Ilustração/Gemini 3 Pro
Netflix reage à oferta hostil da Paramount: “Não vamos destruir valor da Warner Bros.”
Ted Sarandos e Greg Peters afirmam que não estão preocupados com a investida da rival e garantem compra do estúdio e HBO
Executivos da Netflix minimizam oferta hostil
Os co-CEOs da Netflix Ted Sarandos e Greg Peters abordaram a oferta hostil da Paramount nesta segunda-feira (8/12) à tarde, durante participação numa conferência em Nova York. “O movimento de hoje era totalmente esperado”, disse Sarandos, reafirmando confiança no acordo fechado com a Warner Bros. Discovery por US$ 82,7 bilhões, incluindo dívidas.
“Temos um acordo fechado e estamos realmente felizes com ele para acionistas e consumidores. É uma ótima maneira de criar e proteger empregos na indústria do entretenimento. Estamos super confiantes de que vamos concluí-lo”, afirmou Sarandos diante de uma plateia lotada no auditório da sede da UBS em Nova York.
Netflix promete manter estúdios e HBO como estão
Os executivos enfatizaram que não pretendem fechar partes da empresa e que vão operar os estúdios e a HBO exatamente como funcionam atualmente. Sarandos reforçou o compromisso com lançamentos cinematográficos, destacando que a Netflix não está comprando a Warner Bros. para eliminar esse modelo de negócio.
“Nesta transação, assumimos basicamente três negócios nos quais não estamos atualmente, ou seja, não temos redundâncias. Um deles é um estúdio de cinema com uma máquina de distribuição cinematográfica”, explicou Sarandos. “Tem havido muita especulação sobre o que faríamos com isso. É importante notar que tudo o que vamos fazer é permanecer profundamente comprometidos em lançar esses filmes exatamente da maneira como eles são lançados hoje. Queremos manter esses três novos negócios operando em grande parte como estão.”
HBO continuará focada em prestígio, não em entretenimento geral
Sobre a HBO, Sarandos disse que a marca de televisão de prestígio “que as pessoas realmente amam” vinha fazendo “ginástica” para se transformar em uma marca de entretenimento geral. “Acho que sob esta transação, eles não precisam mais fazer isso. Já somos uma marca de entretenimento geral muito bem estabelecida. Queremos que a HBO reforce as coisas que as pessoas amaram por 50 anos”, declarou o co-CEO.
A dupla afirmou que, ao contrário da Paramount, não está planejando consolidar estúdios, e apontou os bilhões em “eficiências” que a rival busca extrair ao fundir operações. Eles enquadraram o acordo como uma forma de salvar empregos, não de cortá-los, dizendo que as lideranças em nível divisional na WBD seriam mantidas em suas funções.
Netflix nega monopólio no streaming
Sarandos e Peters argumentaram que a Netflix não domina o mercado de streaming, ao contrário do que a Paramount afirma, exibindo gráficos que mostram a plataforma atrás de YouTube e Disney em termos de tempo total de TV assistido. Se a Paramount adquirisse a Warner Bros., ela também ficaria acima da Netflix nessa métrica, argumentaram os executivos.
“Não é nossa posição dizer aos reguladores como pensar sobre isso”, disse Peters sobre o escrutínio regulatório. “Eles têm que fazer seu trabalho e definir o mercado da maneira que fazem. Claramente, eles farão sua análise e nós os apoiaremos com o que precisarem. Mas se voltarmos aos fundamentos deste acordo, estamos muito confiantes de que os reguladores deveriam e irão aprová-lo. No fim das contas, é pró-consumidor.”
Trump, Kushner e o fator político na disputa
A Netflix foi estratégica na busca pela Warner Bros., incluindo um encontro secreto entre Sarandos e o presidente Trump há poucos dias, durante o qual o acordo foi mencionado. Trump posteriormente chamou Sarandos de “fantástico”, mas disse que o negócio poderia ser “problemático”.
Jared Kushner, genro de Trump, está entre os financiadores da oferta da Paramount pela Warner, através de seu fundo Affinity Partners. Sarandos abordou o fator Trump na conferência da UBS, dizendo que “o presidente se importa profundamente com a indústria americana e adora a indústria do entretenimento”.
“Conversei com ele muitas vezes desde a eleição sobre os diferentes desafios enfrentados pela indústria do entretenimento”, continuou Sarandos. “Ele definitivamente entende a dinâmica do que acabamos de falar… o que o presidente tem se interessado neste acordo é até que ponto ele cria empregos na América. E ele entende o que fazemos, que é gerar uma tonelada de trabalho na América.”
