Divulgação/Lionsgate
“Truque de Mestre 3” e “Eddington” são os principais lançamentos desta quinta no cinema
Estreias também incluem o anime sci-fi "Make a Girl" e o terror bíblico "Sombras no Deserto", com Nicolas Cage enfrentando o demônio para salvar o menino Jesus
O terceiro filme da franquia “Truque de Mestre” tem a estreia mais ampla desta quinta (13/11). Precedido por entrevistas do elenco no “Fantástico” do domingo passado (9/11), o thriller de ação é a principal aposta das bilheterias da semana. Com distribuição mais modesta, o drama pandêmico “Eddington”, do diretor de “Hereditário”, é outro destaque da programação. Além deles, o circuito recebe o anime sci-fi “Make a Girl” e o terror bíblico “Sombras no Deserto”, com Nicolas Cage no papel de José, enfrentando o demônio para salvar o menino Jesus. A relação de novos filmes em cartaz ainda inclui relançamentos e títulos europeus, asiáticos, africanos e latinos em circuito limitado. Confira a lista completa.
🎞️ TRUQUE DE MESTRE – O 3º ATO
Sete anos após o último golpe dos Quatro Cavaleiros, a franquia “Truque de Mestre” ganha um terceiro capítulo ambicioso – desta vez sob direção de Ruben Fleischer (de “Zumbilândia”). “Truque de Mestre – O 3º Ato” (“Now You See Me: Now You Don’t”) traz de volta o elenco original – Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Dave Franco e Isla Fisher (retornando após ficar de fora do segundo filme) – agora reforçado por uma nova geração de ilusionistas interpretada por Ariana Greenblatt (“65 – Ameaça Pré-Histórica”), Dominic Sessa (“Os Rejeitados”) e Justice Smith (“Pokémon: Detetive Pikachu”). A trama se desenrola em escala global e coloca os mágicos veteranos e novatos diante de um desafio inédito: eles precisam unir forças para enfrentar uma adversária poderosa – uma herdeira bilionária do ramo de diamantes vivida por Rosamund Pike (“A Roda do Tempo”), cuja ambição e astúcia ameaçam superar todos os truques do grupo.
Com o retorno de Morgan Freeman no papel do mestre do ilusionismo Thaddeus Bradley, as duas gerações de mágicos terão de superar desconfianças mútuas e diferenças de estilo para desbaratar um plano criminoso que envolve um audacioso roubo de joias internacionais. O roteiro – escrito pela dupla Rhett Reese & Paul Wernick (de “Zumbilândia” e “Deadpool”) – busca criar reviravoltas espetaculares, combinando grandes cenários (Londres, Dubai e Xangai) com efeitos visuais para as mágicas dos golpistas.
“Truque de Mestre – O 3º Ato” abraça a grandiosidade e o tom escapista dos filmes anteriores, mantendo a tendência de iludir o público até o último minuto com surpresas – como participações especiais e easter eggs que homenageiam o universo da franquia.
🎞️ EDDINGTON
O diretor Ari Aster se afasta do horror, gênero que o consagrou com “Hereditário” e “Midsommar”, para filmar um faroeste contemporâneo ambientado em pleno auge da pandemia de 2020. A produção, uma parceria entre EUA e Finlândia, reúne elenco estelar liderado por Joaquin Phoenix (“Coringa”), Emma Stone (“Pobres Criaturas”), Pedro Pascal (“The Last of Us”) e Austin Butler (“Elvis”).
A história se passa em maio de 2020 na pequena cidade fictícia de Eddington, no Novo México, onde as tensões sociais e políticas explodem durante o confinamento pela Covid-19. Quando o rígido prefeito local (Phoenix) entra em atrito com o xerife do condado (Pascal) sobre as medidas de isolamento, o desentendimento rapidamente se transforma em um impasse armado que divide a comunidade ao meio. Emma Stone interpreta uma médica recém-chegada que tenta apaziguar os ânimos, enquanto Austin Butler surge como um líder populista inflamando os moradores com discursos conspiratórios.
