Nothing Night” e “It’s so Obvious” (versão de “Cara Bonita”). Mas Kate acabou se tornando conhecida no Brasil por outro motivo, graças a sua participação em humorísticos como “A Praça da Alegria” e “Viva o Gordo”, em que desempenhava o papel de uma americana ingênua – ela marcou época com o bordão “brasileiro é tão bonzinho”. Os dois tiveram uma filha, Kay Lyra, que também virou cantora. Em sua volta, o compositor se aproximou da TV, contribuindo para a trilha sonora da novela “O Cafona” (1971) com as canções “Tudo que Eu Sou Eu Dei” e “Gente do Morro”, esta última uma colaboração original com Vinicius de Moraes para a peça “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri. Em 1973, Lyra assinou com a gravadora Continental e lançou o álbum homônimo “Carlos Lyra”. Mas seu disco seguinte, “Herói do Medo” (1974) foi censurado na íntegra e só liberado e lançado em 1975. Indignado, Lyra voltou a se mudar para os EUA, onde viveu por dois anos, participando da “terapia do grito primal” de Arthur Janov e estudando astrologia na Sideral School of Astrology. Ele retornou ao Brasil em 1976, lançando pela Editora Codecri, do jornal “O Pasquim”, o livro “O Seu Verdadeiro Signo”. Ele participou ativamente do Congresso da UNE realizado em Salvador em 1979, regendo um coro de cinco mil estudantes na canção “Hino da UNE”, de sua autoria e de Vinicius de Moraes. E seguiu nos anos 1980 trabalhando em diversos projetos culturais, como “Vidigal”, peça teatral de Millôr Fernandes, “As Primícias”, de Dias Gomes, e “O Dragão e a Fada”, peça infantil premiada no México, além de fazer colaborações com o cantor espanhol Julio Iglesias.   Big in Japan Sua carreira internacional explodiu com shows no Japão e participações em festivais de jazz, levando-o a turnês no exterior que ocuparam boa parte de sua agenda nos anos 1980 e 1990. Ele chegou a lançar um disco exclusivo no Japão, “Bossa Lyra”, em 1993. Depois de compor a trilha do filme “Policarpo Quaresma, Herói do Brasil” (1997), voltou para o Japão para uma série de shows, vivendo uma ponte aérea internacional entre apresentações em Tóquio e no Rio. Em 2001, seu disco “Saravá” foi premiado pela revista japonesa Record Collectors como o melhor relançamento do ano. Um dos marcos dos anos 2000 foi sua colaboração com o letrista Aldir Blanc. Juntos, compuseram 19 músicas para o musical “Era no Tempo do Rei”, baseado no livro de Ruy Castro. Esse projeto, realizado entre 2009 e 2010, demonstrou a versatilidade de Lyra e sua habilidade em adaptar-se a diferentes contextos e estilos musicais. Ao longo da carreira, Lyra participou de vários shows comemorativos, dos 25 anos, dos 50 anos e dos 60 anos da bossa nova, além de ter sido entrevistado para diversos documentários sobre o tema. Mas nunca pensou em se aposentar. No ano passado, quando completou 90 anos, lançou do álbum “Afeto”, uma compilação de suas músicas interpretadas por diversos artistas, demonstrando o amplo reconhecimento e respeito que Lyra conquistou no mundo da música.

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    Congresso derruba vetos de Bolsonaro contra incentivos à Cultura

