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Diretor do filme de Bolsonaro fala pela primeira vez: “Sabia que era figura controversa”
Cyrus Nowrasteh revelou detalhes de "Dark Horse", cinebiografia com Jim Caviezel prevista para 2026
Primeiro depoimento sobre o projeto
O cineasta americano Cyrus Nowrasteh concedeu sua primeira entrevista sobre “Dark Horse”, cinebiografia de Jair Bolsonaro com lançamento previsto para 2026. Em conversa com a BBC Brasil, o diretor definiu o longa como um “retrato complexo e honesto” do ex-presidente e justificou a escolha do tema ao afirmar que “havia muitas perguntas sem resposta em torno desse evento [a facada contra Bolsonaro, em 2018] e que valia a pena explorá-las em um filme”.
Nowrasteh revelou que estava desenvolvendo outro projeto para ser rodado no Brasil quando um produtor americano o apresentou à produtora GoUp Entertainment, de Karina Ferreira da Gama, e ao deputado federal Mário Frias (PL-SP), idealizador da obra. “Eles queriam fazer algo sobre Bolsonaro. Fiquei impressionado com o Mário e com a paixão dele pelo projeto. Eu sabia que Bolsonaro era uma figura controversa e polarizadora – mas também muito querida”, declarou.
Estrutura narrativa e abordagem política
Segundo Mário Frias, que assinou o roteiro baseado em seu texto “Capitão do Povo”, o filme acompanha o ex-presidente relembrando a própria vida em flashbacks durante cirurgias, encerrando com sua eleição. A narrativa se concentra na campanha presidencial de 2018 e no atentado sofrido em Juiz de Fora (MG), além de incluir cenas que mostram Bolsonaro jovem como militar nos anos 1980 em operações contra o tráfico de drogas.
“Vejo a obra como um thriller político contemporâneo, que ajudará a iluminar muito do que está acontecendo no Brasil hoje – e no mundo”, explicou Nowrasteh. Ironicamente, o diretor comparou seu trabalho ao de cineastas de esquerda, como o greco-francês Costa-Gavras, que teve filmes proibidos no Brasil durante a ditadura militar, e o americano Oliver Stone, responsável por documentários sobre Fidel Castro, Hugo Chavez e Lula.
Elenco e produção finalizada
As gravações de Dark Horse foram realizadas entre outubro e novembro no Brasil. O filme traz o americano Jim Caviezel, que ficou mundialmente conhecido ao interpretar Jesus em “A Paixão de Cristo” (2004), no papel de Bolsonaro. O elenco conta ainda com Marcus Ornellas, Sérgio Barreto e Eddy Finlay, além do próprio Mário Frias, que interpreta o médico que operou Bolsonaro após a facada.
As primeiras imagens divulgadas mostram a reconstituição do atentado, cenas da campanha de 2018 e trechos da internação do ex-presidente. Eduardo Verástegui, conhecido por ter produzido “Som da Liberdade” (2023), é o responsável pela produção do longa.
Carreira do diretor
Cyrus Nowrasteh é reconhecido por filmes com temática religiosa e política. Seu trabalho mais conhecido é “O Apedrejamento de Soraya M” (2008), sobre uma mulher muçulmana condenada à morte no Irã por acusação falsa de adultério. Também dirigiu “O Jovem Messias” (2016), “Sequestro Internacional” (2019) e “Sarah’s Oil”(2025). Mas sua ligação com o Brasil vem de muito antes: desde 1995, quando assinou como coautor do roteiro da brasileiro-americana “Jenipapo”, dirigida por Monique Gardenberg.