Inspirado em confrontos reais nos EUA durante a pandemia, “Eddington” disseca o colapso do tecido social em meio à desinformação e ao medo. Com ênfase na psicologia dos personagens isolados e paranoicos, Ari Aster imprime seu estilo inquietante: longos silêncios, estranhamento visual (a fotografia de Darius Khondji destaca a paisagem árida e vazia) e surtos abruptos de violência. Vizinhos antes cordiais tornam-se inimigos, formando facções rivais em uma atmosfera de Velho Oeste moderno.
Apresentado em competição no Festival de Cannes 2025, “Eddington” provocou reações polarizadas por sua alegoria sombria dos EUA atual, tornando-se um dos projetos mais ousados de Aster. Ao final, a história não se distancia muito do terror – ou pelo menos da tendência do diretor em explorar os medos coletivos sob uma ótica moral e perturbadora.
🎞️ MAKE A GIRL
O anime marca a estreia do artista independente Gensho Yasuda no cinema. Conhecido por milhões de seguidores nas redes sociais por seus curtas de ficção científica, Yasuda expande em longa o universo de sua animação viral “Make Love”. A trama se passa num futuro próximo em que robôs domésticos são comuns, e segue Akira, um jovem solitário que decide construir a parceira perfeita. Ao dar vida a sua “namorada artificial” – chamada No.0 –, Akira se deslumbra com a companhia, até que a criatura começa a demonstrar emoções próprias.
À medida que a relação entre criador e criatura evolui, No.0 passa a questionar a própria natureza de seus sentimentos: seriam eles genuínos ou apenas parte de sua programação? Nesse dilema existencial, o filme incorpora reflexões sobre inteligência artificial, livre arbítrio e solidão humana. Com visual estilizado e trilha sonora pop, “Make a Girl” transita entre o romance e a crítica de um futuro tecnológico. Apresentado em première mundial no Festival de Tóquio 2024, o longa de Yasuda oferece uma perspectiva singular e autoral no gênero sci-fi romântico, evidenciando a nova geração de animadores japoneses que despontam fora das adaptações de mangás populares.
🎞️ SOMBRAS NO DESERTO
O longa de temática bíblica se inspira num evangelho apócrifo para contar a história do menino Jesus como um filme de terror. Em um vilarejo remoto do Egito, o carpinteiro José (Nicolas Cage, “O Peso do Talento”), sua esposa Maria (a cantora FKA Twigs, “O Corvo”) e seu filho de 12 anos, Jesus (Noah Jupe, “Um Lugar Silencioso”), vivem escondidos enquanto fogem da perseguição do rei Herodes. A rotina devota da família é abalada quando um misterioso garoto surge na comunidade e tenta convencer Jesus a desafiar as rígidas regras de seu pai. À medida que o jovem messias se deixa seduzir por pequenas transgressões, eventos sobrenaturais e visões aterradoras começam a acometê-lo, espalhando pânico entre os moradores.
Quando Jesus descobre a verdadeira identidade de seu novo “amigo” – ninguém menos que Satanás em forma humana – José precisa lutar não apenas para proteger o filho, mas para salvar sua própria fé diante das trevas libertadas. Em meio a tempestades de areia e milagres sombrios, a abordagem ousada de Lotfy Nathan (“Harqah”), cineasta de origem copta, tende a desagradar a maioria dos crentes e converter poucos seguidores. Só não consegue conter o talento de Nicolas Cage, que entrega sua tradicional performance visceral como um José atormentado.
🎞️ O BAD BOY E EU
Adaptando o fenômeno literário do Wattpad “The QB Bad Boy and Me”, a comédia romântica juvenil traz Siena Agudong (da série “Descendentes: Mundo de Vilões”) como Dallas Bryan, uma estudante do ensino médio apaixonada por dança que sonha em entrar na principal escola de balé do país – a mesma que sua falecida mãe frequentou. Determinada e focada, Dallas vê seu plano descarrilar quando cruza o caminho de Drayton Lahey (o influenciador Noah Beck em sua estreia como ator), o carismático quarterback do time de futebol americano da escola. Sob a fachada de “bad boy” popular, Drayton também enfrenta seus próprios dramas: ele ainda está lidando com a morte recente do pai, embora esconda a dor atrás de sorrisos provocadores.
