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Musical “Wicked: Parte 2” e sci-fi “O Sobrevivente” chegam ao cinema
As principais estreias da semana no circuito cinematográfico são o final da saga revisionista de O Mágico de Oz e a nova versão da distopia clássica de Stephen King, já levada às telas nos anos 1980
Os cinemas recebem dois lançamentos amplos nesta quinta (20/11): o musical “Wicked: Parte 2”, que conclui a saga revisionista de O Mágico de Oz, e a sci-fi “O Sobrevivente”, nova versão da distopia de Stephen King, que já levada às telas com Arnold Schwarzenegger nos anos 1980. O circuito comercial ainda recebe um novo filme sobre Silvio Santos, desta vez estrelado pelo humorista Leandro Hassum, um melodrama hollywoodiano com George Clooney, dois animes, incluindo um clássico absoluto, dramas internacionais e documentários brasileiros. Confira a lista completa.
🎞️ WICKED: PARTE 2
A aguardada conclusão da adaptação cinematográfica do musical da Broadway é dirigida mais uma vez pelo cineasta Jon M. Chu (“Podres de Ricos”) e estrelada por Cynthia Erivo e Ariana Grande, ao lado de Jonathan Bailey, Michelle Yeoh e Jeff Goldblum. A história se torna mais sombria e politicamente carregada quando Elphaba, agora rotulada como a “Bruxa Má”, se torna uma fugitiva que vive na floresta lutando contra a corrupção em Oz, enquanto sua antiga amiga Glinda, agora conhecida como “Glinda, a Boa”, desfruta de fama e privilégios como o rosto glamouroso de Oz. A produção também apresenta personagens clássicos de “O Mágico de Oz”, como o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata, além da chegada de Dorothy ao mundo de Oz.
O filme apresenta duas canções originais adicionais e expande emocionalmente os momentos mais apressados do segundo ato da peça teatral. O resultado divide opiniões por ser esticado demais, sem aprofundar os dilemas vistos na primeira parte, a ponto de colocar em cheque a necessidade de lançar o filme em duas partes.
🎞️ O SOBREVIVENTE
Dirigido, produzido e escrito por Edgar Wright (“Noite Passada em Soho”), o thriller de ação americano traz Glen Powell (“Top Gun: Maverick”) num papel vivido por Arnold Schwarzenegger nos anos 1980. Baseado no romance de 1982 de Stephen King, a trama mostra um futuro distópico, onde a população vive na pobreza com pouco acesso à saúde, e é viciada em programas violentos e reality shows. O mais popular é “The Running Man”, onde “corredores” podem ganhar US$ 1 bilhão se sobreviverem por 30 dias enquanto são caçados por assassinos profissionais, além de cidadãos comuns. O protagonista é Ben Richards, um homem comum que decide entrar no jogo mortal para conseguir dinheiro e pagar o tratamento da filha doente.
A eficiência, instintos e determinação de Ben o transformam em um favorito inesperado dos fãs e uma ameaça a todo o sistema. Conforme as audiências disparam, Ben precisa ser mais esperto que os Caçadores, enquanto o programa usa deepfakes e propaganda para controlar a narrativa. Desenvolvido com a bênção de Arnold Schwarzenegger, protagonista da adaptação de 1987, o remake é significativamente mais fiel ao material original de King, apresentando um tom mais sombrio.
O elenco inclui ainda Josh Brolin (“Vingadores: Ultimato”) como o produtor do programa, além de Katy O’Brian (“Love Lies Bleeding”) e Daniel Ezra (“All American”) como outros participantes do reality, Karl Glusman (“Guerra Civil”) e Lee Pace (“Fundação”) no papel de caçadores de elite, Jayme Lawson (“Batman”) como a esposa de Richards, mais Emilia Jones (“No Ritmo do Coração”), David Zayas (“Dexter”) e Sean Hayes (“Will and Grace”).
