
Divulgação/Palácio do Planalto
Lula protege filmes brasileiros com decreto que obriga exibição nos cinemas
Presidente regulamenta Cota de Tela para 2026, retomando medida de proteção ao mercado nacional que havia sido abandonada no governo anterior
Proteção ao cinema nacional renovada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um novo decreto, publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (24/12), que torna obrigatória a exibição de longas-metragens brasileiros nos cinemas de todo o país. A medida regulamenta a Cota de Tela especificamente para o ano de 2026, estabelecendo um número mínimo de sessões e garantindo diversidade de títulos nas salas comerciais. Caberá à Ancine (Agência Nacional do Cinema) fiscalizar o cumprimento das regras e definir critérios para obras premiadas e de grande apelo popular.
O vácuo deixado por Bolsonaro
A iniciativa corrige um hiato histórico provocado durante a gestão de Jair Bolsonaro. A lei original de proteção ao cinema nacional, criada em 2001, tinha validade de 20 anos e expirou em setembro de 2021. Na ocasião, o governo anterior optou por não renovar a medida, deixando o mercado de exibição sem regulação. A ausência de proteção permitiu que filmes estrangeiros, especialmente superproduções de Hollywood, ocupassem massivamente as salas — chegando a dominar mais de 80% do circuito — e asfixiassem a produção local.
A política de defesa do audiovisual só foi restabelecida no atual governo, com a sanção da Lei 14.814, que estendeu a obrigatoriedade da cota até 2033. O decreto assinado agora detalha como essa proteção será aplicada no próximo ano, visando promover a autossustentabilidade da indústria e equilibrar a competição com os blockbusters internacionais.
Regras para valorizar o filme nacional
Caberá à Ancine fiscalizar o cumprimento das normas e ir além do básico. A agência poderá definir regras especiais para filmes premiados em festivais relevantes e garantir a permanência de títulos brasileiros nas sessões de maior procura (horário nobre), baseando-se no desempenho de bilheteria. O objetivo é claro: promover uma competição equilibrada, aumentar a produção e distribuição de obras locais e garantir a autossustentabilidade da indústria cinematográfica.
Reconhecimento à cultura gospel
No mesmo Diário Oficial, Lula assinou o Decreto 12.795, que reconhece a cultura gospel como manifestação cultural brasileira. A decisão atende a um pleito antigo do segmento evangélico e define o gênero como um conjunto de expressões artísticas e sociais vinculadas à fé. Na prática, isso permite que a produção gospel seja incluída em políticas públicas de fomento e proteção cultural, equiparando-a a outras manifestações artísticas nacionais.