A princípio, Dallas e Drayton colidem – ela o considera um arrogante, ele a vê como certinha demais – mas circunstâncias os aproximam quando decidem ajudar um ao outro em objetivos pessoais. Ele auxilia Dallas em uma coreografia de competição, e ela oferece apoio emocional enquanto Drayton tenta reconquistar a paixão pelo esporte após a perda do pai. À medida que ensaios de dança e treinos se entrelaçam, a amizade ganha profundidade e dá lugar a um romance, forçando ambos a conciliar sonhos individuais e um possível futuro em comum.
Dirigido por Justin Wu (“Gangnam Project”), o filme mantém tom leve e otimista, dialogando diretamente com a geração TikTok por meio do carisma de Beck, astro das redes.
🎞️ CORAÇÕES JOVENS
A coprodução belga-holandesa aborda com sensibilidade o primeiro amor entre dois adolescentes. Elias (o estreante Lou Goossens), de 14 anos, sente-se deslocado na pequena cidade onde vive até a chegada de um novo vizinho, Alexander (Marius De Saeger). A amizade imediata entre os dois logo desperta em Elias sentimentos antes não explorados – ele se apaixona pelo garoto, desencadeando um delicado processo de descoberta de sua identidade.
Ao acompanhar o cotidiano dos protagonistas – das conversas às escondidas às tensões familiares –, o filme constrói um retrato autêntico do amadurecimento afetivo na adolescência. O diretor estreante Anthony Schatteman, que é assumidamente gay, evita estereótipos: em vez de focar em conflitos externos ou preconceitos explícitos, a trama enfatiza as pequenas alegrias e inseguranças de Elias enquanto ele busca compreender seus sentimentos. Com uma fotografia naturalista e atuações espontâneas, “Corações Jovens” foi premiado no Festival de Berlim (Melhor Filme da mostra Generation Kplus) por sua abordagem franca e terna, e atingiu 90% de aprovação no Rotten Tomatoes.
🎞️ MEU PIOR VIZINHO
Remake sul-coreano da comédia francesa “Uma Doce Mentira” (2015), o K-drama atualiza a premissa de romance entre paredes finas sob a direção de Lee Woo-cheol (“Violoncelo”). A história se passa num conjunto de quitinetes em Seul, onde o músico sonhador Lee Seung-jin (Lee Ji-hoon) busca paz para ensaiar para um famoso reality musical. Seus planos vão por água abaixo na primeira noite: barulhos ensurdecedores – choros e ferramentas em plena atividade – ecoam do apartamento ao lado. A responsável é Hong Ra-ni (Han Seung-yeon, ex-integrante do grupo KARA), designer reclusa que afugentou todos os vizinhos anteriores com suas táticas irritantes de isolamento.
Em vez de desistir, Seung-jin declara guerra de ruídos contra Ra-ni, iniciando uma disputa criativa para ver quem consegue ser mais inconveniente. Conforme a “guerra sonora” evolui, os dois passam a conhecer detalhes íntimos um do outro através das paredes – medos, aspirações e vulnerabilidades compartilhados involuntariamente. Sem jamais terem se visto pessoalmente, acabam desenvolvendo uma inesperada conexão emocional.
“Meu Pior Vizinho” equilibra humor e romance ao estilo dos K-dramas televisivos. Com química cativante entre os protagonistas – Lee Ji-hoon em seu primeiro papel principal no cinema e Han Seung-yeon demonstrando timing cômico –, o filme entrega uma experiência divertida e calorosa, reafirmando a velha máxima de que o amor pode estar onde menos se espera: no caso em questão, do outro lado da parede.
🎞️ A QUEM EU PERTENÇO
O primeiro longa da cineasta tunisiana Meryam Joobeur, conhecida pelo curta indicado ao Oscar “Ikhwène” (2018), combina drama familiar e realismo mágico ao retratar os impactos da radicalização religiosa em uma comunidade rural do Norte da Tunísia. A trama centra-se em Aicha (interpretada por Salha Nasraoui), uma mãe que vive angustiada pela ausência de seus filhos mais velhos, Mehdi e Amine, aliciados por um grupo extremista e enviados à guerra. Quando Mehdi (o ator Adam Bessa) retorna inesperadamente à aldeia trazendo consigo uma enigmática esposa grávida, eventos sombrios começam a assolar a região.