    5 de julho de 2022 /

    O Congresso Nacional derrubou os vetos de Jair Bolsonaro às leis de incentivo à Cultura, criadas pelo legislativo para ajudar o setor a superar os efeitos da pandemia. As leis Aldir Blanc 2 e Lei Paulo Gustavo foram aprovadas em votação no plenário nesta terça-feira (5/7), após adiamentos e sob pressão da classe artística. As duas leis são homenagens a artistas brasileiros que morreram em consequência da contaminação por covid-19. Um dos maiores compositores do país, Aldir Blanc faleceu em maio de 2020 aos 73 anos, enquanto o ator, roteirista e produtor Paulo Gustavo morreu em 4 de maio de 2021, aos 42 anos. A Lei Aldir Blanc 2 prevê repasses anuais de R$ 3 bilhões da União para estados e municípios durante um período de cinco anos, começando em 2023. Ela é inspirada na lei aprovada pelo Congresso em 2020 que garantiu recursos para o setor durante a pandemia, momento em que os espaços culturais fecharam completamente. Já a Lei Paulo Gustavo tem caráter emergencial e destina R$ 3,86 bilhões para estados e municípios, dos quais R$ 2,79 bilhões seriam voltados à área audiovisual, setor que consagrou Paulo Gustavo. As duas leis contaram com apoio, desde sua concepção, de secretários estaduais e municipais de cultura, além de artistas, que colaboraram com o Congresso desde a elaboração dos projetos. Elas se tornaram necessárias após o governo criar dificuldades nunca vistas no setor, numa política de desmonte que passou, inclusive, por uma reformulação da Lei Rouanet, visando explicitamente aumentar as dificuldades para o acesso às verbas, com filtros (potencialmente ideológicos) e novas restrições em plena pandemia. Desde segunda (4/7), atores, secretários de Cultura, produtores e outros agentes do setor mobilizaram uma agenda de debates e manifestações em Brasília para pressionar os parlamentares a derrubarem os vetos. Entre os artistas que estão na capital incluem-se Amir Haddad, Johnny Massaro, Vera Fischer, Babu Santana e Letícia Spiller. “Estamos aqui pelo reconhecimento de que, sem o compromisso político com direito à cultura e à arte, o nosso povo está em risco”, disse Vera Fischer, em evento da Comissão de Cultura, enquanto colegas puxavam a hashtag “DerrubaVetosdaCultura” para pedir a derrubada dos vetos — caso das cantoras Marina Lima e Daniela Mercury. Além das celebridades, servidores de diversos estados trouxeram relatos emocionados de artistas de pequeno porte que puderam colocar comida na mesa com a aprovação da primeira rodada da Lei Aldir Blanc. “Tornar perene a experiência federativa da Lei Aldir Blanc pode levar a cultura brasileira a patamares nunca antes sonhados”, afirmou Fabrício Noronha, secretário de Cultura do Espírito Santo e presidente do Fórum Nacional de Secretários Estaduais de Cultura, sobre a Lei Aldir Blanc 2. “Está pavimentado um futuro na força da nossa diversidade e resistência e tudo isso no momento mais tenebroso e violento na condução da pasta no governo federal”, acrescentou.

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    Famílias de Aldir Blanc, Rubens Fonseca e Moraes Moreira desmentem Regina Duarte

