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Divulgação/DeckDisc

Música|3 de novembro de 2025

Morre Lô Borges, fundador do Clube da Esquina e referência da MPB

Cantor e compositor mineiro morreu aos 73 anos, em Belo Horizonte, após internação por intoxicação medicamentosa


Pipoque pelo Texto ocultar
1 Morte por intoxicação de remédios
2 Um dos criadores do Clube da Esquina
3 O disco do tênis e a consagração solo
4 Um artista desta galáxia
5 Produtividade recente e reconhecimento
6 Homenagem de Lua

Morte por intoxicação de remédios

O músico e compositor Lô Borges morreu na noite de domingo (2/11), em Belo Horizonte, aos 73 anos. A morte foi confirmada pelo Hospital Unimed Contorno, onde estava internado desde 17 de outubro. Segundo a instituição, o artista morreu de falência de múltiplos órgãos decorrente de uma intoxicação medicamentosa provocada por remédios tomados em casa.

Um dos criadores do Clube da Esquina

Salomão Borges Filho nasceu em 10 de janeiro de 1952, em Belo Horizonte, numa família de dez irmãos marcada pela ligação com a música. Adolescente nos anos 1960, ele frequentava o bairro de Santa Tereza, onde tocava violão em rodas com amigos que compartilhavam a admiração pelos Beatles. Essas reuniões deram origem ao Clube da Esquina, movimento que mesclou sonoridades da música mineira com influências de rock e jazz.

Entre os integrantes do grupo estavam Márcio Borges, irmão de Lô e parceiro em várias composições, os letristas Fernando Brant e Ronaldo Bastos, além dos músicos Beto Guedes, Flávio Venturini, Toninho Horta, Wagner Tiso e Novelli, além de Milton Nascimento, o primeiro a se consolidar nacionalmente com “Travessia”. Juntos, gravaram um álbum em 1972 que deu nome a um movimento, “Clube da Esquina”, que tem sido considerado em várias votações da crítica como o melhor disco de música brasileira em todos os tempos.

Em homenagem nas redes sociais, Milton escreveu: “Foram décadas e mais décadas de uma amizade e cumplicidade lindas, que resultaram em um dos álbuns mais reconhecidos da música no mundo. Lô nos deixará um vazio e uma saudade enormes, e o Brasil perde um de seus artistas mais geniais, inventivos e únicos.”

O disco do tênis e a consagração solo

Lô Borges colaborou no álbum “Clube da Esquina” com faixas como “Paisagem da Janela”, “O Trem de Doido” e “O Trem Azul”. A última foi regravada por Elis Regina e Tom Jobim, e o projetou nacionalmente. No mesmo ano, ele lançou seu primeiro disco solo, “Lô Borges”, conhecido como “o disco do tênis”, por causa da capa com um par de tênis velhos em vez do rosto do artista. Entre as músicas estavam “Faça seu Jogo”, “Não Se Apague Essa Noite”, “O Caçador”, “Como o Machado” e “Eu Sou como Você É”.

O álbum tornou-se um dos marcos da música popular brasileira e consolidou a imagem de um artista inquieto e experimental, que, mais que Milton, incorporou o caldeirão de influências do jazz, folk, rock progressivo e psicodélico na criação de uma nova MPB.

Um artista desta galáxia

O artista ficou sete anos sem lançar músicas até o segundo álbum solo, “A Via Láctea”, que chegou somente em 1979. O disco, porém, foi o maior sucesso de sua carreira, marcado por maturidade artística. As gravações apresentavam uma combinação de elementos que o definiram como compositor. Não apenas a fusão de MPB, jazz e psicodelia, mas estruturas harmônicas complexas com melodias acessíveis, acompanhadas por letras de tom poético e introspectivo. Várias faixas fizeram grande sucesso, como “Tudo Que Você Podia Ser”, “Sempre-Viva”, “Ela”, “Equatorial”, “A Via-Láctea” e “Clube da Esquina nº 2”. Esta última, que revisitou o movimento original, já fazia considerações sobre o legado cultural dos artistas mineiros com a frase “os sonhos não envelhecem”.

Depois disso, Lô produziu poucos discos, perdendo visibilidade nos anos 1980 e 1990, mas seguiu reverenciado, chegando até as novas gerações, como em “Dois Rios”, parceria com Nando Reis e Samuel Rosa, gravada pelo Skank em 2003. Samuel e Lô ainda lançam, 13 anos depois, um álbum ao vivo juntos.

Produtividade recente e reconhecimento

Curiosamente, o ritmo de criação só foi se intensificar nos últimos anos. Entre 2019 e 2024, lançou sete discos com repertório inédito: “Rio da Lua” (2019), “Dínamo” (2020), “Muito Além do Fim” (2021), “Chama Viva” (2022), “Não Me Espere na Estação” (2023), “Tobogã” (2024) e “Céu de Giz” (2024), este último em parceria com Zeca Baleiro. Também registrou o show “50 Anos de Música: Ao Vivo na Sala Minas Gerais” (2023).

No mesmo ano, o cineasta Rodrigo de Oliveira lançou o documentário “Lô Borges: Toda Essa Água”, que revelou um pouco da vida pessoal de um artista conhecido pela discrição, mas reverenciado pela contribuição à cultura brasileira.

Homenagem de Lua

Ao saber de sua morte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou nas redes sociais em sua homenagem: “Hoje nos despedimos de um dos grandes nomes da nossa música popular brasileira, Lô Borges. Suas canções, que começaram a nascer nas esquinas de Belo Horizonte, ultrapassaram as fronteiras de Minas Gerais e estão gravadas não apenas em álbuns, mas na memória e no coração de milhões de brasileiros.”

“Se eu morrer, não chore não, é só a lua”, ele cantava com Milton em 1972. Com uma discografia que atravessa cinco décadas, Lô Borges foi a lua e a via láctea da música brasileira, deixando uma obra fundamental para a MPB.

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