Dividida entre a felicidade de ter o filho de volta e a desconfiança despertada pelos segredos que ele carrega, Aicha percebe sinais de que forças sobrenaturais podem estar em ação. O longa – que teve estreia mundial na competição principal do Festival de Berlim 2024 – mescla elementos de thriller espiritual com um retrato sócio-cultural da Tunísia contemporânea. Joobeur inspira-se em mitos locais e nos pesadelos premonitórios da protagonista para criar uma atmosfera de suspense crescente e refletir sobre amor materno, fanatismo e os laços invisíveis que unem ou rompem uma família.
🎞️ O SÍTIO
O drama rural é ambientado no interior argentino durante as férias de inverno do casal Rudi (Sebastián Arzeno) e Silvia (Cecilia Rainero) e seus filhos, que buscam tranquilidade ao se refugiar em uma antiga casa de campo. O que prometia ser um retiro idílico logo se mostra perturbador: ao chegarem, eles encontram a propriedade invadida, imunda e tomada por um odor estranho. Enquanto os pais tentam restaurar a ordem e descobrir quem causou o caos, os três filhos exploram os arredores, até que um evento inesperado e trágico rompe de vez a aparente calmaria. A tensão cresce à medida que o passado daquele lugar vem à tona de formas inquietantes.
Em seu terceiro longa, a cineasta argentina Silvina Schnicer (“Tigre”) constrói um suspense atmosférico que contrapõe o isolamento bucólico a temores urbanos e classistas. A narrativa de suspense revela como o medo do desconhecido – personificado por supostos invasores invisíveis – afeta cada membro da família. Elogiado pela crítica internacional, o filme conquistou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Marrakech 2024.
🎞️ QUERIDO TRÓPICO
Escolhido como representante do Panamá na corrida pelo Oscar Internacional 2026, “Querido Trópico” marca a estreia em ficção da premiada documentarista panamenha Ana Endara Mislov. O filme, de tom contemplativo, narra o encontro de duas mulheres em mundos opostos: Ana María (a colombiana Alejandra Araúz), imigrante que trabalha como cuidadora de idosos, e Mercedes (a veterana atriz panamenha Gladys Vidal), uma socialite de classe alta que enfrenta os estágios iniciais de uma demência que gradualmente lhe rouba a memória. Quando Ana María é contratada para cuidar de Mercedes, surge entre elas uma relação de afeto e dependência mútua em meio a contextos sociais díspares.
O roteiro – escrito pela própria Endara – constrói com delicadeza a aproximação das duas: enquanto Ana María lida com saudades da terra natal e questionamentos sobre pertencimento, Mercedes luta contra o apagamento de sua identidade e a solidão no final da vida. Juntas, embarcam numa jornada silenciosa de descobertas e apoio mútuo, aprendendo a confiar uma na outra para enfrentar seus medos e perdas cotidianas.
Filmado com estética naturalista e ritmo pausado, “Querido trópico” retrata a Cidade do Panamá não pelos cartões-postais, mas através de ambientes íntimos – o apartamento de Mercedes, os trajetos de ônibus de Ana María – explorando as desigualdades e também a empatia possível. Destaque em festivais como o de Cartagena e o do Rio, o longa confirma a sensibilidade de Endara ao transitar do documentário para a ficção.
🎞️ O SOCORRO NÃO VIRÁ
A diretora brasiliense Cibele Amaral mistura comédia e ficção científica para falar sobreF cinema. Dudu (vivido pelo humorista Fábio Rabin) é um publicitário entediado que sonha em se tornar cineasta. Em pleno início da pandemia de Covid-19, ele decide filmar a primeira grande produção de ficção científica brasileira, enfrentando a descrença geral e as limitações de recursos. O roteiro, escrito pela própria cineasta há 20 anos, faz uso de metalinguagem ao retratar os desafios do protagonista para concretizar um projeto tão audacioso.
Dudu recruta amigos peculiares (interpretados por comediantes como Criss Paiva e Jovane Nunes) para montar o elenco e a equipe técnica dessa aventura espacial imaginária. A arquitetura futurista de Brasília – de seus amplos eixos e prédios modernistas – funciona como cenário natural para a história, evocando um clima de sci-fi nacional. Enquanto as filmagens caseiras avançam de forma improvisada e hilária, eventos estranhos começam a acontecer, sugerindo que a linha entre a ficção e a realidade pandêmica começa a se romper.