🎞️ JAY KELLY | Netflix
A comédia dramática dirigida por Noah Baumbach (“História de um Casamento”) foi co-escrita pela atriz Emily Mortimer (“Paddington: Uma Aventura na Floresta”), que também atua no filme junto de George Clooney (“12 Homens e um Segredo”), Adam Sandler (“Joias Brutas”), ao lado de Laura Dern (“Jurassic World”), Billy Crudup (“The Morning Show”), Riley Keough (“Daisy Jones % The Six”), Isla Fisher (“Truque de Mestre: O 3º Ato”), Patrick Wilson (“Invocação do Mal”) e Greta Gerwig (esposa do cineasta e diretora de “Barbie”)
O filme acompanha o famoso ator de cinema Jay Kelly (Clooney) e seu dedicado empresário Ron (Sandler) em uma viagem caótica e inesperadamente profunda pela Europa. Conhecido por seus papéis icônicos mas lutando contra uma crise de identidade, Jay expressa sentir que sua vida “não parece real”, questionando como pode interpretar outras pessoas quando mal consegue se ver. Após Kelly sofrer um colapso nervoso, Ron é convencido pela publicitária Liz a encontrá-lo, e a jornada se transforma quando Jay decide seguir para a França após uma de suas filhas revelar que está partindo para Paris.
Ao longo do caminho, ambos são forçados a confrontar as decisões do passado, os relacionamentos com pessoas queridas e os legados que vão deixar para trás. Descrito como uma “obra-prima” e um dos filmes mais honestos de Baumbach, o longa transita entre arrependimentos e conquistas, explorando o preço da fama e a busca pela identidade de uma estrela em crise. A produção estreia em cinemas selecionados antes de chegar ao catálogo da Netflix em dezembro.
🎞️ SILVIO SANTOS VEM AÍ
A cinebiografia dirigida por Cris D’Amato (“Esposa de Aluguel”) e escrita por Paulo Cursino (“Mussum: O Filmis”) traz Leandro Hassum (“O Candidato Honesto”) no papel de Silvio Santos. Passado em 1989, acompanha o momento em que o apresentador, aos 58 anos, surpreendeu o país ao se lançar como pré-candidato à presidência da República durante o período de redemocratização. A jornalista Marília, interpretada por Manu Gavassi (“Maldivas”), é designada para investigar a vida do empresário e prever possíveis ataques na campanha. O convívio entre Silvio e Marília gera embates e descobertas, transformando ambos nesse encontro.
Baseado em extensa pesquisa documental com entrevistas a ex-funcionários, familiares e colegas de profissão, o longa revisita cenas que marcaram gerações, incluindo momentos antológicos dos quadros “Topa Tudo por Dinheiro” e “Show de Calouros” no palco do SBT, revelando um lado mais íntimo de Silvio Santos, que sempre foi extremamente reservado fora dos estúdios. O elenco também conta com Regiane Alves (“O Tempo Não Para”) como Íris Abravanel, esposa do apresentador.
🎞️ JUJUTSU KAISEN: EXECUÇÃO
O fenômeno japonês “Jujutsu Kaisen” chega aos cinemas em um longa de animação que compila o explosivo arco “Incidente de Shibuya” da série com os dois primeiros episódios da 3ª temporada. A produção oferece a oportunidade de assistir antecipadamente aos episódios inéditos, que só chegará aos serviços de streaming em 2026.
Na trama, um véu místico desce abruptamente sobre a movimentada área de Shibuya durante as celebrações de Halloween, prendendo inúmeras pessoas. Satoru Gojo, o feiticeiro jujutsu mais poderoso, entra no caos sem saber que usuários de maldições e espíritos estão à espreita, planejando selá-lo. Yuji Itadori, acompanhado por seus colegas de classe e outros feiticeiros jujutsu de alto nível, seguem em seguida para um confronto sem precedentes, que culmina na morte de personagens relevantes.
Na sequência, dez colônias em todo o Japão são transformadas em antros de maldições em um plano orquestrado por Noritoshi Kamo, o feiticeiro mais perverso da saga. Com o início do mortal Jogo do Abate, o feiticeiro de Grau Especial Yuta Okkotsu – protagonista de “Jujutsu Kaisen 0” (2021) – é designado para executar Yuji por seus supostos crimes, dando início a um confronto desesperado entre os dois alunos favoritos de Satoru Gojo.