    8 de maio de 2020 /

    As famílias de Aldir Blanc, Rubens Fonseca e Moraes Moreira desmentiram a secretária especial da Cultura, Regina Duarte, que na quinta (7/5), em sua polêmica entrevista à CNN Brasil, disse que, apesar de não ter se manifestado em público, tinha se comunicado diretamente com as famílias de falecidos ilustres da cultura brasileira. Regina Duarte não teria feito nenhum contato com eles. Parentes das três personalidades receberam mensagens frias e institucionais por Whatsapp e Twitter de Milton da Luz Filho, assessor da Secretaria Especial da Cultura em Brasília. As comunicações não tinham a assinatura de Regina Duarte e teriam surpreendido pelo tom “institucional”, “apesar das palavras bonitas”, de acordo com o porta-voz da família de Aldir Blanc. “A família ficou estarrecida com as declarações dela (Regina Duarte) na entrevista”, acrescentou o porta-voz, em entrevista à BBC News Brasil. Regina vinha sendo cobrada por colegas de classe pelo silêncio da Secretaria não só sobre a morte de Blanc, mas também de outros nomes da cultura brasileira. Na entrevista à CNN, ela argumentou que, em vez de homenagens públicas, tinha optado por enviar mensagens privadas às famílias e não por “papel timbrado” da Secretaria Especial de Cultura. Assim como Bolsonaro já tinha dito que não era coveiro para se manifestar sobre as mortes de brasileiros pelo coronavírus, Regina afirmou na entrevista que não era “obituário”, ao ser cobrada pela falta de pronunciamentos sobre os falecimentos. “Será que eu vou ter que virar obituário? Quantas pessoas a gente está perdendo? Teve uma semana que foram três. Tem pessoas que eu não conheço. Aldir Blanc eu admiro, mas não conheci.” “O país está cultuando a memória deles, não precisa da Secretaria de Cultura. Pode ser que eu esteja errando, vou me corrigir. Não fiz por mal, peço desculpas, falei com as famílias, lamentei a perda… Nessa hora a pessoa que está mais constrangida pela perda é a família, e eu queria falar com elas diretamente, não por um papel timbrado da Secretaria”, justificou a ex-atriz. Em vários países, não só secretários de Cultura, mas presidentes e primeiros-ministros se manifestam publicamente diante de perdas importantes. O registro público também é uma satisfação para as famílias, além de deixar claro o reconhecimento aos grandes artistas. A opção de fazer isso de forma privada sugere o contrário, que se trata de um reconhecimento envergonhado, escondido, nunca às claras, como se houvesse perseguição do governo até na morte a certas personalidades da arte. A filha do cantor Moraes Moreira, Maria Cecilia Moraes, disse que considerou a mensagem privada inadequada. “Agradecemos toda e qualquer manifestação de solidariedade diante da perda de nosso pai. No entanto, nos causa estranheza, e até mesmo um certo desconforto, que essa manifestação nos tenha chegado através de uma mensagem de WhatsApp, enviada por seu assessor no privado”, comentou ao jornal Folha de S. Paulo. Para ela, “a secretária fala em nome de um cargo público e de uma secretaria de Cultura que tem por função representar institucionalmente a cultura brasileira”. “O que temos a dizer é sobre nossa perplexidade quanto à ausência de qualquer manifestação pública dessa secretaria em relação a essa perda, que não é somente pessoal e familiar, mas, acima de tudo, uma perda para a cultura do Brasil.” Ainda muito abalada com a morte do pai, uma das filhas de Blanc, Patricia, foi além, ao desabar à BBC News Brasil que, após assistir trechos da entrevista de Regina Duarte à CNN Brasil, ficou “enojada”. Aldir Blanc, que morreu de covid-19 na última segunda-feira (4/5), aos 73 anos, foi autor de mais de 500 canções, entre elas “O Bêbado e a Equilibrista”, que compôs com João Bosco e que ficou famosa na voz da cantora Elis Regina. A canção atingiu o topo das paradas em 1979 e ficou conhecida como o Hino da Anistia, em um momento em que o Brasil caminhava para pôr fim à ditadura militar. Repleta de referências e metáforas, é considerada um clássico da música brasileira. Na entrevista concedida à CNN Brasil de seu gabinete em Brasília, Regina também minimizou a ditadura militar brasileira, a tortura praticada no período e teve um chilique, interrompendo a entrevista, quando a emissora mostrou um vídeo enviado pela atriz Maitê Proença pedindo soluções para a classe artística em meio à pandemia do novo coronavírus. Nas redes sociais, vários artistas, alguns ex-colegas de Regina, criticaram fortemente suas declarações. Em compensação, o ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, ficou “encantado” pela implosão ao vivo da ex-atriz. “Fiquei encantado com a Regina pela demonstração de humanismo, grandeza, perspicácia, inteligência, humildade, segurança, doçura e autoconfiança que nos transmitiu”, escreveu Villas Bôas no Twitter.

