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Clu Gulager, de “A Volta dos Mortos Vivos”, morre aos 93 anos
O ator Clu Gulager, que estrelou a série clássica “O Homem de Virgínia” e o terrir cult “A Volta dos Mortos Vivos”, morreu na sexta-feira (5/8) em sua casa em Los Angeles, de causas naturais aos 93 anos. William Martin Gulager nasceu em 16 de novembro de 1928, em Holdenville, uma cidade arborizada a cerca de 120 quilômetros de Oklahoma City, e era descendente de indígenas da nação Cherokee. Seu pai, John, era um ator da Broadway que se tornou juiz do condado, e seu primo em segundo grau era ninguém menos que o cowboy cantor Will Rogers. O nome artístico “Clu” foi um apelido carinhoso de seu pai, imitando o piado de pássaros que faziam ninhos ao redor da casa da família. Após o ensino médio e serviço no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Gulager recebeu uma bolsa para estudar em Paris com o famoso ator e mímico Jean Louis Barrault. E ao voltar começou a trabalhar em teleteatros transmitidos ao vivo de Nova York, antes de se mudar para Los Angeles em 1959. Ele pegou o começo da febre dos westerns televisivos, trabalhando em atrações que marcaram época, como “Procurado Vivo ou Morto”, “Paladino do Oeste”, “Caravana” e “Laramie”, até ser contratado para seu primeiro papel fixo, passando a viver o famoso pistoleiro Billy the Kid em “The Tall Man”. “Eu era um cowboy de Oklahoma. Eu andava pelas cercas [ao redor do gado] no inverno e, no verão, adentrava o campo atrás de cascavéis”, disse Gulager em uma entrevista de 2019. “Um dia imaginei que poderia interpretar um cowboy, e vi que era fácil pra mim montar a cavalo e usar um chapéu.” “The Tall Man” durou duas temporadas muito longas – de 75 episódios – exibidas entre 1960 e 1962. E só foi cancelada porque o Congresso dos EUA se opôs à forma como o fora-da-lei Billy the Kid era “incorretamente” retratado como um herói para os jovens telespectadores do programa. Mas o cancelamento acabou sendo a melhor providência do destino para a vida de Gulager. “Eu estava falido quando entrei [naquela série]”, disse ele em 2014. Por isso, com o fim dos trabalhos, procurou o produtor da atração, Frank Price (futuro presidente da Universal e da Columbia Pictures), para pedir um novo emprego. “Ele demitiu um ator em pleno set e me contratou”, contou. Gulager foi encaixado num episódio da 1ª temporada de “O Homem de Virgínia” (The Virginian), em 1963, e depois voltou em outro capítulo do segundo ano como um personagem diferente. Nesse meio tempo, fez outras séries e estreou no cinema, chamando atenção como um gângster raivoso no clássico neo-noir “Os Assassinos” (1964), de Don Siegel. Embalado pelo filme, recebeu o convite para voltar a “O Homem de Virgínia” na 3ª temporada, agora como integrante do elenco, no papel do pistoleiro Emmett Ryker, que, numa reviravolta, vira um homem da lei na cidadezinha de Medicine Bow. Ele apareceu em mais de 100 episódios até 1968. Uma das séries de maior audiência dos anos 1960, “O Homem de Virgínia” tornou Gulager bastante popular. E ele aproveitou para se lançar de vez ao cinema, coadjuvando em “500 Milhas” (1969), como o mecânico do piloto vivido por Paul Newman, e em “A Última Sessão de Cinema” (1971), na pele do capataz do campo petrolífero que se envolve com Ellen Burstyn e seduz a adolescente Cybill Shepherd em um salão de bilhar. Ele também atuou ao lado de John Wayne no policial “McQ – Um Detetive Acima da Lei” (1974), de John Sturges, e juntou-se a Chuck Norris em “Força Destruidora” (1979). Mas sua carreira de tipos viris deu uma reviravolta após ser assassinado no slasher “Iniciação” (1984). De repente, Gulager enveredou pelo terror e encontrou novo público com alguns clássicos do gênero, especialmente “A Volta dos Mortos-Vivos” (1985), a primeira comédia de zumbis, onde viveu o dono do armazém em que os mortos-vivos “reais” estavam guardados desde a contaminação original dos anos 1960 – aquela registrada no filme “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968), que supostamente seria um documentário e não uma ficção. Com cenas antológicas de punks num cemitério, o longa de Dan O’Bannon (criador da franquia “Alien”) marcou época, ganhou continuações e popularizou o