
Ilustração/Claude Sonnet 4.5
Trump vê compra da Warner pela Netflix como “problema” e pode intervir
Presidente dos EUA pondera que acordo de US$ 70 bilhões dá à Netflix fatia grande demais do mercado de entretenimento
Trump confirma que vai atuar no caso
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou neste domingo (7/12) que pretende participar ativamente da decisão sobre a aquisição da Warner Bros. pela Netflix, transação estimada em mais de US$ 70 bilhões. Em resposta a jornalistas, o republicano classificou o negócio como uma concentração excessiva no setor de entretenimento. A Netflix fechou um acordo para adquirir a Warner Bros. na sexta (5), superando as ofertas da Paramount Skydance e da Comcast, dona dos estúdios Universal.
A declaração à imprensa aconteceu no tapete vermelho antes da cerimônia do Kennedy Center Honors em Washington, DC, em que Trump distribuiu medalhas a seus artistas favoritos. Em entrevista ao site Deadline, Trump elogiou bastante o co-CEO da Netflix, Ted Sarandos, chamando-o de “fantástico” e “lendário”, mas disse que a aquisição da Warner era “um problema” na sua visão. O presidente americano é amigo pessoal do bilionário Larry Ellison, pai de David Ellison, novo dono da Paramount.
Qual seria o problema?
“Acho que, na história de Hollywood, não houve praticamente nada parecido com o que ele fez”, disse Trump sobre como Sarandos construiu a Netflix, antes de questionar a participação da plataforma no mercado. “Essa é uma questão. Eles têm uma participação de mercado muito grande, e com a Warner Bros., essa participação aumenta bastante. E isso pode ser um problema.”
Trump observou que uma Netflix combinada com a Warner Bros. “teria uma fatia de mercado muito grande”. “Isso é algo que alguns economistas vão dizer. E eu também estarei envolvido nessa decisão”, afirmou o presidente.
A manifestação de Trump reforça as preocupações regulatórias que já cercam o acordo desde que a Netflix se tornou interessada no negócio. A declaração marca a primeira vez que o presidente dos Estados Unidos se posiciona publicamente sobre a operação, sinalizando que o governo pode dificultar ou até barrar a fusão por questões anticompetitivas.
Hollywood e sindicatos em alerta
A oferta da Netflix por um dos estúdios mais tradicionais tem sido recebida de forma majoritariamente negativa também em Hollywood. Sindicatos trabalhistas alertam que a consolidação pode resultar em perdas de empregos e pressão sobre salários. Concorrentes temem um domínio sem precedentes da plataforma de streaming sobre o mercado. Cineastas e donos de salas de cinema expressam preocupação com o impacto nas exibições cinematográficas.
A operação ainda precisa passar por um longo e complicado processo regulatório, com autoridades de diferentes partidos nos Estados Unidos e Europa sinalizando atenção especial aos possíveis efeitos anticompetitivos.
Paramount contesta acordo e alerta para ilegalidade
A Paramount, que até recentemente era considerada favorita para adquirir a Warner, reagiu duramente ao anúncio. Advogados do estúdio, recém-comprado por David Ellison, enviaram uma carta à Warner na quinta-feira (4) alertando que a aquisição “consolidará e estenderá o domínio global da Netflix” de forma incompatível com as leis de concorrência.
Segundo cálculos da Paramount, a nova empresa resultante da fusão controlaria 43% dos assinantes globais de plataformas de streaming, um patamar que a tornaria “presumivelmente ilegal sob a lei dos EUA”. Especialistas em finanças, no entanto, estão divididos: enquanto alguns veem riscos logísticos e destruição de valor, outros acreditam que a operação pode elevar a Netflix a um novo patamar ao incorporar um dos maiores catálogos do mercado, e isso poderia ter um efeito bastante positivo para a economia americana pela forma como a plataforma atende o mercado mundial.