
Ilustração/Claude Sonnet 4.5
Warner rejeita oferta hostil da Paramount e mantém fusão com Netflix
Conselho considera proposta de David Ellison "inferior" e aponta riscos financeiros, enquanto Netflix reforça compromisso com lançamentos nos cinemas
Conselho nega oferta de David Ellison
A diretoria da Warner Bros. Discovery (WBD) rejeitou oficialmente a oferta hostil de US$ 30 por ação feita por David Ellison, atual dono da Paramount Skydance, classificando-a como “inferior” ao acordo já firmado com a Netflix. Em comunicado aos acionistas nesta quarta-feira (17/12), o conselho destacou que a proposta rival carrega “riscos e custos significativos” para a empresa e não supera os benefícios da fusão com a gigante do streaming.
Quais foram os motivos da recusa?
Samuel A. Di Piazza Jr., presidente do conselho da WBD, explicou que a oferta da Paramount falhou em resolver preocupações antigas sobre financiamento estrangeiro e garantias financeiras. “Esta oferta falha mais uma vez em abordar as principais preocupações que comunicamos consistentemente à Paramount ao longo de nosso extenso envolvimento e revisão de suas seis propostas anteriores”, afirmou.
Entre os pontos críticos apontados estão a dependência de fundos soberanos do Oriente Médio — com contribuições da Arábia Saudita, Abu Dhabi e Catar — , que podem acarretar problemas por motivos de segurança nacional nos Estados Unidos, e a falta de clareza sobre os ativos do fundo fiduciário do bilionário Larry Ellison, pai de David Ellison, que serviria como garantia do negócio. “Fazer um acordo é ótimo, fechar um acordo é melhor”, resumiu Di Piazza à CNBC, reforçando a confiança na transação com a Netflix como um caminho mais seguro e valioso.
A resposta da Netflix e da Paramount
Com a rejeição oficial, a bola volta para a Paramount, que precisa decidir se aumentará sua proposta ou tentará convencer os acionistas da WBD a venderem suas ações pelo preço atual. David Ellison, no entanto, já sinalizou disposição para subir o valor. Em mensagem enviada ao CEO da WBD, David Zaslav, pouco antes do acordo com a Netflix ser selado, ele avisou: “Observe, importantemente, que não incluímos ‘melhor e final’ em nossa oferta”.
Do lado da Netflix, a estratégia é reforçar a solidez de seu acordo. O co-CEO Ted Sarandos celebrou a decisão do conselho da WBD e prometeu manter a identidade das marcas adquiridas. “Estamos entusiasmados em combinar nossas forças com a divisão de cinema da Warner Bros, estúdio de televisão e a icônica marca HBO”, disse Sarandos, garantindo ainda que os filmes da Warner continuarão sendo lançados nos cinemas com janelas tradicionais.
O que acontece agora?
O cenário aponta para uma possível guerra de lances. Fontes indicam que Ellison e sua equipe aguardavam a resposta oficial da WBD para definir o próximo passo, e investidores acreditam que uma nova oferta, superior aos US$ 108 bilhões atuais, pode estar a caminho. Caso isso aconteça, a Netflix terá o direito de cobrir a proposta.
Enquanto o mercado especula, o processo regulatório para a fusão entre Netflix e Warner Bros. Discovery já começou. Em e-mail aos funcionários, David Zaslav tentou tranquilizar a equipe: “Continuamos a ter um acordo de transação assinado com a Netflix e estamos trabalhando juntos para fechar a transação”.