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    Repleto de lacunas, o filme Elis dá saudades da cantora Elis

    26 de novembro de 2016 /

    Elis Regina (1945-1982) foi uma cantora perfeita. Voz, dicção, técnica e afinação impecáveis. E uma intérprete fabulosa, da dimensão de Edith Piaf, Amália Rodrigues ou Ella Fitzgerald. Um portento. Nada mais justo e razoável que uma carreira como essa seja objeto de uma cinebiografia. A questão é alcançar a qualidade artística necessária para fazer jus ao projeto. Isso, o filme “Elis”, de Hugo Prata, alcança parcialmente. Quando entra em cena Andréia Horta (da novela “Liberdade, Liberdade”), Elis realmente revive na tela. A atriz faz um trabalho notável, digno de muitos prêmios. A figura de Elis emerge em gestos, movimentos, risos de arreganhar a gengiva, coreografias que acompanham o canto, enfim, no seu conhecido estilo de ser, determinado, irônico e agressivo. As interpretações de Elis estão lá inteiras, com alta qualidade de som, já que não é Andréia quem canta, ela dubla Elis. Perfeito! Bem, nem tanto. O repertório escolhido é todo muito bom, como aliás era o repertório de Elis Regina em todas as fases de sua carreira. Mas há ausências inconcebíveis. Elis foi a principal intérprete de Milton Nascimento e Gilberto Gil. Nenhuma música deles está no filme. Como não está nada da antológica gravação que ela fez com Tom Jobim. Nem suas inovadoras interpretações de Adoniran Barbosa. Problemas com os direitos das músicas? Falha grave, do ponto de vista artístico. O começo real da carreira dela também foi deletado. Vendo o filme, tudo parece ter começado no Rio, com “Menino das Laranjas” (de Theo Barros), embora se faça referência à sua origem gaúcha e trabalho em Porto Alegre. Só que Elis Regina gravou 2 LPs na gravadora Continental: “Viva a Brotolândia”, em 1961, e “Poema”, em 1962. São 24 faixas gravadas, de discos escancaradamente comerciais, tentando lançar a cantora para concorrer com Celly Campello (1942-2003), que fazia muito sucesso na época. Elis renegou essa fase de sua carreira, rejeitou esses discos (que não são tão ruins assim), mas é algo que teria de ser registrado numa cinebiografia que deu relevo ao trabalho da cantora. Da vida pessoal de Elis, o casamento com Ronaldo Bôscoli durou pouco, uns cinco anos, foi muito conturbado, já que ele era mulherengo, infiel. Seu papel artístico junto a ela acrescentou pouco à arte de Elis. Pelo filme, ele foi o maior amor da vida dela e teve papel artístico muito relevante. Uma forma de romancear e fazer uma narrativa atraente? O fato é que o casamento com César Camargo Mariano foi mais longo e muitíssimo mais importante, do ponto de vista artístico. No filme, ele perde essa força. Mas nunca Elis foi tão brilhante como quando entoou canções arranjadas por César. Era algo de arrasar quarteirão de tão bom, tão sofisticado. Quem viveu esse período sabe disso. E as gravações estão aí para comprovar. Algumas no filme, também, claro. Os conflitos políticos que envolveram a ditadura militar, o canto de Elis na Olimpíada do Exército, a reação fulminante de Henfil no Pasquim, colocando-a no cemitério dos mortos-vivos, e a evolução que a levou a entoar o hino informal da anistia, “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, onde se pedia a volta do irmão do Henfil (Betinho), estão muito bem retratados. A cena em que ela aparece sendo vaiada em show ao vivo me parece excessiva para ser considerada real. Os espetáculos, muito bem produzidos para palco, com ênfase teatral, além do show, como “Transversal do Tempo” e “Saudade do Brasil”, não aparecem. E o grande sucesso, “Falso Brilhante”, um ano em cartaz, não é retratado, realmente. Apenas a música cantada surge e não o frenesi que foi aquela montagem teatralmente empolgante. Em suma, o filme está cheio de lacunas e falhas, que não vão passar despercebidas aos fãs de Elis, que conhecem a sua trajetória. Ainda assim, é um espetáculo bom de se ver, com uma atriz sensacional e uma música extraordinariamente bela. A produção serve mais é para dar muita saudade!

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