
Instagram/Oruam e Julia Zanatta
Oruam critica foto de deputada em “trono de fuzis”: “Se eu postar, é apologia ao crime”
Rapper questionou a diferença de tratamento ao reagir a uma imagem da deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC) sentada em um trono feito de armas
Oruam reage a foto de deputada com fuzis
O rapper Oruam voltou a causar polêmica nas redes sociais ao comentar uma foto publicada pela deputada federal Júlia Zanatta (PL-SC). Na imagem, a parlamentar aparece sentada em um “trono” feito com fuzis, balas e munições, com a legenda “Game of Santa Catarina”, uma referência à série “Game of Thrones”.
“Se eu postar, é apologia ao crime”
Oruam compartilhou a imagem em seu perfil e escreveu: “Se eu postar umas foto dessa é apologia ao crime”. A reação do rapper, que é filho de Marcinho VP, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho, rapidamente viralizou e gerou um debate sobre a diferença de tratamento e a percepção de apologia ao crime no Brasil.
Muitos internautas concordaram com o questionamento do artista. “Me fizeram concordar com o Oruam”, comentou um usuário. “Primeira vez na vida que vou concordar com o Oruam”, escreveu outro.
Oruam responde a processos judiciais por diversos crimes, incluindo tráfico de drogas, associação para o tráfico e resistência, e cumpre medidas cautelares desde julho deste ano, quando foi preso por obstrução à polícia durante o cumprimento de um mandado na sua casa.
Deputada rebate e cita “narcoterroristas”
Em resposta à crítica de Oruam, a deputada Júlia Zanatta citou o debate sobre o Projeto de Lei Antifacção e declarou: “O desarmamento do povo brasileiro é o motivo do sucesso de criminosos. Em breve votaremos o PL que equipara facções a grupos terroristas. Não permitiremos que narcoterroristas dominem o Brasil”.
Terroristas?
Apesar do que diz Zanatta, o projeto, relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), não equipara organizações criminosas como o PCC e o Comando Vermelho a grupos terroristas. Esta era ideia original, defendida pela direita, mas enfrentou forte resistência do governo, da Polícia Federal e de especialistas em segurança pública por não resolver nenhum problema e criar outros.
As principais críticas são:
- Risco à soberania e economia: O governo e especialistas alertam que classificar facções como terroristas poderia fazer com que o Brasil fosse visto internacionalmente como um país que abriga terrorismo, o que poderia afastar investimentos estrangeiros.
- Problemas operacionais: A Polícia Federal argumenta que a mudança criaria dificuldades para a atuação da corporação, transferindo para as polícias estaduais a responsabilidade primária por crimes que são, por natureza, interestaduais e transnacionais.
- Criminalização de movimentos sociais: Há o temor de que a legislação, por ser ampla, pudesse ser usada para criminalizar movimentos sociais e manifestações.
Devido à pressão e às críticas, o relator do projeto já recuou da ideia de equiparar os crimes na Lei Antiterrorismo e agora propõe a criação de um “Marco Legal do Combate ao Crime Organizado”, uma lei separada.
Se eu postar umas foto dessa é apologia ao crime. https://t.co/5Hled6IOj4
— 🅞🅡🅤🅐🅜 22 🃏 (@mauro_davi6) November 13, 2025