
Instagram/Heloisa Bolsonaro
Filme sobre Bolsonaro é denunciado por agressões e condições degradantes
Acusações de figurantes e técnicos, que relatam violência, alimentação estragada e pagamentos atrasados, faz sindicato abrir dossiê
Agressões e falta de segurança
A produção do filme norte-americano “Dark Horse”, que retrata as eleições de 2018 pela ótica do ex-presidente Jair Bolsonaro, enfrenta uma série de denúncias graves de trabalhadores brasileiros que participaram das gravações entre outubro e novembro de 2025, em São Paulo. Figurantes e técnicos relataram problemas envolvendo agressões físicas, alimentação inadequada, pagamentos atrasados e condições precárias de trabalho. As queixas foram reunidas pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões de São Paulo (SATED-SP).
Entre os relatos mais graves está o do ator e figurante Bruno Henrique, que afirmou ter sido agredido por integrantes da equipe de segurança durante uma diária de gravação no Memorial da América Latina, em 21 de novembro. A produção proibiu o uso de celulares no set sem oferecer local adequado para guardar os aparelhos. Bruno decidiu manter o celular consigo e, após ser revistado, relatou ter sido retirado à força do local.
“Esse americano que tomou a blusa em que o celular estava da minha mão veio, grudou no meu braço, me jogou para fora do local onde estava sendo feita a revista. O segurança deu um tapa na minha mão e veio para cima de mim para me dar um soco. Quase que eu caio lá de cima”, afirmou. Bruno disse ainda ter recebido uma rasteira enquanto tentava pegar seus óculos e fez corpo de delito.
Alimentação estragada e condições degradantes
Além das agressões, Bruno e outros trabalhadores relataram episódios de alimentação inadequada, com figurantes chegando a consumir comida estragada. Segundo os depoimentos, alguns profissionais foram impedidos de deixar o set e, sem acesso a banheiros, acabaram fazendo necessidades na roupa.
O SATED-SP abriu um dossiê reunindo denúncias recebidas pelos canais oficiais, incluindo relatos de práticas irregulares na contratação. Um áudio obtido pela Revista Fórum mostra instruções para que figurantes pagassem R$ 10 pelo transporte até as locações, valor que seria descontado do cachê ou pago antecipadamente.
Cachês abaixo do mercado
As denúncias também mencionam cachês entre R$ 100 e R$ 170, valores abaixo do praticado no setor. A empresa responsável pelo recrutamento negou irregularidades em nota e afirmou que os valores pagos teriam sido de R$ 150 e R$ 250.
Roteiro mirabolante
Dirigido pelo americano Cyrus Nowrasteh, “Dark Horse” conta com Jim Caviezel (“A Paixão de Cristo”) no papel de Bolsonaro e Mario Frias como Dr. Álvaro. Segundo uma versão do roteiro obtida pelo portal Metrópoles, o filme inclui cenas de ação na Amazônia com confrontos contra cartéis de droga ao lado de indígenas e xamãs. Outras informações publicadas pela imprensa alegam que, no filme, o atentado a faca sofrido por Bolsonaro não teria sido a única tentativa de matá-lo durante o período eleitoral.
A produção ainda não divulgou informações oficiais sobre o filme, nem se manifestou publicamente sobre as denúncias.
O espaço segue aberto para posicionamentos, declarações e atualizações das partes citadas, que queiram responder, refutar ou acrescentar detalhes em relação ao que foi noticiado.