subgênero terrir. “Eu particularmente não queria fazer aquele filme”, ele lembrou em 2017. “Eu pensei que estava um pouco acima daquilo. E acabou que, se eu for lembrado, se é que serei lembrado… será por este filme!” Depois disso, ele se tornou figurinha fácil em produções fantásticas. Entre outras produções do gênero, apareceu em “A Hora do Pesadelo 2: A Vingança de Freddy” (1985), contracenou com Vincent Price em “Do Sussurro ao Grito” (1987) e entrou em outro cult, vivendo um oficial da lei na sci-fi “O Escondido” (1987), de Jack Sholder. Ele ainda voltou a se destacar em 2005 em “Banquete do Inferno”, trabalho especial em sua filmografia porque marcou a estreia de seu filho, John Gulager, como diretor de cinema. Com produção de Wes Craven (diretor de “A Hora do Pesadelo” e “Pânico”) e dos astros Matt Damon e Ben Affleck, o filme foi outro que virou culto e ganhou sequências (lançadas direto em vídeo). Nas duas continuações, ele ainda contracenou com seu outro filho, o caçula Tom Gulager. O filho cineasta comandou o pai mais uma vez em “Piranha 2”, de 2012, mesmo ano em que o veterano lançou sua única incursão como diretor de longa-metragem, “Memories”, exibido apenas em festivais. Clu Galager ainda colheu elogios por sua performance em “Tangerina” (2015), filme de estreia de Sean Baker (“Projeto Flórida”), antes de se despedir das telas em 2019, com uma pequena participação em “Era uma Vez em… Hollywood”, de Quentin Tarantino.
Don Calfa (1939 – 2016)
Morreu Don Calfa, ator de comédias cultuadas dos anos 1980. Segundo seu assessor, ele faleceu na quinta (1/12) de causas Morreu Don Calfa, que atuou em diversos filmes cultuados, entre eles “A Volta dos Mortos-Vivos” (1986). Segundo seu assessor, ele faleceu na quinta (1/12) de causas naturais, em Palm Springs, na Califórnia, dois dias antes do seu 77º aniversário. Don Calfa nasceu em 1939 em Nova York e começou a carreira em produções da Broadway nos anos 1960. Ele estreou no cinema em “No More Excuses” (1968), dirigido por Robert Downey, o pai do intérprete do Homem de Ferro. Além de ter feito aparições em diversas séries clássicas, a maioria policiais como “Barney Miller”, “San Francisco Urgente”, “Kojak” e “Chumbo Grosso” (Hill Street Blues), o ator construiu uma filmografia impressionante, não só por ter coadjuvado em diversas comédias, mas por ter trabalho com cineastas da elite de Hollywood. Entre seus filmes, listam-se “Licença Para Amar Até a Meia-Noite” (1973), de Mark Rydell, “No Mundo do Cinema” (1976), de Peter Bogdanovich, “New York, New York” (1977), de Martin Scorsese, “Mulher Nota 10” (1979), de Blake Edwards, “1941 – Uma Guerra Muito Louca” (1979), de Steven Spielberg, e “O Destino Bate à sua Porta” (1981), de Bob Rafelson. Entretanto, os filmes de ponta não o tornaram tão conhecido quanto uma comédia de terror que marcou época e até hoje é cultuada: “A Volta dos Mortos-Vivos” (1986). Primeira comédia de zumbis, o filme escrito e dirigido por Dan O’Bannon (o criador da franquia “Alien”) foi responsável por lançar elementos novos na mitologia dos zumbis, como sua preferência por devorar cérebros. Na trama, Calfa interpretava Ernie, o funcionário do necrotério que abriga um grupo de punks durante um ataque de zumbis num cemitério. Ele também se destacou em outro filme sobre mortos meio vivos, que virou referência cultural. Em “Um Morto Muito Louco” (1989), Calfa viveu assassino profissional chamado Vito, frustrado por não conseguir matar Bernie (Terry Kiser), por mais que tentasse, sem saber que seu alvo já estava mais que morto. Por sinal, ele já tinha aperfeiçoado o papel de assassino frustrado em “Golpe Sujo” (1978), em que não conseguia matar Goldie Hawn. A verdadeira frustração foi sua carreira não decolar depois de participar dessas produções cultuadas. Ele ainda tentou apelar para os zumbis engraçados novamente, em “Aqui Caiu um Zumbi” (1989), que foi totalmente ignorado, antes de adentrar o mundo dos terrores B, aparecendo, entre outros, na antologia “Necronomicon – O Livro Proibido dos Mortos” (1993) e em “Progeny – O Intruso” (1998), do especialista Bryan Yzna. Com participações cada vez mais diminutas, seu último papel em uma produção “grande” foi em “Dr. Dolittle” (1998), em que viveu um paciente.