“O Socorro Não Virá” teve première no Festival de Brasília de 2025, impressionando pelos efeitos visuais engenhosos de baixo orçamento e pela trilha sonora eletrônica. Mais do que uma paródia, o filme é uma homenagem apaixonada à criatividade e à resistência de quem faz cinema no Brasil.
🎞️ LAR
O documentário lança um olhar sensível sobre as diversas configurações familiares contemporâneas, focando em três famílias de Belo Horizonte formadas por pessoas LGBTI+. O primeiro longa de Leandro Wenceslau, idealizador do projeto Cine Vida (que já formou mais de 900 cineastas em dez anos), acompanha o cotidiano desses lares através da perspectiva dos filhos e filhas, revelando desafios, preconceitos e conquistas na rotina dessas famílias “fora do convencional”. Com um estilo observacional, a câmera registra momentos de ternura e conflito: desde questões legais sobre reconhecimento de parentalidade até episódios de discriminação enfrentados pelas crianças na escola.
Paralelamente, o diretor entrelaça sua própria jornada pessoal ao revisitar memórias de infância e refletir sobre seu desejo de paternidade, conferindo ao filme um tom intimista. O resultado chega aos cinemas como um manifesto pela diversidade e pela noção de que família se forma pelo vínculo de amor, acima de qualquer rótulo.
🎞️ CHAPE – MEMÓRIAS DO OESTE
O documentário resgata as origens da Associação Chapecoense de Futebol nos anos 1970, revelando como a história do clube se entrelaça com a identidade cultural do Oeste de Santa Catarina. Dirigido por Lucas Onofrio, Ricardo Aidar e Marcela Coelho, o filme foca no período de 1973 a 1977 – da fundação da Chapecoense à conquista de seu primeiro título estadual. Por meio de imagens de arquivo e entrevistas com personagens-chave (fundadores, ex-jogadores e torcedores pioneiros), a produção mostra como a ascensão do time refletiu o espírito de união e cooperação de uma região marcada pela imigração e pelo associativismo agrícola.
A jornalista Letícia Sechini assina a pesquisa histórica que embasa o documentário, destacando aspectos como a presença do povo indígena Kaingang e o modelo econômico cooperativista local como influências na formação do clube. Assim, “Chape – Memórias do Oeste” vai além do futebol: ao narrar os bastidores das primeiras conquistas – incluindo a polêmica do título catarinense de 1978, anulado nos tribunais – o filme retrata uma comunidade que encontrou no esporte um meio de afirmar sua existência e cultivar orgulho regional. Mais do que recordar glórias esportivas, o documentário presta tributo à força coletiva de uma comunidade que, mesmo décadas antes da tragédia aérea de 2016, já construía uma história de resistência e paixão pela “Chape” – símbolo máximo do Oeste catarinense.
🎞️ MALDITO MODIGLIANI
O documentário biográfico foi feito em 2020 pela cineasta italiana Valeria Parisi (“Mostruosamente Villaggio”) para marcar o centenário da morte do pintor Amedeo Modigliani (1884-1920). A produção resgata a trajetória intensa do artista nascido em Livorno e radicado na efervescente Paris do início do século 20, combinando entrevistas com historiadores da arte e raros materiais de arquivo. Em narrativa inusitada, o filme adota o ponto de vista de Jeanne Hébuterne – última companheira de Modigliani – para conduzir o relato de sua vida tumultuada e genial.
O documentário explora desde os primeiros anos de Modigliani na Toscana até sua decisão de deixar a Itália em busca de liberdade artística em Paris. Entre os destaques, estão depoimentos de especialistas como Marc Restellini e do cineasta Paolo Virzì (diretor de “A Primeira Coisa Bela”), que contextualizam a influência do primitivismo e das vanguardas na obra do pintor. Em paralelo, a produção passeia por museus e espaços históricos – do ateliê de Constantin Brancusi ao Museu Picasso – reconstruindo visualmente o ambiente cultural que moldou o “artista maldito” e mostrando como sua lenda se consolidou após sua morte precoce em 1920.