🎞️ ANGEL’S EGG
Dirigido e roteirizado por Mamoru Oshii (“Ghost in the Shell”, “Patlabor”), o anime clássico de 1985 chega aos cinemas brasileiros em versão remasterizada em 4K. O filme é uma colaboração entre Oshii e o renomado artista Yoshitaka Amano (“Vampire Hunter D”, “Final Fantasy”), passado em um mundo desolado e misterioso, onde uma jovem solitária guarda com devoção absoluta um ovo gigante de origem desconhecida. Durante sua jornada por ruínas e máquinas colossais em uma cidade submersa, ela encontra um garoto silencioso que carrega uma arma em forma de cruz e busca o pássaro que viu em seus sonhos. A relação entre os dois expõe dúvidas, crenças e a fragilidade dos sonhos que tentam preservar, em uma narrativa quase sem diálogos guiada por imagens simbólicas e metáforas sobre fé.
Considerado um dos animes mais influentes e misteriosos já produzidos, o filme teve alta aclamação de críticos e profissionais da indústria de animação no Japão, mas também resultou em Oshii sendo rotulado como diretor de filmes difíceis de entender. Com influências estéticas de obras como “A Tragédia de Belladonna” (1973) e “Planeta Fantástico” (1973), o longa apresenta uma atmosfera pós-apocalíptica opressivamente melancólica e ponderativa, repleta de simbolismo cristão, que influenciou cineastas e ilustradores ao redor do mundo nas décadas seguintes.
🎞️ ENTRE DUAS MULHERES
A comédia canadense dirigida por Chloé Robichaud (“Sarah Prefere Correr”) é um remake moderno do drama cult “Entre Duas Mulheres” (1970), de Claude Fournier. Violette está atravessando uma licença-maternidade difícil, enquanto Florence enfrenta uma depressão que insiste em não passar. Mesmo com carreiras bem-sucedidas e famílias aparentemente estruturadas, ambas carregam a sensação sufocante de fracasso. Quando uma aventura inesperada com um entregador cruza o caminho das duas vizinhas, o que poderia parecer um deslize torna-se um ato de resistência e uma busca por autenticidade em meio às expectativas sufocantes que lhes são impostas. As atuações de Karine Gonthier-Hyndman (“Falcon Lake”) e Laurence Leboeuf (“Transplant: Uma Nova Vida”) equilibram momentos leves com passagens de grande densidade emocional.
Com roteiro de Catherine Léger (“Babysitter”), a produção foi vencedora do Prêmio Especial do Júri no Festival de Sundance e soma mais de 18 indicações em festivais internacionais.
🎞️ O QUE A NATUREZA TE CONTA
O filme sul-coreano é escrito, dirigido, produzido, editado, fotografado e musicado inteiramente por Hong Sang-soo (“Certo Agora, Errado Antes”), em seu 33º longa como cineasta. Realizado em menos de 10 dias, com roteiro desenvolvido no próprio set de filmagens, o filme investiga as complexidades e sutilezas das trocas geracionais entre um jovem idealista e os integrantes de uma família rica.
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O jovem poeta Donghwa leva a namorada Junhee para a casa dos pais dela e se surpreende com o tamanho do lugar e a vasta natureza presente no quintal. Ao encontrar o pai dela, Kim, homem jovial que se orgulha da propriedade que construiu, Donghwa é convidado a passar o dia. Em meio a conversas casuais, drinques compartilhados e um longo jantar com a mãe Choi e a irmã mais velha Neung-hee, o que começou com uma simples carona desenrola-se em um intenso dia de vivências e interações. As refeições são catalisadoras em situações de tensão, característica recorrente na obra de Sang-soo, e revelam muito da personalidade dos personagens através de nuances sólidas.
🎞️ HOMO ARGENTUM
A comédia satírica argentina é co-escrita e dirigida por Mariano Cohn e Gastón Duprat (dupla de “O Cidadão Ilustre” e “Concorrência Oficial”), com auxílio dos roteiristas Horacio Convertini (criador da série “O Galã: A TV Mudou, Ele Não”) e Andrés Duprat (criador de “Bellas Artes”). De formato antológico, o filme é composto por 16 histórias curtas e tornou-se a maior bilheteria do cinema argentino pós-pandemia com mais de 1 milhão de espectadores.
Cada um dos 16 minifilmes, com duração entre 1 e 12 minutos, apresenta Guillermo Francella (“O Segredo dos Seus Olhos”) interpretando personagens muito diferentes, que representam facetas da sociedade argentina contemporânea. A coleção de histórias usa humor e ironia para fazer uma crítica social contundente sobre a realidade enfrentada pelo povo argentino, explorando desde a hipocrisia até a violência, e escancarando verdades incômodas sobre valores, solidariedade e contradições.
