
Divulgação/Sandfall Interactive
Jogo do ano, “Clair Obscur: Expedition 33” quebra recorde histórico no The Game Awards
RPG francês leva nove estatuetas, superando "The Last of Us: Part II", e consagra trajetória improvável de estúdio estreante
Vitória esmagadora e novo recorde histórico
O RPG francês “Clair Obscur: Expedition 33” se consagrou como o grande vencedor do The Game Awards 2025. Na cerimônia realizada na noite de quinta-feira (11/12) em Los Angeles, o título da Sandfall Interactive levou o prêmio máximo de Jogo do Ano, mas foi além, estabelecendo um novo marco na história da premiação.
Com nove estatuetas conquistadas — de um total de 13 indicações —, o jogo superou o recorde anterior de “The Last of Us: Part II”, que havia vencido sete categorias em 2020. Além do troféu principal, o RPG dominou categorias técnicas e artísticas, levando prêmios de Melhor Jogo Indie, Melhor Estreia Indie, Direção de Arte, Trilha Sonora, Melhor RPG, Narrativa, Direção e Melhor Performance, este último para a atriz Jennifer English.
A vitória coroa uma recepção avassaladora: com nota 92 no Metacritic e avaliações “Extremamente Positivas” no Steam, o game vendeu 3,3 milhões de cópias em apenas 33 dias, mesmo estando disponível no Game Pass.
A improvável origem da Sandfall Interactive
Por trás do sucesso estrondoso, existe uma história de bastidores que beira o inacreditável. O estúdio foi fundado por Guillaume Broche, um ex-assistente da Ubisoft que aprendeu a usar a Unreal Engine nas horas vagas, obcecado pela ideia de criar um RPG por turnos com visual realista e mecânicas de defesa em tempo real.
O mais surpreendente, no entanto, é a formação inusitada de sua equipe, composta majoritariamente por profissionais que nunca haviam trabalhado com games antes. Para gerenciar o estúdio, Guillaume convocou François Meurisse, um antigo amigo de faculdade que largou o emprego em uma empresa de transportes para assumir a chefia de operações, mesmo sem experiência na indústria. A direção de arte ficou a cargo de Nicholas Maxson-Francombe, um artista descoberto no ArtStation que desenhava cenários para eventos estilo Cirque du Soleil, mas jamais tinha criado para jogos eletrônicos.
A trilha sonora, que alcançaria o topo da Billboard clássica, foi composta por Lorien Testard, encontrado em um fórum obscuro onde postava músicas imaginárias para trailers de jogos. Já a densa narrativa do RPG foi escrita por Jennifer Svedberg-Yen, uma profissional da área de finanças recrutada através de um post no Reddit que pedia dubladores voluntários, mas que acabou assumindo todo o roteiro e a construção do universo.
Da Belle Époque ao topo do mundo
O conceito visual do jogo também nasceu de uma reformulação radical. Inicialmente chamado de “We Lost” e ambientado na era vitoriana, o projeto foi reimaginado para abraçar as raízes francesas do estúdio. A equipe escolheu a Belle Époque como inspiração, criando uma versão surreal e distópica de Paris isolada no meio do oceano.
Após receber “nãos” de diversas publishers, a equipe conseguiu fechar contrato com a Kepler Interactive em 2022, apenas com uma demonstração jogável feita com poucos recursos. Três anos depois, o time de cerca de 33 pessoas — um número curiosamente profético — entregou a obra que desbancou gigantes da indústria e redefiniu o cenário dos RPGs modernos.
Veja o trailer do game