
Divulgação/Rialto Pictures
Presidente da França homenageia Brigitte Bardot como “lenda do século”
Emmanuel Macron destacou o legado de liberdade da atriz, que também recebeu tributos de ativistas e políticos da oposição
Ícone da liberdade
O presidente francês Emmanuel Macron exaltou a trajetória de Brigitte Bardot neste domingo (28/12) em uma publicação oficial no X. A atriz faleceu aos 91 anos e foi celebrada pelo chefe de Estado como a personificação de “uma vida de liberdade”, marcando a cultura do país tanto pelo cinema quanto pelo ativismo.
O que disse Macron sobre a atriz?
Macron destacou em sua mensagem os elementos que transformaram a artista em um mito global. “Seus filmes, sua voz, sua fama deslumbrante, suas iniciais, suas tristezas, sua paixão e generosidade com os animais. Brigitte Bardot personificava uma vida de liberdade”, escreveu o político. Ele concluiu afirmando que o país lamenta “a perda de uma lenda do século” e uma “existência francesa de brilho universal”.
A ministra da Cultura, Rachida Dati, também se manifestou sobre a perda e enfatizou a dedicação da estrela à causa animal. Dati descreveu a atriz como “uma incansável defensora dos direitos dos animais” e “um ícone entre ícones” que ajudou a moldar o imaginário nacional sem se deixar aprisionar por ele. “Livre de forma selvagem e, em última análise, tão francesa”, completou a ministra.
Como a oposição reagiu à morte?
Marine Le Pen, presidente do Rassemblement National (RN), reforçou os elogios ao patriotismo da artista. A líder de extrema-direita publicou no X: “Ela era incrivelmente francesa. Livre, indomável, íntegra. Sentiremos muito a sua falta”. A conexão entre as duas era conhecida, já que Bardot, que escandalizou o mundo na juventude, assumiu-se conservadora no fim da vida e chegou a apoiar a candidatura de Le Pen à presidência em 2012.
A postura ideológica da atriz gerou polêmicas ao longo dos anos, resultando em seis condenações judiciais por incitação ao ódio racial entre 1997 e 2008. Bardot criticava abertamente a imigração, o islamismo e rituais como o abate no Aïd. A estrela se definia como patriota e defendia a direita como um “remédio urgente” para a França, tendo elogiado também Jean-Marie Le Pen em sua biografia de 1996.
Qual foi o legado para os animais?
Ingrid Newkirk, fundadora da PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais), lembrou o impacto positivo da atriz na proteção dos bichos. “Desde os pombos que resgatou em Saint-Tropez até seus amados cães, Brigitte fará falta à PETA”, afirmou a ativista. Ela classificou a estrela como “um anjo para os animais” que lutou inclusive nos tribunais para defendê-los.
A fundadora da organização relatou no livro “One Can Make a Difference” (2008) como a artista vendeu joias e pertences pessoais para financiar um santuário. A PETA, que premiou Bardot em 2001, destacou sua participação em campanhas importantes, como o boicote à varejista britânica Fortnum & Mason em 2013 pela venda de foie gras. Newkirk pediu ao público que honre a memória da atriz “agindo em prol dos animais hoje”.
Luto em Saint-Tropez
A prefeitura de Saint-Tropez decretou luto e declarou que a celebridade “continuará a viver na alma da nossa cidade”. O balneário ganhou fama mundial em 1956 após o sucesso do filme “E Deus Criou a Mulher”, dirigido por Roger Vadim, que transformou a atriz num mito sexual. Bardot, que encerrou sua carreira no cinema em 1973, após 45 filmes com diretores como Louis Malle e Jean-Luc Godard, faleceu em Saint-Tropez, na mansão La Madrague, onde viveu reclusa nas últimas décadas.