Apesar do sucesso de bilheteria e elogios do presidente Javier Milei, a recepção crítica foi dividida. O diretor Cohn esclareceu que Milei fez uma interpretação equivocada do longa, rejeitando a apropriação política da obra.
🎞️ AMOR E MORTE EM JULIO RENY
O primeiro documentário dirigido por Fabrício Catanhede levou mais de 10 anos para ser concluído e registra a atribulada trajetória pessoal e musical do cantor e compositor Julio Reny. Expoente do rock gaúcho, ele narra passagens de sua história que o tornaram um artista cultuado por seus pares, mas pouco conhecido pelo grande público acima do paralelo 30. Alcoólatra e bipolar, o artista destila suas memórias através de um longo e revelador depoimento, alternando entre confissões extremamente sinceras, leitura de textos de seu livro “Rádio Cool” e cenas do seu dia a dia. O filme explora desde a morte prematura de sua primeira esposa até uma carreira musical de altos e baixos, internações clínicas e a famosa tríade sexo, drogas e rock and roll.
A produção reúne um vasto acervo de fotos e VHS inéditos resgatados diretamente dos anos 1980, complementado por depoimentos de familiares e outros artistas da época, como Edu K, Carlos Gerbase, Wander Wildner e Claudinho Pereira, que refletem a história de quem levou a vida roqueira ao extremo.
🎞️ O PRIMEIRO BEIJO
O documentário dirigido pela cineasta baiana Urânia Munzanzu é fruto de 14 anos de investigação e chega às telas como um manifesto político pela vida de mulheres negras cujas histórias foram atravessadas pelo crack. O filme nasceu em 2006, quando Urânia, então jornalista e moradora do centro de Salvador, foi abordada por Rilda, mulher negra em situação de dependência química severa, que pediu: “Eu vou morrer, mas antes disso quero falar dessa droga”. A partir desse chamado urgente, o documentário se constrói como testemunho, escuta e enfrentamento, revelando como a droga – definida pela diretora como uma “tecnologia de escravização moderna” – opera como mecanismo de extermínio, apagamento e feminicídio.
Com depoimentos pessoais, a produção evidencia a ausência de políticas públicas e o impacto da violência racial e de gênero, mas também a força das redes de solidariedade criadas por essas mulheres. A diretora optou por tirá-las “da rua e da boca” e levá-las a um teatro, espaço com camarins, comida e conforto, para que pudessem falar em um ambiente digno. A equipe majoritariamente negra inclui a participação de nomes como Lázaro Ramos e Thiago Gomes como produtores associados e conta com a participação póstuma de Elza Soares narrando o poema “Canarinhas da Vila”, de Landê Onawale.
🎞️ A QUEDA DO CÉU
O novo documentário dirigido pelo cineasta Eryk Rocha (“Cinema Novo”) e pela atriz Gabriela Carneiro da Cunha (“Ainda Estou Aqui”) é baseado no livro homônimo, fruto de 30 anos de trabalho do xamã Davi Kopenawa Yanomami e do antropólogo francês Bruce Albert, publicado originalmente em francês em 2010.
Falado principalmente na língua Yanomami, o filme acompanha Davi Kopenawa e a comunidade de Watorikɨ ao longo do importante ritual Reahu, uma poderosa cerimônia realizada em homenagem ao grande xamã e sogro de Kopenawa. A partir dessa festividade, o xamã faz seu diagnóstico, seu aviso e seu convite para uma urgente transformação, trazendo uma reflexão contundente sobre o modelo de predação generalizada dos povos e do planeta gerada por aqueles que Davi chama de “povo da mercadoria”, os Brancos.
A produção mergulha na beleza da cosmologia Yanomami, dos espíritos xapiri e sua força geopolítica, fazendo uma contundente crítica xamânica ao garimpo ilegal e à mistura mortal de epidemias “xawara” trazidas por forasteiros. O filme passou por mais de 80 festivais e soma 25 prêmios, incluindo o Grande Prêmio do Júri da Competição Kaleidoscope do festival DOC NYC e o Prêmio Especial do Júri da Competição Internacional.