
Divulgação/Sady Produções Cinematográficas
Sady Baby, diretor da Boca do Lixo, morre aos 71 anos após vida atribulada
Ex-diretor de filmes adultos estava em coma há um mês após sofrer grave acidente de trânsito na BR-470
Morte de Sady Baby
O diretor de filmes adultos Sady Baby faleceu aos 71 anos na sexta-feira (26/12), em Santa Catarina. O diretor, que ganhou notoriedade na região da Boca do Lixo em São Paulo durante os anos 1980, estava hospitalizado há cerca de um mês após um acidente de trânsito na rodovia BR-470. A confirmação do óbito foi feita por sua ex-companheira, Ingrid Becker, e pelo amigo Marcos Alexandre de Azevedo.
O que causou o acidente?
O cineasta estava em coma profundo desde o dia 28 de novembro, quando sofreu o acidente automobilístico no Vale do Itajaí. Sady conduzia um Citroën C3 pela rodovia BR-470, na altura do km 81, em Rodeio, quando o veículo saiu da pista por motivos ainda desconhecidos.
Equipes do corpo de bombeiros realizaram o resgate do diretor, que foi encontrado inconsciente e apresentando ferimentos graves. Ele foi encaminhado às pressas para o Hospital de Indaial, unidade onde seguiu internado sob cuidados intensivos até o momento de seu falecimento.
Quem foi o diretor da Boca do Lixo?
Nascido no Rio Grande do Sul em 1954, Sady Baby teve uma trajetória multifacetada antes de ingressar no cinema adulto. Ele tentou a sorte como lateral-esquerdo em clubes de Curitiba nos anos 1970, mas abandonou os gramados após sofrer duas fraturas na perna. A migração para São Paulo ocorreu no final daquela década, visando a carreira artística.
Sua entrada no entretenimento incluiu uma passagem pelo programa do Bozo, no SBT, onde interpretou um dos noivos da Vovó Mafalda. No entanto, foi na produção e direção de filmes adultos que ele se estabeleceu, realizando 19 obras do gênero para o cinema durante os anos 1980. Ele começou como ator em filmes como “O Escândalo na Sociedade” (1983) e “Paraiso da Sacanagem” (1984), ambos estrelados pela musa do gênero Zilda Mayo, antes de passar para trás das câmeras com produções de títulos explícitos, incluindo referência à zoofilia.
Com a decadência das salas de exibições adultas no final da década, ele criou um espetáculo itinerante de sexo ao vivo em um ônibus que percorreu a América do Sul e inspirou seus últimos lançamentos cinematográficos, “O Ônibus da Suruba” (1988) e “O Ônibus da Suruba 2” (1991).
Polêmicas e farsa da morte
A vida de Sady também foi marcada por episódios controversos e problemas com a justiça. Em 2008, ele chegou a forjar o próprio suicídio por meio de uma postagem no Orkut, alegando ter saltado de uma ponte no rio Uruguai. A farsa visava escapar de investigações da Polícia Federal sobre o uso de menores em uma de suas produções.
A mentira durou até 2013, quando o cineasta foi descoberto e preso em Caxias do Sul (RS) por estelionato e uso de documentos falsos.
Além do histórico policial, o diretor frequentemente afirmava ter cerca de 40 filhos, baseando-se em processos de pensão alimentícia e relatos de ex-parceiras. Nos últimos anos, ele vivia de forma reclusa em território catarinense.