🎞️ THE ROCKY HORROR PICTURE SHOW
Clássico idolatrado desde os anos 1970, “The Rocky Horror Picture Show” retorna às telas em cópia restaurada para celebrar seu 50º aniversário. Lançado originalmente em 1975, o filme não foi sucesso imediato, mas tornou-se um fenômeno cult: ficou em cartaz, em sessões especiais, de forma ininterrupta por cinco décadas, ostentando o recorde de mais longa exibição cinematográfica contínua da história do cinema. Com sua energia anárquica e espírito libertário, “The Rocky Horror Picture Show” é o cult movie que definiu o que é cult movie.
Misturando paródia de ficção científica e horror B, sensualidade glam rock e números musicais contagiantes como “Time Warp”, o longa subverte convenções e celebra a diversidade. Na trama, o casal Brad (Barry Bostwick) e Janet (Susan Sarandon) busca ajuda após um pneu furar e acaba no misterioso castelo do cientista travesti Frank-N-Furter (Tim Curry), onde testemunham uma noite de delirante extravagância. O relançamento destaca a influência duradoura do filme – selecionado para o Registro Nacional de Filmes dos EUA por sua importância cultural – e revive a experiência única de suas sessões interativas, em que fãs fantasiados dançam e interagem com a tela.
🎞️ HARRY POTTER E O CÁLICE DE FOGO
Lançado originalmente em 2005, o quarto filme da saga “Harry Potter”, dirigido por Mike Newell (“Quatro Casamentos e um Funeral”), retorna aos cinemas em celebração de seus 20 anos. Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint reprisam os papéis de Harry, Hermione e Ron enquanto a atmosfera se torna mais sombria, acompanhando a transição dos jovens bruxos para a adolescência sob ameaças crescentes.
O enredo gira em torno do Torneio Tribruxo, uma competição entre três escolas de magia que chega a Hogwarts. Harry é inesperadamente selecionado pelo Cálice de Fogo como um dos campeões, ao lado de estudantes de outras academias como Fleur Delacour e Viktor Krum. A pressão das provas mortais e a desconfiança de colegas – até mesmo de seu melhor amigo, Rony – testam a união do trio, enquanto Hermione permanece ao lado de Harry diante dos desafios.
Com uma narrativa mais madura que reflete o crescimento dos personagens, a trama culmina no retorno sombrio do vilão Lord Voldemort (Ralph Fiennes), cuja ameaça agora se estende a todo o mundo bruxo. “Cálice de Fogo” alcançou 88% de aprovação no Rotten Tomatoes e foi indicado ao Oscar de Direção de Arte, vencendo o BAFTA de Design de Produção.
🎞️ WICKED
Primeiro de dois filmes baseados no consagrado musical da Broadway “Wicked” (2003), a fantasia musical volta aos cinemas para preparar o lançamento da “Parte 2”. O diretor Jon M. Chu (“Em um Bairro de Nova York”) comanda a produção, que traz Cynthia Erivo (indicada ao Oscar por “Harriet”) como Elphaba e a cantora Ariana Grande (“Brilhante Victória”) como Glinda, além da veterana Michelle Yeoh (vencedora do Oscar por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”) em um papel coadjuvante.
A história não contada por L. Frank Baum em seu livro clássico de 1900 revela a origem das bruxas da franquia. A jovem Elphaba, nascida com pele verde e incompreendida pela sociedade, torna-se colega de quarto da popular Glinda na Universidade de Shiz, em Oz. Apesar das diferenças, as duas desenvolvem uma amizade improvável e unem forças diante das injustiças do reino. No entanto, um encontro com o poderoso Mágico de Oz (Jeff Goldblum) coloca-as em caminhos opostos, preparando o terreno para que cumpram seus destinos como a temida Bruxa Má do Oeste e Glinda, a Bruxa Boa do Norte.
Disponibilizado novamente em formatos 3D e IMAX, “Wicked” deslumbra pelo capricho visual ao recriar a Cidade das Esmeraldas e outros cenários mágicos do reino de Oz, que conquistaram o Oscar de Melhor Design de Produção. O filme, que foi indicado a dez troféus da Academia, também venceu o Oscar de Melhor Figurino, além de quebrar recordes de bilheteria ao conquistar a maior abertura global já registrada para um musical da Broadway no cinema. A volta às telas acontece uma semana antes da estreia de “Wicked – Parte 2”, que traz a conclusão da história.
